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O IMPACTO DO COEFICIENTE ADICIONAL γn EM PILARES DE

CONCRETO ARMADO COM LARGURA DA SEÇÃO


TRANSVERSAL INFERIOR A 19 CM.

Eduardo Rocha Marques¹; André Felipe Aparecido de Mello²

Acadêmico do curso de Engenharia Civil. Universidade Federal da Grande Dourados


(UFGD)¹; Professor do curso de Engenharia Civil. Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD)²;
Edurmarques26@gmail.com¹; andremello@ufgd.edu.br2;

RESUMO - O presente trabalho propõe um estudo para analisar o


impacto que o coeficiente adicional γn causa nos pilares de concreto
armado, com dimensões na seção transversal menores que 19 cm,
majorando seus esforços solicitantes de cálculo. Com o auxílio do
programa Sistemas TQS – Universidades v20, para a realização dos
cálculos e fornecimento dos dados, foi proposto um edifício de concreto
armado com diferentes lançamentos de modelos de pilares em sua
estrutura. Os modelos variaram sua largura de 19 a 15 cm, buscando
permanecer as mesmas áreas na sessão transversal em todos os casos.
Foi apresentado uma analise que mostra um aumento no consumo de
aço e custo final dos pilares ao terem suas cargas majoradas.
Palavras-chave: Pilares; Coeficiente adicional; Majoração.

ABSTRACT – The present work proposes a study to analyze the impact


that the additional coefficient ƴn causes in the pillars of reinforced
concrete with dimensions in the cross section smaller than 19 cm by
increasing their calculation efforts. Through the program TQS -
Universities v20, to perform calculations and data provision, it was
proposed a reinforced concrete building with different models of pillars
in its structure. The models vary their width from 19 to 15 cm, seeking
to remain the same areas in the transversal session in all cases. An
analysis was presented showing an increase in steel consumption and
cost of the pillars.
Keywords: Pillars; Additional coefficient; Increase.

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limite relativa para a consideração dos


1. INTRODUÇÃO
momentos fletores de 2ª ordem. A revisão de
A Engenharia Civil ao longo dos anos 2014, apresenta as mesmas orientações,
sofreu constantes evoluções e com isso trouxe incluindo a verificação do momento fletor
diversas mudanças para o setor de mínimo que pode ser feita comparando uma
construção, sendo comum hoje em dia a envoltória resistente, englobando a envoltória
utilização de diferentes tipos estruturais para mínima de 2ª ordem.
as edificações, visando uma ideia de inovação, De acordo com a NBR 6118/2014, a
sustentabilidade e funcionalidade para atingir seção transversal dos pilares não deve
o melhor custo-benefício. Porém, o concreto apresentar área menor que 360 cm² e
armado ainda é o material mais comum também, independente da sua forma,
encontrado nesse ramo, principalmente em nenhuma das suas dimensões devem ser
edifícios e pequenas obras. menores que 19 cm. No entanto, em casos
Para atender aos esforços ocasionados especiais, dimensões entre 19 cm e 14 cm,
pelas cargas do edifício e a agressividade do terão seus esforços solicitantes multiplicados
meio ambiente, as estruturas de concreto por um coeficiente adicional γn em seu
armado necessitam passar por adaptações dimensionamento.
que as façam garantir qualidade, conforto e Essa orientação da norma segue como
segurança, bem como atender as base para o estudo deste trabalho, em que foi
peculiaridades dos projetos arquitetônicos proposto uma análise dos pilares com largura
atuais. Desta forma, a NBR 6118 – Projeto de entre a 19 cm e 15 cm, com o intuito de
Estruturas de Concreto – Procedimento, vem observar as consequências da majoração dos
sofrendo mudanças, de modo que esforços solicitantes de cálculo para a
acompanhe os constantes avanços composição destes elementos estruturais.
tecnológicos em relação ao projeto estrutural,
bem como ao desenvolvimento dos concretos 2. OBJETIVOS

de alta resistência. Durante a concepção de um edifício de


Sobretudo no caso dos pilares, de concreto armado, optar por um bom
acordo com Bastos (2015), a versão de 2003 arrojamento estrutural pode aumentar a
da norma implantou diversas modificações, funcionalidade, durabilidade e qualidade,
sendo essas: Valor da excentricidade bem como diminuir o custo final dos seus
acidental, maior cobrimento de concreto, elementos estruturais.
nova metodologia para calcular a esbeltez

