Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 1
O concreto armado tem inúmeras vantagens sobre os
demais materiais estruturais, como:
- economia;
Apesar da fissuração, quase sempre inevitável em uma - dificuldades para a execução de reformas ou
estrutura de concreto armado, a durabilidade das demolições.
armaduras não fica prejudicada, desde que as
aberturas das fissuras sejam limitadas. Concreto em compressão simples
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 2
grupos de resistência e consistência), os concretos são
classificados como:
sendo fci os valores genéricos da resistência obtidos em - condições de cura (temperatura e umidade);
n corpos de prova de concreto.
- velocidade de aplicação da carga (ensaio estático ou
Assim, conhecendo-se o valor do desvio padrão S, dinâmico);
utiliza-se a equação
- duração do carregamento (ensaio de curta ou de longa
= − 1,645 duração);
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 3
Além disso, existem muitos problemas devido aos
métodos de ensaio de tração direta existentes.
Ensaio de Flexão
NBR 12142 – 2010
Por exemplo, o valor característico inferior fctk,inf é usado Nesses casos, pode-se empregar a equação
para determinar a resistência da aderência entre o
⁄
concreto e as barras da armadura.
= 1,40
10
Por outro lado, para o cálculo da área mínima da
armadura de flexão emprega-se o valor característico para a estimativa de fctm em função da resistência
superior fctk sup. característica fck adotada no projeto.
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 5
O módulo de deformação longitudinal do concreto O mesmo ocorre com as deformações εo (deformação
para resistência à compressão máxima) e εu
O concreto apresenta um comportamento não linear, (deformação de ruptura) indicadas na figura.
quando submetido a tensões de certa magnitude.
Para concretos com fck ≤ 50 MPa, adotam-se os valores
Esse comportamento é decorrente da microfissuração médios εo = 2%0 e εu = 3,5%0.
progressiva que ocorre na interface entre o agregado
graúdo e a pasta de cimento. Lembrando!!!
⁄
= 21500 ,
10
onde
= + 8,
= 0,85
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 6
Relação da NBR-6118/2014 apenas o modelo do CEB/90 para a avaliação do
módulo de deformação longitudinal do concreto.
Nessa versão da norma brasileira, o módulo tangente é
dado por O módulo tangente será obtido com o emprego da
equação
= 5600 , , ≤ 50
⁄
⁄ = 21500 ,
10
= 21500 , , > 50
10 onde
= + 12,5 , = + 8,
Nessas equações, αE é um coeficiente que leva em é a resistência média à compressão, estimada a partir
conta o tipo de agregado graúdo, tendo os mesmos da resistência característica fck aos 28 dias.
valores sugeridos pelo CEB/90:
E o módulo secante com o emprego da equação
- αE = 1,2 para agregados de basalto e diabásio;
= 0,85
- αE = 1,0 para agregados de granito e gnaisse;
É usual adotar-se a denominação “módulo de
- αE = 0,9 para agregados de calcário;
elasticidade” no lugar de módulo de deformação
longitudinal do concreto.
- αE = 0,7 para agregados de arenito.
A rigor, o termo módulo de elasticidade é inadequado,
Ainda de acordo com a NBR-6118, o módulo secante é
pois o concreto não é um material elástico.
dado por
Por definição, um material elástico é aquele que
= apresenta uma relação tensão-deformação única,
independente dos ciclos de carga e descarga a que ele
= 0,8 + 0,2 ≤ 1,0 for submetido.
80
Se essa relação é linear, o material obedece à Lei de
Na tabela mostrada a seguir, apresentam-se os valores Hooke, sendo conhecido como material elástico linear.
de Ec e de Ecs, conforme a NBR-6118/2014. Nessa
tabela também são apresentados os valores de Ecs, de O material também pode ser elástico não linear, quando
acordo com a NBR-6118/2007 e o CEB/90. não há proporcionalidade entre tensão e deformação.
Em todos os casos, considera-se o uso de granito como Por outro lado, há os materiais inelásticos, e como é o
agregado graúdo, ou seja, αE = 1,0. caso do concreto, com relações tensão-deformação
distintas nos ciclos de carregamento e
descarregamento, como indicado na figura a seguir.
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 7
em virtude das reações químicas decorrentes da
hidratação do cimento.
Diagrama parábola-retângulo
Uma expressão muito simples foi desenvolvida por Quando se deseja acelerar o processo de
Hognestad, admitindo-se que o trecho ascendente do endurecimento do concreto, pode-se realizar a
diagrama possa ser representado por uma parábola do denominada cura a vapor.
segundo grau.
