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2)
Mauro César de Brito e Silva1
Esta mistura torna-se uma pedra artificial, que pode ganhar formas e
volumes, de acordo com as necessidades de cada obra. Graças a essas
características, o concreto, segundo a Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP) é o segundo material mais consumido pela humanidade,
superado apenas pela água.
A especificação do concreto tem dois aspectos a considerar: a seleção
de seus constituintes, tipo de cimento e tipo de agregados, e a determinação
da dosagem, mistura de seus componentes. A seleção dos materiais é
determinada considerando grau de dureza, temperatura e resistência à
ataques químicos.
Figura 4.4
1
Professor Assistente III, Departamento de Artes e Arquitetura, PUC Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil
1
A relação entre quantidade de água e cimento adotada para produzir o
concreto é essencial para se obter a resistência a compreensão. Este fator
conhecido por A/C é determinante para configurar um concreto com maior ou
menor resistência neste sentido. Quanto maior a parcela de água menor a
capacidade de ser resistente nesta condição; quanto menor o percentual de
água, e conseqüente maior participação do cimento na mistura, maiores
tensões de compressão obtemos. Uma maior participação de água no
concreto, contudo permite mais trabalhabilidade com massa de concreto, isto
significa melhores condições para manuseá-lo, moldá-lo. Há ainda que
destacar que a cura do concreto (figura 1.4), ou seja, o controle de seu
processo de endurecimento, também é importante para se obter os
resultados esperados para melhor resistência do concreto. Este processo de
cura deve procurar assegurar que o fator A/C estabelecido na dosagem do
concreto seja preservado na sua execução. Hoje, há aditivos químicos que
podem substituir parte da água na composição do concreto, favorecendo a
trabalhabilidade sem, contudo ampliar o fator A/C, permitindo-se obter as
resistências desejadas
A resistência do concreto é determinada durante o cálculo estrutural; e
a requerida trabalhabilidade dependerá da natureza da estrutura,
especificamente das dimensões dos elementos, da complexidade da
armadura e do tipo de equipamento disponível na concretagem.
O concreto é um material estrutural muito versátil, que tem uma boa
resistência a compressão e baixíssima resistência a tração, mas tem uma
excelente resistência ao fogo e boa durabilidade. O concreto é disponibilizado
na forma semilíquida e esta característica faz com este material permita uma
grande variedade de formas e também permite que outros materiais sejam
incorporados ao elemento de concreto.
Figura 5.5
Figura 6.6
Figura 1.7
3
da tensão de compressão do concreto é pelo menos 10 vezes maior que as
tensões de tração, o concreto da parte superior da viga tem tensões próximas
de zero quando a ruptura a tração na parte inferior da viga.
Esta ruptura pode ser evitada se barras de aço forem colocadas
próximas das fibras inferiores da viga, como é ilustrado na figura 1.8. Nas
vigas de concreto armado as barras de aço são responsáveis por absorver as
tensões de tração evitando-se assim que a viga de concreto armado venha
romper por tensões de tração. A fissura que se formará será então
interceptada por uma ou várias barras de aço.
Figura 1.8
5
medir os materiais que compõem o concreto asseguram maior precisão do
que adoção de recipientes, padiolas, para medição da quantidade dos
insumos que comporão a massa de concreto.
Como já foram mencionadas as peças protendidas com armaduras
pré-tensionadas são geralmente fabricadas em usinas, havendo grande
interesse em padronizar os tipos construtivos, para economia de formas.
Portanto, o concreto protendido é usado com maior freqüência na construção
de vigas para edifícios, pontes, etc. O número de aplicações do concreto
protendido é muito grande e cabe ao profissional responsável pelo
desenvolvimento do projeto arquitetônico obter os fundamentos necessários
para explorar este material estrutural.
As estruturas de concreto armado permitem que o arquiteto possa
elaborar projetos de edificações de complicadas formas. E diferentemente
das estruturas de aço, continuidade entre os elementos estruturais é
facilmente conseguida resultando em estruturas hiperestáticas. Em suma,
geometrias irregulares podem ser exploradas, tanto no plano quanto na
seção transversal das peças, com lajes em balanço, e elementos com formas
afiladas e curvilíneas podem ser construídos mais facilmente em concreto
armado do que em aço.
