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pré-fabricadas, que possuem grandes vãos livres e sofrem toda a seção de concreto trabalha à compressão. Desta forma,
atuação de cargas elevadas. O acréscimo de resistência à os elementos de concreto protendido possuem menor peso
tração gerada pelo tensionamento de cabos de aço no interior próprio que aqueles de concreto armado, tornando
das peças de concreto permite que sejam realizadas alterações economicamente mais viáveis estruturas de grandes vãos;
na seção das vigas, reduzindo a altura e largura da peça, b) Maior controle das deformações elásticas, resultando em
economizando concreto e armadura positiva e conferindo menores valores do que os apresentados por estruturas
menor peso próprio à estrutura [14]. metálicas ou em concreto armado de mesmo vão;
É valido mencionar que nem sempre a utilização do c) Maior durabilidade das estruturas, visto que a protensão
concreto protendido é a melhor solução para um melhor tende a anular a tração nas peças, maiores responsáveis pela
desempenho da estrutura. Por se tratar de um serviço que fissuração das mesmas. Assim, as armaduras sofrem menos
demanda mão de obra especializada e equipamentos especiais agressão de elementos externos;
para sua protensão, pode haver um acréscimo no custo da d) A protensão permite que a estrutura se recomponha após
execução, apesar da economia de materiais. Desta forma, deve sofrer uma sobrecarga momentânea, pois a força de protensão
ser analisada a solução estrutural de cada caso que satisfaz atuante ocasiona o fechamento das fissuras abertas;
tecnicamente a solicitação desejada com maior economia [8]. e) Resistência à fadiga em maior proporção, pois a variação
O objetivo deste trabalho é realizar um comparativo entre de tensões no aço, geradas por cargas móveis, é de valor muito
uma viga de concreto armado convencional, executada em um baixo quando comparado com sua resistência característica;
viaduto de Porto Alegre, que possui grande seção, e outra – f) Teste da estrutura antes de entrar em funcionamento, pois
fictícia – executada em concreto protendido (com pré-tensão). as forças de protensão aplicadas no elemento são de valor
Para tanto, será considerado que as duas sofrerão o mesmo muito superior comparadas às cargas que a peça em serviço
carregamento e possuirão o mesmo vão. Será realizada uma sofrerá.
análise estrutural nas peças com intuito de verificar as Por outro lado, o concreto protendido também possui
diferenças nas solicitações internas, considerando a variação, desvantagens quando comparado ao concreto armado
no peso próprio da estrutura. Além disso, será analisado o convencional, dentre as quais são citadas por Veríssimo e
consumo dos materiais utilizados para os dois métodos (neste César [14]:
caso, ambas serão consideradas como elementos pré- a) No sistema de elementos protendidos, há necessidade de
moldados). melhor controle do concreto utilizado, visto que as forças de
Não haverá modificações nos vínculos entre a viga estudada protensão comprimem a seção da peça. Uma resistência
e os pilares que a sustentam. O sistema de protensão característica de menor valor do que a projetada pode
considerado na viga fictícia a ser calculada será por aderência comprometer o efeito da protensão;
inicial. b) A armadura ativa exige cuidados especiais contra a
Para que o comparativo seja realizado da melhor maneira corrosão;
possível, será utilizado concreto fck = 30 MPa, o mesmo c) A colocação das armaduras ativas deve ser feita de
utilizado na viga de concreto armado. Também será estipulado maneira mais fiel possível ao projeto estrutural. Pelo fato das
que a altura total da peça e a largura da mesa possuam as forças de protensão possuírem valores muito elevados,
mesmas dimensões que o elemento não protendido. qualquer posicionamento equivocado dos cabos é capaz de
Para tanto, este artigo foi organizado da seguinte forma: na resultar em esforços inesperados, levando ao comportamento
seção II são apresentados referenciais teóricos a respeito da inadequado da peça;
protensão. O item III apresenta o desenvolvimento da d) Necessidade de utilizar equipamentos e mão de obra
pesquisa, em si. No item IV constam os resultados do especializados, pois há necessidade de controle minucioso
comparativo entre as vigas analisadas e no item V, as quanto aos esforços aplicados e alongamentos dos cabos.
considerações finais acerca do assunto tratado. Deve-se atentar, também, quanto à segurança dos envolvidos
no processo de protensão, pois o rompimento de um cabo pode
ser fatal àqueles que estiverem próximos à operação.
II. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, serão tratadas algumas das principais B. Classificação das aderências
características dos elementos protendidos, suas vantagens e
Para garantir que o concreto e a armadura da estrutura, seja
desvantagens e diferenças entre tipos de protensão.
passiva ou ativa, trabalhem de maneira solidária, deve-se
atentar à aderência entre estes materiais. Segundo Pfeil [10], é
A. Vantagens e desvantagens chamada de aderência de armaduras convencionais ou
Pelo fato de ser largamente utilizado no mundo, sabe-se que protendidas, a capacidade de transmitir os esforços para o
o concreto protendido apresenta vantagens em relação ao concreto, por meio de tensões cisalhantes que atuam na
concreto armado convencional. Veríssimo e César [14] listam periferia da armadura. A NBR 6118 [2], classifica os sistemas
as seguintes: de protensão da seguinte forma:
a) Possibilidade de executar seções mais esbeltas, visto que a) Protensão com aderência inicial: ocorre quando o pré-
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alongamento da armadura ativa é realizado com apoios elementos pré-fabricados de concreto protendido. Para tanto,
independentes do elemento estrutural, antes da concretagem da as armaduras ativas são posicionadas, fixadas nos apoios e
peça. Após o endurecimento do concreto, é feita a tracionadas (com auxílio de macacos hidráulicos). A seguir, é
desvinculação entre as cordoalhas tracionadas e seus apoios, colocada a armadura passiva e o concreto é lançado. Passado o
de forma que a ancoragem das armaduras ocorra somente por período de cura, a peça é desformada e as cordoalhas são
aderência, conforme figura 1; cortadas e liberadas dos apoios. Assim, a tendência da
armadura ativa no interior do pré-fabricado é retornar ao
Figura 1: Sistema de protensão com aderência inicial: estágio original - o que não acontece pelo atrito entre o
armadura é alongada antes que a peça seja concretada. concreto e a armadura ativa - comprimindo a peça.
O sistema de protensão com aderência posterior é muito
utilizado na construção civil, principalmente em obras de
pontes, barragens e grandes reservatórios. Para a confecção de
elementos utilizando este método, são posicionadas bainhas
metálicas durante a montagem de fôrmas e armaduras passivas.
Por essas bainhas serão introduzidos os cabos de protensão.
Após a concretagem, aguarda-se que o concreto atinja a
resistência necessária para, então, realizar a protensão dos
cabos, podendo estes serem inseridos nas bainhas antes ou
depois da concretagem da peça. A fim de garantir a aderência
Fonte: FORPREM [5] entre a armadura ativa e o elemento estrutural, é realizada a
injeção de nata de cimento no interior das bainhas,
b) Protensão com aderência posterior: ocorre quando preenchendo-as completamente [7].
primeiro é realizada a concretagem da peça e, após seu O sistema de protensão sem aderência é aquele em que,
endurecimento, tracionam-se os cabos (que passam por dentro como o nome diz, inexiste aderência entre a armadura ativa e a
de bainhas deixadas na peça concretada), conforme figura 2. É peça de concreto. Os cabos são ancorados nas extremidades do
utilizado como apoio o próprio elemento estrutural. elemento estrutural e envoltos com graxa, que protegem contra
Posteriormente, a aderência aço-concreto é feita através da a corrosão e permitem a movimentação da armadura no
injeção de nata de cimento nas bainhas; interior da capa plástica [12].
Ainda a respeito do método de protensão com ausência de
Figura 2: Instalação de bainhas em viga pré-moldada aderência, Veríssimo e César [14] destacam a possibilidade de
utilizando aderência posterior: a protensão ocorre após a se usarem cabos externamente à peça de concreto. Esta
concretagem da peça, com aderência feita com injeção de situação é comum de ocorrer no caso de reforços estruturais de
argamassa. pontes e viadutos ou em situações de cargas excepcionais
momentâneas, como quando do transporte de grandes
equipamentos industriais.
