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O USO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA FABRICAÇÃO DE GRAUTE

PARA FINS ESTRUTURAIS

Carla dos Santos Pinheiro1– UNITOLEDO


Carlos Adriano Rufino da Silva2 – UNESP

RESUMO
A construção civil está cada dia mais se desenvolvendo e buscando técnicas para
aprimorar seus resultados de maneira sustentável e economicamente viáveis. A busca pela
reutilização de materiais disponíveis no canteiro de obras se tornou um desafio muito
importante. Os resíduos sólidos da construção são materiais muito ricos que podem ajudar
a reduzir muito o custo de uma obra, por meio de medidas simples. Desta forma, este
trabalho mostra por meio de resultados experimentais, como é possível a fabricação de
graute para alvenaria estrutural com o uso de resíduos provenientes da própria construção.

Palavras-Chave: Construção civil; Resíduos sólidos; Obra; Graute; Alvenaria estrutural.

1 Introdução

Nos últimos tempos, no Brasil, a construção civil vem crescendo expressivamente.


Da mesma forma tem sido o avanço da tecnologia e técnicas sustentáveis. O uso de
materiais que possam ser reutilizados dentro de um canteiro de obras foi algo que
despertou o interesse de muitos, inclusive de construtoras e pesquisadores (NAGALLI,
2014).

Segundo o que se expõe no Plano de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo


(2014), resíduos sólidos de construção ou demolição, ou abreviadamente RCD, são
responsáveis e um dos principais agentes da poluição ambiental no mundo. Além dos
impactos ambientais que provocam, também são responsáveis por grandes impactos
logísticos e financeiros.

De acordo com a NBR 10004 (ABNT, 2004), “os resíduos são classificados de
acordo com seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública para que possam ser
gerenciados adequadamente.”

¹Graduanda em Engenharia Civil – UNITOLEDO (2018)


²
Mestre em Engenharia Civil – UNESP (2004)
1
O Brasil é um dos países que mais produzem resíduos sólidos no mundo. Segundo
Mello (2010) “cerca de 50% de entulho são desperdiçados por mês, o que representa
aproximadamente 850 mil toneladas”.

No canteiro de obras existe muita perda de material, que são despejados em


caçambas e levados para locais específicos, como lixões e aterros. No entanto, esse
material pode ser muito bem reaproveitado, por exemplo, hoje em dia já existem
equipamentos trituradores de entulho, que podem produzir materiais para o uso na obra,
como na pavimentação (PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO, 2014).

É de responsabilidade dos municípios a criação de uma política para descartes dos


resíduos, incluindo um ponto de coleta e, cabe ao construtor cumprir a regulamentação e
implantar os planos de gerenciamento em cada empreendimento (PLANO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2014).

A figura 1 representa um reciclador de entulho, que tem como função triturar o


resíduo sólido na sua forma bruta.

Figura 1 – Reciclador de Entulho.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

2
1.1 O que são resíduos sólidos?

Segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004), classificam-se como resíduos sólidos


“resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.”

De acordo com a resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –


CONAMA (2002), os resíduos na construção civil:

São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de


construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais
como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

A figurada 2 representa o resíduo sólido triturado sem separação granulométrica.

.
Figura 2 – Resíduo sólido triturado.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Segundo dados da publicação Resíduos da Construção Civil e o Estado de São


Paulo (SINDUSCON, 2012a), “cerca de 70% do resíduo gerado advém do pequeno
gerador e é proveniente de reformas, pequenas construções e obras de demolição. Os 30%
restantes são provenientes de construções de maior porte.”

3
1.2 Graute

Thomaz e Helene (2000) defendem que:

O graute consiste em um concreto fino (microconcreto), formado de cimento,


água, agregado miúdo e agregados graúdos de pequenas dimensões (até 9,5 mm)
com alta fluidez. É um tipo de concreto mais fluído usado para preenchimento de
vazios em locais de difícil acesso, dispensando o uso de vibradores para seu
adensamento.

A sua principal diferença com relação ao concreto comum, é que no graute utiliza-
se o pedrisco e possuí uma relação água/cimento maior. O graute tem como principal
função em elementos de alvenaria aumentar a resistência das paredes, absorvendo os
esforços verticais aplicados sobre ela, proporcionando mais estabilidade e aumento da
rigidez, o que permite o melhor posicionamento da armadura junto à estrutura
(GUILHERME; ROCHA, 2012).
Dessa forma, o graute é uma das peças fundamentais em alvenaria estrutural.
Segundo Thomaz e Helene (2000):
Para que o bloco e o graute atuem como estrutura homogênea é necessária que
exista uma boa aderência entre ambos. A ausência ou fraca aderência entre os
blocos e o graute diminuem o caráter do material composto da alvenaria, pois a
transferência de tensões entre esses materiais depende dessa aderência.
A falta de aderência na interface graute e paredes internas do bloco comprometem o
desempenho da alvenaria, pois a mesma é tratada como sendo um material homogêneo
similar ao concreto, portanto, perfeitamente ligados (SILVA 2007).

