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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS – UEMG

ENGENHARIA CIVIL

JAQUELINE APARECIDA MELO


LUCAS RIBEIRO PIO
LUCCA ARAÚJO CAMPOS
RENATO RIBEIRO MARIANO
ROHOREZ KASSIOS DE FARIA
THAINARA DA SILVA FONSECA

MEMORIAL DESCRITIVO DE CÁLCULO


Estruturas de Concreto Armado

Divinópolis
2023
1. Objetivo
Este documento tem como objetivo estabelecer os parâmetros, especificações
e critérios a serem considerados na concepção do projeto da estrutura em
concreto armado do edifício Laboratório Belvedere.

2. Características gerais da obra


Este projeto diz respeito à estrutura em concreto armado de um complexo de
laboratórios, a ser construído na UEMG Unidade Divinópolis (figura 01),
equipado com infraestrutura para laboratório de física, química, microbiologia e
fitopatologia no pavimento térreo; salas de reuniões e escritórios no primeiro
pavimento.
Figura 1. Localização do empreendimento

Fonte: Autores, 2023

A obra abrange uma área construída de 888,31 m², com cada uma das quatro
fachadas laterais medindo aproximadamente 32 metros de largura. No âmbito
deste projeto, optou-se pela utilização de fundações do tipo sapata isolada,
bem como uma estrutura composta por pilares, vigas e lajes em concreto
armado. A escolha recaiu sobre uma laje nervurada devido aos consideráveis
vãos entre os pilares no empreendimento. Quanto à cobertura do edifício, será
executada com laje impermeabilizante, visto que a impermeabilização cria uma
barreira eficaz contra a entrada de água, impedindo vazamentos e infiltrações
indesejados. Isso é particularmente importante em áreas onde há risco de
danos causados pela água, da pode prolongar a vida útil da estrutura, uma vez
que evita danos causados pela água, como corrosão de armaduras de
concreto, desintegração de materiais e deterioração prematura.

Figura 2. Planta baixa do térreo

Fonte: Autores, 2023

Figura 3. Planta baixa do primeiro pavimento

Fonte: Autores, 2023


3. Documentos de referência

Projeto Arquitetônico

Laudo de Sondagem à percussão (SPT)

4. Normas utilizadas

Este projeto foi elaborado de acordo com as Normas Brasileiras vigentes, em


particular:

 ABNT NBR 6118:2014 – Projeto e Execução de Obras em Concreto Armado;

 ABNT NBR 6120:2019 – Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações;

 ABNT NBR 7480:1996 – Barras e Fios de Aço destinados a Armaduras para


Concreto Armado;

 ABNT NBR 8681:2004: Ações e segurança nas estruturas – procedimento.

 ABNT NBR 6123:2013: Forças devidas ao vento em edificações –


procedimento.

5. Materiais

5.1 Concreto
Para a execução da estrutura de concreto armado deste projeto, foi
determinada a utilização do fck (resistência característica a compressão do
concreto) de 25 MPa, para todos os elementos estruturais.

5.2 Aço
Quanto às armaduras longitudinais e transversais dos elementos estruturais, foi
adotado o uso de aço CA-50 e CA-60, por serem os mais utilizados no
mercado, com bitolas que variam de 5 mm a 12,5 mm, de acordo com a
solicitação das cargas de projeto nos elementos estruturais.

5.4 Agregados

5.4.1 Agregado Graúdo

Deverá ser utilizado preferencialmente pedra britada proveniente do britamento


de rochas estáveis. Recomenda-se a utilização de agregado basáltico ou
granito como agregado graúdo. Independente do material a ser utilizado, os
mesmos deverão estar isentos de substâncias nocivas ao seu emprego, tais
como torrões de argila, material pulverulento, gravetos e outros e, deverão
possuir diâmetro máximo superior a 3,6 mm. O armazenamento em canteiro
deverá ser feito em plataformas apropriadas, de modo a impedir qualquer tipo
de trânsito sobre o material já depositado.