No Brasil, existem diversas empresas especializadas em
protensão. Contudo, os métodos usados por cada uma para
executar os serviços diferem entre si. De maneira geral,
ocorrem variações nos macacos hidráulicos utilizados, nos
conjuntos de ancoragem para fixação dos cabos, no sistema de
injeção de nata de cimento nas bainhas e nos detalhes das
armaduras de fretagem. Por isso, o engenheiro encarregado de
projetar a estrutura protendida deve levar em consideração o
sistema de protensão a ser utilizado, realizando as adequações
necessárias na peça.
Fonte: C.S. EMPREITEIRA DE OBRAS [4]
C. Perdas de protensão
c) Protensão sem aderência: ocorre quando primeiro são Quando da execução de projetos de elementos estruturais
posicionados os cabos constituídos por cordoalhas engraxadas pré ou pós-tracionados, deve-se levar em consideração que
e, em seguida, a peça é concretada. Quando a resistência ocorrem perdas de protensão, de maior ou menor intensidade,
necessária do concreto é atingida, tracionam-se os cabos. É dependendo do método utilizado.
utilizado como apoio o próprio elemento estrutural. Neste A redução da força de protensão resulta num menor grau de
caso, não é criada aderência entre os cabos e o concreto, compressão do elemento, atenuando as vantagens apresentadas
ficando ligados somente em pontos localizados. anteriormente. Conforme Pfeil [11], estas perdas podem ser
Conforme descrevem Veríssimo e César [14], a protensão imediatas (logo que é realizada a protensão) ou retardadas
com aderência inicial é largamente utilizada na fabricação de (quando sofrem influências durante vários anos). Os fatores
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indicados como responsáveis pelas perdas de protensão são os apenas ao longo do comprimento da peça. Para o caso de
seguintes: armaduras pós-tracionadas, existem sistemas de ancoragens
a) Perdas por deformação elástica do concreto: no caso de que não ocasionam perdas de protensão, mas que não se fazem
armaduras pré-tracionadas, ocorre quando a peça de concreto muito práticos às demandas mais usuais da construção civil.
recebe a força de protensão, sofrendo um encurtamento, que se No método de ancoragem com cunhas, mais comum de ser
repete na armadura ativa, resultando em perda de protensão visto, acontece o tensionamento dos cabos, com macacos
(Figura 3). No caso de armaduras pós-tracionadas com vários hidráulicos. A seguir, a cunha é apertada contra o bloco e o
cabos, o normal é que sejam tracionados um de cada vez. macaco descarregado, de forma que a força de tração seja
Assim, o primeiro cabo sofre o efeito de encurtamento elástico transferida para a ancoragem. Com a carga sofrida, a cunha
de todos os restantes e o último cabo não perde força de penetra na ancoragem, ocasionando um alívio de tensão no
protensão por encurtamento da peça. Desta forma, pode-se cabo. A penetração da cunha é diretamente proporcional à
considerar que o efeito da protensão sucessiva correspondente carga aplicada no cabo;
ao encurtamento elástico é de (n – 1)/(2n), onde n é o número d) Perdas por retração do concreto: são verificadas quando
de cabos; ocorre a retração do concreto ao longo do tempo, provocando
encurtamento do mesmo. A redução no comprimento da peça
Figura 3: Encurtamento de peça pré-moldada: gera uma se repete nos cabos protendidos do seu interior, diminuindo a
redução na força de protensão, visto que o encurtamento força de protensão;
ocasiona relaxação dos cabos. e) Perdas por fluência do concreto: fluência é o efeito
causado pela constante compressão gerada pela força de
protensão, que ocasiona uma deformação lenta do concreto
(encurtamento), gerando perda de protensão pelo mesmo
princípio ocorrido na retração;
f) Perdas por relaxação do aço de protensão: perda de
Fonte: VERÍSSIMO & CÉSAR [15] tensão ocorrida nos cabos, quando ancorados sob tensão
elevada e com comprimento constante, conhecida como
b) Perdas por atrito nos cabos: são aquelas ocorridas quando relaxação. Os principais fatores que influem na intensidade
os cabos, ao serem esticados, geram atrito com as paredes das deste fenômeno são as características metalúrgicas do aço
bainhas, causando perdas de protensão. É comum acontecer utilizado, a tensão aplicada e a temperatura ambiente.
com armaduras de aderência posterior, onde as mesmas Segundo Pfeil [11], quando são utilizados cabos de
possuem uma trajetória curva, gerando maior área de contato relaxação baixa, as perdas de protensão atingem valores que
entre os fios da cordoalha e entre cabos e bainhas (Figura 4). variam de 25% a 30%.