Portanto, as estruturas compostas de um material de certa
complexidade vão exigir análises dos profissionais que desejam explorar todo
o potencial do concreto armado. E o uso deste material com sucesso deve
ser baseado no conhecimento de suas propriedades básicas e seu
comportamento quando solicitado aos diversos carregamentos.
6
2 – Concreto armado – fatores que influenciam sua escolha
como material estrutural
2.1 - Estética
Figura 2.1
Figura 2.2
Figura 2.3
Figura 2.4
8
Um dos edifícios em Le Corbusier usou o concreto aparente foi numa
edificação perto de Lyons – França em 1957-1960 “The Monastery of La
Tourette” ilustrada na figura 2.4. Nesta edificação a textura sem acabamento
da construção foi entendida pela inexperiência dos construtores, mas sem
dúvida alguma Le Corbusier encontrou nessa sugestão do “primitivo” uma
produção que era compatível com o pensamento arquitetônico daquele
tempo.
Logo, as propriedades e requisitos do concreto armado determinaram
um importante papel na linguagem da arquitetura que exemplificava uma
categoria na relação entre estrutura e arquitetura, ou seja, a da “estrutura
aceita”. Mas foi o próprio Le Corbusier que fez uma estrutura exagerada
expressando as possibilidades do concreto armado na “Notre-Dame-du-Haut,
Ronchamp – France, 1954” mostrada na figura 2.5. Nessa edificação a
relação entre a estrutura e arquitetura é um exemplo da “estrutura ignorada”,
ou seja, o sistema estrutural da edificação não é considerado na evolução da
forma do edifício. É importante ressaltar que o sistema estrutural adotado é
de fácil entendimento, e devido às excelentes propriedades do concreto
armado. A estrutura da cobertura da capela não é nada mais do que sistema
estrutural formado por uma viga – coluna suportando uma laje armada em
uma direção. Como o concreto é um material estrutural moldável e devido à
continuidade do sistema estrutural foi possível produzir uma laje de cobertura
com formas curvas. Isso ilustra muito bem a liberdade que um arquiteto tem
na criação de formas semelhantes, e que a construção em concreto armado
oferece.
É importante ressaltar que essa complexa forma foi obtida usando um
tipo básico de material estrutural, porque o vão da edificação, que gira em
torno de 20 m, não é muito grande. Por conseguinte se a edificação tivesse
vão maior, sistemas mais eficientes deveriam ser utilizados, como os
sistemas estruturais de forma-ativa. Fica claro que se Le Corbusier tivesse
que optar, por razões estruturais, por outro material estrutural sem a
liberdade que o concreto oferece a forma da edificação provavelmente teria
que ser concebida levando em consideração as restrições do material
escolhido.
Figura 2.5
9
retiradas e deformações excessivas foram percebidas. Portanto, esta casa e
a Capela “Notre-Dame-du-Haut, Ronchamp” (figura 2.5) são exemplos de
estruturas ignoradas (ver item 2 - Estruturas no projeto de arquitetura –
Estrutura e Arquitetura).
Figura 2.6
10
deslocado a 10m abaixo deste, ressaltando a leveza e a transparência da
estrutura.
.
Figura 2.11
11
Seu projeto arquitetônico e projeto estrutural foram idealizados pela
arquiteta italiana Lina Bo Bardi e pelo engenheiro civil José Carlos Figueiredo
Ferraz respectivamente. O edifício foi concebido utilizando um bloco
subterrâneo e um elevado, suspenso a oito metros do piso como é ilustrado
na figura 2.11. O bloco superior com vão livre de 74 metros, 29 metros de
largura e 14 metros de altura é suspenso por quatro pilares de concreto
vazados de 2,5 m x 4 m, que recebem uma carga vertical de 90000 kN,
transmitida por quatro grandes vigas protendidas. As vigas que sustentam a
cobertura são simplesmente apoiadas, com liberdade de movimento no
sentido de seu eixo e suportam no centro do vão uma carga de 200000
kN/m2. No piso superior a laje é nervurada e tem 4 cm de espessura. A laje
do primeiro piso forma um caixão perdido de 50 cm de altura e é suportada
por tirantes como mostra a figura 2.12.
