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ESTUDO DO SISTEMA CONSTRUTIVO LIGHT STEEL FRAMING:

UMA ABORDAGEM GERAL

Rodrigo Sebastião Dejato Inocenti¹ - UNITOLEDO


Aline Botini Tavares Bertequini² - UNITOLEDO

RESUMO
Com sistemas construtivos artesanais e caracterizados pelo alto índice de desperdício de
insumos e mão de obra, retrabalhos, baixa produtividade e muita geração de resíduos sólidos,
o setor da construção civil apresenta alguns resultados negativos, como por exemplo,
prejuízo e atrasos na execução das obras. Os sistemas construtivos alternativos são uma das
opções para resolver essa questão, padronizando os materiais, apresentando melhor
aproveitamento de mão de obra, como também do tempo de execução. Com as inovações
nas áreas da construção civil o sistema construtivo Light Steel Frame (LSF) vem se
destacando no mercado por se mostrar rápido e eficiente, porém ainda é pouco usado no
Brasil. Este artigo fala sobre os tipos de materiais e montagens que esse sistema construtivo
possui, gerando poucos resíduos sólidos e com ótimo custo benefício.
Palavras-chave: Light Steel Frame; Perfis Padronizados; Sistema Construtivo Alternativo;
Geração de Resíduos Sólidos.

ABSTRACT
With handcrafted building systems and characterized by the high index of waste of raw
materials and labor, rework, low productivity and awful generation of solid waste matter,
the construction industry shows some negative results, such as, damage and delays in the
execution of Works. Alternative building systems are one of the options to resolve this issue,
standardizing materials, presenting better use of labor, as well as the execution time. With
the innovations in the areas of civil the constructive Light Steel Framework (LSF) system
has been standing out in the Market for being fast and efficient, however little is still used in
Brazil. This article talks about types of materials and mountings which this constructive
system has, generating little solid waste and with great value for money.
Keywords: Light Steel Frame; Standard Profiles; Alternative Construction System;
Generation of Solid Waste.

¹ Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo (2018). rodrigoinocenti@yahoo.com.br


² Mestre em Recursos Hídricos e Tecnologias Ambientais – UNESP (2008) e docente no Centro Universitário
Toledo – Araçatuba-SP. abotinitavares@gmail.com
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1. INTRODUÇÃO

A necessidade de se desenvolver um sistema construtivo que utilizasse os materiais


disponíveis na América do Norte, fez com que surgisse o sistema construtivo Wood Framing,
que é composto por perfis de madeira estruturados, formando placas vazadas que são
posteriormente fechadas por painéis de vedação, comumente feitos de OSB - Oriented
Standard Board (Painel de tira de madeira orientada). Desde então esse sistema vem sendo
aprimorado até os métodos de construções atuais.
O estudo dos perfis formados a frio surgiu no período pós-guerra, quando os países
que participaram da segunda guerra mundial possuíam grandes quantidades de aço deixados
pela indústria bélica e usaram o aço para criar esse sistema construtivo, responsável por
reconstruir rapidamente, oferecendo a seus moradores, imóveis confortáveis e com grande
durabilidade (POMARO, 2010). A Figura 01 apresenta perfis estruturais de madeira e aço
galvanizado.

Figura 01 – Perfis estruturais de madeira e aço galvanizado.


Fonte: Scharff (1996).

Desde a década de 90, o Light Steel Framing (LSF) vem ganhando espaço e confiança
entre os profissionais no Brasil. Esse sistema construtivo, tem como principal característica
o uso de perfis de aço galvanizado formados a frio para montagem de painéis estruturais e
não estruturais, colunas, vigas e demais elementos de ligação. Por ser um sistema construtivo
industrializado, a geração de resíduos sólidos é mínima e sua execução é rápida.
Os perfis são produzidos por perfilagem a partir de bobinas de aço revestidas com
zinco ou liga alumínio-zinco pelo processo contínuo de imersão a quente ou por
eletrodeposição. As massas mínimas de revestimento são apresentadas na Tabela 01. A
espessura da chapa varia entre 0,80 até 3,0 mm, conforme a ABNT NBR-15253:2014. As
seções mais comuns nas edificações em Light Steel Framing são as com formato em “C” ou

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“U” enrijecido (Ue) para montantes e vigas, e em “U” simples, que é usado como guia na
base e no topo dos painéis (BRASILIT, 2014).
Tabela 01 – Tipo de revestimento dos perfis.

