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Journal of Building Engineering 32 (2020) 101751

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Jornal de Engenharia de Construção

Página inicial do jornal:http://www.elsevier.com/locate/jobe

Desempenho acústico de painéis sanduíche compósitos para pisos de edifícios:

Ensaios experimentais e simulação numérico-analítica

M. Proença, A. Neves e Sousa, M. Garrido*, JR Correia

CERIS, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Av. Rovisco Pais 1, 1049-001, Lisboa, Portugal

INFORMAÇÕES DO ARTIGO ABSTRATO

Palavras-chave: Os painéis sanduíche compostos têm sido cada vez mais considerados em aplicações estruturais devido à sua leveza, alta
Painéis sanduíche compostos resistência, resistência ao meio ambiente e facilidade de montagem. No entanto, como os fenômenos de perda de
Pisos de construção
transmissão são geralmente governados pela massa, seu baixo peso torna os painéis sanduíche compósitos potencialmente
Desempenho acústico
ineficientes em termos de desempenho acústico, um assunto que recebeu pouca atenção no passado. Este artigo apresenta
Testes experimentais
investigações experimentais, numéricas e analíticas sobre o desempenho acústico de painéis sanduíche compósitos utilizados
Modelagem analítica
Análise de elementos finitos
na construção civil. Testes padrão de transmissão de som aéreo e de impacto são realizados em um painel sanduíche
composto em escala real, projetado para aplicação estrutural em pisos de edifícios, e seu desempenho acústico é comparado
com os requisitos do código aplicável. No estudo numérico, um modelo de elementos finitos é desenvolvido para simular a
transmissão do som aéreo. O estudo analítico avalia a aplicabilidade do teorema da reciprocidade a tais painéis. Os resultados
obtidos confirmaram o baixo desempenho acústico geral dos pisos de painéis sanduíche compostos leves e apontaram a
necessidade de medidas adicionais de isolamento acústico. As simulações numéricas apresentaram boa concordância com os
dados experimentais, acompanhando o desenvolvimento geral da curva de perda de transmissão experimental, e prevendo o
mergulho associado ao efeito de coincidência. A aplicação do teorema da reciprocidade aos pisos de painéis sanduíche foi
validada com os resultados experimentais e permitiu uma previsão precisa do nível de pressão sonora de impacto com base
nos resultados numéricos da redução do ruído aéreo.

1. Introdução ambientes [14,15] e requisitos de manutenção reduzidos.

Os painéis sanduíche são hoje amplamente utilizados em diversas aplicações
de engenharia civil, principalmente em elementos não estruturais ou em
elementos com funções estruturais secundárias, como revestimentos ou
coberturas, com muitos produtos comerciais disponíveis atualmente. Esses
painéis sanduíche normalmente exibem chapas metálicas bastante finas, que
podem ser planas ou perfiladas, envolvendo um núcleo de espuma polimérica de
baixa densidade.1–3]. Recentemente, os sistemas de painéis sanduíche também
têm se mostrado adequados para funções estruturais primárias, como em pontes.
4–6] e decks de cais [7], e em pisos de edifícios [8], tanto para construção nova
como para reabilitação. Nesses casos, as soluções utilizadas normalmente
compreendem revestimentos de aço relativamente espessos e um núcleo
elastomérico sólido de alta densidade [9].
Para aplicações estruturais, materiais poliméricos reforçados com fibra (FRP) são
uma alternativa atraente para revestimentos metálicos.10–13]. As principais vantagens
oferecidas pelos compósitos de FRP quando comparados ao aço são seu menor peso
próprio, alta resistência, maior durabilidade mesmo sob condições adversas.
A leveza dos painéis sanduíche compostos de FRP torna-os uma
solução atrativa para pavimentos de edifícios, nomeadamente quando
comparados com materiais de construção mais tradicionais e mais
pesados, como aço ou betão armado. Isto é ainda mais válido para o
caso específico da reabilitação de edifícios, nomeadamente em edifícios
de alvenaria portante com pavimentos em madeira degradada. O baixo
peso próprio dos pisos de painéis sanduíche compostos de FRP
permitiria uma redução considerável das cargas verticais transmitidas
às paredes. O baixo peso próprio dos pisos também é vantajoso para a
resistência sísmica dos edifícios, pois as cargas horizontais transmitidas
aos elementos verticais (que muitas vezes têm capacidade de
resistência limitada) também são menores. Além disso, considerando
as possibilidades de pré-fabricação oferecidas pelos painéis sanduíche
compostos de FRP,
Por outro lado, no que diz respeito ao desempenho acústico, tanto a
transmissão de som aéreo como de impacto através de tais

* Autor correspondente.
Endereço de e-mail:mario.garrido@tecnico.ulisboa.pt (M. Garrido).