Figura 2.12
Figura 2.13
Outro exemplo, ilustrado nas figuras 2.14 (vista frontal) e 2.15 (vista
dos fundos) do uso do concreto armado na produção de formas esculturais é
o edifício da “Vitra Design Museum” do arquiteto Frank Gehry, localizado em
Weil am Rhein – Alemanha e construído de 1988 a 1989.
Como outros exemplos do gênero, tal como a capela “Notre-Dame-du-
Haut, Ronchamp – France, 1954” idealizada por Le Corbusier, este é um
edifício relativamente pequeno e ilustra a habilidade do concreto armado de
12
permitir ao arquiteto liberdade quase ilimitada na concepção da forma da
edificação.
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dá ao edifício uma alta massa térmica e em determinados casos pode agir
como barreiras acústicas.
Mas a grande desvantagem do concreto armado é sua construção.
Pois ela é complicada e envolve a construção de um sistema estrutural de
madeira ou metálico, que são fôrmas onde a massa de concreto semilíquido
é moldada. Além disso, a priori é necessário um posicionamento correto da
armadura de aço e depois a massa de concreto deve ser vibrada para que o
elemento estrutural seja compacto e monolítico. Logo, as estruturas de
concreto armado tendem ter um maior tempo de execução. O processo
construtivo do concreto armado moldado “in loco”, por ser considerado por
muitos como popular e simples, pode ser também uma desvantagem. Pois
permite a utilização de mão-de-obra de baixa qualificação, ou até mesmo
recurso humano com baixo nível de instrução educacional. Assim algumas
patologias são potencialmente instaladas nas obras já na sua formatação
como o preparo dos materiais, e principalmente no processo de cura.
Outra desvantagem é a necessidade de espaço para armazenamento
da madeira para fôrmas e barras de aço usado nas armaduras dos elementos
estruturais, e isso pode ser um problema se o local da edificação é pequeno
e congestionado.
14
3 – Formas estruturais do concreto armado
3.1 – Formas estruturais – moldadas “in loco”
Figura 3.1
16
3.1.1 – Estruturas com lajes maciças
17
estruturas de lajes planas, comparadas as estruturas formadas por vigas e
colunas, também gera uma altura geral edifícios menor.
Figura 3.4
Figura 3.5
18
3.1.2 – Estruturas com lajes nervuradas
Figura 3.6
Figura 3.9
20
3.1.4 – Estruturas em barras – vigas e pilares
Figura 3.10
Figura 3.11
21
Figura 3.12
Tabela 3.3 – Vãos e principais dimensões das estruturas em quadro de concreto armado
(vigas, pilares e lajes)
Altura: viga
Vão: laje Vão: viga Espessura: laje Largura: pilar
(do topo da laje)
(m) (m) (mm) (mm)
(mm)
3 4,5 125 350 200
4 6,0 150 420 250
5 7,5 175 520 275
6 9,0 200 670 275
7 10,5 225 780 275
8 12,0 275 900 300
9 13,5 300 1060 300
22
Figura 3.13
23
Figura 3.14
Figura 3.15
24
3.1.5 – Dimensões mínimas dos elementos estruturais (NBR 6118/2003).
A altura das vigas pode ser estimada em função do vão L, sendo que
convém adotar uma altura mínima de 30 cm. As vigas não devem apresentar
largura menor que 12 cm, e das vigas-parede menor que 15 cm. Estes limites
podem ser reduzidos, respeitando-se um mínimo absoluto de 10 cm em
casos excepcionais.
- Se as vigas estiverem embutidas nas paredes de alvenaria, a sua largura
pode variar de acordo com a espessura da parede: largura b = 12 a 13 cm
(nas paredes de 15 cm) 17 a 18 cm (nas paredes de 20 cm);
- Se a viga estiver submetida a um momento de torção, é preciso verificar as
tensões combinadas de cisalhamento.
