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DE EPS
Resumo
As paredes sanduiche são uma tecnologia que permite se executar uma obra com
mais rapidez que uma obra convencional, com custo-benefício e qualidade. No Brasil este
tipo de edificação ainda é pouco explorado devido à escassez de informações e as
construtoras estarem habituadas a trabalhar com o método de construção convencional. O
referido trabalho tem como objetivo oferecer informações a respeito desta tecnologia,
mostrando a técnica construtiva em detalhes e o atendimento às normas de desempenho.
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¹Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Toledo (2018)
²Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Paulista Julio Mesquita Filho (2004) e docente no Centro
Universitário Toledo
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1. Introdução
Gehbauter et al. (2002), define que a qualidade utilizada nos métodos de execução
e a intensidade com que se executa não evoluiram tanto quanto as teorias aplicadas às
estruturas, deixando de lado a qualidade de execução e não alcançando os objetivos dos
projetos, por isso as construtoras optam por utilizarem métodos convencionais, aos quais já
estão familiarizadas, sem buscar conhecer novas tecnologias que, talvez se encaixem
melhor em seus empreendimentos, tanto financeiro como qualitativo.
Medeiros (2017), comenta:
O sistema construtivo aqui destacado utiliza componentes
industrializados que geram inúmeros benefícios para melhorar a
qualidade e produtividade dentro da indústria da construção
civil. No Brasil o concreto armado ainda é o método estrutural
mais utilizado, uma vez que possui grande aceitação do
mercado e diversas qualidades que o permitem vencer grandes
vãos e alturas, com peças estruturais sendo moldadas de
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diversas formas, alienado ao seu processo de execução
largamente difundido. Entretanto, pontos como a grande
quantidade de mão-de-obra empregada, pequeno reaproveitamento
de materiais e grande quantidade de resíduos gerados são fatores
preocupantes.
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2. Histórico dos materiais utilizados
2.1. EPS
De acordo com Soares (2014), o EPS foi descoberto na Alemanha em 1949 pelos
químicos Fritz Stasny e Karl Bochholz. No Brasil é popularmente conhecido como
Isopor®, marca registrada da empresa Knauf Isopor Ltda.
De acordo com a norma DIN ISO 1043/78, esse material é um plástico celular
rígido, resultado da polimerização do estireno (derivado do petróleo) em água. Esta
transformação processa-se em três etapas: pré-expansão, armazenamento intermediário
e moldagem. A expansão do poliestireno expansível, com densidade aparente de 600 a
700 kg/m³, é efetuada numa primeira fase num pré-expansor através de aquecimento
por contato com vapor de água.
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2.3. Argamassa armada
A argamassa armada surgiu na década de 1850, sendo chamada de fer-ciment pelo
seu idealizador Joseph-Louis Lambot, e foi patenteada na França, sendo considerada
como o precursor do atual concreto armado. Em 1922, a argamassa armada foi utilizada
na construção da primeira cúpula geodésica do mundo, na fábrica de Carl Zeiss, na
Alemanha. Esta estrutura foi a primeira estrutura em casca executada com concreto,
Medeiros, (2017).
Campos (1994) define: “A argamassa armada é um microconcreto armado,
resultante da associação de argamassa (cimento, areia e água), com uma armadura de
aço constituída por fios de pequeno diâmetro e pouco espaçada entre si (tela soldada)”.
MEDEIROS (2017), comenta:
A argamassa estrutural deve possuir resistência mecânica
suficiente para suportar os esforços atuantes, rigidez satisfatória
evitando deformações excessivas, estabilidade física, química e
dimensional para se manter acima dos limites mínimos durante a
vida útil de projeto, além de possuir elevada compacidade e
baixa permeabilidade para funcionar como uma barreira eficiente
à passagem de líquidos e gases no seu interior, que possam
prejudicar a proteção da armadura ou as próprias condições de
utilização do componente ou estrutura.
3. Análises de desempenhos
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necessidades ao longo do ciclo de vida das construções. No Brasil a preocupação com o
desempenho mínimo das edificações ganhou espaço e em anos recentes e foi expressa
através da NBR 15.575-1:2013, que estabeleceu requisitos mínimos de desempenho a
serem seguidos, como vida útil (VUP) e garantia para os principais sistemas que compõem
as edificações.
