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AÇOS AVANÇADOS

1. Introdução
1.1 Conceito - Aços AHSS
Aços avançados de alta resistência (AHSS- Advance High Strength Steels) são aços
recentemente desenvolvidos com os seguintes objetivos:
a) Aumentar a competitividade do aço com relação a outros materiais
alternativos principalmente na indústria automobilística

b) Atender às restrições ao
consumo de energia e aos
danos ao meio ambiente
através da redução de
peso para minimizar o
consumo de combustível

c) Atender as rigorosas
normas de segurança da
indústria automobilística
1. Introdução
1.1 Conceito - Aços AHSS
• Os Aços avançados de alta resistência apresentam maior complexidade que
os aços comuns tanto em termos de composição química quanto de
microestrutura e necessitam de um processo mais controlado de
aquecimento e resfriamento durante fabricação (especialmente laminação).

• São considerados de forma


referencial aços avançados de alta
resistência quando possuem um LE
superior a uns 500 MPa na sua
condição de uso. Para obtenção de
uma resistência deste nível são
empregados vários mecanismos de
aumento da resistência ainda que
com boa ductilidade e tenacidade
1. Introdução
1.2 Importância dos Aços AHSS
a) Possibilidade de redução no peso de veículos em função do aumento aumento
da resistência
1. Introdução
1.2 Importância dos Aços AHSS
b) Possibilidade de redução no consumo de combustível

MPG = milhas por galão Dados do Instituto de


35 MPG = 14,9 km/l desenvolvimento do aço – 2013
54,5 MPG = 23,2 km/l
1. Introdução
1.3 Futuro dos Aços AHSS

251 pounds = 114 kg Peso de um carro:


346 pounds = 157 kg 900 a 1000 kg
1. Introdução
1.4 Alta Resistência no contexto dos Aços AHSS
• Quando se fala em alta resistência está se referindo a alta resistência para
condições de boa conformabilidade e soldabilidade, e não apenas uma
elevada resistência usualmente empregada por exemplo para aços
temperados

• HSS - Aços convencionais de


alta resistência: HSLA, BH

• AHSS - Aços avançados de


alta resistência: Aços TRIP,
DP, MS

• Aços alternativos mas de


alto custo: Inoxidáveis
austeníticos, TWIP
1. Introdução
1.4 Alta Resistência no contexto dos Aços AHSS
• A dificuldade no desenvolvimento destes tipos de aços está relacionada com a
obtenção de um aço de alta resistência combinado com boa ductilidade para
proporcionar sua conformação dentro de um design moderno e com custos
adequados e que permitam uma soldabilidade adequada.

• A solução para este desafio contemplou:


A. Composição química selecionada de forma cuidadosa
B. Processos de fabricação com maior controle principalmente nas etapas de
aquecimento e resfriamento.
C. Emprego conjugado de vários mecanismos de aumento da resistência
D. Obtenção de microestruturas mais complexos a fim de conciliar as
características contraditórias de elevada resistência e elevada
ductilidade
1. Introdução
1.5 Desenvolvimento/Histórico dos Aços AHSS
• Os aços avançados de alta
resistência tiveram como base
características proporcionadas
pelos aços Microligados,
evoluindo posteriormente em
estágios denominados de
geração.

• 1ª Geração: foco no aumento da resistência ou ductilidade: Exemplo Aços DP,


Aços BH
• 2ª Geração: foco na combinação de resistência e ductilidade, mas alto custo.
Exemplo Aços Inoxidáveis austeníticos e Aços TWIP
• 3ª Geração: foco na combinação de resistência e ductilidade, mas com baixo
custo. Exemplo Aços TRIP, Aços Q&P (em pesquisa)
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.1 Introdução
Os aços microligados também são conhecidos pelas siglas
• ARBL (Aços de alta resistência e baixa liga) ou
• HSLA (High Strength Low Alloy)

Aços microligados tem sido usados como aço Aços microligados usados em partes de
estrutural devido a sua elevada resistência, carrocerias de automóveis
tenacidade e soldabilidade
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.2 Histórico