Também acontecem devido a grande distância entre pontos de
suspensão dos cabos que, colocados no caminho de queda do D. Níveis de protensão
concreto, sofrem ondulações que acentuam as perdas causadas
Conforme Veríssimo e César [14], os tipos de protensão
pelo atrito. As perdas por atrito também acontecem durante a
relacionam-se aos estados limites de utilização referentes à
execução da protensão, no interior do macaco hidráulico e
fissuração. Com exceção de obras que possuam exigências
entre os cabos e as ancoragens;
especiais quanto à fissuração tolerada, os tipos de protensão
podem ser classificados:
Figura 4: Atrito nos cabos de protensão: geram perda de
protensão. a) Protensão completa: aquela que resulta em condições
melhores de proteção das armaduras contra a corrosão e reduz
as variações de tensões no aço. São utilizadas em construções
como reservatórios protendidos (a fim de reduzir infiltrações
causadas pela fissuração) e tirantes de concreto protendido
onde se deseja impedir o surgimento de fissuras. Em
construções realizadas em meios agressivos, a protensão
completa é de grande valor;
b) Protensão limitada: utilizadas em estruturas com tensões
de tração moderadas, porém sem que ocorra a fissuração do
Fonte: VERÍSSIMO & CÉSAR [15] concreto. No caso de abertura de fissuras por sobrecarga
transitória, as mesmas fecham-se por consequência da
c) Perdas nas ancoragens: são aquelas ocorridas quando há compressão exercida, após a passagem da carga. Este tipo de
recuo das cunhas de ancoragem dos cabos no momento da protensão é utilizado preferencialmente nas lajes protendidas
transferência do esforço do macaco para a ancoragem. Estas de edificações e, eventualmente, nas estruturas de pontes,
perdas não são consideradas nos sistemas com aderência viadutos e afins, pois o menor grau de protensão pode trazer
inicial, pois o esforço nas cordoalhas é transferido ao concreto vantagens econômicas (maior grau de protensão exigiria
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armaduras ativas maiores, que são mais caras que as passivas) na figura 5.
e estruturais (utiliza tensões menores na protensão e possui
melhor comportamento quanto às flechas apresentadas); Figura 5: Características geométricas de uma seção genérica
c) Protensão parcial: utilizada em situações semelhantes as de viga protendida.
da protensão limitada, mas são permitidas tensões de tração de
valores maiores que geram formação de fissuras com aberturas
maiores. Segundo Hanai [6], são utilizadas, por exemplo, onde
há fissuras provocadas por diferenças de temperatura ou
recalques de apoio.
III. DESENVOLVIMENTO
O projeto em que este estudo se baseou apresenta uma viga
de concreto armado convencional, com seção retangular de
0,97 m de largura, por 1,66 m de altura. A mesma está apoiada
em aparelhos de apoio, cuja distância entre os pontos médios
dos dois apoios (vão) é 13,40 m. Para este comparativo, foram
consideradas as seguintes cargas: peso próprio da estrutura
(g1) igual a 40,6 kN/m, reação da laje apoiada sobre a viga
(g2) igual a 37,5 kN/m e carga acidental (q) de 30 kN/m. Estas
cargas, assim como o esforço cortante e o momento fletor
gerados ao longo da viga, estão presentes no apêndice A. Um As cargas g2 e q consideradas no cálculo do elemento
resumo do passo a passo do dimensionamento das vigas de protendido mantiveram-se com os mesmos valores. A carga g1
concreto armado e protendido encontram-se na figura 7. (peso próprio da estrutura) foi reduzida para 13,0 kN/m,
Considerando apenas estas como cargas causadoras de considerando a área média das primeiras seções de viga
esforço de flexão na viga, foi calculada a armadura de flexão testadas neste trabalho. Desta forma, as cargas atuantes ao
necessária para resistir ao momento causado, seguindo o longo da viga protendida, assim como a força cortante e o
modelo de cálculo da NBR 6118 [2]. Para o dimensionamento, momento fletor gerados sobre a mesma, estão representados na
foi utilizado concreto classe C30, aço CA-50, cobrimento da figura 6.
armadura igual a 3,0 cm. Desta forma, chegou-se a uma área
de armadura de flexão igual a 50,2 cm², o que seria atendido Figura 6: Cargas atuantes e esforços gerados na viga.
com a utilização de 10 barras de 25 mm, conforme apêndice B.