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3.1.6 – Pré - dimensionamento de pilares
Figura 3.16
NTOTAL = 1,05 Ni
Logo, a área de concreto dos pilares (AC) pode ser calculada utilizando
a seguinte expressão:
26
AC = NTOTAL / ref
Onde:
NTOTAL: carga total no pilar em kN
AC: área da seção transversal do pilar em cm2
ref: tensão normal de referência adotada no projeto, que é função da
resistência à compressão do concreto (fck) em kN/cm2,
A tensão normal de referência ( ref) para uma taxa de armadura igual a
4% é igual a 2/3 da resistência à compressão do concreto (fck).
ref = 2,0x2/3 = 1,33, logo a área necessária do pilar será estimada em:
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3.1.8 – O espaço arquitetônico e o projeto “arquitetônico” da estrutura
Figuras 3.19
29
escada e os elevadores. Nesta elevação está presente também a casa de
máquinas para os elevadores e os reservatórios elevados, não havendo,
portanto, interferências no posicionamento dos pilares.
O arquiteto pode utilizar este núcleo formado pela caixa de elevador e
escadas com a finalidade de melhorar ou até estabilizar o edifício com
relação às ações horizontais (ações do vento, desaprumo do edifício ou
ações sísmicas).
Figuras 3.21
30
Além de transmitir as cargas verticais das vigas para as fundações, um
conjunto de pilares deve ser suficientemente rígido para que seja capaz
resistir aos carregamentos horizontais (ações do vento), por meio da
formação de pórticos juntamente com as vigas ou por meio da utilização de
pilares com grande rigidez.
Para que o leitor tenha uma noção das ações que normalmente atuam
nos edifícios de andares múltiplos, a figura 3.21 ilustra o fluxo de ações dos
elementos estruturais destes edifícios.
Alguns aspectos básicos podem ser adotados, além da estética, na
idealização do sistema estrutural utilizado no projeto de arquitetura das
edificações, ou seja, a estrutura deve ser pensada de tal forma que seu custo
seja minimizado, e esta economia pode vir da observação de itens, tais
como:
• Uniformização da estrutura, gerando formas mais simples e permitindo
maior reaproveitamento das fôrmas de madeira (redução de custos e
maior velocidade de execução);
• Compatibilidade entre vãos, materiais e métodos utilizados (ex.: o vão
econômico para estruturas protendidas é maior do que o de estruturas
de concreto armado moldado “in loco”);
• Caminhamento o mais uniforme possível das cargas para as fundações.
Apoios indiretos, de vigas sobre vigas e transições devem ser evitadas
ao máximo, pois acarretam um maior consumo de material.
Outro aspecto importante ao idealizar o sistema estrutural no projeto de
arquitetura é o estabelecimento de um sistema adequado para resistir às
ações horizontais atuantes na estrutura (vento, desaprumo, efeitos sísmicos).
Com relação às decisões que influenciam o comportamento dos
elementos estruturais, merecem serem destacadas as seguintes
considerações:
1 - Os elementos estruturais podem ser posicionados com base no
comportamento primário dos mesmos. Assim, as lajes são posicionadas nos
pisos dos compartimentos para transferir a carga dos mesmos para as vigas
de apoio. As vigas são utilizadas para transferir as reações das lajes e o peso
das alvenarias para os pilares em que se apóia (ou, eventualmente, vigas de
apoio), vencendo os vãos entre os mesmos. E os pilares são utilizados para
transferir as cargas das vigas para as fundações.
2 - A transferência de carga deve ser a mais direta possível. Evitando-se
assim a utilização de vigas importantes sobre outras vigas (chamadas apoios
indiretos), bem como o apoio de pilares em vigas (chamadas de vigas de
transição).
3 - Os elementos estruturais devem ser os mais uniformes possíveis,
quanto à geometria e quanto às solicitações. Desta forma, as vigas devem,
em princípio, apresentar vãos comparáveis entre si.
