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RESUMO
A construção civil está cada dia mais se desenvolvendo e buscando técnicas para
aprimorar seus resultados de maneira sustentável e economicamente viáveis. A busca pela
reutilização de materiais disponíveis no canteiro de obras se tornou um desafio muito
importante. Os resíduos sólidos da construção são materiais muito ricos que podem ajudar
a reduzir muito o custo de uma obra, por meio de medidas simples. Desta forma, este
trabalho mostra por meio de resultados experimentais, como é possível a fabricação de
graute para alvenaria estrutural com o uso de resíduos provenientes da própria construção.
1 Introdução
De acordo com a NBR 10004 (ABNT, 2004), “os resíduos são classificados de
acordo com seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública para que possam ser
gerenciados adequadamente.”
2
1.1 O que são resíduos sólidos?
.
Figura 2 – Resíduo sólido triturado.
3
1.2 Graute
A sua principal diferença com relação ao concreto comum, é que no graute utiliza-
se o pedrisco e possuí uma relação água/cimento maior. O graute tem como principal
função em elementos de alvenaria aumentar a resistência das paredes, absorvendo os
esforços verticais aplicados sobre ela, proporcionando mais estabilidade e aumento da
rigidez, o que permite o melhor posicionamento da armadura junto à estrutura
(GUILHERME; ROCHA, 2012).
Dessa forma, o graute é uma das peças fundamentais em alvenaria estrutural.
Segundo Thomaz e Helene (2000):
Para que o bloco e o graute atuem como estrutura homogênea é necessária que
exista uma boa aderência entre ambos. A ausência ou fraca aderência entre os
blocos e o graute diminuem o caráter do material composto da alvenaria, pois a
transferência de tensões entre esses materiais depende dessa aderência.
A falta de aderência na interface graute e paredes internas do bloco comprometem o
desempenho da alvenaria, pois a mesma é tratada como sendo um material homogêneo
similar ao concreto, portanto, perfeitamente ligados (SILVA 2007).
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modificação prejudicará ou não a estrutura. Santos (2016) expõe que, não se recomenda
edificações em alvenaria com mais de 25 pavimentos, visto que a mesma se torna mais
cara do que o convencional.
Apesar das ressalvas, é um método construtivo muito econômico, visto que em
obras com até 5 pavimentos há uma economia de 30% e até 10 pavimentos economia de
10% em relação a alvenaria convencional (SANTOS 2016).
2 Objetivo
2.3 Justificativa
Não foram encontrados estudos referentes ao uso de resíduos sólidos, em sua
maioria de concreto, na fabricação de graute, somente estudos com resíduos de cerâmica.
No entanto, encontraram-se pesquisas em que foi feita a substituição do agregado graúdo
no concreto, pesquisas essas satisfatórias.
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Segundo Sami e Akmal (2009):
Em pesquisa sobre a influência dos agregados reciclados de concreto sobre a
propriedade de resistência do concreto, verificaram que a substituição de
agregados graúdos naturais por reciclados de concreto de maior resistência,
origina concretos de resistência mais elevada e a substituição de agregados de
menor resistência, geram concretos de pequena resistência. A pesquisa concluiu
que o uso de agregado graúdo, oriundo de concreto reciclado com resistência
igual a 50 MPa, resultará num concreto com resistência à compressão
comparável ao confeccionado com agregado graúdo natural.
3 PROGRAMA EXPERIMENTAL
A pesquisa foi elaborada junto ao Laboratório de Engenharia Civil – LEC do
Centro Universitário Toledo. Foram utilizados 3 traços para a produção de graute. O
primeiro, denominado traço controle (TC), é um traço padrão somente para comparação, já
os demais são os traços com substituição pelo resíduo. O TP será o traço com substituição
do pedrisco, já o TA será o traço com a substituição da areia. Serão totalizados 18 prismas
cheios com graute, sendo 6 para cada traço, como definido anteriormente.
3.1.1 Cimento
O cimento utilizado na produção do graute foi o “Cimento Itaú tipo CP II-Z-32 50
kg”.
3.1.2 Agregados
Os seguintes materiais foram coletados por um fornecedor da cidade de
Araçatuba/SP, foram feitos ensaios de granulometria segundo a NBR NM 248 (ABNT,
2003). Todos os resultados serão apresentados ao longo deste artigo.
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3.1.2.1 Agregado Miúdo
Os agregados miúdos utilizados foram: a areia natural, classificada como areia fina
e areia média. Na produção da argamassa foram utilizadas as duas areias, já na do graute
utilizou-se somente a areia média.
100
90
Porcentagem passante (%)
80
70
60
50
Areia
40
30 Areia reciclada
20
10
0
0.001 0.01 0.1 1 10 100
Diâmetro das particulas (mm)
7
100
90
Porcentagem passando (%)
80
70
60
50
Pedrisco
40
30 Pedrisco reciclado
20
10
0
0.001 0.01 0.1 1 10 100
Diâmetro das partículas (mm)
3.1.4 Água
A água utilizada na produção do graute e argamassa são provenientes do sistema de
água e esgoto da cidade de Araçatuba/SP.