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De acordo com o apresentado, o quanto ao desempenho da estrutura em


presente trabalho teve como objetivo realizar serviço.
uma análise para demonstrar o impacto que a
3.2. PILARES
majoração das cargas, devido ao coeficiente
adicional γn, pode trazer nas construções de Pilar é um elemento estrutural que

pilares. possui a função de conduzir as cargas das

A análise relacionou larguras na seção vigas ou lajes para as fundações, recebe

transversal de pilares entre 19 cm e 15 cm, principalmente os esforços de compressão,

comparando as diferenças no consumo de aço podendo assim, estar sujeito a compressão

e nos custos finais de construção de cada normal ou obliqua. Pode ser posicionado na

dimensão, tomando-se como base de vertical ou inclinado. (CARVALHO e PINHEIRO,

comparação a dimensão mínima de 19 cm. 2009)


Os pilares podem estar sujeitos a
3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA forças normais e momentos fletores,
enquanto somente a força normal agir sobre
3.1. ARROJAMENTO ESTRUTURAL
o pilar, será compressão centrada ou simples,
Os elementos estruturais são objetos se esta força atuar em conjunto com o
que constituem uma estrutura, tendo uma ou momento fletor, acontecerá a flexão
mais dimensões dominantes sobre as outras composta, podendo ser classificada como
como vigas, lajes, pilares entre outros. Sendo normal, quando o momento é considerado
chamado de sistema estrutural o modo que em apenas uma das direções principais da
estes elementos estão arranjados, seu seção ou obliqua, caso considere o momento
comportamento pode depender somente de nas duas direções principais. (NASCIMENTO,
como está esse arranjo, não importando o 2009)
tipo de material que são produzidos.
3.3. CLASSIFICAÇÃO DOS PILARES QUANTO A
(CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO, 2010).
POSIÇÃO NA ESTRUTURA
A compreensão do arrojamento
Conforme Araújo (2010), os pilares
estrutural de uma edificação é tão importante
podem ser classificados de acordo com a
quanto saber os cálculos para o seu
maneira que são dispostos na estrutura,
dimensionamento, de modo que um bom
podendo ser pilares intermediários, de
arrojamento trará melhores resultados, tanto
extremidade ou de canto, como ilustrados na
em relação aos esforços de dimensionamento
figura 1:

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Figura 1. Classificação dos pilares quanto à entre 19 cm e 14 cm, desde que os esforços
posição de projeto. solicitantes de cálculo a serem considerados
no dimensionamento sejam majorados por
um coeficiente adicional γn. Em todos os
casos, não são permitidos pilares com seção
transversal de área menor que 360 cm². (NBR
6118, 2014).
Os valores do coeficiente adicional γn
são mostrados na Tabela 1:
Tabela 1 – Valores do coeficiente adicional γn
Fonte: (Araújo, 2010) para pilares e pilares - parede
• Pilares intermediários – São chamados b (cm) 19 18 17 16 15 14

assim, pilares de apoios para vigas continuas, γn 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25

considerando apenas o carregamento de


Fonte: (NBR6118, 2014)
compressão vertical e desprezando os
Onde o coeficiente adicional γn, deve
momentos fletores transmitidos por elas;
majorar os esforços solicitantes finais de
• Pilares de extremidade – São pilares
cálculo para o dimensionamento, o
que servirão de apoio de extremidade para
coeficiente adicional γn pode ser calculado
uma viga descontinua, assim deve-se
utilizando a equação 1:
considerar os momentos transmitidos,
𝛾𝑛 = 1,95 − 0,05𝑏 (1)
possuindo situação de projeto de flexo-
compressão normal; Onde:
• Pilares de canto – São pilares que b: É a menor dimensão da seção
servem de apoio para duas vigas transversal, em centímetros.
descontinuas, assim deve-se considerar os
4. METODOLOGIA
momentos fletores de ambas e situação de
projeto de flexo-compressão obliqua. O presente trabalho foi realizado por
meio de uma análise, com o objetivo de
3.4. COEFICIENTE DE MAJORAÇÃO
apresentar uma comparação relacionando
A seção transversal de pilares, em diferentes larguras de pilares de concreto
qualquer tipo de forma, não pode possuir armado de um edifício, utilizando o programa
dimensão menor que 19 cm. Em casos Sistemas TQS, versão v20 - TQS universidades
especiais, a norma permite utilizar dimensões (2017).