https://doi.org/10.1016/j.jobe.2020.101751
Recebido em 19 de fevereiro de 2020; Recebido em formulário revisado em 4 de agosto de 2020; Aceito em 16 de agosto de 2020
Disponível online em 28 de agosto de 2020
2352-7102/© 2020 Elsevier Ltd. Todos os direitos reservados.
M. Proença et al.
elementos são potencialmente altos. De fato, com valores de massa por unidade de área
geralmente tão baixos quanto 50 kg m−2, muito abaixo das típicas lajes de concreto
armado, espera-se que os painéis sanduíche compostos forneçam um isolamento
acústico ruim [16]. E, no entanto, os requisitos de conforto de construção para edifícios
de habitação e escritórios são rigorosos e devem ser cumpridos, portanto, podem ser
necessárias medidas de mitigação quando são usados painéis sanduíche compostos.
Apesar do crescente interesse por painéis sanduíche compósitos para
aplicação em pisos estruturais, ainda há carência de estudos que abordem
seu desempenho acústico. O presente trabalho visa colmatar esta lacuna,
criando um framework para avaliar o desempenho acústico de painéis
sanduíche compósitos leves, nomeadamente: (i) avaliando
experimentalmente o desempenho acústico de um piso de painel sanduíche
compósito à escala real; (ii) simulando numericamente os resultados
experimentais com base no Método dos Elementos Finitos (MEF), e (iii)
avaliando a aplicação do teorema da reciprocidade acústica ao painel
sanduíche composto estudado para avaliar de forma expedita a transmissão
do som de impacto.
Seguindo a introdução atual, o restante deste documento está
organizado da seguinte forma: seção2apresenta uma breve revisão de
estudos anteriores sobre o comportamento acústico de painéis sanduíche
para aplicações em construção civil; seção3descreve os testes acústicos de
painéis sanduíche compostos em escala real; seção4apresenta a simulação
numérica e analítica de tais testes; finalmente, seção5apresenta as principais
conclusões do estudo.
1.1. Revisão da literatura
Esta seção apresenta uma revisão de estudos anteriores sobre o comportamento
acústico de painéis sanduíche para aplicações em edifícios; a revisão não se concentra
exclusivamente em painéis sanduíche compostos de FRP devido à falta de estudos para
esse tipo específico de painéis. Mais informações podem ser encontradas na Ref. [16].
Em geral, o movimento de onda em um painel sanduíche submetido a uma excitação
acústica pode ser separado em (Figura 1): (i) movimento simétrico (muitas vezes
relacionado a ondas longitudinais); (ii) movimento anti-simétrico (relativo a ondas de
flexão/curvatura); (iii) movimento de dilatação (propagação de uma onda através da
espessura de um painel sanduíche); e (iv) ondas de cisalhamento. As primeiras pesquisas
sobre transmissão de som através de painéis sanduíche incluíam apenas deformação por
onda de flexão.17], e deformação de onda de flexão e dilatação [18]. Além disso, os
painéis foram tipicamente idealizados como infinitamente largos e simétricos,
desprezando os efeitos das condições de contorno que existem em painéis reais com
dimensões finitas.
Kurtze e Watters [17] estudou teórica e experimentalmente os efeitos da frequência
crítica na transmissão do som através de painéis sanduíche e deu recomendações de
projeto para melhorar a perda de transmissão com base na frequência crítica e na
relação entre a velocidade do som no ar e a velocidade da onda de cisalhamento. Os
autores também demonstraram como tal orientação poderia ser aplicada a um painel
sanduíche típico, com faces relativamente rígidas e um núcleo relativamente macio, para
obter um espectro de perda de transmissão próximo ao fornecido pela lei de massa para
uma determinada faixa de frequência. No entanto, nenhuma validação experimental foi
apresentada para confirmar tal afirmação. Seguindo o mesmo assunto, Ford, Lord e
Walker [18] destacou a importância de se considerar um modo ressonante acústico
dilatacional (através da espessura do núcleo), dependendo principalmente da rigidez do
núcleo e da massa dos revestimentos. No entanto, os espectros de redução de som
obtidos experimentalmente de três painéis sanduíche, compreendendo duas faces
externas de chapas duras de 4 mm de espessura e 50 mm
Figura 1.Diferentes propagações de ondas sonoras através de painéis sanduíche: a) ondas longitudinais; b) ondas de flexão; c) ondas de dilatação ed) ondas de cisalhamento.
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núcleos espessos de espuma de poliuretano de três densidades diferentes, exibiram
mergulhos devido a modos de flexão/flexão que afetaram o comportamento geral e,
consequentemente, desviaram os espectros de redução de som da lei de massas.
Uma formulação variacional de uma teoria de placas consistente foi
desenvolvida por Dym e Lang [19] para prever analiticamente a perda de
transmissão de som de um painel sanduíche considerando a deformação
simétrica e antisimétrica das faces externas do painel e incluindo a
deformação transversal de cisalhamento e a inércia rotacional do núcleo.
Expressões analíticas foram determinadas para a perda de transmissão e
impedância, e as estimativas comparadas razoavelmente bem com os
resultados experimentais. Em uma reconsideração do artigo anterior, Dym e
Lang [20] apontou que um painel com alta frequência de coincidência
simétrica e impedâncias simétricas e antissimétricas semelhantes poderia
apresentar uma redução de ruído bastante alta em uma ampla faixa de
frequência, apoiando assim a hipótese de Kurtze e Watters [17] que é
possível obter uma alta perda de transmissão apesar do baixo peso próprio
inerente dos painéis sanduíche. Da mesma forma, em outros estudos foi
relatado que estruturas sanduíche com núcleo de feltro não tecido poroso e
sem conexões adesivas nas faces também podem apresentar alta redução
de ruído e alta absorção de som.21].
Nilsson et ai. [22–24] usaram um modelo de viga de Timoshenko baseado em
uma rigidez de flexão aparente dependente de frequência para prever o
comportamento dinâmico e acústico de placas sanduíche. Esta abordagem foi
então estendida com sucesso para painéis ortotrópicos usando o Método da
Matriz de Transferência, para obter previsões precisas da perda de transmissão [
25,26].
No entanto, vários autores [27-32] desenvolveram estudos de otimização
do comportamento estrutural-acústico de painéis sanduíche leves,
mostrando que o projeto estrutural desses painéis leva a altas relações
rigidez-massa que prejudicam seu desempenho de isolamento acústico.
Para aumentar a perda de transmissão, pode-se aumentar a massa total do
painel, o que é indesejável, ou reduzir bastante a rigidez do núcleo. No
entanto, as propriedades mecânicas de núcleo baixo necessárias para
melhorar significativamente a perda de transmissão afetariam
negativamente o desempenho estrutural. Isso destaca a dificuldade em
projetar painéis sanduíche que atendam a ambos os tipos de requisitos.
Foi apenas mais recentemente que os efeitos das condições de contorno no
desempenho acústico de elementos de partição foram considerados. Como
exemplo, Xin [33] estudou experimental e teoricamente a perda de transmissão de
um elemento de partição de painel duplo feito de painéis homogêneos
envolvendo uma cavidade de ar, considerando condições simplesmente apoiadas
ou grampeadas. Como esperado, os efeitos do suporte de borda na perda de
transmissão foram notados principalmente na faixa de frequência mais baixa,
embora o elemento de partição de painel duplo não possa ser considerado como
um painel sanduíche.
Na literatura existem poucos exemplos de ensaios acústicos em painéis sanduíche.
Patinha et ai. [34] realizou testes não padronizados para caracterizar as propriedades de
isolamento acústico de espécimes sanduíche de compósito híbrido com 220×220