5.4.2 Agregado Miúdo

Como agregado miúdo, deve-se utilizar areia natural quartzosa, ou artificial,


resultante da britagem de rochas estáveis, com uma granulometria que se
enquadre no especificado pelas Normas. Este agregado deverá estar isento de
substâncias nocivas à sua utilização, tais como mica, materiais friáveis,
gravetos, matéria orgânica, torrões de argila, etc. O armazenamento da areia
deverá ser feito em plataformas apropriadas protegidas por valetas, para evitar
a contaminação do material pelo escoamento das águas pluviais.

5.5 Alvenaria

Em comum acordo com o contratante, foram consideradas em todos os


pavimentos alvenarias de bloco cerâmico furado.

5.6 Laje Nervurada:


Nervuras: A laje nervurada possui nervuras (também conhecidas como vigotas)
que são os elementos principais de suporte da laje. Essas nervuras são
estruturas lineares em forma de caixas, normalmente feitas de concreto
armado, dispostas em uma grade regular na laje.

Preenchimento com Poliestireno (EPS): Entre as nervuras da laje, há espaços


que são preenchidos com placas de poliestireno expandido (EPS). O EPS é um
material plástico leve e isolante, que possui excelentes propriedades térmicas e
acústicas. Ele foi colocado entre as nervuras para fornecer isolamento térmico
eficaz para o edifício.

As dimensões da laje nervurada utilizada no edifício estão descritas na Figura


4, a seguir.
Figura 4. Dimensões da laje nervurada

Fonte: Cypecad, versão 2017

5.7 Telhado
Nesse projeto foi adotada a utilização de cobertura em laje impermeabilizada
com manta asfáltica colada a quente, executada de acordo com a NBR 9574
(ABNT, 2008), para garantir que sejam atendidas as condições mínimas de
proteção da construção contra a passagem de fluidos, bem como a
salubridade, segurança e conforto do usuário.

6. Cargas
6.1 Cargas Permanentes
Em estruturas de concreto armado, as cargas permanentes referem-se aos
pesos constantes e estáveis que uma estrutura deve suportar ao longo de sua
vida útil. Essas cargas são chamadas de permanentes porque estão sempre
presentes e não variam significativamente com o tempo. Elas são fundamentais
para o projeto estrutural, pois, quando consideradas no cálculo, ajudam a
garantir a segurança e estabilidade da construção.

Peso próprio da estrutura: É o peso da própria estrutura de concreto armado,


incluindo lajes, vigas, pilares, paredes, fundações, etc.
Paredes e divisórias: O peso das paredes internas e externas, divisórias e
outras estruturas permanentes dentro do edifício.

Acabamentos: O peso dos acabamentos permanentes, como revestimentos de


parede, pisos, tetos e outros elementos arquitetônicos que não são facilmente
removíveis.

Cargas fixas: Cargas associadas a equipamentos permanentemente


instalados, como a caixa d’água, que tem um peso constante.

As cargas permanentes foram adicionadas ao projeto conforme a posição


indicada nas plantas de arquitetura, sendo que devem respeitar o quadro
abaixo:

Tabela 1. Cargas permanentes na laje nervurada


Espessura Peso especifico Peso
Descrição
(m) (kN/m3) (kN/m2)
Peso próprio (laje nervurada - cypecad) 0,2 25 5
Revestimento cerâmico 0,01 23 0,23
Contrapiso 0,03 21 0,63
Impermeabilizações em coberturas com manta
asfáltica e proteção mecânica, sem revestimento 0,1 18 1,8
(γap-m = 18 kN/m3)
Forro de gesso em placas, inclui estrutura de suporte - - 0,15
Caixa d'água de 1000 l - 1 m³ / área da laje - 9,8 0,65
Fonte: Autores, com base na NBR 6120 (ABNT, 2019)

Para este projeto, também foi necessário considerar em alguns locais a carga
distribuída de alvenarias que apoiam diretamente sobre lajes, com
carregamentos conforme a Tabela 2. As lajes que tiveram esse tipo de
carregamento estão destacadas na Figura 5.