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O edifício proposto tem a A alvenaria está apoiada diretamente


superestrutura em concreto armado, é sobre as vigas em cada pavimento, gerando
situado em perímetro urbano, contém 4 uma carga linear de 8 kN/m.
pavimentos, de área 96 m² (8m x 12m) e pé Seguindo as prescrições da NBR
direito de 3 metros. 6120:1980 – Cargas para o cálculo de
A Figura 2 demonstra o edifício estruturas e edificações, o edifício foi
proposto em um plano 3D para uma melhor considerado como residencial e desta
visualização dos elementos estruturais e maneira, foram adotados para as lajes de cada
como estão arrojados na estrutura. Imagem pavimento uma carga permanente de 1 kN/m²
fornecida pelo Sistema TQS, após o e uma carga acidental de 2 kN/m².
lançamento dos dados supracitados. O peso próprio dos elementos
Figura 2. Imagem 3D do edifício proposto. estruturais já está incluso nos cálculos devido
as análises serem realizadas pelo Sistema
Computacional TQS. O sistema desenvolvido
pela TQS informática Ltda, fornece os dados,
combina as ações e dimensionamento dos
elementos estruturais, através da entrada dos
dados de geometria e cargas.
A estrutura do edifício é composta por A coleta de dados foi realizada
12 pilares, sendo estes 2 pilares propondo 5 modelos diferentes de pilares
intermediários, 6 pilares de extremidade e 4 para estruturar o edifício, em que as larguras
pilares de canto, laje treliçada em todos os variaram entre 19, 18, 17, 16 e 15 cm,
pavimentos com 16 cm de altura, sendo 4 cm procurando conseguir-se manter a área
de capa e 12 cm de preenchimento, e vigas mínima de 360 m². A análise foi realizada
com as mesmas dimensões por todo o edifício pelas diferenças das cargas exercidas nos
de 15 cm de largura e 40 cm de altura. pilares, devido ao coeficiente adicional, de
A análise estrutural seguiu os critérios modo que aconteça uma variação no
exigidos pela NBR6118:2014, utilizando consumo do aço, influenciando no custo de
concreto classe C25. Os cobrimentos das vigas cada situação.
e pilares são de 3 cm e os esforços Os valores do consumo de aço
ocasionados pelo vento não são considerados. encontrados foram comparados com o
primeiro modelo, pilar com seção de 19 cm x
19 cm, devido a este não possuir majoração

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em suas cargas, pois é a dimensão mínima A figura 3 mostra a planta de forma


aceita pela norma sem que seja considerado com a posição dos pilares de 19 cm x 19 cm no
como um caso especial. Nos outros modelos, edifício. Os outros modelos apresentam a
os esforços solicitantes de cálculo foram mesma planta de forma, com os pilares
majorados pelo coeficiente adicional, posicionados com o lado de menor inercia no
resultando numa carga até 20% maior que eixo y.
valor inicial.
Figura 3. Planta de forma do edifício para os modelos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES As verificações e cálculos dos efeitos


locais de segunda ordem são realizadas de
Durante a montagem dos
maneira automática pelo programa.
carregamentos o Sistema TQS calcula
Ressaltando-se que o dimensionamento só
diferentes combinações dos esforços para o
será realizado se os elementos estruturais
pórtico espacial do edifício. As combinações
suportarem todas as combinações possíveis.
avaliam o Estado de Limite Ultimo (ELU), peso
Ao analisar as combinações dos
permanente, peso próprio e a carga acidental
esforços do edifício proposto, observou-se
geradas pelos dados recebidos pelo software,
que após a majoração de segurança,
de modo que o pior caso considerado dará
houveram diferenças consideráveis nos
origem a força normal inicial de cálculo.
esforços solicitantes de cálculo entre os
pilares de dimensão transversal de 19 cm a 15