milímetros2em uma câmara acústica à prova de som de tamanho relativamente
pequeno. Os corpos de prova foram feitos de laminados de face híbrida de juta e fibra de
vidro com três arquiteturas de fibra diferentes e núcleos de poliuretano extrudados.
Esses testes foram realizados com diferentes distâncias entre os painéis e a fonte
acústica e o receptor. Essa configuração foi única e, portanto, os resultados não podem
ser comparados com outros dados experimentais, apontando a necessidade de
resultados de testes obtidos por meio de procedimentos de teste padronizados para
painéis sanduíche compostos.
Usando o FEM para avaliar o comportamento acústico de painéis sanduíche
M. Proença et al.
pode ser uma alternativa aos modelos analíticos ou ao tipo de teste experimental
descrito acima. A principal desvantagem desta abordagem é que a análise no
domínio de alta frequência requer modelos complicados e alto esforço
computacional devido aos tamanhos de elementos muito pequenos necessários
para simular com precisão a forma deformada de uma vibração de alta frequência
no fluido (ar) e sólido (estrutura) mídia. No entanto, tais simulações são capazes
de considerar explicitamente vários aspectos que foram desconsiderados na
maioria dos estudos descritos anteriormente, como: (i) a propagação de ondas
acústicas de todas as formas e em todas as direções; (ii) as dimensões planares
finitas dos painéis sanduíche; (iii) os detalhes da seção transversal do painel
complexo, e (iv) os efeitos das condições de contorno.
Pannetone e Atalla [35] desenvolveram modelos tridimensionais FEM de sistemas
multicamadas com materiais poroelásticos e cavidades de ar considerando acoplamento
fluido-estrutura para determinar a perda de transmissão de elementos de partição
finitos. Os modelos foram comparados a uma formulação analítica para painéis duplos
infinitos lateralmente e concluiu-se que tal simplificação (ou seja, desconsiderando a
dimensão finita dos elementos) pode levar a resultados incorretos na faixa de baixas
frequências, como esperado. Essas conclusões suportam a aplicação do MEF em casos
particularmente complexos para melhor estimar as características de perda de
transmissão, especialmente para baixas frequências, mas também em toda a faixa de
frequência.
Petrone et ai. [36] estudou a potência acústica irradiada de painéis sanduíche
de espuma de alumínio por meio de testes experimentais e modelagem numérica.
Novamente, os modelos numéricos foram capazes de prever os resultados
experimentais quando um fator de amortecimento constante foi assumido para a
faixa de frequência estudada.
Levando em conta os principais achados e limitações dos estudos
acima mencionados, a pesquisa apresentada neste artigo foi projetada
para abordar o comportamento acústico de painéis sanduíche
compósitos utilizados em aplicações prediais por meio de testes
padronizados de redução de ruído. Os experimentos visaram (i)
preencher a lacuna existente na literatura quanto à falta de dados de
testes padronizados sobre o índice de redução de som desses painéis
sanduíche, e (ii) obter um melhor entendimento de seu desempenho
acústico e da viabilidade de seu uso na construção de aplicações. Os
dados de teste também foram usados para fornecer curvas de
isolamento acústico de linha de base para serem comparadas com
previsões analíticas e numéricas (FEM) de modelos desenvolvidos neste
artigo, cuja aplicabilidade também foi avaliada.
2. Investigação experimental
2.1. Materiais e geometria
O painel sanduíche usado nesta investigação tem espessura totalt =134
mm, composto por duas faces idênticas de GFRP com espessuratf
=7 mm e densidadeρf=1800kgm−3, e um poli-celular rígido de células fechadas
núcleo de espuma de uretano (PUR) com espessuratc=120 mm e densidade deρc
=100kgm−3(todos os valores nominais). As folhas de face GFRP são
feitas de fibras Eglass com [0/0/30/-30/90/0]Slayup e uma ortoftálica
Figura 2.Painel sanduíche utilizado nesta investigação: (a) vista do painel antes da instalação na câmara de ensaio acústico; e (b) processo de infusão a vácuo.
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resina de poliéster. O painel sanduíche composto tem uma massa por unidade de área
de aproximadamente 35 kg/m2e foi projetado estruturalmente para aplicações em pisos
de edifícios.
Um único processo de infusão a vácuo foi usado para produzir o painel
sanduíche com dimensões 3,56×3,56 m2, como mostrado emFigura 2. Este
painel foi posteriormente cortado em dois painéis menores de 1,78×3,56 m2
para seu transporte das instalações de produção para as instalações de
teste acústico. Para os testes acústicos, o painel foi remontado colando as
duas partes com um adesivo de poliuretano,Sikaforce 7710 L100. Figura 2a
mostra o painel em escala real remontado.
Além disso, um 1,0×1,0 m2placa de GFRP foi produzida por infusão a vácuo
usando a mesma disposição de fibra e resina usada no painel sanduíche (Figura 2
b, primeiro plano). Esta placa foi utilizada para produzir corpos de prova para a
determinação das propriedades mecânicas dos laminados de face GFRP.
2.2. Testes de caracterização de materiais
Vários testes de caracterização de materiais foram realizados em laminados
GFRP e espuma PUR, bem como em amostras de painéis sanduíche (Fig. 3). Esses
testes, que são relatados em detalhes na Ref. [37], estão resumidas nos
parágrafos seguintes.
Testes de tração foram realizados no material GFRP ao longo do 0◦, 10◦
e 90◦direções da fibra de acordo com o padrão ISO 527-1,4 [38] (Fig. 3uma).
Espécimes com comprimento de 300 mm, largura de 25 mm, espessura de 7 mm e
distância de pega de 150 mm, foram carregados ao longo de seu comprimento
usando umInstronmáquina universal de testes hidráulicos (com célula de carga
integrada com 250 kN de capacidade e precisão de 0,01 kN). Os testes foram
realizados sob controle de deslocamento, a uma velocidade de 2 mm/min e uma
pressão de preensão de 40 bar. Em alguns corpos de prova, deformações
longitudinais, transversais e 45◦as direções também foram medidas comTML
extensômetros elétricos. O 0◦e 90◦testes permitiram determinar as seguintes
propriedades do material (tabela 1): (i) módulo de Young de tração longitudinal (E
t,L), (ii) módulo de Young de tração transversal (Et,T), (iii) razão de Poisson maior (υ
LT), e (iv) razão de Poisson menor (υTL). O 10◦
testes fora do eixo foram usados para determinar as propriedades de cisalhamento no plano
dos laminados, como o módulo de cisalhamento no plano (GLT).
Cupons de painel sanduíche de pequena escala foram testados em tensão e
compressão planas, seguindo a ASTMC297/C297 M e ASTMC365/ Padrões C365 M,
respectivamente [39,40], a fim de avaliar os módulos de elasticidade aparentes
através da espessura (Eap) do painel. Amostras planas com seção transversal
quadrada de 120×120 milímetros2e espessura de 134 mm (a espessura total do
painel sanduíche) foram testados usando o descrito anteriormenteInstron
máquina de teste, como mostrado emFig. 3bandac, sob controle de deslocamento,
a uma velocidade de 0,5 mm/min. Esses testes forneceram estimativas para os
módulos de elasticidade aparentes da espessura em tensão
Eap
t=20,5±0,2 MPa e em compressãoEap c=25,9±1,0 MPa.
A espuma PUR foi testada em cisalhamento usando um método de teste
desenvolvido internamente com base nos princípios da norma ASTM E 519 [41],
como mostrado emFig. 3d. Amostras cúbicas chanfradas com dimensões nominais
de 120×120×120 milímetros3(espessura idêntica ao núcleo do painel em escala
real) com 15 mm 45◦bordas chanfradas foram testadas usando o descrito
anteriormenteInstronmáquina. Os testes foram realizados sob
M. Proença et al. Journal of Building Engineering 32 (2020) 101751