Neste caso, depois de transcorridas cerca de 4 horas
Essa expressão foi introduzida na norma brasileira da concretagem, eleva-se gradualmente a temperatura
NBR-6118 e no CEB, dando origem ao denominado ambiente (por meio de vapor) até uma temperatura
diagrama parábola-retângulo. limite.
As equações são as seguintes: Essa temperatura é mantida durante um certo período,
reduzindo-se em seguida até atingir a temperatura
= (2 − ), < ambiente.
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 8
amassamento e resfriando os agregados) para que a Por outro lado, a fluência do concreto contribui
temperatura máxima atingida não fique muito acima da favoravelmente para a eliminação de concentrações de
temperatura ambiente. tensões (em nós de pórticos, por exemplo) e de tensões
impostas por recalques de apoios em estruturas
Resistência do concreto sob carga de longa hiperestáticas.
duração
Retração é a redução de volume do concreto durante o
Outro fenômeno que ocorre com o concreto é a redução processo de endurecimento, devido à diminuição do
de sua resistência sob carga de longa duração. volume de água dos poros.
Esse fenômeno, descrito por Rüsch, é conhecido como Usualmente, a retração é dividida em retração
Efeito Rüsch. autógena e retração por secagem (ou retração
hidráulica).
A redução da resistência é contrariada pelo aumento de
resistência decorrente do envelhecimento. A retração autógena ocorre sem perda de água para o
exterior e é consequência da remoção da água dos
Devido a esses efeitos contrários, a resistência do poros capilares pela hidratação do cimento.
concreto passa por um mínimo, cujo valor depende da
idade de aplicação da carga. A retração hidráulica é influenciada pelas condições
ambientais (umidade relativa, temperatura, vento, etc.).
Em uma estrutura de concreto armado, uma parcela
significativa das cargas é aplicada e mantida constante Na prática, a retração hidráulica inclui, também, a
durante praticamente toda a vida da estrutura. variação autógena de volume.
A fluência é o acréscimo contínuo das deformações que Com isso, pode-se evitar uma fissuração prematura.
ocorre mesmo para uma tensão constante.
As armaduras também são eficientes para a limitação
A retração é a redução de volume do material na das aberturas das fissuras decorrentes da retração.
ausência de uma carga externa.
Quando o concreto é colocado dentro d’água, ocorre
Tanto a fluência, quanto a retração, diminuem com a um aumento de volume pela absorção de água.
redução do fator água-cimento e do consumo de
cimento. Entretanto, o valor absoluto da expansão dentro d’água
é bem menor do que a retração do ar (cerca de seis
A fluência e a retração apresentam uma série de efeitos vezes menor para umidade relativa do ar igual a 70%).
indesejáveis, como:
Aços para concreto armado
- aumento das flechas de lajes e vigas;
De acordo com a NBR-7480-2007 (Aço destinado a
- perdas de protensão em estruturas de concreto armaduras para estruturas de concreto armado –
protendido; Especificação), as armaduras para concreto armado
podem ser classificadas em barras e fios.
- aumento da curvatura de pilares devido à fluência, o
que introduz momentos fletores adicionais; As barras possuem diâmetros mínimos de 6,3 mm,
sendo obtidas por laminação a quente.
- fissuração das superfícies externas devido à retração;
Os fios apresentam diâmetros máximos de 10 mm,
- introdução de esforços indesejáveis em estruturas sendo obtidos por trefilação ou laminação a frio.
aporticadas devidos à retração (e também à dilatação
térmica), o que exige a adoção de juntas; etc. Na nomenclatura usual de projeto, tanto as barras
laminadas, quanto os fios trefilados, são designados
simplesmente por barras da armadura.
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 9
Os fios, obtidos por trefilação, não apresentam um
Na tabela a seguir, indicam-se as barras e os fios patamar de escoamento definido, como é mostrado na
padronizados pela NBR-7480. figura a seguir.
- fy = tensão de escoamento;
As barras, obtidas exclusivamente por laminação a O CEB, o ACI, o Eurocode 2 e todas as demais normas
quente, apresentam um patamar de escoamento no internacionais consideram Es = 200 GPa para efeito de
diagrama tensão-deformação, como está indicado na cálculo.
figura.
A mesma NBR-6118 adota o valor de 200 GPa para o
módulo de elasticidade dos aços para concreto
protendido (aços para armadura ativa).
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 10
Assim, as barras de aço são classificadas nas
categorias CA-25, CA-50 e CA-60, onde o prefixo CA
indica aços para concreto armado e o número é o valor
de fyk expresso em kN/cm².
Lembrando!!!
1 kN/cm² = 10 MPa
Prof. José Renato de Castro Pessôa CONCRETO I – UESC Ref.: Curso de Concreto Armado – José Milton de Araújo 11