4 - As dimensões contínuas da estrutura, em planta, devem ser em
princípio, limitadas a cerca de 30 m para minimizar os efeitos da variação da
temperatura e da retração do concreto. Assim, nas construções com
dimensões em planta acima de 30 m, é desejável a utilização de juntas
estruturais ou juntas de separação que decompõem a estrutural original em
um conjunto de estruturas independentes entre si, para minimizar estes
efeitos.
31
5 - As ações horizontais atuantes em uma edificação são normalmente
resistidas por pórticos planos ortogonais entre si, os quais devem apresentar
resistência e rigidez adequadas. Para isso, é importante a orientação
criteriosa das seções transversais dos pilares (em planta). Também é
importante que a estrutura ofereça adequada estabilidade à construção,
conseguida geralmente através da imposição de rigidez mínima às seções
transversais dos pilares e das vigas.
Portanto, elaborar o projeto “arquitetônico” da estrutura de um edifício em
concreto armado moldado “in loco” é basicamente escolher o posicionamento
adequado para pilares, vigas e lajes, bem como determinar as dimensões
iniciais (pré-dimensionamento) de tais elementos estruturais.
A escolha da estrutura de um edifício de andares múltiplos começa pelo
pavimento tipo, fixando-se a posição de vigas e pilares, levando sempre em
consideração a posição da caixa d'água, a qual coincide, em boa parte dos
casos, com a caixa de escadas.
As recomendações que se seguem são aplicáveis no desenvolvimento
dos projetos de “arquitetura” da estrutura de edificações em concreto armado
usual (sistema estrutural com laje, viga e pilar) e com pequenas sobrecargas
de utilização, tais como os edifícios comerciais e residenciais:
1) Posicionamento de pilares, de preferência, nos cantos das edificações e
nos encontros das vigas.
2) Distância entre pilares de 4 m a 6 m.
3) Posicionamento dos pilares em regiões de pouco destaque, como cantos
dos armários embutidos, atrás das portas, etc. evitando que os mesmos
fiquem aparentes em salas e dormitórios.
4) Atenção nas posições dos pilares no pavimento tipo, do térreo e nas
garagens (subsolos). Por sua vez, essa preocupação de cunho estético é
menos importante para o térreo, uma vez que a sua arquitetura pode ficar um
pouco prejudicada em favor de um melhor posicionamento dos pilares no
pavimento tipo. Quanto às garagens, verifica-se que é mais difícil
compatibilizar as melhores posições estruturais dos pilares com a melhor
distribuição dos boxes (espaços reservados para os automóveis), sendo
primordial, nesta etapa, o entendimento entre os responsáveis pelos projetos
de arquitetura e estrutural na busca da melhor posição estrutural para os
pilares.
5) Sempre que possível, posicionar as vigas de tal forma que as mesmas
formem pórticos com os pilares, a fim de enrijecer a estrutura frente às ações
horizontais (vento), principalmente na direção da menor dimensão em planta
do edifício.
6) Procurar lançar vigas onde existam paredes. Entretanto, não é obrigatório
lançar vigas sob todas as paredes. Eventualmente, uma parede poderá
apoiar-se diretamente na laje, devendo-se fazer as devidas verificações na
laje em virtude do carregamento introduzido pela parede. Quando existirem
paredes leves, como por exemplo, paredes de gesso acartonado e divisórias,
a tarefa do lançamento de vigas torna-se mais flexível.
7) Verificar a real necessidade de rebaixamento de uma laje em relação à
outra. Às vezes o rebaixamento é necessário quando se tem que embutir as
tubulações de esgoto nas lajes (lajes de banheiro ou das áreas de serviço).
Atualmente, para esconder as tubulações de esgoto, há a preferência pela
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utilização de forros falsos em contrapartida à opção pelo rebaixamento. Isso
se deve principalmente à facilidade de eventuais consertos nas tubulações.
8) Geralmente, pode-se adotar: a) 2 a 5 m para o menor vão de lajes
armadas em uma direção; b) 3 a 6 m para o maior vão de lajes armadas em
duas direções.