Com as cargas consideradas, foi dimensionada, também, a
armadura necessária para suportar a força cortante (estribos),
conforme modelo de cálculo I, presente no item 17.4.2.2 da
NBR 6118 [2]. Desta forma, chegou-se a uma área de
armadura para força cortante igual a 11,16 cm²/m. Esta área de
armadura pode ser atendida com estribos de 10 mm a cada 14
cm. Os cálculos realizados para dimensionamento dos estribos
encontram-se no apêndice C.
Em seguida, foi determinada a armadura de pele necessária Para iniciar o dimensionamento, foram calculadas as
na viga, conforme orientações do item 17.3.5.2.3 da NBR características geométricas da seção proposta. Para tanto, foi
6118 [2]. A área de armadura necessária em cada face da viga elaborada uma planilha cujos valores de entrada eram somente
corresponde a 0,1% da área da alma da peça, o que equivale a as coordenadas dos vértices da seção. Com estes valores,
16 cm² por face ou 9,7 cm²/m por face. Contudo, segundo a foram calculados: as áreas parciais da seção (Ai,j), área total da
norma, não há necessidade de se utilizar áreas maiores que 5 seção (A), momentos estáticos parciais (Si,j), momento estático
cm²/m por face, sendo este o valor utilizado. Esta solicitação é (S), momentos de inércia parciais (Ji,j), momento de inércia (J),
atendida com a adoção de barras de 8 mm a cada 10 cm. posição do centro de gravidade em relação ao bordo inferior
Para realização do dimensionamento de uma viga (yg), momento de inércia em relação ao eixo baricêntrico x0
protendida que pudesse substituir aquela que foi utilizada, (Jx0), distância do centro de gravidade ao ponto do bordo
seguiu-se o modelo de cálculo apresentado por Schäffer [13]. superior mais afastado (ds), distância do centro de gravidade
O modelo baseia-se nos parâmetros estabelecidos pela NBR ao ponto do bordo inferior mais afastado (di), módulo
6118 [2]. Foi adotada seção I para a viga, variando-se suas resistente superior (Ws) e módulo resistente inferior (Wi). O
dimensões e materiais utilizados, de maneira a encontrar a cálculo dos demais parâmetros anteriormente listados seguem
melhor solução. Uma seção genérica da viga está representada nas equações 1 a 12, respectivamente, conforme quadro 1.
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sendo ,
equação 3 sendo t a idade efetiva do concreto (em dias) e equação 13
,
sendo i e j as coordenadas do ponto da seção s um fator determinado no item 12.3.3 da
equação 4 NBR 6118 (ABNT, 2014), relativo ao tipo de
cimento
, equação 5 equação 14
sendo i e j as coordenadas do ponto da seção equação 15
equação 6 equação 16
equação 7
Em seguida foi definido o aço de protensão utilizado
equação 8 (armadura ativa), a partir dos dados da Tabela 1 da NBR 7483
equação 9 [3]. Desta tabela são colhidas as seguintes características da
cordoalha adotada: área da seção de aço da cordoalha (Ap),
equação tensão de ruptura característica (fptk) e tensão a 1% de
10 deformação mínima ou tensão de escoamento característica
(fpyk).
equação
Com estes dados, é possível determinar a força de protensão
11 inicial em uma cordoalha (Pi), conforme item 9.6.1.2.1 da
NBR 6118 [2]. Para os aços de relaxação baixa (RB) pré-
equação
tracionados, que é o caso das armaduras que foram utilizadas,
12 a força Pi deve ser igual ao menor valor entre 0,77 fptk e 0,85
fpyk. Em seguida, foi determinada a tensão de protensão inicial
Em seguida, foram determinadas algumas características (σpi), que corresponde à razão entre Pi e Ap.