1.3 Alvenaria Estutural

Conforme expõe Pereira (2018), alvenaria estrutural consiste em um processo


construtivo por meio de blocos estruturais de concreto em que as paredes se comportam
como vigas e pilares, resistindo às cargas aplicadas sobre ela. É um método construtivo
bastante utilizado, principalmente por construtoras populares, porém com algumas
ressalvas.
Em alvenaria estrutural as paredes se comportam como parte da estrutura elas não
podem ser quebradas, ou seja, não se poder haver alteração do projeto ou se for
extremamente necessário, deve-se consultar um engenheiro calculista para verificar se tal

4
modificação prejudicará ou não a estrutura. Santos (2016) expõe que, não se recomenda
edificações em alvenaria com mais de 25 pavimentos, visto que a mesma se torna mais
cara do que o convencional.
Apesar das ressalvas, é um método construtivo muito econômico, visto que em
obras com até 5 pavimentos há uma economia de 30% e até 10 pavimentos economia de
10% em relação a alvenaria convencional (SANTOS 2016).

1.4 Por que reutilizar?


A reutilização ou reciclagem dos resíduos sólidos podem trazer vantagens
ambientais e econômicas. Deste ponto de vista, a reutilização de um material que seria
descartado diminui custos, tanto na compra de materiais, quanto na contração de empresas
terceirizadas para destinação dos resíduos. Já pensando pelo lado ambiental, deixa-se de
descartar o material em lixões e aterros, e reduz-se a extração do mesmo, diminuindo assim
o impacto ao meio ambiente (NAGALLI, 2014).

2 Objetivo

2.1 Objetivo Geral


O presente trabalho tem por finalidade mostrar que é possível a fabricação de
graute para fins estruturais com uso de resíduos sólidos da construção civil.

2.2 Objetivo Específico


A proposta é a produção de graute tendo como base dois traços, com diferentes
substituições, primeiramente será substituído o pedrisco convencional pelo pedrisco
proveniente do resíduo, posteriormente, no segundo traço será substituída a areia pelo pó
do resíduo. Após um traço estabelecido, serão realizados ensaios para verificação da
resistência para fins estruturais.

2.3 Justificativa
Não foram encontrados estudos referentes ao uso de resíduos sólidos, em sua
maioria de concreto, na fabricação de graute, somente estudos com resíduos de cerâmica.
No entanto, encontraram-se pesquisas em que foi feita a substituição do agregado graúdo
no concreto, pesquisas essas satisfatórias.

5
Segundo Sami e Akmal (2009):
Em pesquisa sobre a influência dos agregados reciclados de concreto sobre a
propriedade de resistência do concreto, verificaram que a substituição de
agregados graúdos naturais por reciclados de concreto de maior resistência,
origina concretos de resistência mais elevada e a substituição de agregados de
menor resistência, geram concretos de pequena resistência. A pesquisa concluiu
que o uso de agregado graúdo, oriundo de concreto reciclado com resistência
igual a 50 MPa, resultará num concreto com resistência à compressão
comparável ao confeccionado com agregado graúdo natural.

Também não foram encontradas pesquisas referentes a prismas grauteados, com


graute proveniente de resíduos sólidos da construção civil. Dessa forma, justifica-se o
presente trabalho em mostrar a resistência encontrada nesse caso.

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL
A pesquisa foi elaborada junto ao Laboratório de Engenharia Civil – LEC do
Centro Universitário Toledo. Foram utilizados 3 traços para a produção de graute. O
primeiro, denominado traço controle (TC), é um traço padrão somente para comparação, já
os demais são os traços com substituição pelo resíduo. O TP será o traço com substituição
do pedrisco, já o TA será o traço com a substituição da areia. Serão totalizados 18 prismas
cheios com graute, sendo 6 para cada traço, como definido anteriormente.

3.1 Caracterização dos Materiais

3.1.1 Cimento
O cimento utilizado na produção do graute foi o “Cimento Itaú tipo CP II-Z-32 50
kg”.

3.1.2 Agregados
Os seguintes materiais foram coletados por um fornecedor da cidade de
Araçatuba/SP, foram feitos ensaios de granulometria segundo a NBR NM 248 (ABNT,
2003). Todos os resultados serão apresentados ao longo deste artigo.