9) Lajes de vãos muito pequenos resultam em grande quantidade de vigas,
tornando elevado o custo com as fôrmas.
10) Lajes com vãos muito grandes podem requer espessuras elevadas e
grande quantidade de armaduras. Para vencer grandes vãos, torna-se mais
viável a utilização de lajes protendidas.
33
3.2 – Formas estruturais – pré-moldadas
3.2.1 – Introdução
Figura 3.22
34
paralelos na base, denominados de banzos inferiores e um fio de aço no
topo, denominado de banzo superior, interligados aos dois fios de aço
diagonais, denominados de sinusóides, com espaçamento regular (passo).
Entre as vantagens da laje treliçada estão à capacidade de vencer grandes
vãos, suportar altos carregamentos e a possibilidade de redução da
quantidade de vigas e conseqüentemente de pilares e fundações do sistema
estrutural de qualquer edificação. Com a redução da quantidade de pilares,
se ganha espaço interno.
Figura 3.23
Figura 3.24
Figura 3.25
Figura 3.26
36
este custo pode ser reduzido devido à simplicidade e tamanho do canteiro da
obra.
2 – Normalmente suas unidades devem ser fabricadas antes delas
serem transportadas e instaladas no edifício para que o concreto obtenha
adequada resistência. E às vezes as maiores solicitações ocorreram durante
o transporte e montagem, o que pode ser um problema, pois estas cargas
podem não ter sido consideradas no projeto estrutural.
3 – A padronização é outra desvantagem que as estruturas pré-
moldadas têm em comum com as estruturas em aço. Portanto, a forma do
edifício normalmente é relativamente simples e seus componentes com o
maior número de repetições possível.
4 – As dificuldades associadas a uma conexão adequada de seus
elementos
37
Normalmente nas construções de concreto armado pré-moldado os
nós dos componentes não são coincidentes com os nós formados pelas vigas
e pilares como ilustra a figura 3.29. As unidades pré-moldadas têm
geometrias complexas que fazem do transporte e estoque na obra mais
difícil; entretanto isto pode ser uma vantagem, pois é possível obter com nós
rígidos sem necessidade de fazê-lo na obra.
Figura 3.29
Tabela 3.4 – Vãos e principais dimensões das estruturas de concreto armado pré-moldadas
(vigas e lajes)
Vão: laje Vão: viga Espessura: laje Altura: viga
(m) (m) (mm) (mm)
4 6,0 140 450
5 7,5 140 600
6 9,0 150 700
7 10,5 190 800
8 12,0 190 1000
9 13,5 190 1150
10 15,0 250 1300
11 16,5 250 1400
12 18,0 250 1500
Os pilares são normalmente de seção transversal retangular, mas
outras formas podem ser obtidas se for necessário acomodar layout de vigas
irregulares ou por motivo arquitetônico.
38
As lajes pré-moldadas são normalmente armadas em uma direção, e
freqüentemente são maciças ou “T” como ilustra a figura 3.26(c). Todas elas
são adequadas para layout retangular de vigas.
Onde um sistema de estabilização vertical é feito por paredes
estruturais, elas podem ser unidades pré-moldadas que podem exercer a
função de suporte dos pisos e resistir às cargas laterais. Normalmente elas
são projetadas no contorno das escadas e elevadores. Um razoável número
de paredes estruturais deve ser idealizado nas direções ortogonais da
edificação, que devem ser arranjadas de forma tanto simétrica quanto prática.
Figura 3.30
Figura 3.31
Os elementos moldados “in loco” e pré-moldados nas estruturas
híbridas podem ser combinadas basicamente de duas formas:
39
Figura 3.32
Figura 3.33
40
combinadas com elementos tais como: escadas pré-moldadas e lajes
nervuradas, os quais têm seções complicadas e são mais fáceis de serem
obtidas industrialmente. No outro extremo as estruturas de concreto armado
moldadas “in loco” podem ser confinadas, criando nós contínuos da estrutura,
na qual todos os principais elementos estruturais são pré-moldados.