Fig. 3.Ensaios de caracterização mecânica do material: (a) ensaio de tração do laminado GFRP; (b) ensaio de tração no plano do conjunto do painel; (c) ensaio de compressão plana do conjunto do painel;
e (d) teste de cisalhamento da espuma PUR.

com os requisitos das normas mencionadas anteriormente.

tabela 1
Propriedades do material do laminado GFRP (média±desvio padrão).
Direção do teste Propriedade
0◦(longitudinal) Et,L[GPa]
υLT[−]
90◦(transversal) Et,T[GPa]
υTL[−]
10◦(fora do eixo) GLT[GPa]
controle de deslocamento a uma velocidade de 0,5 mm/min. A variação de
comprimento ao longo da diagonal vertical do corpo de prova foi tomada como o
deslocamento da cruzeta da máquina de ensaio, enquanto a variação ao longo da
diagonal horizontal foi medida usando umAPEK-10transdutor de deslocamento,
com 10 mm de curso e 0,01 mm de precisão. Um módulo de cisalhamento médio (
G) de 8,65±1,04 MPa e uma resistência ao cisalhamento média de 0,32±0,06 MPa
foram obtidos. Considerando a espuma como um material isotrópico homogêneo
(suposição simplificadora), sua razão de Poisson foi estimada em 0,495, com base
no módulo de cisalhamento e no módulo de elasticidade aparente na compressão.
2.3. Avaliação experimental dos índices de isolamento acústico aéreo e de impacto de
um piso de painel sanduíche em escala real
Um piso de painel sanduíche em escala real com dimensões 3,56×3,56 m2
foi testado nas câmaras acústicas do ITeCons (Instituto de Investigação e
Desenvolvimento Tecnológico em Ciências da Construção) [42]. Dois testes
acústicos foram realizados de acordo com a Parte 1 da EN ISO 12999 [43],
Partes 2 e 3 da EN ISO 10140 [44,45] e Partes 1 e 2 da EN ISO 717 [46,47]
para determinar o isolamento de ruído aéreo e de impacto,
respectivamente. O piso foi instalado entre duas câmaras acústicas,
apoiadas em uma estrutura com 20 cm de largura ao longo de seu contorno.
Uma camada de material resiliente (folha de borracha de 20 mm de
espessura) foi aplicada na área de apoio da laje para minimizar a
transmissão de flanqueamento através dos apoios. A área da abertura entre
as duas câmaras acústicas tinha aproximadamente 10 m2(3.16×3,16 m2).
A câmara emissora para os dois ensaios de isolamento acústico tem formato cúbico
com borda interior de 3,75 m e paredes feitas com várias camadas de painéis de
partículas de madeira coladas com cimento, resultando em uma espessura total de
parede de 0,5 m. Os difusores sonoros são instalados nas paredes da câmara de modo a
atender aos tempos mínimos de reverberação prescritos nas normas pertinentes. A
câmara receptora tem forma de paralelepípedo com dimensões internas de 3,92×3,92×
4,72 m3, com paredes de dupla camada (cavidade) compostas por uma camada interna
de concreto armado e uma parede externa de alvenaria, resultando em uma espessura
total de parede de 0,5 m. O espaço da cavidade entre as duas paredes é preenchido com
lã de rocha. Esta instalação de teste foi projetada (e certificada independentemente) para
estar de acordo
A seguirBrüel & Kjærequipamento foi usado para os dois testes experimentais
acústicos (Fig. 4): (i) um multi-analisador de 5 canais, modelo 3560-C-T46; (ii) dois
Valor ½”microfones, modelo 4190; (iii) duas hastes giratórias, modelo 3923, para os dois
29,4±0,8 microfones; (iv) um calibrador de campo acústico, modelo 4231; (v) duas fontes
0,31±0,03 sonoras, modelo OMNIPOWER 4292; e (vi) uma máquina de rosqueamento tipo
15,6±1,0 3207. Um termohigrômetro e um barômetro foram usados para monitorar a
0,16±0,01 temperatura e a umidade relativa durante os testes.
4.1±0,3
As medições de teste da redução de som foram realizadas para duas
posições diferentes da fonte sonora e uma varredura de microfone com
uma haste rotativa, enquanto o nível de pressão sonora de impacto na
câmara receptora foi medido em quatro posições diferentes. Os tempos de
reverberação foram medidos considerando dois decaimentos, com uma
posição da fonte sonora e três posições do microfone. Os valores
experimentais dos níveis de pressão sonora no ar e de impacto foram
obtidos a partir das médias das posições de medição acima mencionadas.
O espectro de um terço de oitava medido experimentalmente do índice de
redução de som no ar é mostrado emFig. 5uma. Neste gráfico, uma primeira
queda do índice de redução de som é perceptível em uma frequência em torno de
1000-1250 Hz, que está associada principalmente ao efeito de coincidência. Este
efeito também é perceptível a partir da análise da curva do nível de pressão
sonora de impacto (Fig. 5b), onde há um aumento súbito no nível de pressão
sonora aproximadamente na mesma faixa de frequência.
Os requisitos legais para transmissão de som aéreo podem ser definidos por
diferentes indicadores (RC,DnTque é a diferença padronizada do nível de som,DnT,w
, ou FSTC, que é a classe de transmissão de som de campo), que normalmente
estão na faixa de 45 a 55 dB na maioria dos países [48]. A transmissão do som de
impacto também é descrita por diferentes indicadores (eun, w, EU'nT,wou FIIC que é
a classe de isolamento de impacto de campo), que pode variar significativamente,
embora a maioria dos países considere limites inferiores ou iguais a 60 dB [48].