6
3.1.2.1 Agregado Miúdo
Os agregados miúdos utilizados foram: a areia natural, classificada como areia fina
e areia média. Na produção da argamassa foram utilizadas as duas areias, já na do graute
utilizou-se somente a areia média.

3.1.2.2 Agregado Graúdo


O agregado graúdo utilizado foi o pedrisco, ou brita 0.

3.1.3 Resíduo de concreto


O resíduo de concreto foi fornecido pela empresa de construção civil Tecol –
Tecnologia, Engenharia e Construção LTDA situada na cidade de Araçatuba/SP.
Após coletado o material foi feita uma limpeza e separação de acordo com sua
granulometria, foram feitos os ensaios necessários com o pó do resíduo e com o pedrisco.
Todos os ensaios foram feitos segundo a NBR NM 248 (ABNT, 2003). Os resultados
foram comparados com a areia e o pedrisco comum.
Os gráficos 1 e 2 mostram a curva granulométrica da areia e do pedrisco,
respectivamente.

100
90
Porcentagem passante (%)

80
70
60
50
Areia
40
30 Areia reciclada
20
10
0
0.001 0.01 0.1 1 10 100
Diâmetro das particulas (mm)

Gráfico 1 – Curva granulométrica da areia


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

7
100
90
Porcentagem passando (%)

80
70
60
50
Pedrisco
40
30 Pedrisco reciclado
20
10
0
0.001 0.01 0.1 1 10 100
Diâmetro das partículas (mm)

Gráfico 2 – Curva granulométrica do pedrisco


Fonte: Elaborado pela autora (2018).

3.1.4 Água
A água utilizada na produção do graute e argamassa são provenientes do sistema de
água e esgoto da cidade de Araçatuba/SP.

3.1.5 Blocos estruturais de concreto


Os blocos estruturais de concreto foram fornecidos pela empresa Copel Engenharia
Indústria e Comércio Ltda. A Copel é uma empresa de pré moldados de concreto situada
na cidade de Araçatuba SP.
Foram ensaiados 6 blocos segundo NBR 12118 (ABNT, 2014), capeados com
gesso com cura de 1 dia, obtendo resistência média (com 28 dias) de 7,15 MPa.

3.1.6 Argamassa

A argamassa utilizada foi produzida em laboratório com traço (em volume) de


1:0,5:8, sendo cimento, cal e areia, respectivamente. Foram moldados 6 corpos de prova
em que foram feitos teste resistência a compressão segundo a NBR 5739 (ABNT, 2018).
Com 7 dias, os mesmos obtiveram resistência média de 4,19 MPa.

8
3.2 Metodologia

3.2.1 Dosagem dos concretos

A dosagem dos concretos foi elaborada pela autora, conforme apresentado na tabela
1, e foram feitos ensaios de compressão com o teste controle (TC) para saber se o mesmo
atingiria a resistência esperada para fins estruturais, segundo a NBR15961-1 (ABNT,
2011).

Após realizados os ensaios, foram elaborados dois novos traços, seguindo as


características (em volume) 1:2:2, no entanto, haverá uma divergência de valores do traço
devido a diferença da massa específica dos materiais utilizados. No TP foi substituído o
agregado graúdo, já no TA o agregado miúdo, como definido na tabela 1. Toda
substituição foi feita de maneira aleatória, seguindo as características do TC já ensaiado.

Tabela 1 – Traços utilizados no graute.

Traços
Materiais Traço Controle
Traço P (TP) Traço A (TA)
(TC)
Cimento (Kg) 22,9 20,1 22,26
Areia (Kg) 45,8 40,21 -
Pedrisco (Kg) 45,8 - 44,52
Água (l) 14,7 14 15,6
Pedrisco Residual (Kg) - 40,21 -
Areia Residual (Kg) - - 44,52
A/C 0,7 0,7 0,7
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Foram ensaiados 6 prismas para cada traço, o TC foi utilizado com base para testar
a resistências do TP e TA, sendo substituídos totalmente por agregado graúdo e miúdo,
respectivamente. A quantidade do material utilizado no traço utilizado foi calculado de
acordo com o volume dos furos dos 6 blocos e também o volume de 6 corpos de prova
cilíndricos.

9
3.2.2 Moldagem dos primas

A moldagem dos prismas foi feita de acordo com a NBR 15961-2 (ABNT, 2011),
da mesma forma que é realizado em obras de construção civil.