Fonte: NBR 15253:2014.

A Tabela 02 apresenta as seções transversais dos perfis utilizados e suas aplicações.


A seção do perfil U (guia) possui alma (bw) e mesa (bf), mas não possui o enrijecedor da
borda (D) existente na (UE) utilizada como montante; isso permite o encaixe deste na guia.
As guias não devem transmitir nem absorver os esforços, sendo isso feito pelos montantes,
vigas e eventualmente pilares presentes na estrutura (BRASILIT, 2014).

Tabela 02 – Designações dos perfis de aço formados a frio para uso em Light Steel Framing e
suas respectivas aplicações.

Fonte: Adaptado ABNT NBR 6355:2012


Este trabalho tem como objetivo analisar as etapas do método construtivo Light Steel
Framing.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 O LSF e as Fundações


De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012), o LSF tem a vantagem de possuir
perfis com peso muito baixo e os elementos de fechamento serem mais leves se comparado
aos sistemas construtivos tradicionais. Devido a essa característica, as fundações no LSF são
menos solicitadas, possibilitando considerável redução no dimensionamento das mesmas, e
consequentemente, menor custo da estrutura.

2.1.1 Laje radier


O radier é uma laje continua que distribui as cargas da estrutura para o meio externo.
Os componentes estruturais fundamentais do radier são a laje contínua de concreto, as vigas
no perímetro da laje e sob as paredes estruturais ou colunas, e onde mais forem necessárias
para fornecer rigidez no plano da fundação. Sempre que o tipo de terreno permite, a laje
radier é a fundação mais comumente utilizada para construções em Light Steel Framing
(BRASILIT, 2014).
A Figura 02 demonstra a fixação de um painel a uma laje radier.

Figura 02 – Detalhe esquematico de fixação em laje radier.


Fonte: Brasilit (2014).

2.1.2 Sapata corrida


A sapata corrida é um tipo de fundação indicada para edificações com paredes
portantes, onde a distribuição é contínua ao longo das mesmas. Constituídas de vigas de
concreto armado, de blocos de concreto ou alvenaria são alocadas sob os painéis estruturais
do LSF, conforme a Figura 03 (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).

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Figura 03 – Detalhe esquematico de fixação em sapata corrida.
Fonte: Brasilit (2014).

2.1.3 Fixação dos painéis na fundação


Para evitar os movimentos de translação e tombamento com rotação do edifício são
usadas a ancoragem química com barra roscada e a expansível com parabolts (Figura 04).
A ancoragem mais eficiente depende do tipo de fundação e das solicitações que
ocorrem na estrutura devido às cargas, condições climáticas e ocorrência de abalos sísmicos
(CONSULSTEEL, 2002).

Figura 04 – Detalhe de ancoragem química com barra roscada.


Fonte: Brasilit (2014).

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2.2 Métodos construtivos

2.2.1 Método “STICK”


De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012) no método Stick os perfis são
trabalhados no local da obra, logo após os painéis, lajes, contraventamentos e estrutura da
cobertura são montados no próprio canteiro. Esse método é utilizado quando a pré fabricação
ou o transporte das peças não é viável, com isso as atividades no canteiro de obra são maiores
e o controle de qualidade e a precisão são menores. A Figura 05 apresenta um canteiro de
obras para montagem de estrutura pelo método Stick.

Figura 05 – Montagem de estrutura pelo metodo Stick.


Fonte: Scharff (1996).

2.2.2 Método por painéis

Os painéis estruturais são compostos por vários perfis parafusados e espaçados


regularmente entre si, de acordo com a modulação definida no cálculo estrutural, variando
entre 400 mm e 600 mm. Em geral os painéis são executados em fábrica, garantindo boa
produtividade, qualidade e melhores condições de trabalho, além de diminuir a necessidade
de área de canteiro de obra. Entretanto, caso seja necessário, estes painéis podem ser
montados no local da obra (SANTIAGO; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010). A Figura 06
mostra um painel montado pronto para ser instalado.