2 – Quando as estruturas híbridas são compostas pela combinação do
pré-moldado e moldadas “in loco”. Neste tipo de arranjo as partes pré-
moldadas (vigotas e enchimento) são invariavelmente usadas como fôrmas
permanentes e a concretagem da capa da laje é feita “in loco”, como ilustra a
figura 3.22. Portanto, os arranjos gerais das estruturas híbridas são similares
aqueles usados nas formas das estruturas pré-moldadas.
41
3.3 – Formas curvas e estruturas com geometrias complexas
Figura 3.34
42
Tabela 3.5 – Espessuras das cascas (parabolóide hiperbólico) em concreto armado
Vão Espessura nas bordas
Espessura na casca (mm)
(m) (mm)
10 40 50
20 40 75
30 40 100
40 75 130
O fato das espessuras das cascas serem muito finas pode criar uma
serie de dificuldades para o projetista, que não estão presentes nas
estruturas mais convencionais. Se ela for usada somente como envelope,
como o caso mais usual, é muito provável que ela seja deficiente em termos
de isolamento térmico e tenha baixa massa térmica. Outra desvantagem é o
fato que não é possível acomodar o grande número de sistemas que ocorrem
nos edifícios, tais como, cabos elétricos, telefônicos, tubulações e outros.
Portanto, a alta complexidade das cascas, combinadas com outras
desvantagens, faz dela uma estrutura adequada para um número limitado de
edificações.
43
4 – Exercícios Propostos
Figura 3.35
44
5 – Anexos
45
5.1 – Diagrama de momento fletor (D.M.F.), reação de
apoio e flecha
Se a = c:
46
,
47
5.1.1.2 – Biapoiadas com um balanço
48
49
5.1.1.3 – Biapoiadas com balanços
5.1.1.4 – Em balanço
50
5.1.2 – Vigas Hiperestáticas
5.1.2.1 – Engastada-Apoiada
51
5.1.2.2 – Biengastadas
52
53
5.1.2.3 – Contínuas – dois vãos iguais
54
e
55
5.1.3 – Pórticos Simples
56
;
57
5.1.3.2 – Biengastados à mesma altura com trave horizontal
58
59
5.2 – Peso específico dos materiais de construção
(Fonte: ABNT - NBR 6120/1980)
Peso
específico
Materiais
aparente
(kN/m3)
Arenito 26
Basalto 30
1 - Rochas Gneiss 30
Granito 28
Mármore e calcário 28
Blocos de argamassa 22
Cimento amianto 20
Lajotas cerâmicas 18
2 – Blocos artificiais Tijolos furados 13
Tijolos maciços 18
Tijolos sílico - calcários 20
Argamassa de cal, cimento e areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
3 – Revestimentos e concretos Argamassa de gesso 12,5
Concreto simples 24
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Louro, imbuia, pau óleo 6,5
4 - Madeiras Guajuvirá, guatambu, grápia 8
Angico, cabriúva, ipê-róseo 10
Aço 78,5
Alumínio e ligas 28
Bronze 85
Chumbo 114
5 - Metais Cobre 89
Ferro fundido 72,5
Estanho 74
Latão 85
Zinco 72
Alcatrão 12
Asfalto 13
Borracha 17
6 – Materiais diversos Papel 15
Plástico em folhas 21
Vidro plano 26
60
5.3 – Valores mínimos das cargas verticais (kN/m2)
(Fonte: ABNT - NBR 6120/1980)
Local Carga
1 - Arquibancadas 4
Mesma carga da peça com a
2 – Balcões qual se comunicam e as -
previstas em 2.2.1.5
Escritórios e banheiros 2
3 - Bancos
Salas de diretoria e de gerência 1,5
Sala de leitura 2,5
Sala para depósito de livros 4
Sala com estantes, de livros a
4 - Bibliotecas ser determinada em cada caso
ou 2,5 kN/m2 por metro de 6
altura observado, porém o valor
mínimo de