relativas aos materiais utilizados: A seguir foi calculada a distância entre o centro geométrico
a) Classe de Agressividade Ambiental (CAA): determinada da armadura de protensão até a borda inferior da seção de
pela tabela 6.1 da NBR 6118 [2] – CAA II II (construção em concreto (a) e a altura útil (d), que corresponde à altura total
ambiente urbano); da viga (h) subtraída de a. A excentricidade dos cabos de
b) Classe do concreto: valores mínimos estipulados na protensão (e) corresponde à distância entre o centro
tabela 7.1 da NBR 6118 [2], em função da CAA – fck 30 MPa geométrico da seção e o centro geométrico das armaduras de
(elemento em concreto protendido, com CAA II); protensão. Para o dimensionamento do braço de alavanca do
c) Cobrimento nominal: valores estipulados na tabela 7.2 da par interno (z), foi considerado que os 15 cm superiores da
NBR 6118 [2], em função da CAA e do tipo de estrutura – 35 mesa correspondem à região comprimida da seção (y), sendo
mm; z = d – (y/2).
d) Exigências de durabilidade: verificações determinadas na O passo seguinte foi o cálculo da resultante de compressão
tabela 13.4 da NBR 6118 [2] – ELS-F com combinação no concreto (Nc). Essa força gera um momento na seção da
frequente (CF) e ELS-D com combinação quase-permanente viga (Mrcd). A partir deste foi realizada a verificação quanto à
(CQP) (em função do nível e tipo de protensão). necessidade de armadura suplementar para atender a
A partir da determinação da resistência característica à segurança. Para que não seja necessária a adição de armadura
compressão do concreto (fck), foram calculadas outras suplementar, é necessário que Mrcd possua valor maior que o
resistências necessárias ao dimensionamento da viga, dentre as momento de cálculo (Md). As equações de Nc e Mrcd se
quais: resistência do concreto em data j, inferior a 28 dias encontram no quadro 3.
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de grande seção. Considerando as mesmas cargas para os dois [15] VERÍSSIMO, G. S.; CÉSAR JR, K. M. L. Concreto Protendido: perdas
de protensão. 4ª ed. Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas,
casos (com exceção do peso próprio), foram dimensionadas Universidade Federal de Viçosa, 1998.
seções de elementos protendidos, variando-se as dimensões da
seção e diâmetro de armadura ativa.
Conclui-se que houve uma redução na seção de concreto
superior a 70% e de, aproximadamente, 77% de aço CA-50,
considerando as delimitações estipuladas. A viga em concreto
protendido apresentou, também, grande diminuição no peso
próprio. A vantagem da utilização do concreto armado
convencional é a possibilidade de se executar a peça no
próprio canteiro de obras, sem a necessidade de mão de obra
especializada para realizar a protensão.
Como sugestões para trabalhos futuros, poderiam ser
analisados os custos de fabricação e montagem dos elementos.
Também poderia ser realizado um comparativo utilizando
outros sistemas construtivos ou materiais, como estrutura
metálica, por exemplo. Há, ainda, a possibilidade de realizar o
comparativo utilizando outros sistemas de protensão, como
por aderência posterior, por exemplo, visando à possibilidade
de executar a peça no canteiro de obras.
REFERÊNCIAS
[1] AGOSTINI, L. R. S. Concreto protendido: estudo das vigas isostáticas.
Livraria Ciência e Tecnologia. São Paulo, 1983.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.
NBR 6118: projetos de estruturas de concreto – procedimento. Rio de
Janeiro, 2014.
[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.
NBR 7483: cordoalhas de aço para estruturas de concreto protendido –
especificação. Rio de Janeiro, 2008.
[4] C.S. EMPREITEIRA DE OBRAS. Disponível em
<http://www.csempreiteira.com.br/pt-br/>. Acesso em 10 abr. 2016.
[5] FORPREM. Indústria de fôrmas pré-moldadas LTDA. Disponível em <
http://www.forpremformas.com.br/produtos/protensao/>. Acesso em 13
abr. 2016.
[6] HANAI, J. B. Fundamentos do Concreto Protendido. Universidade de
São Paulo. São Carlos, 2005.