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Figura 06 – Montagem de estrutura pelo método dos paineis.
Fonte: Steel Framing Alliance (2007).

2.2.3 Método por construção modular


Construções modulares são unidades completamente pré-fabricadas e podem ser
entregues no local da obra com todos os acabamentos internos, como revestimentos, louças
sanitárias, bancadas, mobiliários fixos, metais, instalações elétricas e hidráulicas, etc. As
unidades podem ser estocadas lado a lado, ou umas sobre as outras já na forma da construção
final (BRASILIT, 2014). A Figura 07 e Figura 08 apresentam a montagem de estrutura por
construção modular.

Figura 07 – Montagem de estrutura por construção modular.


Fonte: Koma Modular Construction (2014).

Figura 08 – Montagem de estrutura por construção modular.


Fonte: Steel Construction Institute (SCI) (2018).

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2.3 Painéis
Santiago, Freitas e Crasto (2012) definem painéis como estruturais e alto-portantes
ou não estruturais. Os painéis estruturais tem a função de suportar as cargas da edificação,
tanto interno como externos, e os painéis não estruturais são apenas para divisórias internas
ou fechamento externo.

2.3.1 Painéis estruturais ou autoportantes


De acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012), os painéis estruturais tem a função
de transferir as cargas para as fundações. Essas cargas podem ser o peso próprio da estrutura,
vento, telhado, painéis e abalos sísmicos. A Figura 09 apresenta um painel portante com
abertura.
De maneira geral, os montantes que compõem os painéis, transferem cargas verticais
através de suas almas, estando suas seções em nível com a outra compondo uma estrutura
alinhada (SANTIAGO; RODRIGUES; OLIVEIRA, 2010). A Figura 09 apresenta o desenho
esquemático de painel portante com abertura.

Figura 09 – Desenho esquemático de painel portante com abertura.


Fonte: Brasilit (2014).

A verga para fazer a sustentação da carga distribuída necessita que os montantes


laterais às aberturas sejam reforçados por ombreiras, que são montantes encaixados
paralelamente a eles. O número dessas ombreiras é, de acordo com um método prescritivo,
normalmente igual ao de montantes interrompidos pela verga, dividindo-se igualmente nos
dois lados da mesma (CRASTO, 2005).

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2.3.2 Painéis não estruturais

Os painéis não estruturais têm a função de fechamento externo e divisória interna nas
edificações. Esses painéis suportam apenas o peso próprio dos componentes que os
constituem e não exercem nenhuma função no que confere ao carregamento da estrutura.
Para execução das divisórias internas é usual nas edificações adotar o sistema de gesso
acartonado, também conhecido como drywall, onde as seções dos perfis de montantes e guias
possuem menores espessuras e dimensões. Para se executar fechamentos externos, é
recomendável utilizar os mesmos perfis usados nos painéis estruturais, pois esses painéis
tem de suportar o peso dos componentes de fechamento e revestimentos da edificação.
(SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012). A Figura 10 apresenta o desenho esquemático
de painel não estrutural com abertura.

Figura 10 – Desenho esquemático de painel não estrutural com abertura.


Fonte: Brasilit (2014).

2.4 Lajes

As lajes usam basicamente a mesma terminologia dos painéis, utilizam os perfis


espaçados na horizontal, obedecendo à mesma modulação dos montantes. Esses perfis integram
as vigas de piso, desempenhando função de estrutura de apoio aos materiais que compõe a
superfície do contrapiso.

Para Santiago, Freitas e Castro (2012), esses elementos dispostos na horizontal,


utilizados como vigas de piso normalmente têm as mesmas dimensões das mesas dos

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montantes, porém, a altura da alma das vigas é determinada em função da modulação da
estrutura e o vão entre os apoios. A Figura 11 apresenta o desenho esquemático do piso.

Figura 11 – Desenho esquemático de painel para piso.


Fonte: Brasilit (2014).

