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Este trabalho procura analisar as diferenças encontradas nos resultados finais de armadura
dos pilares de uma edificação, em uma situação real de projeto, ao adotar as prescrições
da NBR 6118:2007 no lugar da antiga NB-1/78. Esse estudo é feito apresentando-se o
consumo total de aço dos pilares de dois projetos selecionados. Mostra-se que, mesmo
adotando um valor de cobrimento mais elevado, os novos critérios de dimensionamento
dos pilares, menos conservadores que os da NB-1/78, levaram a uma economia global no
consumo de aço dos pilares em torno de 15%.
São apresentados alguns critérios da NBR 6118:2007 que afetam o valor da armadura dos
pilares, indicando sua influência nessa economia de aço encontrada. É apresentada a
variação obtida nos resultados, em função do nível de força normal e de taxa de armadura,
indicando possíveis faixas onde o dimensionamento se mostra mais econômico.
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1. Introdução
A NBR 6118:2007, norma brasileira que rege o projeto de estruturas de concreto armado e
protendido, foi resultado de um longo trabalho de revisão e apresenta modificações
expressivas em relação à sua versão anterior, datada de 1980. Além de privilegiar a visão
da estrutura como um todo, diferente da anterior, que tratava quase que exclusivamente
do dimensionamento de elementos isolados, a nova norma traz uma preocupação muito
maior com a durabilidade das estruturas. Visando garantir a vida útil das edificações, a
norma prescreve valores mais rígidos para a qualidade do concreto e valores maiores para
o cobrimento mínimo das armaduras. Com isso, tem sido difundida a idéia de que a adoção
da NBR 6118:2007 nos projetos correntes leva a um certo aumento no consumo de materiais
de uma edificação.
Deve-se ter em mente que este é um estudo de caso e tal economia é variável e
dependente do projeto e do lançamento adequado da estrutura. Variando-se o coeficiente
de carga adimensional normal (n) e a faixa de taxa de armaduras do pilares, encontram-se
diferenças expressivas nos resultados. Neste estudo, foram escolhidos exemplos reais, com
pilares apresentando taxas de armadura bem diferentes ao longo da edificação, de forma a
analisar a diferença média que pode ser encontrada na adoção de uma ou outra norma.
2.1 - Cobrimento
Conforme colocado por Santos et al. (2003), a nova NBR 6118:2007 traz procedimentos que
contribuirão com a garantia da qualidade das estruturas de concreto, sobretudo no que diz
respeito à sua durabilidade. A introdução de classes de agressividade do ambiente é uma
das inovações apresentadas no novo texto.
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Uma importante medida ligada à durabilidade diz respeito ao cobrimento das armaduras,
definido em função das condições de exposição da estrutura. Ao indicar cobrimentos
mínimos maiores do que os previstos na versão anterior da norma, a NBR 6118:2007
pressupõe que deve ser oferecida às armaduras uma proteção complementar, garantindo
também a qualidade do concreto, a distribuição equilibrada da armadura na estrutura e a
execução desse cobrimento.
A definição do cobrimento mínimo das peças na NB-1/78 era feita de forma mais simplista,
em seu item 6.3.3.1, e levava a valores menores que os praticados atualmente. Para os
pilares, esse valor, dependendo do caso, era de 1,5 cm (concreto revestido no interior do
edifício), 2,0 cm (concreto revestido ao ar livre ou concreto aparente no interior do
edifício) ou 2,5 cm (concreto aparente ao ar livre). Para a elaboração do projeto
comparativo pela NBR 6118:2007, foi suposta uma classe de agressividade II (Urbana),
levando a um cobrimento necessário nos pilares de 3,0 cm, e adotado um cobrimento de
2,0 cm pela NB-1/78.
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Pode-se facilmente observar que esse efeito será tão mais relevante quanto menor for a
dimensão da peça estrutural em estudo.
Segundo o item 11.3.3.4 da NBR 6118:2007, “Na verificação do estado limite último das
estruturas reticuladas, devem ser consideradas as imperfeições geométricas do eixo dos
elementos estruturais da estrutura descarregada.”. Esse efeito já era considerado pela
antiga NB-1/78, em seu item 4.1.1.3, através de uma excentricidade acidental (ea), "para
levar em conta a incerteza da localização da força normal e o possível desvio do eixo da
peça durante a construção, em relação à posição prevista no projeto", com o valor de h/30
(sendo h a maior dimensão da seção na direção em que se considera a excentricidade), não
menor que 2 cm.
Conforme colocado por Puel e Banki (2004), a NBR 6118:2007 não utiliza a denominação
"excentricidade acidental", mas, como o meio técnico está habituado a essa abordagem,
pode-se facilmente definir ea como conseqüência das imperfeições geométricas locais
calculadas de acordo com o item 11.3.3.4.2 da norma.