[7] LAZZARI, B. M. Análise por elementos finitos de peças de concreto
armado e protendido sob estados planos de tensão. Porto Alegre, 2015.
Originalmente apresentado como dissertação de Mestrado, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2015.
[8] LAZZARI, P. M. Implementação de rotinas computacionais para o
projeto automático de peças em concreto com protensão aderente e não
aderente. Porto Alegre, 2011. Originalmente apresentado como
dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2011.
[9] MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concrete: Microstructure,
Properties and Materials. 3ª ed. University of California at Berkeley.
Berkeley, 2006.
[10] PFEIL, W. Concreto Protendido, volume 3: dimensionamento à flexão.
1ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1984.
[11] PFEIL, W. Concreto Protendido: processos construtivos, perdas de
protensão, sistemas estruturais. 1ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos, 1980.
[12] RUDLOFF INDUSTRIAL LTDA. Disponível em
<http://www.rudloff.com.br/concreto-protendido/>. Acesso em 10 abr.
2016.
[13] SCHÄFFER, A. Projeto de uma viga protendida. Notas de aula. 12 f.,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2013.
[14] VERÍSSIMO, G. S.; CÉSAR JR, K. M. L. Concreto Protendido:
fundamentos básicos . 4ª ed. Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas,
Universidade Federal de Viçosa, 1998.
10
GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-7
DETERMINAR O Nº DE CORDOALHAS E OS
ESFORÇOS GERADOS PELA PROTENSÃO
11
GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-14
Quadro 8: Comparativo de vigas testadas. Todas vigas apresentadas na tabela, que tem “ok” nas verificações, poderiam ser
utilizadas. As vigas nº 8 e 16 são as mais “econômicas”, porque tem seção menores. Porém, a viga nº 8 utiliza menos aço de
protensão (considerando a massa de aço).
IDADE DE DIÂMETRO VERIFICAÇÕES
ÁREA fck bw b H
VIGAS CAA PROTENSÃO ARMADURA n e (m)
(m²) (MPa) (m) (m) (m) ELU ELS-F ELS-D
(dias) ATIVA (mm)
1 0,5342 II 30 8 12,7 12 0,20 0,97 1,66 0,8569 ok ok ok
2 0,5460 II 30 8 12,7 12 0,20 0,97 1,66 0,8853 ok ok ok
3 0,5360 II 30 8 12,7 12 0,20 0,97 1,66 0,8992 ok ok ok
4 0,4730 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9180 ok ok ok
5 0,4525 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,8967 ok ok ok
6 0,4450 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9097 ok ok ok
7 0,4275 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9462 ok ok ok
8 0,4205 II 30 8 12,7 12 0,15 0,97 1,66 0,9606 ok ok ok
9 0,4450 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9067 ok ok ok
10 0,4655 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9277 ok ok ok
11 0,4730 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9150 ok ok ok
12 0,5360 II 30 8 15,2 9 0,20 0,97 1,66 0,8962 ok ok ok
13 0,5297 II 30 8 15,2 9 0,20 0,97 1,66 0,9053 ok ok ok
14 0,4655 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9285 ok ok ok
15 0,5490 II 30 8 15,2 9 0,20 0,97 1,66 0,9221 ok ok ok
16 0,4205 II 30 8 15,2 9 0,15 0,97 1,66 0,9576 ok ok ok
17 0,3905 II 30 8 12,7 14 0,15 0,97 1,46 0,8465 ok ok ok
18 0,3815 II 30 8 12,7 14 0,15 0,97 1,40 0,8119 x ok ok
19* 0,4450 II 30 8 12,7 16 0,15 0,97 1,66 0,9097 ok ok ok
12
GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-7
CARGAS
V (cortante) 724,27 kN
Vd 1013,97 kN
Vrd2 7997,47 kN
Vc 1357,68 kN
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GIFFHORN, G. C.; LAZZARI P. M./ Revista de Engenharias da Faculdade Salesiana n.1 (2014) pp. 2-14
VERIFICAÇÃO NO ELU
σc -17640 kN/m²
σt 3084 kN/m²
Perda de
5%
protensão inicial
γp 1,0
σs 2032,26 kN/m² OK
σi -13622,88 kN/m² OK
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