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cm. Essas diferenças se deram devido a A coleta dos dados foi realizada
majoração ocasionada pelo coeficiente através da alteração de todos os pilares
adicional, acarretando-se em um aumento de existentes no edifício, observando as
5% para cada centímetro diminuído na diferenças causadas pelo γn em suas cargas e
dimensão transversal de cada pilar. consequentemente na quantidade das
Notou-se também, que alguns valores armaduras longitudinais de cada modelo
sofrem uma pequena aproximação para proposto:
obtenção de resultados mais exatos.
• Modelo 1: Seção transversal de 19 cm x 19
A tabela 2, demonstra como foram
cm;
adotados os esforços solicitantes para o
• Modelo 2: Seção transversal de 18 cm x 20
cálculo dos pilares de canto, de acordo com a
cm;
sua respectiva largura, exemplificando como o
• Modelo 3: Seção transversal de 17 cm x 22
software adota os valores das cargas no
cm;
dimensionamento de cada pilar do edifício.
• Modelo 4: Seção transversal de 16 cm x 23
Tabela 2. Esforços solicitantes - Pilares de
canto cm;
• Modelo 5: Seção transversal de 15 cm x 24
Largura γn Nd x γn Nd adotado
19 cm 1,00 24,00 tf 24,00 tf cm.
18 cm 1,05 25,20 tf 25,20 tf
Os pilares de todos os modelos foram
17 cm 1,10 26,50 tf 27,00 tf
dimensionados pelo próprio Software TQS,
16 cm 1,15 27,60 tf 28,00 tf
15 cm 1,20 28,80 tf 29,00 tf satisfazendo os critérios estabelecidos pela
NBR6118:2014, com exceções dos pilares
5.1. CONSUMO DE AÇO
intermediários P6 e P7 (figura 3) do modelo 5,
Analisando os dados, observou-se que que ao sofrerem as majorações,
ao diminuir uma dimensão da seção apresentaram alguns problemas, conforme
transversal do pilar, haverá um aumento no descritos a seguir.
consumo de aço, isso ocorre devido ao Em primeiro momento, o Sistema TQS,
coeficiente adicional γn. Deste modo, ao
classificou que a resistência obtida (Rd) foi
diminuir um dimensão, aumentará a carga
inferior à solicitação (Sd), nestes casos é
atuante no elemento, necessitando assim do
recomendável aumentar a armadura, a
aumento na quantidade de aço para a resistência do concreto ou a seção do pilar.
armadura longitudinal, atendendo às novas Para manter a seção e a resistência do
solicitações de cálculo. concreto com objetivo de realizar as

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comparações, foi optado por aumentar a cada modelo proposto. Inicialmente, o


armadura do elemento. consumo contabilizado será somente das
A figura 4, mostra a configuração final armaduras longitudinais, que são as de
das armaduras longitudinais dos pilares P6 e importâncias estruturais. Os estribos, que
P7 do modelo 5. possuem mais importância nos processos
construtivos, serão contabilizados nas
Figura 4. Armaduras longitudinais do P6 e P7
análises de composição de custos.
do modelo 5.
Tabela 3. Consumo de aço P19x19