2.4.1 Tipos de lajes


De acordo com a natureza do contrapiso, a laje pode ser do tipo úmida, quando se utiliza
uma chapa metálica ondulada aparafusada às vigas e preenchida com concreto que serve de
base ao contrapiso, ou pode ser do tipo seca, quando os painéis masterboard são aparafusados
à estrutura do piso (BRASILIT, 2014).
a) Laje úmida: é parafusada uma forma de aço ondulada junto às vigas que será
a forma do contrapiso onde será aplicado o concreto, esse tipo de laje possui o nome
de laje mista de aço – concreto com forma de aço incorporado. A Figura 12 apresenta
um desenho esquemático de laje úmida (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).

Figura 12 – Desenho esquematico de laje úmida.


Fonte: Brasilit (2014).

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b) Laje seca: de acordo com Santiago, Freitas e Crasto (2012), a laje seca consiste no
uso de placas rígidas aparafusadas às vigas de piso, e servem como contrapiso, podendo
desempenhar a função de diafragma horizontal, desde que as placas sejam estruturais. O tipo
e espessura da placa estão relacionados com a deformação imposta sobre a mesma, e
fundamentalmente com o tipo de revestimento a ser adotado, esse tipo de placa é mais
conhecido como painel wall. A Figura 13 apresenta desenho esquemático para montagem de
laje seca.

Figura 13 – Desenho esquematico de laje seca.


Fonte: Brasilit (2014).

2.5 Travamento horizontal


De acordo com a Figura 14 o travamento horizontal da estrutura de piso é um recurso
para evitar fenômenos como flambagem lateral por torção, deslocamento e vibração nas
vigas de piso. Enrijecer o sistema reduz os esforços nas vigas e distribui melhor o
carregamento (Scharff, 1996).
Segundo Elhajj e Bielat (2000), normalmente são empregados os seguintes tipos de
travamento:
• Bloqueador: pode ser um perfil Ue idêntico as vigas de piso, ficando entre estas conectado
através de cantoneiras ou de um corte no próprio perfil, de forma que se possibilite o
aparafusamento deste nas vigas, similar ao procedimento utilizado nos painéis. Esses
bloqueadores devem estar localizados nas extremidades da laje e também espaçados
coincidindo sua mesa com as fitas de aço galvanizado, ligados por parafusos.

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Figura 14 – Esquema de travamento horizontal do painel por bloqueadores.
Fonte: Brasilit (2014).

• Fita de aço galvanizado: a fita é usada junto com o bloqueador, fixada perpendicularmente
às mesas inferiores das vigas de piso. A Figura 15 apresenta o travamento com bloqueador
e fita de aço galvanizado.

Figura 15 – Esquema de travamento superior com bloqueadores e fita.


Fonte: Brasilit (2014).

2.6 Coberturas
Há diversas opções de cobertura para o sistema Light Steel Framing, porém a solução
mais comum para residências são as coberturas estruturadas por treliças que são capazes de
cobrir grandes vãos sem precisar de apoios intermediários.

Os telhados inclinados, além da função protetora, também funcionam como


mediadores térmicos dos ambientes cobertos, visto que a camada de ar entre a cobertura e o

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forro, formam um bom isolante térmico. No Brasil, país de clima tropical, os telhados
inclinados cobertos com telhas cerâmicas são normalmente mais eficientes no que diz
respeito ao conforto ambiental (CRASTO, 2005).

Segundo Moliterno (2003), o telhado compõe-se de duas partes principais:


• Cobertura: que pode ser de qualquer material, desde que impermeáveis às águas pluviais e
resistentes à ação do vento e intempéries.
• Armação: corresponde ao conjunto de elementos estruturais para sustentação da cobertura,
tais como ripas, caibros, terças, treliças e contraventamentos.

2.6.1 Coberturas planas


Apesar de serem menos comuns, as coberturas planas podem ser usadas com laje
úmida utilizando uma inclinação para o caimento da água que pode ser obtido variando a
espessura do contrapiso de concreto, como apresenta a Figura 16 (CONSULSTEEL, 2002).

Figura 16 – Cobertura plana em steel framing.


Fonte: Brasilit (2014).