Os aços microligados tiveram sua origem


na necessidade da indústria em levar gás
através de tubulações onde era necessário
aços de maior resistência (maior pressão
do gás = maior vazão de gás a ser
transportada), boa ductilidade
(conformabilidade) , tenacidade (devido
a presença de concentradores de tensão) ,
e ainda uma boa soldabilidade.
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.3 Desafio
Como obter maior resistência, boa
conformabilidade, boa tenacidade e
boa soldabilidade simultaneamente
visto que muitas destas características
são conflitantes?
• O Carbono e muitos elementos de liga
aumentam a resistência, mas diminuem a
ductilidade, a tenacidade e a
soldabilidade
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.3 Desafio
Como obter maior resistência, boa
conformabilidade, boa tenacidade e
boa soldabilidade simultaneamente
visto que muitas destas
características são conflitantes?
1. Refinar o grão
2. Adicionar de Manganês
3. Eefetuar tratamento de
Endurecimento por precipitação
4. Reduzir a quantidade de inclusões
não metálicas
5. Controlar a morfologia das
inclusões
6. Reduzir os teores de P e de S
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.4 Refino do grão


• A diminuição do tamanho de grão
aumenta a resistência e a tenacidade
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.4 Refino do grão


Os meios para obtenção de um grão mais fino nos aços Microligados são os
seguintes:
A) Adição de Titânio (até 0,05%)
• O efeito do Titânio é de formar nitretos
estáveis (as partículas de TiN não são
solubilizadas mesmo em altas temperaturas
como ocorre nos processos de laminação e
forjamento a quente) que atuam como
barreira dificultando o crescimento do grão
mesmo em temperaturas mais elevadas
(laminação, forjamento)
• Observação: Para aumentar o crescimento do grão é necessário englobar as
partículas o que demanda maior energia de modo que as partículas de TiN são
um entrave para o crescimento do grão
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.4 Refino do grão


B) Adição de Nióbio (até 0,15% máximo).
• O efeito do Nióbio é o de retardar a
recristalização da austenita durante a
laminação a quente (entre 900 e 1000ºC)
desta forma os grãos de austenita ficam
extremamente deformados recristalizando
apenas quando da transformação da
austenita em ferrita.
• A austenita extremamente deformada
gera muitos pontos de nucleação e assim
obtendo-se uma estrutura extremamente
fina. A redução do tamanho de grão
pode passar de ASTM 7-8 para ASTM
13-14
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.4 Refino do grão


B) Adição de Nióbio (até 0,15% máximo).
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.5 Adição de Manganês


São os seguintes os efeitos do
Manganês:
a) Aumenta a resistência do aço
por solução sólida. Em aços
microligados o Manganês é
adicionado na ordem de
aproximadamente 1,5% . O
aumento da resistência devido à
presença do Mn é da ordem de
50 a 200 MPa para o limite de
escoamento.
b) Aumenta a tenacidade em aços de baixo Carbono
c) Diminuição a soldabilidade mas seu efeito negativo é inferior ao do
carbono
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA
2.6 Tratamento de endurecimento por precipitação
• O endurecimento por precipitação ocorre pela adição de microelementos
(adição de elementos de liga em teores muito baixos – inferior a 0,20%)
• O aumento da resistência ocorre durante resfriamento da temperatura de
conformação (laminação ou forjamento a quente) onde partículas muito finas
(carbonitretos) precipitam na matriz aumentando a resistência
• A resistência aumenta na ordem de 175 MPa, embora diminua um pouco a
tenacidade
resfriamento

Obs. O encruamento não é uma boa alternativa para aumento da resistência


pois diminui a conformabilidade
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA
2.6 Tratamento de endurecimento por precipitação
• O aumento da resistência pela precipitação de partículas de 2ª fase ocorre
principalmente pela adição de Vanádio (até 0,15% máximo) e
secundariamente de Nióbio (até 0,10%) com auxílio da presença de
Manganês que diminui a temperatura de transformação de austenita em ferrita.
• Na temperatura de laminação a quente o Vanádio e parte do Nióbio ficam
dissolvidos na austenita, e à medida que o aço é resfriado ocorre a precipitação
de Nitretos e carbonetos de Vanádio e Nióbio (Carbonitretos).
• Estes precipitados muito finos (vistos apenas por MET) aumentam a resistência do
aço pois dificultam o movimento das discordâncias