Inicialmente, foi realizado o assentamento dos blocos para formação dos prismas. A
argamassa utilizada para o assentamento dos blocos foi produzida pela autora, como
mencionado no item 3.1.6. Após a produção da argamassa em betoneira, fez-se o
assentamento dos blocos, conforme figura 3.

Figura 3 – Assentamento dos blocos.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Após alguns dias de cura, conforme figura 4, foram grauteados os primeiros blocos
com o TC, posteriormente o TP com o pedrisco residual e por fim o TA com a areia
residual. Todos foram adensados com uma haste metálica.

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Figura 4 – Prismas grauteados.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

3.2.3 Ensaio de compressão

Os ensaios foram realizados nas dependências do Laboratório de Engenharia Civil –


LEC do Centro Universitário Toledo. Os prismas grauteados foram capeados segundo a
NBR 15961-2 (ABNT, 2011) com argamassa de cimento (figura 6), com traço 1:2. O
capeamento foi realizado 3 dias antes do rompimento dos prismas, após a cura, os mesmos
foram ensaiados (figura 7). Os CP’s de graute foram capeados (figura 5) segundo NBR
5738 (ABNT, 2015), após idade de 28 dias foram ensaiados, conforme figura 8.

Figura 5 – Capeamento dos CP’s.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

11
Figura 6 – Capeamento dos prismas.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Figura 7 – Ensaio de compressão dos prismas.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

12
Figura 8 – Ensaio de compressão dos CP’s.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

4 Análise e Discussão de Resultados

Na tabela 2 e gráfico 3 serão apresentados os resultados obtidos ao ensaio de


resistência a compressão dos prismas grauteados com idade de 28 dias. Foram ensaiados 6
corpos de prova para cada traço, sendo apresentados seus respectivos resultados e a média
calculada entre os mesmos.

Analisando os dados obtidos, verificou-se que as médias encontradas em relação ao


TC e TP houve uma diminuição de aproximadamente 3,4% da resistência, já em
comparação o TC e TA a diminuição foi de 13,7%.

Os dados mostram que, no traço TA onde foi substituído 100% da areia houve uma
resistência menor que a do traço controle, já onde foi substituído 100% do pedrisco, TP,
houve uma diminuição mínima da resistência. No entanto, comparando os resultados de
maneira geral, os valores apresentados mostram que apesar da diferença, todos os traços
possuem resistência necessária para fins estruturais.

13
Tabela 2 – Resistência à compressão dos prismas grauteados aos 28 dias.

Resistência à Desvio Coeficiênte


Valor Médio
Prisma CP Compressão Padrão de Variação
(MPa)
(MPa) (MPa) (%)
1 10,42
2 11,58
3 10,62
TC 10,58 0,63 6%
4 10,14
5 10,96
6 9,78
1 10,9
2 11,94
3 9,32
TP 10,22 1,02 10%
4 9,37
5 9,83
6 9,94
1 8,79
2 10,54
3 8,57
TA 9,13 1,21 13%
4 10,3
5 7,27
6 9,31
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

11.00 10.58
10.22
10.00
9.13
Resistência à compressão média (MPa)

9.00

8.00

7.00

6.00 TC

5.00 TP

4.00 TA

3.00

2.00

1.00

-
CP's

Gráfico 3 – Resistência média à compressão dos prismas grauteados aos 28 dias.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

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O graute utilizado para preencher os prismas também foi ensaiado. Todos os dados
serão apresentados à seguir na tabela 3 e no gráfico 4, com idade de 28 dias.

Após a análise dos resultados, observou-se que o TP em relação ao traço controle


obteve um aumento de aproximadamente 10,7% da resistência à compressão, já o TA
houve uma diminuição de 8,2%.

Com os resultados obtidos foi possível verificar que, o traço em que foi utilizado o
pedrisco residual (TP) obteve uma resistência maior do que o traço controle, porém, em
ambos os traços verifica-se resistência necessária para fins estruturais, pois em ambos os
casos apresentam valor acima do mínimo exigido pela norma.

Tabela 3 – Resistência à compressão do graute aos 28 dias.

Resistência à Desvio Coeficiênte


Valor Médio
Graute CP Compressão Padrão de Variação
(MPa)
(MPa) (MPa) (%)
1 17,71
2 24,15
3 21,31
TC 23,02 3,00 13%
4 25,1
5 25,65
6 24,2
1 24,26
2 24,5
3 25,1
TP 25,48 1,01 4%
4 26,67
5 26,44
6 25,93
1 20,67
2 20,11
3 21,63
TA 21,14 1,04 5%
4 22,79
5 21,51
6 20,14
Fonte: Elaborado pela autora (2018).