Conforme colocado por Banki (2004), ambos são válidos dentro dos mesmos limites, mas o
método da rigidez aproximada pressupõe seção retangular constante, o que o torna válido
em uma faixa mais restrita que o método da curvatura aproximada. Por outro lado, no item
15.8.3.3.5 (que trata da flexão composta oblíqua), a norma afirma que “quando a esbeltez
de um pilar de seção retangular submetido à flexão composta oblíqua for menor que 90 nas
duas direções principais, permite-se aplicar o processo aproximado descrito em 15.8.3.3.3
simultaneamente em cada uma das duas direções”. Assim, na situação geral de flexão
composta oblíqua, à qual estão submetidos, em maior ou menor grau, todos os pilares de
uma edificação, o processo a utilizar deve ser o da rigidez aproximada.
O método do pilar padrão com curvatura aproximada é praticamente igual ao processo para
determinação da excentricidade de 2ª ordem definido no item 4.1.1.3-B da NB-1/78. Ao
adotá-lo, os resultados obtidos pelas duas normas são os mesmos. No processo do pilar
padrão com rigidez aproximada, o momento total máximo no pilar é dado por:
Segundo o critério da NB-1/78, a ação principal era considerada com seu valor
característico e as demais ações acidentais secundárias utilizavam um fator redutor 0,8
único, independente de sua origem.
A NBR 6118:2007, na qual está baseado o AltoQi Eberick, parte do mesmo princípio que
considera a pouca possibilidade de ocorrência simultânea das ações acidentais e, para isso,
prevê que as ações secundárias são consideradas com seu valor reduzido de combinação
(f0Fk), como mostra a Eq. 5.
Segundo a tabela 11.2 da NBR 6118:2003, o valor de ?f pode ser assumido como sendo igual
a 1,4 para as ações permanentes e variáveis, nas combinações normais com efeito
desfavorável. A norma permite, entretanto, reduzir esse valor para 1,3 no caso do peso
próprio da estrutura.
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Esse fato justifica uma redução nos valores finais de dimensionamento das armaduras dos
pilares.
O item 8.2.8 da NBR 6118:2007 define que, nas análises elásticas da estrutura para a
obtenção de esforços solicitantes e verificação de estados limites de serviço, deve ser
utilizado o módulo de elasticidade secante, calculado como Ecs = 0,85 Eci (sendo Eci o
módulo de elasticidade tangente determinado a 30% de fc). Embora o valor do módulo de
elasticidade seja diferente, ao adotar um valor único para toda a edificação, da mesma
forma como era sugerido pelo item 3.2.1.1 da NB-1/78, os esforços internos obtidos nos
elementos são exatamente os mesmos nas duas normas.
Por outro lado, para a análise dos efeitos globais de 2ª ordem, o item 15.7.3 permite, em
estruturas reticuladas com no mínimo quatro andares, considerar a não-linearidade física de
maneira aproximada, tomando-se como rigidez dos elementos estruturais os valores
seguintes:
Vigas: EIsec = 0,4 EciIc para A's ? As e EIsec = 0,5 EciIc para A's = As;
Esse mesmo item preconiza ainda que é permitido calcular a rigidez de vigas e pilares
como 0,7 EciIc, quando a estrutura de contraventamento for composta exclusivamente por
vigas e pilares e o coeficiente Gama-Z for menor que 1,3.
Ao alterar a proporção entre a rigidez das peças, tornando os pilares mais rígidos, tem-se
uma distribuição diferente nos esforços internos da estrutura. Usualmente, isso representa
um aumento nas solicitações nos pilares e um correspondente alívio nas vigas.
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Além dos fatores já citados, existem diversas modificações na NBR 6118:2007, cujo
impacto sobre o consumo final de armadura também deve ser avaliado. Ainda pode-se
citar:
3. Análise comparativa
Para comparar os resultados obtidos com a adoção da nova norma, foi efetuado o projeto
completo de dois edifícios selecionados, apresentados na Figura 5 e na Figura 8, e obtidas
as quantidades totais de aço, concreto e área de forma dos pilares. Os resultados da NB-
1/78 foram obtidos através do programa AltoQi Eberick 2002 e os resultados da NBR
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Ao refazer os projetos no AltoQi Eberick V5, foi mantido o mesmo lançamento estrutural,
sem alterar as dimensões externas das peças estruturais, e exatamente os mesmos
carregamentos. O cobrimento nos pilares foi alterado de 2 cm (requerido pela NB-1/78)
para 3 cm (requerido pela NBR 6118:2007), supondo-se uma classe de agressividade II),
refletindo as atuais preocupações com a durabilidade das estruturas. Nos dois projetos foi
utilizada a mesma resistência característica para o concreto, de 30 MPa, e seção constante
para os pilares ao longo da altura.
A análise da estrutura, tanto pela NB-1/78 como pela NBR 6118:2007, foi feita utilizando-se
um modelo de pórtico espacial e considerando-se os efeitos globais de 2ª ordem, quando
relevantes, através do processo P-Delta. Os esforços devidos ao vento foram considerados,
em todas as análises, de acordo com as prescrições da NBR 6123 (“Forças devido ao vento
em edificações”).
4. Exemplo 1
O primeiro exemplo analisado é o do Edifício Trompowsky, em construção na cidade de
Florianópolis (SC), com 9 pavimentos tipo e disposição em planta conforme colocado na
Figura 4.