Discordância
em movimento

Partículas dificultando
o movimento das
discordâncias
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.7 Inclusões não metálicas


• As inclusões não metálicas diminuem a tenacidade e ductilidade razão pelo
qual os níveis devem ser baixos, o que é obtido com técnicas mais especializadas
de refino do aço
• Como as inclusões são concentradoras de tensões devido a presença de
cantos ou raios muito pequenos, o fabricante do aço utiliza técnicas especiais
(adição de cálcio e terras raras) para arredondamento das mesmas diminuindo
deste modo o seu efeito negativo
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.8 Redução dos teores de Enxofre e Fósforo


• O fósforo e o enxofre reduzem a tenacidade do aço, razão pelo qual seus
teores devem ser bem baixos
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA
2.9 Resumo das características dos Aços Microligados
• Os Aços Microligados são aços com adição de pequena
quantidade de microelementos (V, Nb, Ti), em níveis
inferiroes a 0,20%, os quais são capazes de aumentar de
forma significativo a resistência quando comparados com
os aços comuns ao carbono, pelo efeito do refino do grão e
endurecimento por precipitação.

• A presença de Manganes é mais elevada que os aços


comuns por proporcionar um aumento da resistência e da
tenacidade
• Além do aumento da resistência, a ductilidade é pouco
alterado e mantida uma boa soldabilidade e tenacidade
através de um nível de carbono mais baixo, um baixo nível de
inclusões e/ou controle da sua morfologia.
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.10 Designação dos aços Microligados


Os aços microligados não são designados pela composição química tradicional dos
aços SAE visto que o fator preponderante nestes aços é a resistência mecânica.
A) ASTM: A ASTM especifica uma série de normas para aços microligados
conforme sua aplicação
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.10 Designação dos aços Microligados


B) Gerdau:
Os próprios fabricantes utilizam sua própria nomenclatura

• Observar presença de carbono em nível médio


visto que as aplicações se estenderam além de
tubulações de gás
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.10 Designação dos aços Microligados


C) Thyssenkrupp:
Os próprios fabricantes utilizam sua própria nomenclatura
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.11 Aplicações:
• Além da tradicional utilização em linhas de tubulações de gás e óleo, os aços
microligados apresentam aplicações estruturais, em carrocerias de
automóveis produtos forjados com médio carbono em peças de automóveis
como bielas, virabrequins, spindles (eixos), cubo de rodas, etc.
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.11 Aplicações:
• Os aços microligados
podem eventualmente
substituir aços de baixa
liga convencionais com
redução de custos pela
eliminação da têmpera e
revenimento tradicionais
por resfriamento
controlado após
forjamento.
• Os valores de resistência
obtidos são próximos aos
aços de baixa liga
beneficiados
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.11 Aplicações:
• Para que ocorra o efeito desejado de endurecimento o resfriamento controlado
deve ser adequadamente realizado pois conforme a velocidade poderá haver até
uma queda na resistência
• Se o resfriamento for muito lento as partículas crescem e ocorre perda de dureza.
Se o resfriamento for muito rápido as partículas não precipitam e não ocorre o
endurecimento
2. Aços Microligados – ARBL/HSLA

2.11 Aplicações
• Case: Utilização de
Titânio para evitar
crescimento do grão
em aço para ponta de
eixo (peça do sistema
de transmissão que
segura a roda do
caminhão.
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.1 Generalidades
• Os aços IF são aços de ultra baixo carbono
(0,008%) e baixíssimo Nitrogênio (0,005%)
utilizados para estampagem extra
profunda.

• Estes aços foram concebidos com a


finalidade de evitar alguns problemas que
ocorrem em chapas de aço de baixo
carbono para estampagem
• Envelhecimento A microestrutura dos aços IF é
• Linhas de Lüders essencialmente ferrítica.