Tabela 2. Carregamento em lajes com peso de alvenaria

Laje Area da laje (m2) Peso especifico (kN/m²) Peso de alvenaria na laje (kN/m2)
22 44,55 1,90 0,77
23 44,55 1,90 0,87
21 44,55 1,90 0,87
17 44,55 1,90 0,77
Fonte: Autores, com base na NBR 6120 (ABNT, 2019)
Figura 5. Lajes com carga de alvenaria

Fonte: Autores, 2023

6.2 Sobrecargas
Sobrecargas de utilização, também conhecidas como cargas variáveis ou
cargas móveis, são as cargas que variam e podem ser temporárias em uma
estrutura. Ao contrário das cargas permanentes, que são constantes e
previsíveis, as sobrecargas de utilização incluem cargas que mudam ao longo
do tempo e que não são permanentemente aplicadas na estrutura. As
sobrecargas de utilização foram retiradas da Tabela 10 da NBR 6120 (ABNT,
2019).

Tabela 3. Cargas variáveis na laje nervurada


Descrição Peso especifico Peso (kN/m2)
(kN/m3)
Sobrecarga de Laboratório - 3
Sobrecarga de Corredor de Uso Comum - 3
Sobrecarga de Salas de uso geral e sanitários - 2,5
Fonte: Autores, com base na NBR 6120 (ABNT, 2019)
6.3 Vento
Para calcular como os ventos afetam uma construção, é crucial conhecer a
velocidade básica do vento (V0) e vários fatores como topografia, rugosidade,
tipo e segurança da edificação. Esses parâmetros são definidos pelas diretrizes
da NBR 6123 (ABNT, 2013), considerando características específicas do local
em que a obra está inserida. A velocidade básica do vento foi determinada
conforme a Figura 6, na qual foi possível verificar que a região de Divinópolis –
Minas Gerais se encontra em uma área de V0 = 35 m/s.

Figura 6. Mapa eólico do Brasil

Fonte: NBR 6123 (ABNT, 2013)

O fator topográfico foi determinado a partir da avaliação, conforme a NBR 6123


(ABNT, 2013), de que o terreno onde a construção será edificada é fracamente
acidentado (S1 = 1,00). A classe de rugosidade foi determinada ao se
observar, na referida norma, a seguinte classificação, que condiz com a
situação do empreendimento:

Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco


espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada. A cota média
do topo dos obstáculos é considerada iguala 10 m. NBR 6123 (ABNT,
2013)
A classe da edificação também foi determinada ao se observar as dimensões
da obra, que em seu maior lado tem 31 m de comprimento e se encaixa,
portanto, na Classe B. O fator rugosidade do terreno foi de 0,83, verificado com
auxílio da Tabela 2 – Fator Ss.

Na Parâmetros de vento adotados neste projeto:


Tabela 4. Parâmetros de vento adotados neste projeto
Parâmetros de Vento
V0 – Velocidade Básica (m/s) 35 m/s
S1 – Fator topográfico 1,00
Classe de Rugosidade IV
Classe da Edificação B
S2 – Fator Rugosidade 0,83
S3 – Fator Estatístico 1,00
Fonte: Autores, 2023

7. Exigências de durabilidade
As exigências de durabilidade do concreto armado são fundamentais para
garantir a vida útil e a segurança das estruturas de concreto ao longo do
tempo. Diversos fatores podem afetar a durabilidade do concreto armado,
incluindo a exposição a ambientes agressivos, como alta umidade, agentes
químicos, entre outros.

7.1 Classes de Agressividade


De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 34), a agressividade ambiental
está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de
concreto, independentemente de ações mecânicas, das variações volumétricas
de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no
dimensionamento das estruturas. Por se tratar de uma obra inserida em meio
urbano, a área em que ela está inserida foi classificada, de acordo com a NBR
6118 (ABNT, 2014), como área de moderada agressividade ambiental, ou seja
CAA II, conforme Tabela 5.