15
25.48
23.02
24.00
Resistência à compressão média (MPa) 21.14
20.00

16.00
TC
12.00 TP
TA
8.00

4.00

-
CP's

Gráfico 4- Resistência média à compressão do graute aos 28 dias.

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

5 Conclusão

De acordo com os resultados apresentados referentes ao ensaio de compressão dos


prismas grauteados, observou-se que os dados obtiveram pouca variação se comparados ao
traço controle. Analisando os resultados somente do graute, nota-se que em relação ao
traço controle, o TP com substituição do pedrisco, obteve um aumento da resistência.
Dessa forma, verifica-se que é possível o uso de resíduos sólidos da construção civil e que
esse material possui resistência necessária para fins estruturais.
Pode-se notar que, apesar de todos os traços apresentados possuírem resistência, o
TA, onde foi substituído 100% da areia, obteve uma resistência menor se comparado ao
TC e TP. Isso deve-se ao fato do material conter uma maior quantidade de cerâmica, o que
pode ter diminuído consideravelmente sua resistência. No entanto, não é algo que impeça
seu uso, já que o mesmo possui a resistência exigida.
Foi comprovado que resíduos sólidos possuem resistência para fins estruturais,
dessa forma, comprova-se também que o uso dessa material trará vantagens tanto
ambientais quanto econômicas. O material deixará de ser descartado na natureza, evitando
assim a poluição do meio ambiente e ao mesmo tempo, esse mesmo material que seria

16
descartado incorretamente, passará a ser utilizado em obra, reduzindo assim custos com
materiais e também o custo com deslocamento.
Na produção do graute com resíduos, observou-se que com a mesma relação a/c do
traço controle, o graute fica menos fluído (seco), dessa forma, para uma próxima pesquisa,
recomenda-se que sejam feitas algumas mudanças para que possa chegar a uma dosagem
mais adequada e obter um resultado satisfatório.

6 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR NM 248: Agregados-


Determinação e composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003. 6 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15961-1: Alvenaria estrutural –


Blocos de concreto – Parte 1: Projeto. Rio de Janeiro, 2011. 42 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15961-2: Alvenaria estrutural –


Blocos de concreto – Parte 2: Execução e controle de obras. Rio de Janeiro, 2011. 35 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12118: Blocos vazados de


concreto simples para alvenaria – Métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2014. 14 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5739: Concreto – Ensaio de


compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2018. 9 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5738: Concreto - Procedimento


para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, 2015. 9 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10004: Resíduos sólidos –


Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 71 p.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 307, de 5 de julho de 2002.
(2002). Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para gestão de resíduos da construção civil. Brasília:
Diário Oficial da União.

GUILHERME, A. E. S.; ROCHA, E. A. Patologias em Alvenaria Estrutural de Blocos Cerâmicos.


UTFPR, 2012. Disponível em: www.repositorio.roca.utfpr.edu.br. Acesso em: 22 out. 2018.

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MELLO, M. Reutilização de materiais de construção, 2010. Disponível em:
http://www.cimentoitambe.com.br/reutilizacao-demateriais-na-construcao/. Acesso em: 22 de out. de 2018.

NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil. São Paulo: Oficina dos Textos,
2014.

PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Resíduos sólidos da construção civil,
São Paulo, 1ª ed, p. 63-73, 2014.

PEREIRA, C. Alvenaria Estrutural – Vantagens e Desvantagens. Escola Engenharia, 2018. Disponível em


www.escolaengenharia.com.br/alvnaria-estrutural/. Acesso em: 23 out. 2018.

SAMI, W. T.; AKMAL, S. A. Influence of recycled concrete aggregates on strength properties of


concrte. Construction and Building Materials. V. 23, p.1163-1167, 2009.

SANTOS, A. Norma define altura de prédio em alvenaria estrutural, 2016. Disponível em:
www.cimentoitambe.com.br/norma-alvenaria-estrutural/. Acesso em: 22 out. 2018.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente; SINDUSCONSP. Resíduos da Construção Civil e o
Estado de São Paulo. São Paulo, SMA/SINDUSCON, 2012a. 84p.

SILVA, J. M. Seminário sobre Paredes de Alvenaria, P.B. Lourenço et al. (eds.), 2007. 65. Patologia em
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THOMAZ, E.; HELENE, P. Boletim técnico: Qualidade no projeto e na execução de alvenaria estrutural
e de alvenaria de vedação em edifícios. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 2000.

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