Obs. Os aços IF estão na categoria de aços avançados em virtude da tecnologia


envolvida na sua fabricação e não devido a sua elevada resistência
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.1 Generalidades
Envelhecimento de Chapas:
• O Envelhecimento é a mudança das
propriedades com o tempo
caracterizadas por um aumento da
dureza e da resistência com diminuição
da ductilidade.
• O envelhecimento reduz a
conformabilidade das chapas de aço
tornando-as mais susceptíveis ao
aparecimento de trincas durante
estampagem
• Logo que a chapa é fabricada ela poderá ter um bom desempenho na
conformação, mas passado algum tempo (dias para aços efervescentes), meses
para aços acalmados o fenômeno irá ocorrer.
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.1 Generalidades
Envelhecimento de Chapas:

• O fenômeno está relacionado com a presença de Carbono e Nitrogênio


dissolvidos no aço que com o passar do tempo migram para o núcleo das
discordâncias aumentando o limite de escoamento, e diminuindo a
ductilidade
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.1 Generalidades
Linhas de Lüders:
• São defeitos que aparecem em chapas de baixo carbono devido a ocorrência do
patamar de escoamento. Devem ser evitadas devido a má aparência após
pintura.
• Para evitar o aparecimento das Linhas de Lüders por um certo período de tempo
costuma-se fazer leve deformação a frio como último passe de laminação (0,5 a
2% - “skin pass” ou “temper rolling”).
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.1 Generalidades
Linhas de Lüders:
• O período de tempo para que o material esteja sujeito ao aparecimento das
linhas de Lüders durante sua conformação depende do tipo de material: é muito
curto para aços efervescentes e maior para aços acalmados. O tempo está
vinculado a temperatura: maiores temperaturas aceleram o retorno do fenômeno.
• O patamar de escoamento está vinculado ao “travamento” da movimentação
livre das discordâncias pela presença de elementos intersticiais (Carbono e
Nitrogênio). Após a operação de “temper
rolling” os átomos de C e de N
difundem mesmo na temperatura
ambiente para a região da
discordância que é
energeticamente mais favorável
voltando a aparecer o fenômeno
depois de um certo tempo.
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.2 Características de Composição química dos Aços IF
• Além dos baixíssimos teores de carbono e
Nitrogênio que são possíveis graças as técnicas mais
avançadas de fabricação do aço com
desgaseificação à vácuo, os aços IF apresentam
adições balanceadas de Titânio ou Nióbio e
Alumínio com a finalidade de evitar que o
Carbono e o Nitrogênio em solução migrem para a
região das discordâncias e assim evitando o
aparecimento das Linhas de Lüders durante
conformação e o envelhecimento.

• Os níveis de P (max 0,025) e de S (max 0,01%)


são também bem inferiores aos dos aços comuns
possibilitando uma melhoria na ductilidade e
tenacidade
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.3 Propriedades Mecânicas dos Aços IF
Comparativo das propriedades mecânicas dos Aços IF com outros aços para
estampagem conforme norma ABNT NBR 5915

• Baixos LRT, LE

• Elevado
Alongamento

• Elevado r (índice
de anisotropia)

• Elevado n
(coeficiente de
encruamento
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.3 Propriedades Mecânicas dos Aços IF
• Um alto valor do coeficiente de
encruamento (n) indica alta
capacidade de estiramento e
aumento da dureza para uma
mesma taxa de deformação.
• Um alto valor do índice de
anisotropia (r) indica alta
deformação na largura em relação
a espessura que é altamente
desejável em estampagem profunda
• Obs. Os parâmetros r e n são
obtidos através da curva σ x ε
(real)
3. Aços IF (Interstitial-Free Steels)
3.4 Aplicações:
• Onde se necessita peças de estampagem profunda como em peças com
geometria mais complexa como em algumas carrocerias de carros de design
“estiloso”

Porta
Porta mala

Paralama
4. Aços BH (Bake hardening Steels
4.1 Introdução:
• Os aços BH (Bake hardening
Steels) possuem essa
denonminação pelo fato de
aumentarem sua dureza ou
resistência (principalmente o
Limite de escoamento) durante a
etapa de Cura (Bake) da pintura.