Tabela 5 .Classes de agressividade ambiental (CAA)


Classe de Agressividade Classificação geral Risco de
agressividade do tipo de ambiente deterioração da
ambiental para efeito de projeto estrutura
I Fraca Rural Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana Pequeno
III Forte Marinha Grande
Industriala, b
IV Muito forte Industrala,c Elevado
Respingos de maré
Fonte: Adaptado de NBR 6118 (ABNT, 2014)
7.2 Fator água/cimento
O fator água/cimento é uma medida que descreve a quantidade de água em
relação à quantidade de cimento utilizado na mistura de concreto. É uma das
características mais importantes na produção de concreto, pois afeta
diretamente suas propriedades físicas e mecânicas, incluindo resistência,
durabilidade e trabalhabilidade. A proporção água/cimento é expressa como a
razão entre o peso da água e o peso do cimento utilizado na mistura, conforme
equação 01.

𝑨 𝒑𝒆𝒔𝒐 𝒅𝒂 á𝒈𝒖𝒂 (𝒌𝒈)


𝑭𝒂𝒕𝒐𝒓 𝑪 = 𝒑𝒆𝒔𝒐 𝒅𝒐 𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 (𝒌𝒈)
eq. 1

Tabela 6. Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto


Concreto Tipo Classe de agressividade (Tabela 4)
I II III IV
Relação CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
água/cimento em
massa
Classe de concreto CA ≥C20 ≥C25 ≥C30 ≥C40
(ABNT NBR 8953)
Fonte: Adaptado de NBR 6118 (ABNT, 2014)

A Tabela 6 possibilita correlacionar a CAA encontrada na Tabela 5 para


encontrar o fator A/C e a classe de resistência à compressão (fck) adequados
para que o concreto utilizado tenha qualidade satisfatória e cumpra os
requisitos da NBR 6118 (ABNT, 2014).

De acordo com a classificação encontrada na Tabela 6, é necessário que o


concreto produzido para a obra tenha, no mínimo, um fck de 25 MPa e um fator
A/C máximo de 0,6.

8. Cobrimentos
Para garantir o atendimento aos requisitos mínimos da NBR 6118 (ABNT,
2014), deve ser respeitado o cobrimento mínimo da armadura, ou seja, a
espessura mínima da camada de concreto que cobre o aço e o protege contra
os agentes agressivos do ambiente. Para determinação do cobrimento, foi
consultada a norma supracitada, e a classificação foi feita conforme mostrado
na

Tabela 7.
Tabela 7. Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal

Tipo de Componente ou Classe de agressividade ambiental


estrutura elemento I II III IV
Cobrimento nominal (mm)
Concreto Laje 20 25 35 45
armado Viga/pilar 25 30 40 50
Elementos 30 40 50
estruturais em
contato com o solo
Fonte: Adaptado de NBR 6118 (ABNT, 2014)

Para fins de padronização na execução, foi adotado o cobrimento nominal


mínimo para todas os elementos estruturais de 30 mm, ou seja, 3 cm.

9. Combinações de Cálculo
9.1 Combinações Últimas
9.2 Combinações de Serviço
10. Fundação
10.1 Dados do Solo
De acordo com o relatório de sondagem fornecido (ANEXO I) o solo do terreno
possui baixa resistência a penetração nos 5 primeiros metros de profundidade,
portanto a cota de assentamento da fundação deverá ser superior a 5 metros, o
que inviabiliza a utilização de sapatas.

10.2 Tipo de fundação adotada

O tipo de fundação adotada foi estaca escavada, visto que este tipo de estaca
apresenta bom desempenho para maiores profundidades, custo benefício
satisfatório, inclusive para solos com a presença de lençol freático.

A cota de assentamento definida para a estaca foi de 6 metros, visto que a


essa profundidade o NSPT encontrado foi de 29 golpes.

A carga geotécnica admissível (média) na cota de apoio foi de 116,76 kN. Os


diâmetros comerciais da estaca escavada são de 25 a 90 cm, suportando uma
carga de 200kN a 2.500kN. O diâmetro adotado foi de 25 cm, que possui carga
nominal de 200 kN.

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