Segundo a NBR 15.575-2:2013, com o intuito de alcançar a vida útil de projeto (VUP)
para a estrutura e seus elementos, conforme NBR 15.575-1:2013, devem ser previstas e
realizadas manutenções preventivas sistemáticas e, sempre que necessário, manutenções
com caráter corretivo.
Segundo a análise de desempenho térmico feito por Medeiros (2017) de uma parede
sanduiche possuindo as seguintes medidas: espessuras de 2 centímetros de argamassa em
cada face de uma placa de EPS de 6 centímetros, ou seja, uma seção transversal de 10
centímetros de espessura, foram obtidos dados satisfatórios que atendem a NBR
15.220:2003 que estabelece para vedações leves a transmitância inferior a 3,00 W/(m²K), a
capacidade térmica da região estudada superior a 45 KJ(m²K), para o atraso térmico maior
ou igual a 4,3 horas e fator solar inferior a 4%.
Para Bertini (2002), o sistema apresenta bom desempenho estrutural, trazendo mais
uma alternativa aos sistemas estruturais mais convencionais. O autor ressalta, entretanto,
que o momento de cálculo deve ser majorado em 24%, conforme obtido
experimentalmente para levarem em conta a movimentação entre as faces.
4. Método construtivo
Os painéis podem ser montados na obra “in loco” ou podem ser adquiridos já
montados pelos fabricantes (geralmente se obtém prontos quando o projeto é em larga
escala, como construção de moradias economicas, para facilitar sua execução).
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Medeiros (2017), comenta:
Dentre suas vantagens destacam-se a rapidez na execução,
redução de mão- de-obra, redução na quantidade de fôrmas e
redução ao máximo dos recalques diferenciais, este último sendo
bastante prejudicial para a metodologia construtiva aqui citada,
uma vez que a estrutura composta por paredes sanduíche é
monolítica e muito suscetível a recalques diferenciais.
Nos cantos de parede, vãos abertos (portas e janelas) e encontros das placas, são
utilizados reforços com telas, com um trespasse de pelo menos 30 cm para cada lado
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para se obter uma estrutura homogênea, sem lugares com cargas mais concentradas
que outros, como ilustrado nas figuras 3, 4 e 5.
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Figura 5 – Encontros dos painéis
Fonte: Acervo próprio
Esse reforço se faz necessário devido aos esforços solicitantes, onde nas
aberturas de vãos, nos cantos de paredes e nos encontros de painéis são maiores, como
se esses reforços fossem as vergas e contra-vergas que vemos na construção
convencional.
Logo após são feitas as intalações elétricas e hidrossanitárias embutidas na
própria parede, não necessitando de gastos com alvenaria de vedação feita em obras
convencionais. É utilizado um soprador de ar quente para a abertura de sulcos no EPS
ou pequenas facas para se fazer os cortes no mesmo, que geralmente são EPS à prova
de incêndios, sendo assim resistente ao calor, como ilustram as figuras 6 e 7.
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Figura 6 – Aberturas de sulcos
Fonte: Tecnopanel, 2014.
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Figura 8 – chapisco
Fonte: Acervo próprio
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Figura 9 – Parede acabada
Fonte: Acervo próprio
5. Critérios de dimensionamento
Medeiros (2017) defende que, embora a parede sanduiche seja uma construção bem
simples de se executar, deve se tomar alguns cuidados quanto à usabilidade da mesma. É
uma construção monolítica e a sua vida longa depende muito da conservação da mesma, ou
seja, as paredes sanduiches são a própria estrutura, são independentes de vigas e pilares de
sustentação. Toda a parede em si tem a responsabilidade e finalidade de transferir as cargas
até a fundação o que resulta numa construção que não pode ser facilmente modificada
como na construção convencional, sendo assim, não se pode remover partes da mesma,
abrir vãos e ter reformas que promovam grandes mudanças nas paredes.
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Não há nenhuma norma especifica para este tipo de construção, por este motivo não
é muito usado este tipo de tecnologia. Para fins de cálculo de dimensionamento da
estrutura será utilizada a teoria usual de concreto armado, dimensionado no Estado Limite
Último (ELU), seguindo as orientações da NBR 6.118:2014. O dimensionamento é
realizado considerando que o painel possui composição total entre as placas, ou seja, que
as duas placas trabalhem juntas para combater os esforços solicitantes.