A medição laboratorial do índice de redução de som ponderado obtido
pela aplicação do método de classificação descrito na EN 717-1 [46] éRC=30
dB. A diferença de nível de som padronizada ponderada correspondente éD
nT,w=34 dB, o que é significativamente inferior ao exigido por lei para pisos
de edifícios em Portugal [49] (DnT,w>50 (− 3) dB, onde o valor entre
parênteses é a tolerância permitida). A medição laboratorial do nível de
pressão sonora de impacto normalizado ponderado obtido pela aplicação do
método de classificação descrito na EN 717-2 [47] éeun, w=93 dB., O nível de
pressão sonora de impacto padronizado ponderado correspondente éeunT,w
=89 dB, o que é significativamente superior ao exigido por lei para pisos de
edifícios em Portugal [49] (EU'nT,w≤60 (+3) dB, onde EU'nT,wé a medição de
campo do nível de pressão sonora de impacto padronizado ponderado).
Esses resultados indicam que a transmissão do som de impacto é
particularmente crítica no projeto acústico dos painéis sanduíche estudados e que

4
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Fig. 4.Equipamentos e câmaras de ensaio utilizados nos ensaios acústicos experimentais de: (a) redução do ruído aéreo; e (b) nível de pressão sonora de impacto.
Fig. 5.Espectro de um terço de oitava do: (a) índice de redução de som para som aéreo, e (b) nível de pressão sonora de impacto normalizado.
devem ser implementadas medidas adicionais de isolamento acústico de forma a
cumprir os requisitos acústicos legais dos edifícios, nomeadamente através do
adequado detalhamento das soluções construtivas (eg, tecto falso suspenso por
suportes anti-vibração e/ou revestimento de pavimento apoiado numa camada de
material resiliente).
3. Simulação numérica e analítica
3.1. Visão geral
Testes acústicos em escala real, como os apresentados neste estudo, são
bastante complicados e caros. Por esta razão, é muito importante ter uma
forma alternativa de avaliar o desempenho acústico de painéis sanduíche
compósitos leves, de maneira relativamente precisa, sem ter que recorrer a
experimentos acústicos em escala real. A maneira mais expedita de estimar
tal desempenho seria avaliar aRC
valor de acordo com as equações aproximadas normalizadas encontradas no
Anexo B da EN 12354-1 [50]. No entanto, essas equações são válidas apenas para
elementos estruturais monolíticos isotrópicos homogêneos e não se aplicam a
este caso.
A massa geralmente governa os fenômenos de transmissão de ruído através
de elementos sólidos e tais equações aproximadas normalizadas são
particularmente precisas para elementos homogêneos com alta massa ou alta
densidade. No entanto, essas equações são normalmente consideradas aplicáveis
apenas para elementos de partição com uma massa por unidade de área de pelo
menos 150 kg/m2. Painéis leves como o aqui estudado, com massa em torno de 35
kg/m2, ficam abaixo da faixa de aplicação das equações aproximadas
normalizadas. Portanto, é importante avaliar ferramentas de previsão alternativas
para as propriedades de redução de ruído de tais sistemas de painéis leves e
complexos. Uma solução promissora que no passado provou fornecer bons
resultados é usar o FEM para estimar numericamente o desempenho acústico
desses painéis. Essa abordagem tem a
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potencial para fornecer previsões de desempenho acústico relativamente
precisas, proporcionando um compromisso entre a rapidez de equações
normalizadas simples e aproximadas e a natureza incômoda de
experimentos em escala real.
Para avaliar a viabilidade desta abordagem, um modelo numérico
acústico foi desenvolvido usando o pacote comercialAnsys17.2. Uma análise
harmônica acústica foi realizada para simular os experimentos de
isolamento acústico aéreo realizados na laje de painel sanduíche em escala
real. Além disso, a fim de avaliar rapidamente a transmissão do som de
impacto dos painéis, o teorema da reciprocidade foi usado para estimar
analiticamente os níveis de pressão sonora de impacto normalizados com
base nos resultados numéricos da redução do som no ar.
3.2. Modelagem numérica de isolamento acústico aéreo
3.2.1. Descrição do modelo numérico
3.2.1.1. Disposição e geometria.A geometria do modelo, representada em
Fig. 6, foi definido de forma a reproduzir as condições dos experimentos
apresentados em§3.3. No entanto, como simplificação, e para reduzir o
esforço computacional, apenas a dimensão da abertura (3.16×3,16 m2) foi
considerado e assumido constante ao longo da altura das câmaras,
desconsiderando a contribuição da área de contorno restante do painel e do
volume restante de ambas as câmaras acústicas, bem como a influência da
estrutura de suporte entre as câmaras.
3.2.1.2. Condições de contorno e excitação acústica.Os coeficientes de
absorção sonora (α) para as superfícies dentro das câmaras acústicas (mesa
2) foram estimados usando a equação de Sabine para obter os tempos de
reverberação (Tr) idênticos aos determinados experimentalmente. No
modelo numérico, os mesmos valores do coeficiente de absorção
M. Proença et al. Journal of Building Engineering 32 (2020) 101751