3.1.6 Argamassa
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3.2 Metodologia
A dosagem dos concretos foi elaborada pela autora, conforme apresentado na tabela
1, e foram feitos ensaios de compressão com o teste controle (TC) para saber se o mesmo
atingiria a resistência esperada para fins estruturais, segundo a NBR15961-1 (ABNT,
2011).
Traços
Materiais Traço Controle
Traço P (TP) Traço A (TA)
(TC)
Cimento (Kg) 22,9 20,1 22,26
Areia (Kg) 45,8 40,21 -
Pedrisco (Kg) 45,8 - 44,52
Água (l) 14,7 14 15,6
Pedrisco Residual (Kg) - 40,21 -
Areia Residual (Kg) - - 44,52
A/C 0,7 0,7 0,7
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Foram ensaiados 6 prismas para cada traço, o TC foi utilizado com base para testar
a resistências do TP e TA, sendo substituídos totalmente por agregado graúdo e miúdo,
respectivamente. A quantidade do material utilizado no traço utilizado foi calculado de
acordo com o volume dos furos dos 6 blocos e também o volume de 6 corpos de prova
cilíndricos.
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3.2.2 Moldagem dos primas
A moldagem dos prismas foi feita de acordo com a NBR 15961-2 (ABNT, 2011),
da mesma forma que é realizado em obras de construção civil.
Inicialmente, foi realizado o assentamento dos blocos para formação dos prismas. A
argamassa utilizada para o assentamento dos blocos foi produzida pela autora, como
mencionado no item 3.1.6. Após a produção da argamassa em betoneira, fez-se o
assentamento dos blocos, conforme figura 3.
Após alguns dias de cura, conforme figura 4, foram grauteados os primeiros blocos
com o TC, posteriormente o TP com o pedrisco residual e por fim o TA com a areia
residual. Todos foram adensados com uma haste metálica.
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Figura 4 – Prismas grauteados.
11
Figura 6 – Capeamento dos prismas.
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Figura 8 – Ensaio de compressão dos CP’s.
Os dados mostram que, no traço TA onde foi substituído 100% da areia houve uma
resistência menor que a do traço controle, já onde foi substituído 100% do pedrisco, TP,
houve uma diminuição mínima da resistência. No entanto, comparando os resultados de
maneira geral, os valores apresentados mostram que apesar da diferença, todos os traços
possuem resistência necessária para fins estruturais.
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Tabela 2 – Resistência à compressão dos prismas grauteados aos 28 dias.
11.00 10.58
10.22
10.00
9.13
Resistência à compressão média (MPa)
9.00
8.00
7.00
6.00 TC
5.00 TP
4.00 TA
3.00
2.00
1.00
-
CP's
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O graute utilizado para preencher os prismas também foi ensaiado. Todos os dados
serão apresentados à seguir na tabela 3 e no gráfico 4, com idade de 28 dias.
Com os resultados obtidos foi possível verificar que, o traço em que foi utilizado o
pedrisco residual (TP) obteve uma resistência maior do que o traço controle, porém, em
ambos os traços verifica-se resistência necessária para fins estruturais, pois em ambos os
casos apresentam valor acima do mínimo exigido pela norma.
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25.48
23.02
24.00
Resistência à compressão média (MPa) 21.14
20.00
16.00
TC
12.00 TP
TA
8.00
4.00
-
CP's
5 Conclusão
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descartado incorretamente, passará a ser utilizado em obra, reduzindo assim custos com
materiais e também o custo com deslocamento.
Na produção do graute com resíduos, observou-se que com a mesma relação a/c do
traço controle, o graute fica menos fluído (seco), dessa forma, para uma próxima pesquisa,
recomenda-se que sejam feitas algumas mudanças para que possa chegar a uma dosagem
mais adequada e obter um resultado satisfatório.
6 Referências
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução n° 307, de 5 de julho de 2002.
(2002). Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para gestão de resíduos da construção civil. Brasília:
Diário Oficial da União.
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MELLO, M. Reutilização de materiais de construção, 2010. Disponível em:
http://www.cimentoitambe.com.br/reutilizacao-demateriais-na-construcao/. Acesso em: 22 de out. de 2018.
NAGALLI, A. Gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil. São Paulo: Oficina dos Textos,
2014.
PLANO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Resíduos sólidos da construção civil,
São Paulo, 1ª ed, p. 63-73, 2014.
SANTOS, A. Norma define altura de prédio em alvenaria estrutural, 2016. Disponível em:
www.cimentoitambe.com.br/norma-alvenaria-estrutural/. Acesso em: 22 out. 2018.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente; SINDUSCONSP. Resíduos da Construção Civil e o
Estado de São Paulo. São Paulo, SMA/SINDUSCON, 2012a. 84p.
SILVA, J. M. Seminário sobre Paredes de Alvenaria, P.B. Lourenço et al. (eds.), 2007. 65. Patologia em
paredes de alvenaria: Causas e Soluções. Disponível em: www.civil.uminho.pt/alvenaria/docs/065_084.pdf.
Acesso em: 04 out. 2018.
THOMAZ, E.; HELENE, P. Boletim técnico: Qualidade no projeto e na execução de alvenaria estrutural
e de alvenaria de vedação em edifícios. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 2000.
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