2.6.2 Coberturas inclinadas


Os telhados inclinados são utilizados para a proteção da edificação assim como
regulamentar termicamente os ambientes, onde a camada de ar quente entre a cobertura e o
forro irá gerar um bloqueio térmico conforme Figura 17 (CARDÃO, 1964).

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Figura 17 – Cobertura inclinada em steel framing.
Fonte: Santiago, Freitas e Castro (2012).

2.6.3 Coberturas estruturadas com caibros e vigas


Esse tipo de cobertura consiste no uso de dois caibros que são apoiados nas
extremidades em painéis portantes com a inclinação desejada no topo da cumeeira. Sendo
seu peso próprio e outros carregamentos transmitidos através dos caibros aos painéis e, por
conseguinte à fundação (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012).

A conexão dos caibros com a cumeeira pode ser por meio de cantoneiras de espessura
igual ou maior que a dos caibros (Waite, 2000), ou através de peças de suporte, como é
apresentado na Figura 17 (CONSULSTEEL, 2002).

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Figura 17 – Telhado típico estruturado com caibros.
Fonte: Santiago, Freitas e Castro (2012).

As vigas e caibros são fixadas nos painéis pelos enrijecedores de alma e pelas
cantoneiras que são aparafusadas às guias superiores dos painéis (EHAJJ; BIELAT, 2000).
Se necessário, escoras também são utilizadas para transferir as cargas aos painéis
portantes internos e são conectadas aos caibros e às vigas de teto, além de auxiliar a reduzir
o vão e as dimensões dos caibros (WAITE, 2000).

2.7 Fechamento vertical


Para Santiago, Freitas e Castro (2012), o LSF permite utilizar vedações
racionalizadas, que proporcionam maior grau de industrialização. O sistema de fechamento
vertical é composto pelas paredes externas, pelos isolantes térmicos e acústicos e pelas
paredes internas de uma edificação. A primeira corresponde aos fechamentos externos que
delimitam as áreas molháveis, a segunda refere-se aos isolantes térmicos e acústicos, que
são colocados entre as placas e entre os montantes e, por último, os fechamentos internos,
instalados nas áreas secas ou úmidas, mas não molháveis.

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2.7.1 Painéis OSB (Oriented Standard Board)
O painel de OSB, exemplificado na Figura 18, auxilia no contraventamento das
paredes, pois é instalado diretamente na estrutura e sobre ele deve ter um revestimento de
uma manta fixada por grampos, para não deixar com que a umidade penetre, porém se for
utilizado revestimento com argamassa, precisa ser fixado uma tela sobre a manta para
melhorar a aderência do revestimento (TERNI; SANTIAGO; PIANHERI, 2008).
São comercializados nas dimensões 1,22 m x 2,44 m e com espessuras de 9, 12, 15 e
18 mm As juntas devem ser previstas e ter um espaçamento de 3 mm incluindo todo o seu
perímetro. As juntas verticais devem estar sempre sobre os montantes e aparafusadas, e
quando as paredes tiverem dimensões superiores a 24 m devem ser previstas as juntas de
movimentação (CRASTO, 2005).

Figura 18 – Instalação de placas OSB na fachada.


Fonte: Crasto (2005).

2.7.2 Placas cimentícias


As placas cimentícias são utilizadas como fechamento externo ou interno dos painéis,
principalmente em áreas molháveis, substituindo o gesso acartonado e em áreas expostas a
intempéries. Seu uso em piso só é possível com associação de um substrato de apoio, como
chapas de madeira transformada, de forma a proporcionar às placas cimentícias resistência
à flexão (SANTIAGO; FREITAS; CRASTO, 2012). A Figura 19 apresenta um fechamento
em placa cimentícia.

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Figura 19 – Instalação de placa cimentícia.
Fonte: Loturco (2003).