Trata-se de uma estrutura esbelta, contendo apenas duas linhas de pilares na sua dimensão
menor. A Figura 5 apresenta uma visualização da estrutura em estudo.
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Nesse projeto, foram adotados pilares com seção constante ao longo de toda a altura da
edificação, como já é usual em projeto. Com isso, tem-se uma variação expressiva na taxa
de armadura dos lances inferiores aos superiores, tornando este um exemplo bastante
interessante para estudo.
A Tabela 4 apresenta uma comparação entre o consumo total de aço nos pilares deste
projeto quando calculado com o uso das prescrições da NB-1/78 (através do AltoQi Eberick
2002) e da NBR 6118:2007 (através do AltoQi Eberick V5).
Pode-se observar, neste caso, que a quantidade de armadura obtida pela norma NBR
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6118:2007 é cerca de 14% inferior à obtida pela antiga norma NB-1/78, mantendo-se as
mesmas dimensões dos elementos estruturais (e, portanto, o volume total de
concreto).
Deve-se salientar que essa redução foi obtida mesmo com o aumento do cobrimento
nos pilares, de 2 cm (requerido pela NB-1/78) para 3 cm (requerido pela NBR
6118:2007). Caso a comparação fosse feita adotando também um cobrimento de 3 cm
na NB-1/78, mantidos os demais parâmetros, a diferença na armadura chegaria a
aproximadamente 25%.
Como pode ser observado e tem sido demonstrado por diversos pesquisadores, como
Graziano (2004) e Oliveira & Bastos (2004), as mudanças introduzidas pela nova norma NBR
6118:2007 tornaram o cálculo dos pilares menos conservador em relação à norma anterior.
A redução de 14% apresentada no consumo de aço dos pilares é um valor médio ao longo de
toda a edificação. Ao analisar lances isolados de pilares, encontram-se diferenças maiores
ou menores, dependendo de vários fatores. Observou-se, por exemplo, a influência do
nível de força normal nos resultados comparados de armadura nas duas normas.
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Observa-se que, se fosse comparado apenas o lance 5 deste pilar, seria obtida uma redução
superior a 55% na armadura ao adotar a NBR 6118:2007. Por outro lado, ao tomar o lance 1,
a armadura obtida seria ligeiramente superior à obtida através da NB-1/78. A Figura 6
permite visualizar graficamente a diferença encontrada na armadura deste pilar ao longo
de sua altura.
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5. Exemplo 2
O segundo exemplo analisado é o do Edifício Albatroz, construído em Florianópolis (SC),
com 6 pavimentos tipo, conforme mostrado na Figura 8. Trata-se de uma estrutura pouco
esbelta, contendo diversas linhas de pilares na sua dimensão menor, onde o cliente
solicitou que as dimensões dos pilares evitassem, dentro do possível, requadro nas
paredes, implicando em uma taxa de armadura mais elevada.
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Neste caso, a quantidade de armadura obtida pela norma NBR 6118:2007 é cerca de 18%
inferior à obtida pela antiga norma NB-1/78, mesmo com um cobrimento mais elevado.
6. Conclusões
Este artigo apontou alguns fatores que podem levar a um aumento ou redução no consumo
de aço nos pilares, ao adotar a NBR 6118:2007, em comparação com a antiga NB-1/78. Foi
mostrado que, em dois casos reais, a soma de todos os fatores implicou em uma redução
global no consumo de aço nos pilares em torno de 15%, mantendo-se todas as dimensões
das peças estruturais e adotando-se um valor maior de cobrimento. Além de mais seguros,
modernos e duráveis, os projetos elaborados com a nova NBR 6118:2007 mostram-se
também mais econômicos.
Deve-se lembrar que este estudo não é conclusivo e que a variação encontrada nos
resultados foi bastante grande. Ao analisar um lance isolado de pilar, pode-se chegar
facilmente a conclusões errôneas, tanto de que a redução de armadura é muito maior,
como de que as armaduras necessárias são maiores. Em termos práticos, os estudos
relevantes devem analisar o consumo total de aço da edificação, como resultado do
comportamento médio de todos os seus pilares, como se procurou fazer neste artigo.
Conforme o lançamento estrutural, também pode-se ter os pilares dimensionados com taxas
de armadura que podem ser mais ou menos econômicas. Os pilares de dimensões
reduzidas, especialmente aqueles com 12 cm, serão mais fortemente influenciados pelo
aumento nos cobrimentos e devem mostrar-se bastante antieconômicos.
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Referências
Referências:
[2] BANKI, A.L. Método do pilar padrão com rigidez aproximada. Informativo da
Comunidade AltoQi, n.38. Disponível em:
www.altoqi.com.br/Suporte/html/Informativo/05_04_04.htm. 2004.
[7] PINTO, R.S. Não linearidade física e geométrica no projeto de edifícios usuais de
concreto armado. Dissertação (mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 1997.
[10] SANTOS, S., SAGAVE, A. M. e DUARTE Filho, L. A. A nova NBR 6118 e a durabilidade
das estruturas. Informativo da Comunidade AltoQi, n 32. Disponível em:
www.altoqi.com.br/Suporte/html/Informativo/13_06_03.htm. 2003.
Irrelevante
Bom
Excelente
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