Modelo 1. γn = 1
Ø 10 371,30 kg
Ø 12,5 65,60 kg
Ø 20 110,50 kg
Total 547,40 kg

Tabela 4. Consumo de aço P18x20

Modelo 2. γn= 1.05


Esta configuração de armadura Ø 10 322,00 kg
longitudinal satisfez os critérios exigidos pelos Ø 12,5 77,20 kg
esforços, porém não satisfez duas Ø 16 112,70 kg
Ø 20 110,50 kg
recomendações da norma que garantem a
Total 622,40 kg
qualidade da trabalhabilidade do elemento
estrutural: Tabela 5. Consumo de aço P17x22
• Excedeu-se a taxa de armadura
Modelo 3. γn = 1.10
máxima de 8%; Ø 10 322,00 kg
• Ultrapassou-se a recomendação da Ø 12,5 77,20 kg
Ø 16 46,00 kg
armadura longitudinal não ser superior a 1/8
Ø 20 221,00 kg
do menor lado da seção pilar, que, neste caso,
Total 666,20 kg
seria a bitola de 16 mm. Entretanto, ao usar
Tabela 6. Consumo de aço P16x23
esta dimensão, não seria respeitado o
espaçamento limite de armaduras Modelo 4. γn = 1.15
Ø 10 319,74 kg
longitudinais.
Ø 12,5 26,90 kg
O consumo de aço é demonstrado a Ø 16 133,40 kg
seguir pelas tabelas de 3 a 7, sendo que cada Ø 20 333,40 kg
uma mostra o quantitativo necessário para Total 813,44 kg

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Tabela 7. Consumo de aço P15x24 concreto e de formas utilizados para a

Modelo 5. γn = 1.20 execução dos pilares, sendo estes dados


Ø 10 319,74 kg fornecidos pelo Software Sistema TQS.
Ø 16 245,96 kg Reunindo os quantitativos de concreto,
Ø 20 270,00 kg
formas e a análise de consumo de aço foi
Ø 25 240,34 kg
Total 1.076,04 kg realizada a composição dos custos adotando
os preços existentes no boletim de preços do
O Gráfico 1 mostra o resumo do SindusCon MS – Sindicato Intermunicipal da
consumo de aço para cada modelo, no qual, Indústria da Construção do Estado de Mato
observa-se que o consumo de aço aumentou Grosso do Sul (Data-base setembro e outubro
de acordo com a redução nas dimensões dos de 2018).
pilares. Comparando o modelo 1 aos demais Os preços fornecidos, estão incluindo
modelos, tem-se que no modelo 2 o consumo tanto material quanto a mão de obra:
chegou a aumentar cerca de 13,70%, no • Aço fino = R$ 9,72/kg;
modelo 3 aumentou cerca de 21,70%, no • Aço médio = R$ 9,05/kg;
modelo 4, para suportar as cargas majoradas, • Aço grosso = R$ 9,10/kg;
aumentou cerca de 48,60% o seu consumo e • Concreto Fck 25 Mpa = R$ 316,00/m³;
no modelo 5, apresentou um aumento de
• Forma para pilares, utilizadas 2x = R$
96,60%, devido a necessidade de reforçar a
81,01/m².
resistência obtida.
Analisando a tabela 8 - Composição
Gráfico 1. Resumo do consumo do aço (kg) dos custos para cada modelo, confirma-se que
para cada dimensão.
1076,04
ao reduzir a dimensão do pilar de 19 cm até 15

813,44
cm, o custo total dos pilares aumenta.
622,40 666,20 Comparando o modelo 1 até o modelo 5 o
547,40
custo aumentou cerca de 38,30%, devido da
necessidade de um consumo maior do aço.
Isso demonstra que o aço tem, de
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 Modelo 5
maneira geral, o custo mais elevado na
construção dos pilares. Deste modo, a
5.2. CUSTOS
maneira que os pilares são dimensionados
podem trazer diferenças significantes para o
Para a composição dos custos foi
custo final da obra.
necessário também o quantitativo de
É necessário ressaltar que a tabela 8,

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contém somente o custo originado para a que os consumos de aço ocasionam no final da
construção dos pilares deste estudo, não obra, porém cada projeto possui sua própria
incluindo os outros elementos que compõem peculiaridade e a decisão de como os pilares
uma estrutura de concreto armado. são arrojados no projeto deve ser do
Ressalta-se também que o objetivo engenheiro responsável juntamente com o
dos custos é demonstrar a diferença de preço cliente.

Tabela 8. Custos de materiais para cada modelo.