2.7.3 Gesso acartonado


No sistema LSF, para o fechamento interno dos painéis estruturais e não estruturais,
são utilizados placas ou chapas de gesso acartonado. Para painéis internos não estruturais é
usado o sistema drywall, também constituído dos perfis U e Ue, de menor dimensão, que
suportam apenas o peso dos fechamentos, revestimentos e de peças fixadas como quadros,
armários, etc. As chapas de gesso acartonado são vedações leves, pois não possuem função
estrutural, porém permite composições de acordo com as necessidades de resistência à
umidade, fogo, isolamento acústico (FREITAS; CRASTO, 2006).
No sistema LSF, Santiago, Freitas e Castro (2012), definem placas de gesso
acartonado como fechamento vertical de face interna dos painéis estruturais e não estruturais,
e também o fechamento das divisórias internas.
Para a execução do fechamento interno das paredes, o gesso acartonado, ilustrado na
Figura 20, é o material mais indicado. Sobre as placas gesso podem ser aplicados
revestimentos usuais como cerâmica, pintura e textura entre outros usualmente aplicados na
construção civil convencional. O revestimento externo também pode receber a aplicação dos
materiais de acabamento, usualmente empregados, como pastilhas, pedras (mármore ou
granito) ou mesmo até mesmo reboco e pintura (CUNHA JARDIM; CAMPOS, 2006).
As chapas de gesso acartonado são perfis leves, e não possuem função estrutural. Sua
densidade superficial varia de 6,5 kg/m² a 14 kg/m² o que dependerá de sua espessura
(ABRAGESSO, 2004).

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Figura 20 – Fechamento interno com placas de gesso acartonado.
Fonte: Dry Maxx (2014).

2.7.4 Isolamento termo acústico


Conforme Santiago, Freitas e Crasto (2012), “o desempenho termo acústico de uma
edificação é determinado pela sua capacidade de proporcionar condições de qualidade
ambiental adequadas ao desenvolvimento das atividades para o qual ela foi projetada”.
Anteriormente o conceito de isolamento baseava-se na utilização de materiais com
grande massa e espessura. Entretanto, atualmente consegue-se mensurar a real necessidade
do isolamento e quantificar o material isolante necessário devido as novas tecnologias. São
várias as maneiras de conservação energética em uma construção, entre elas conter
infiltrações de água e a passagem de vento, evitar penetração e formação de umidade,
adequado projeto de circulação de ar dentro da edificação ou, ainda, reduzir as perdas
térmicas entre o meio interno e externo (CUNHA JARDIM; CAMPOS, 2006).
Nas construções em LSF os princípios de isolamento térmico e acústico são baseados
em conceitos atuais de isolação multicamada, que se fundamenta em associar placas leves
de fechamento externo e interno, afastadas entre si, e o espaço formado entre elas é
preenchido com material isolante (FREITAS; CRASTO, 2006). A Figura 21 apresenta a
aplicação de lã de vidro para vedação.

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Figura 21 – Aplicação de lã de vidro.
Fonte: Placo Center (2014).

3. CONCLUSÃO
Apesar do mercado no Brasil ainda estar defasado se comparado com países mais
desenvolvidos, a presente pesquisa demonstrou que o setor da construção civil tem mostrado
novas tecnologias que representam algumas mudanças nos sistemas construtivos. Ainda é
possível perceber fatores restritivos para a modernização de alguns sistemas devido à
predominância de mão de obra desqualificada e pouco conhecimento das novas tecnologias.
Existe a necessidade de se fazer com que as empresas de grande porte da cadeia produtiva
tenham acesso à inovação e tenham capacidade de ser inovadoras, tudo isso baseado em
normas técnicas. De forma geral, identifica-se que o sistema construtivo LSF apresenta
grandes vantagens técnicas e construtivas, como a padronização dos materiais, a diminuição
de peso da estrutura, a velocidade na construção, versatilidade e facilidade de manutenção.
Como resultado deste estudo, é possível perceber que o sistema construtivo LSF é
uma alternativa para o desenvolvimento tecnológico da construção civil e uma promessa
para a industrialização do setor, porém, deve-se sempre ter a preocupação de construir com
qualidade, sem desperdício e com preocupação ambiental.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GESSO. Manual de montagem de sistemas drywall. São Paulo: Pini, 2004.

_______. ABNT NBR 6355:2012 - Perfis estruturais de aço formados a frio — Padronização. Rio de
Janeiro, 2012

_______. ABNT NBR 15253:2014 - Perfis de aço formados a frio, com revestimento metálico, para
painéis estruturais reticulados em edificações — Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2014.

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