A ser determinada em cada
caso, porém com valor mínimo
5 – Casas de máquinas de (incluindo o peso das
7,5
máquinas)
Platéia com assentos fixos 3
Estúdio e platéia com assentos
6 - Cinemas móveis
4
Banheiro 2
Sala de refeições e de
3
assembléia com assentos fixos
Sala de assembléia com
4
7 - Clubes assentos móveis
Salão de danças e salão de
5
esportes
Sala de bilhar e banheiro 2
Com acesso ao público 3
8 - Corredores
Sem acesso ao público 2
9 – Cozinhas não A ser determinada em cada
3
residenciais caso, porém com o mínimo de
A ser determinada em cada caso
e na falta de valores
10 - Depósitos experimentais conforme o
-
indicado em 2.2.1.3
Dormitórios, sala, copa, cozinha
1,5
e banheiro
11 – Edifícios residenciais
Despensa, área de serviço e
2
lavanderia
Com acesso ao público (ver
3
2.2.1.7)
12 - Escadas
Sem acesso ao público (ver
2,5
2.2.1.7)
Anfiteatro com assentos fixos,
3
13 - Escolas corredor e sala de aula
Outras salas 2
14 - Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2
15 - Forros Sem acesso a pessoas 0,5
16 – Galerias de arte ou de A ser determinada em cada
3
lojas caso, porém com o mínimo de
61
Para veículos de passageiros ou
17 – Garagem e
semelhantes com carga máxima 3
estacionamentos de 25 kN por veículo.
18 – Ginásios de esportes 5
Dormitórios, enfermarias, sala
de recuperação, sala de cirurgia, 2
19 - Hospitais sala de raio X e banheiro
Corredor 3
A ser determinada em cada
20 - Laboratórios caso, porém com o mínimo de 3
(incluindo equipamento)
21 - Lavanderias Incluindo equipamentos 3
22 - Lojas 4
23 - Restaurantes 3
Palco 5
Demais dependências: cargas
24 - Teatros
iguais às especificadas para -
cinemas
Sem acesso ao público 2
Com acesso ao público 3
Inacessível a pessoas 0,5
25 - Terraços
Destinados a heliportos
elevados: segundo Ministério da -
Aeronáutica
Sem acesso ao público 1,5
26 - Vestíbulos
Com acesso ao público 2
62
5.4 – Características dos materiais de armazenagem
(Fonte: ABNT - NBR 6120/1980)
Peso específico
Ângulo de atrito
Material aparente
interno
(kN/m3)
Areia com umidade
17 30º
natural
Argila arenosa 18 25º
Cal em pó 10 25º
1 – Materiais de Cal em pedra 10 45º
construção Caliça 13 -
Cimento 14 25º
Clinker de cimento 15 30º
Pedra britada 18 40º
Seixo 19 30º
Carvão mineral (pó) 7 25º
Carvão vegetal 4 45º
2 – Combustíveis
Carvão em pedra 8,5 30º
Lenha 5 45º
Açúcar 7,5 35º
Arroz com casca 5,5 36º
Aveia 5 30º
Batatas 7,5 30º
Café 3,5 -
Centeio 7 35º
Cevada 7 25º
3 – Produtos
Farinha 5 45º
agrícolas Feijão 7,5 31º
Feno prensado 1,7 -
Frutas 3,5 -
Fumo 3,5 35º
Milho 7,5 27º
Soja 7 29º
Trigo 7,8 27º
63
6 – Referencias bibliográficas
1 – Rebello, Y.C.P., Estruturas de Aço, Concreto e Madeira – Atendimento da Expectativa
Dimensional, Zigurate Editora, São Paulo, 2005.
2 – MacDonald, A.J., Structural Design for Architecture, Reed Educational and Professional
Publishing Ltd., Great Britain, 1997.
3 – Robbin, T., Engineering a New Architecture, Yale University Press, New Haven and
London, 1996.
4 – Lina Bo Bardi, International Architecture Review, Editorial Gustavo Gilli, SA, Barcelona,
2002.
7 – Hudson, R., Manual do engenheiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., Rio de
Janeiro, 1977.
64