• Os aços possuem boa ductilidade


e uma resistência relativamente
baixa antes da conformação, mas
depois de estampados e pintados
aumentam consideravelmente a
resistência
4. Aços BH (Bake hardening Steels
4.2 Processo de obtenção de um Aço BH
• O procedimento para obter aços BH é o seguinte:
• Produção de chapas incluindo a etapa de “temper rolling” (evita em curto
prazo o aparecimento de linhas de Lüders e o Envelhecimento)
• Efetuar a conformação da peça antes que ocorra o fenômeno de
envelhecimento, ou seja, antes que diminua a ductilidade e aumento da
resistência. Nesta etapa ocorre um incremento da resistência devido ao
encruamento de ≈ 40 MPa.
• Induzir o aumento da resistência durante a etapa de Cura (bake) da
pintura (aproximadamente 170ºC por 20 a 30 minutos) na qual os
elementos intersticiais em solução migram para o núcleo das discordâncias e
assim elevando a tensão de escoamento. Nesta etapa outro incremento no LE
de aproximadamente 25 a 50 MPa
Obs. O incremente no LE que surge na etapa da pintura é denominado de
“Efeito BH”
4. Aços BH (Bake hardening Steels
4.2 Processo de obtenção de um Aço BH
4. Aços BH (Bake hardening Steels
4.3 Tipos de Aços BH e Propriedades Mecânicas

Coeficiente de encruamento
Índice de anisotropia
Grades
(Tipos)

LE mínimo
Fonte: Catálogo da ArcellorMittal
4. Aços BH (Bake hardening Steels
Fonte: Catálogo da ArcellorMittal
4.4 Composição química:

• Os aços BH devem ter a quantidade de carbono e de nitrogênio controlada para


permitir o efeito do envelhecimento (aumento da resistência) durante a cura da
pintura.
• A quantidade de nitrogênio em solução é controlada pelos teores de Ti, Nb ou Al
• Uma quantidade elevada de carbono prejudica a conformabilidade pela presença de
cementita, além do que o carbono quando na cementita é incapaz de produzir o
fenômeno do envelhecimento que somente é possível com presença de carbono em
solução.
• Os aços BH podem apresentar Fósforo um pouco acima dos níveis normais (até o
0,06%) pois auxilia no efeito BH
4. Aços BH (Bake hardening Steels
4.4 Aplicações:

Longarina
Capota de automóvel
dianteira

Porta
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.1 Introdução:

• Aços Bifásicos são aços que


possuem sua microestrutura
formada essencialmente por:
• Ferrita (80 a 95%) e
• Martensita (5 a 20%)
• A resistência destes aços é
controlada pela quantidade
de martensita formada.

• Combina boa resistência e


ductilidade com baixo custo A microestrutura de um aço DP é
principalmente de ferrita com ilhas
dispersas de martensita
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.2 Principais características mecânicas

• Os aços DP apresentam boa


tenacidade (área abaixo da
curva σ x ε)
• O LE fica entre 300 e 850 MPa
e a resistência à tração entre
450 e 1100 MPa.
• O alongamento atinge valores
superiores a 27%
• Não apresenta patamar de
escoamento, o que significa não A área abaixo da curva demonstra uma maior
apresentam o problema com tenacidade dos aços DP em relação aos aços
linhas de Lüders microligados de mesmo limite de escoamento
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.2 Principais características mecânicas

• Apresenta boa capacidade de


encruamento principalmente
no início da região plástica.

• Um valor elevado do
coeficiente de encruamento
significa elevado aumento da
dureza/resistência para uma
mesma taxa de deformação,
ou seja, ocorre um bom
aumento da resistência durante
conformação o que é positivo
para as peças estampadas.
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.2 Principais características mecânicas
• Os benefícios dos aços DP quando comparados com um aço ARBL de mesma
resistência podem ser observados pelo gráfico abaixo

• É possível a redução da
espessura de 2,5mm
para 2,0 mm tendo como
resultado um peso
menor, maior resistência
e eneriga absorvida
com um custo inferior
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
Coeficiente de
5.2 Principais características mecânicas encruamento
Efeito BH
Incremento no
LE na etapa
de cura da
pintura
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.2 Principais características mecânicas