3.2.1.4. Malha.Para uma análise acústica no domínio da frequência usando o

Fig. 6.Modelo de elementos finitos para a análise harmônica acústica da redução
do ruído aéreo do painel sanduíche composto: (a) câmara emissora; (b) câmara de
recepção; e (c) painel sanduíche.
foram considerados para todas as superfícies das câmaras acústicas, sendo utilizados diretamente como
dados de entrada.
FEM, a seleção adequada do tipo e tamanho do elemento é fundamental,
pois determina a capacidade do modelo de simular a forma deformada que
corresponde a uma determinada vibração em uma determinada frequência.
Neste caso, os dois meios vibracionais a seguir devem ser analisados: (i) o
domínio acústico do ar e (ii) o domínio sólido estrutural. O domínio do ar foi
modelado com elementos fluidos hexaédricos 3D de 20 nós de ordem
superior (FLUID220 noAnsysbiblioteca de elementos) que são capazes de
exibir um comportamento de pressão quadrática considerando 4◦de
liberdade por nó: translações nos eixos x, yez e pressão acústica. Modelos
acústicos FEM com tais elementos quadráticos foram considerados menos
exigentes computacionalmente do que elementos lineares. O domínio sólido
foi modelado com elementos sólidos hexaédricos 3D de 20 nós de ordem
superior (SOLID186), que são capazes de exibir um campo de deslocamento
quadrático, considerando os seguintes 3◦de liberdade por nó: translações
nos eixos x, yez. Os elementos de interface do tipo CONTA174 e TARGE174
foram considerados nesta análise para modelar o contato entre os
diferentes elementos.
Para o estudo de sensibilidade da malha, o tamanho médio dos elementos
considerados foi de 316,0, 197,5, 158,0 e 126,4 mm; como mencionado, o
comportamento isotrópico elástico linear foi assumido para as faces de GFRP. Para
a faixa de frequências estudadas [89–3550 Hz], verificou-se que o modelo com
elementos de 126,4 mm (ilustrado emFig. 7) apresentou o total

Duas superfícies de interação fluido-estrutura acústica foram consideradas

(nas superfícies superior e inferior do painel) para acoplar as pressões sonoras no Tabela 3
domínio acústico com os deslocamentos nas superfícies do painel sanduíche. Propriedades mecânicas dos constituintes do painel sanduíche.

Material Eeu[MPa] ET[MPa] ν[−] ρ[kg/m3]

Uma condição de contorno simplesmente apoiada foi aplicada ao longo
GFRP – isotrópico 25,0×103(*) – 0,310 1800
do perímetro do painel sanduíche, uma condição que se mostrou fornecer a GFRP - ortotrópico 29,4×103 15,6×103 0,310 1800
melhor concordância com os resultados experimentais. Os efeitos dessa espuma PUR 25,9 – 0,495 100
simplificação devem ser mais perceptíveis para a faixa de baixa frequência, (*) Este valor foi calibrado a partir de uma aproximação da média dos módulos de
onde a influência das condições de suporte é tipicamente maior. elasticidade longitudinal e transversal do GFRP.
A fonte sonora acústica foi simulada por uma fonte de massa acústica
nodal de 0,01 kg/s em um dos cantos superiores da câmara emissora
acústica, que proporcionou níveis de pressão sonora semelhantes aos
medidos experimentalmente. A fonte de massa acústica foi considerada em
um nó em um dos cantos superiores da câmara emissora, a fim de gerar um
campo sonoro difuso com as características de reverberação acima
mencionadas.