Fonsêca (1994) defende que “a principal consideração a ser feita sobre o uso da
teoria do concreto armado no cálculo de painéis sanduíche diz respeito à
indeterminação do grau de composição entre as duas placas de concreto.”
A figura a seguir mostra os esforços no painel, considerando um modelo na
flexão composta normal, com pequena excentricidade e trabalhando a flexo-
compressão.
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seu comprimento for grande em relação a sua seção transversal. Quanto menor for o
indice de esbeltez maior é a tensão suportada em relação a flambagem, flambagem é
portanto a tensão que muda o estado de equilíbrio da barra.
De certa forma, pode se notar que barras com esbeltez menores não sofrem o
fenômeno de flambagem, isto não é certo, para barras com índice muito baixo a falha por
compressão pode ocorrer antes da mudança de estado de equilíbrio da barra, ou seja, ela
pode vir a flambar pela falha de compressão e não pela falta de resistência da barra.
Em função do índice de esbeltez máximo, os pilares podem ser classificados como:
- Curto: se λ <35;
- Médio: se 35 < λ < 90;
- Medianamente esbelto: se 90 < λ <140;
- Esbelto: se 140 < λ < 200.
Segundo a NBR 6.118:2014, os pilares devem ter índice de esbeltez menor ou
igual a 200 (λ < 200). Para pilares com índice maior é feita a análise de 2ª ordem.
Os efeitos de 2ª ordem podem ser desprezados quando a base e o topo de cada
parede estiverem convenientemente fixados às lajes do edifício e o índice de esbeltez λi
for menor que 35.
A determinação dos efeitos locais de 2ª ordem pode ser feita pelo processo
simplificado. Este processo pode ser empregado no cálculo de pilares com λ < 90, com
seção constante e armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. O efeito
localizado de 2ª ordem, dado pela NBR 6.118:2014.
Essa tecnologia pouco conhecida no Brasil tem dois aspectos que são de suma
importância para um engenheiro ao dimensionar uma obra, a saber: os aspectos
econômico-financeiro e velocidade de execução de obra. Quando se executa uma obra,
observa-se que a velocidade de entrega, com qualidade e com baixo custo que é algo
fundamental para todo engenheiro, pois assim pode-se entregar grandes projetos com alta
qualidade em baixo preço, que atrai o consumidor final e assim o mercado gira em maiores
quantidades.
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Segundo Medeiros (2017), na pesquisa realizada foi feito um comparativo entre
uma obra mista (paredes sanduiche e concreto armado) e uma obra totalmente em concreto
armado e o produto final resultou numa economia de 9,17% mais barato a obra de paredes
sanduiche em relação à de concreto armado, sendo que 17,49% do valor desta obra foi em
concreto armado, ou seja, se a parcela de concreto armado fosse totalmente em paredes
sanduiche, a diferença de valores seria maior.
Analisando o tempo de execução de uma obra de paredes sanduiche e uma obra
convencional, tem-se uma grande economia. A necessidade de um número menor
operários também é um fator de economia tanto financeira como de tempo, pois com o
serviço mais otimizado a ociedade é menor entre os operários.
As vantagens térmicas e acústicas também são uma grande vantagem,
principalmente em nossa região que sofre com altas temperaturas no calor, pois a estrutura
proporciona, no verão, um ambiente fresco de tal modo que não necessita do uso de ar
condicionado (podendo variar de acordo com a espessura de parede dimensionada e
espessura da placa de EPS utilizada), e no inverno proporciona um ambiente aquecido e
protegido de baixas temperaturas externas, sendo assim, concebendo uma economia futura
de usos de energia elétrica para os usuários.
7. Conclusão
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como a sua grande capacidade térmica e acústica, economia de tempo e de desperdícios de
materiais e qualidade de acabamento.
A comparação de custos mostrou que as paredes sanduiches são economicamente
viáveis, apresentando uma redução considerável, com isso é possível concluir que pelo
momento financeiro de recesso seria viável a utilização este tipo de tecnologia.
Com o consentimento das grandes empresas e pensando em avançar no processo
construtivo, esta estrutura se mostra uma grande solução para o problema de desperdícios
de materiais e má qualidade de execução de uma obra, e também se mostra uma solução
viável para o tempo de recesso financeiro em que se vive.
8. Referências Bibliograficas
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