Aço Formas Concreto Total

Modelo 1 R$ 6.438,25 R$ 4.431,25 R$ 1.643,20 R$ 12.512,70

Modelo 2 R$ 7.043,70 R$ 4.431,25 R$ 1.643,20 R$ 13.118,20

Modelo 3 R$ 7.412,10 R$ 4.548,70 R$ 1.706,40 R$ 13.667,16

Modelo 4 R$ 8.921,45 R$ 4.548,70 R$ 1.678,00 R$ 14.994,70

Modelo 5 R$ 11.265,80 R$ 4.431,00 R$ 1.643,20 R$ 17.304,10

6. CONCLUSÃO Pode-se observar que mesmo

O edifício proposto foi desenvolvido de mantendo a área de 360 cm², os esforços

maneira que possibilitasse encontrar solicitantes de cálculo, ao serem majorados,

resultados que permitissem alcançar os podem ter muita influência na composição

objetivos apresentados. final de um elemento estrutural. Esta

Ao comparar o quantitativo de aço de majoração acontece com o objetivo de

cada modelo, concluiu-se que ao diminuir a provocar um limite mínimo para a dimensão

largura dos pilares para um valor menor que transversal, garantindo que pilares com

19 cm em sua seção transversal, acarretará larguras menores tenham um desempenho

em um maior consumo de aço na estrutura e aceitável.

por consequência, um maior custo final da A NBR 6118:2014 recomenda a

obra na construção de pilares, devido ao aço dimensão mínima de 19 cm para a seção

estar entre os custos mais altos em uma obra transversal dos pilares, justamente por este

de concreto armado. apresentar um melhor comportamento


estrutural em relação aos inferiores. Isso

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acontece, devido as dimensões menores apresentados os dados precisos para alcançar


estarem sujeitas ao aumento da os objetivos propostos, para que sirvam como
probabilidade de ocorrer desvios relativos e uma análise teórica em casos semelhantes.
falhas na construção. Assim, o coeficiente Como possiblidade para estudos
adicional γn, tem a função de ajustamento da futuros, pode-se realizar a análise da
estrutura, garantindo que estes desvios não estabilidade global da estrutura, a qual é
ocorram de maneira significante nas influenciada pelas áreas das seções dos
construções. elementos calculados. Também é possivel
De maneira geral, estes aspectos verificar o comportamento estrutural dos
podem influenciar tanto na esbeltez e na demais elementos que compões uma
flambagem dos pilares, como também na estrutura (vigas e lajes), analisando as
durabilidade, já que as dimensões mínimas melhores opções de consumo de material e o
garantem os espaçamentos necessários para seu comportamento estrutural.
os cobrimentos das armaduras. As dimensões
7. REFERÊNCIAS
podem variar de projeto para projeto e caberá
ao engenheiro determinar as medidas
ARAÚJO, J. M.; CURSO DE CONCRETO
exigidas para cada elemento estrutural
ARMADO. Editora Dunas, 2010.
atender a estabilidade devida para o edifício.
Portanto ao buscar um padrão ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

estético, econômico, durabilidade ou até TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118. Projeto de

mesmo um melhor processo construtivo dos estruturas de concreto – Procedimento. Rio

elementos estruturais, pode-se decidir em de Janeiro. 2014.

manter a seção transversal e aumentar a


ASSOCIAÇÃO BRASIELIRA DE NORMAS
resistência do concreto utilizado ou aumentar
TÉCNICAS (ABNT). NBR 6120: Carga para o
a seção transversal e permanecer na
cálculo de estruturas de edificações. Rio de
resistência atual. Ambas alternativas
Janeiro, 1980.
solucionam o aumento do consumo de aço
nas estruturas. BASTOS, P.S.S.; Pilares de concreto

Ressalta-se que este trabalho não armado. Notas de aula da disciplina de

possui aprofundamento nos cálculos dos Estruturas de concreto armado. Bauru -SP,

elementos estruturais. O estudo de estruturas 2015.

de concreto armado é muito mais amplo e CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R.;
complexo, portanto apenas foram Cálculo e detalhamento de estruturas usuais

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de concreto armado: segundo a NBR


6118:2003. 3. ed. São Carlos, 2010. 367 p.

CARVALHO, R. C.; PINHEIRO, L. M.; Cálculo e


detalhamento de estruturas usuais de
concreto armado: volume 2. Editora Pini,
2009.

NASCIMENTO, P.P.; et al. Análise


experimental de pilares de concreto armado
submetidos à flexo-compressão, reforçados
com concreto auto-adensável e conectores.
2009.

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