(Aço comum de baixo


Carbono)
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.3 Tratamento térmico: B
Os aços bifásicos ou DP podem ser obtidos
por dois caminhos conforme figura:
A) Temperatura intercrítica com presença de
ferrita e austenita seguido por um
A
rápido resfriamento na qual a austenita
existente que apresenta elevado
Carbono se transforma em martensita.
B) Elevar a temperatura até completa
austentização com resfriamento
suficientemente rápido mas controlado
de forma que a haja uma transformação
parcial da austenita em ferrita e o
restante da austenita em martensita
Após etapa de têmpera chapas são
revenidas.
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)

5.3 Tratamento térmico:

• 920ºC: somente austenita


• 800ºC: austenita e ferrita. A
austenita com aproximadamente
0,4% de carbono 740ºC
• 740ºC: Ferrita e austenita. A
austenita apresenta carbono
próximo de 0,7% a qual com um
rápido resfriamento se transforma
em martensita.
• Temperatura ambiente: após
rápido resfriamento o aço
apresentará ferrita e martensita
0,1%C
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.3 Tratamento térmico:
Resfriamento com jato de gás

Revenimento
Encharcamento

Aquecimento

Têmpera

Esquema da Linha de Tratamento para obtenção de Aços DP – SSAB (Borlänge - Suécia)


5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)
5.4 Tipos/Composição química Alto Manganês auxilia na
estabilidade da austenita e aumenta
dureza da ferrita por solução sólida

Além dos elementos descritos acima os aços DP podem apresentar:


• Cromo e Molibdênio em níveis de até 0,40% para aumentar a temperabilidade
• Vanádio até 0,06% para endurecimento por precipitação e refino de grão
• Nióbio até 0,04% para refino do grão
5. Aços Bifásicos (Dual-Phase steels)

5.5 Aplicações:
Componentes estruturais de reforço do automóvel, vigas de impacto, pára-choques,
aro de roda, etc.
Pára-choque
6. Aços TRIP
6.1 Introdução:
• Os aços TRIP (Transformation
Induced plasticity = Plasticidade
induzida por deformação) são aços
multifásicos que exibem uma
combinação melhorada de
resistência e ductilidade, podendo
ser utilizado em aplicações onde se
necessita de elevada resistência (na
ordem de 800 a 900 MPa) aliada a
uma boa ductilidade (alongamento
de 25%) com baixo percentual de
carbono.
• A denominação se refere ao fato que ocorre uma transformação de
austenita residual em martenstia por encruamento (conformação)
aumentado a resistência
6. Aços TRIP
6.1 Introdução:

• A microestrutura final obtida é de:


• ferrita (50 a 60%),
• bainita (25 a 40%)
• austenita retida (5 a 15%).

• Típica microestrutura de um aço


TRIP:
• região clara é de austenita
retida,
• a região marron é ferrita e Reagente: Le Pera
• a região azulada é bainita (50ml de Na2S2O5 1% + 50 ml de picral
4% + álcool).
Na2S2O5 = Metabissulfito de sódio
6. Aços TRIP
6.1 Introdução:
• A característica relevante destes aços é o
denominado “Efeito TRIP”: a presença
de austenita retida na temperatura
ambiente é uma fase meta-estável e se
transforma em martensita durante a
deformação da chapa (maior aumento
da resistência pelo encruamento) e/ou
quando da aplicação de tensões externas
durante a utilização do produto como, por
exemplo, em uma batida do automóvel no • Os aços TRIP apresentam
qual há um aumento da resistência pela excelente capacidade de
transformação instantânea da austenita endurecimento por deformação
em martensita possibilitando uma maior (elevado valor do coeficiente de
segurança dos passageiros encruamento: “n”).
6. Aços TRIP
6.2 Processamento:
A. Aquecimento a uma temperatura
intercrítica (830ºC) até transformação
de parte da austenita em ferrita. Nesta
etapa pode haver conformação
mecânica
B. Resfriamento em banho de sal em
temperatura acima de Ms. Manter por 8
minutos em temperatura para transformação
parcial da austenita em bainita. A austenita
nesta etapa se enriquece de carbono. (A C. Resfriamento (ao ar) até a
austenita com elevada quantidade de temperatura ambiente. Parte da
carbono abaixa a temperatura Ms - Início de austenita pode se transformar em
formação de martensita) permitindo martensita, mas parte permanece
presença de austenita retida na temperatura nessa condição
ambiente
6. Aços TRIP
6.3 Composição química:

• Alto Manganês: auxilia na retenção da


austenita retida e no aumento da
resistência do aço
• Alto Silício e/ou Alumínio: evitam a
formação de cementita durante
transformação da austenita em bainita
permitindo o enriquecimento de carbono
pela austenita e em consequência esta
permanecer na temperatura ambiente
6. Aços TRIP
Incremento mínimo do LE durante
6.4 Propriedades Mecânicas: a etapa de cura da pintura

• Os aços TRIP apresentam


ótima combinação de
resistência e ductilidade,
superior aos demais aços
estudados até aqui.
• O alongamento e o
coeficiente de encruamento
(n) são elevados
6. Aços TRIP
6.4 Propriedades Mecânicas:
• Os aços TRIP apresentam maior resistência e ductilidade que aços DP e
microligados da mesma classe
6. Aços TRIP
6.5 Aplicações
• Peças de carrocerias de automóveis no qua o fator segurança é significativamente
importante

Travessa de pára-choque

Pilar de reforço
7. Aços TWIP
7.1 Introdução:
• O significado da sigla TWIP é Twinning Induced Plasticity que signfica
Plasticidade induzida por Maclação. O aumento da resistência possibilitado
pelo encruamento é devido a formação de maclas.
• São aços que apresentam austenita à temperatura ambiente a qual é
transformada em ou austenita maclada (às vezes denominada de martensita)
durante deformação plástica.

A macla é um tipo de imperfeição cristalina


resultante de uma recomposição de
determinados planos atômicos quando de
uma deformação sofrida pelo material. Os
planos ficam posicionados como se fosse uma
imagem ou reflexo um do outro em um
espelho (twin = gêmeos)
7. Aços TWIP
7.1 Introdução:
• A austenita maclada ou
“martensita” formada na
deformação dos aços TWIP
tem sua origem diferente da
martensita tradicional gerada
no resfriamento rápido do
aço ou da martensita gerada
na deformação de um aço
TRIP
• Neste caso a “martensita” ( austenita maclada) é formada pela maclação
da austenita. O aumento da resistência ocorre pelo fato dos contornos de
macla atuarem de forma semelhante aos contornos de grão sendo barreiras
ao movimento das discordâncias tendo um efeito similar ao que temos através
do refino do grão.
7. Aços TWIP
7.2 Composição química:
• Principal elemento: Manganês (20 a
30%) para garantir a fase austenítica
na temperatura ambiente
• Silício e Alúmínio : 1 a 3% auxiliam na
formação de maclas e reduzem a
densidade do aço (peso menor)
• A presença elevada de Si e de Al
baixam a densidade do aço de 7,8
para 7,3 g/cm3.
• Carbono típico 0,6% atua como
estabilizador da austenita
7. Aços TWIP
7.3 Microestrutura:

Microestrutura de um aço TWIP na Microestrutura após deformação


condição recozida
7. Aços TWIP
7.4 Propriedades Mecânicas:
• Os aços TWIP são aços que possuem excelente combinação de resistência e
alongamento. O pode alcançar alongamento ≈60% em função da presença
de austenita. A elevada resistência (1100 MPa) é obtida pela formação das
maclas durante conformação.

• O custo dos aços TWIP


é consideravelmente
maior que os demais
aços avançados.

• O valor do coeficiente
de encruamento é da
ordem de 0,35
7. Aços TWIP
7.5 Aplicações:
Em função de sua alta plasticidade, alta resistência e capacidade de absorver
energia em uma batida.

LE mínimo e Trave do pára


LRT mínimo choque traseiro

Trave de impacto da porta


8. Aços Avançados - Futuro

No momento a
pesquisa e
desenvolvimento dos
aços avançados de
alta resistência para a
indústria automotiva é
no sentido de buscar
uma melhor
combinação de
resistência e
alongamento conforme
área destacada na
Figura na cor “salmão”

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