3.2.1.3. Propriedades dos materiais.Embora as faces de GFRP sejam ortotrópicas,

em uma primeira etapa, como simplificação, elas foram consideradas como um
material isotrópico para fins de realização de estudos de sensibilidade de malha
(descritos abaixo). Em uma segunda etapa, os modelos foram desenvolvidos
considerando as propriedades ortotrópicas para as faces do GFRP. As
propriedades mecânicas do GFRP isotrópico, do GFRP ortotrópico e do PUR
isotrópico, todos considerados elásticos lineares, são apresentados emTabela 3e
resultado dos testes de caracterização do material apresentados em§2.2.
Adicionalmente, as seguintes propriedades foram consideradas para o
domínio acústico do ar: (i) densidade de massa de 1,2 kg/m3; (ii) velocidade
do som de 343,2 m/s, à temperaturaT=20◦C e umidade relativaRH=50%;
(iii) pressão de referência de 2,0×10−5Pa; e (iv) pressão estática de referência
de 101.325 Pa. Fig. 7.Malha de elementos finitos com tamanho de elemento de 126,4 mm (estudo de
sensibilidade da malha).

mesa 2
Coeficiente de absorção por banda de frequência de 1/3 de oitava (f).

f[Hz] 100 125 160 200 250 315 400 500 630

Tr[s] 2,32 1,60 1,53 1,27 1,20 1,07 1,07 0,96 1,02
α[−] 0,05 0,07 0,07 0,09 0,09 0,10 0,10 0,12 0,11

f[Hz] 800 1000 1250 1600 2000 2500 3150 4000 5000
Tr[s] 0,94 1,02 0,99 1,09 1.12 1,05 1,03 0,93 0,83
α[−] 0,12 0,11 0,11 0,10 0,10 0,11 0,11 0,12 0,13

6
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resultado mais próximo dos dados experimentais. Neste estudo, também foi Tabela 4
avaliado o número adequado de elementos (1, 2 ou 4) em toda a altura do Número de elementos, número de nós e tipos de elementos dos modelos de elementos
núcleo. finitos utilizados no modelo final.
Na análise acústica numérica, muitas vezes é recomendado o uso de 6 Elemento Nº de elementos Nº de nós Tipo de elemento

elementos de ordem por comprimento de onda da onda estrutural e

GFRP (2 faces) 1250 9256 SÓLIDO 186
acústica [51], embora 3 elementos possam produzir resultados PUR (núcleo) 1250 12.584 SÓLIDO 186
suficientemente precisos [52]. Para cumprir esta regra, que no presente Câmara emissora 18.750 83.512 FLUIDO220

caso é regida pelo meio acústico, seriam necessários elementos tão
pequenos como cerca de 40 mm. No entanto, com a capacidade
computacional disponível, um tamanho de elemento de 126,4 mm era a
dimensão mínima possível e, portanto, embora tenham sido obtidas
previsões relativamente precisas (cf. 4.2.2), a precisão da transmissão de
som prevista no meio aéreo é menor para frequências acima de 1000 Hz.
Fig. 8apresenta uma comparação entre os resultados experimentais
e os diferentes modelos utilizados no estudo de sensibilidade da malha.
Embora o modelo de previsão geralmente superestime o índice de
redução de som, possivelmente devido a diferenças entre as condições
de contorno existentes e modeladas, abaixo de 1000 Hz as diferenças
entre os resultados numéricos e experimentais são inferiores a 5 dB.
Pode-se observar que para a faixa de frequência de 3150 Hz só foi
possível obter resultados com o modelo composto por elementos de
tamanho 126,4 mm. No entanto, deve-se mencionar que a qualidade
dos resultados nesta banda é menor em comparação com frequências
mais baixas, pois o tamanho do elemento é muito maior do que o
teoricamente necessário para simular com precisão a forma deformada
de uma onda sonora nessa frequência.
Tabela 4resume a malha utilizada no modelo final (faces lineares
elásticas ortotrópicas de GFRP), composta por elementos com 126,4 mm de
tamanho e 2 elementos através da espessura do núcleo, indicando o
número total de elementos, o número de nós e o tipo de elementos .
3.2.1.5. Tipo de análise.A análise da resposta harmônica realizada no presente
estudo consiste em resolver as Equações(1) e (2), pertencentes ao domínio do ar e
à interação fluido-estrutura, respectivamente, onde: (i)C é a frequência analisada;
(ii)Mumaé a matriz de massa de fluido acústico; (iii)j é a unidade imaginária; (4)Cuma
é a matriz de amortecimento de fluido acústico; (v)Kuma
é a matriz de rigidez do fluido acústico; (vi)pé o vetor de pressão do fluido
acústico; (vii)fFé o vetor de carga de fluido acústico; (viii)Msé a matriz de massa da
estrutura; (ix)ρ0,RTeRsão submatrizes de acoplamento; (x)Mfé a matriz de massa
do fluido; (XI)Csé a matriz de amortecimento da estrutura; (xii)Cfé a matriz de
amortecimento do fluido; (xiii)Ksé a matriz de rigidez da estrutura; (xiv)vocêé o
vetor deslocamento, e (xv)fsé o vetor de carga da estrutura.
( )
− C2[Muma] +jw[Cuma] + [Kuma] {p}={fF} (1)
( [ ] [ ][ ]){ } { }
Ms 0 Cs 0 Ks −R você fS
− C2 + jw + = (2)
ρ0RT Mf 0 Cf 0 Kf p fF
A análise harmônica foi realizada para frequências entre 89 e 3550
Hz com passo de 1 Hz, totalizando 3461 frequências estudadas. Essa
faixa de frequências foi definida com base no padrão
Câmara receptora 25.625 114.660 FLUIDO220
Contato 8750 – CONTA174
Contato 8750 – TARGE170
Total 64.375 220.012 [−]
procedimento de teste experimental onde dezesseis bandas de frequência de 1/3
de oitava de 100 a 3150 Hz foram consideradas [41]. Esta análise foi implementada
sem considerar quaisquer efeitos de amortecimento para o meio sólido ou fluido.
Um acoplamento fluido-estrutura com algoritmo simétrico foi
considerado apenas para os elementos fluidos em contato direto com o
painel sanduíche, a fim de reduzir o esforço computacional do modelo.
3.2.2. Resultados e discussão
O nível de pressão sonora para cada câmara acústica foi determinado a
partir da integração dos níveis de pressão sonora nodal em uma área planar
centrada de 3×3m2próximo à meia altura da câmara. A diferença de nível de
ruído (eu1-eu2) foi simplesmente definido como a diferença entre o nível de
pressão sonora da câmara emissora (eu1) e o nível de pressão sonora da
câmara receptora (eu2), o que levou aos índices de redução do ruído aéreo (
R).
Os resultados numéricos para o modelo final são apresentados emFig. 9,
ou seja, os níveis de pressão sonora na emissão (eu1) e recebimento (eu2)
câmaras e a diferença correspondente (eu1-eu2); neste gráfico, o efeito de
coincidência pode ser representado como uma queda notável na curva de
redução de ruído em 1019 Hz.
Fig. 10apresenta uma comparação dos resultados experimentais e
numéricos da redução do ruído aéreo. Uma boa concordância geral foi
obtida entre os dados de teste e as simulações numéricas das etapas
preliminar (GFRP isotrópico) e final (GFRP ortotrópico). O modelo do 2º
estágio foi capaz de simular os dois mergulhos na redução do ruído aéreo
observado nos resultados experimentais, enquanto o modelo do 1º estágio
apenas recuperou um primeiro, porém mais amplo, mergulho. Assim, a
consideração da ortotropia do material GFRP parece ser importante para
simular com precisão o espectro de redução do som aéreo. Neste caso, as
diferenças entre os resultados numéricos e experimentais foram inferiores a
3 dB abaixo de 1000 Hz.
Apesar das diferenças acima mencionadas nas previsões dos modelos
preliminar e final, ambos os modelos numéricos previram o mesmo valor para o
índice de redução de som ponderado (RC) como o obtido experimentalmente, ou
seja, 30 dB. Isso pode indicar que para as geometrias e materiais utilizados nos
experimentos, a fim de determinar aRC
valor único, considerando o GFRP como um material isotrópico pode ser
uma simplificação aceitável. Como esperado, a redução de ruído na faixa de
frequência de 3150 Hz apresentou o maior desvio em relação ao

Fig. 8.Comparação dos modelos FE com os resultados experimentais da redução do ruído Fig. 9.Resultados numéricos para a transmissão de som aerotransportado FEM do painel
aéreo para os painéis sanduíche compostos (estudo de sensibilidade da malha). sanduíche composto (modelo final).

7
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√̅ ̅(̅ ̅ )̅̅
1 1 1
f12= S + (5.a)
2π m1 m2
√̅ ̅(̅)̅
1 1
f1= S (5.b)
2π m1

Devido à diferença nos módulos de elasticidade entre os laminados GFRP e a

espuma PUR, a face superior de GFRP do painel pode ser considerada como uma
camada dura de material apoiada em uma camada macia, mas resiliente de
espuma PUR. Aplicando esta formulação ao painel do presente estudo,f1=647 Hz,
considerando uma massa por metro quadrado (m1) de 12,7 kg/m2para a face
Fig. 10.Índice de redução do ruído aéreo: comparação de valores experimentais e
superior de GFRP e uma rigidez à compressão deS=208×106
numéricos – modelos EF preliminares (isotrópicos, 1 elemento através do núcleo) e
kN/m3para o núcleo PUR.
finais (ortotrópicos, 2 elementos através do núcleo).
Fig. 11apresenta uma comparação entre os resultados experimentais e as
previsões obtidas a partir das Equações(3) e (4). Como esperado, a equação(3)fez
resultados experimentais; isso se deve ao tamanho do elemento do modelo, conforme
um bom acordo comeun+Rvalores experimentais apenas até uma certa frequência
discutido acima. Também é importante destacar que as simplificações no volume das
(na banda de frequências de 630 Hz 1/3 oitava), e assim, embora no caso estudado
câmaras, explicadas detalhadamente no§4.2.1, também pode contribuir para essas
ambas as superfícies superior e inferior tenham a mesma massa (m1= m2), a
diferenças relativas.
superfície superior do painel sanduíche aparentemente se comporta como uma
superfície dura apoiada em um suporte Winkler (a face inferior de GFRP pode ser
3.3. Modelagem analítica de isolamento acústico de impacto
considerada um suporte rígido, pelo menos para este caso em que sua massa é
igual à da face superior). Para frequências mais altas, a frequência ressonante de
Redução do ruído aéreo (R) e nível de pressão de impacto (eun) pode ser
“corte” do sistema composto pela face superior de GFRP suportada pelo núcleo de
relacionado usando o princípio da reciprocidade. Rayleigh [53] foi o primeiro
espuma PUR controla a transmissão do ruído de impacto e apenas uma
a aplicar o teorema da reciprocidade ao campo vibroacústico, confirmando a
porcentagem da energia associada ao impacto é transmitida ao painel sanduíche.
relação entre um campo acústico incidente e a vibração de uma estrutura
Em outras palavras, sef1foi menor, reduzindo a rigidez compressiva do núcleo ou
excitada por aquele campo e vice-versa.
aumentando o peso da face superior de GFRP, o painel sanduíche composto
Com base nos resultados de testes padronizados de isolamento de
poderia se beneficiar desse efeito para uma faixa mais ampla de frequências,
impacto e ruído aéreo, Heckl e Rathe [54] propôs uma formulação analítica
levando a um melhor desempenho de redução de ruído de impacto.
para a soma deeuneRpara pisos com alta rigidez superficial (Equação(3)),
onde a impedância da superfície é alta quando comparada à impedância de
Estes resultados, nomeadamente a boa concordância entre os dados de teste
massa do impactor (martelo),
e a Equação(4), confirmam a suposição de que o painel sanduíche se comporta de
eun+R=38 + 30log10fm (3) forma semelhante a uma cobertura de piso suportada por uma camada resiliente.
Além disso, a boa concordância entre as previsões fornecidas pela Equação(4)(lado
Ondeeuné o nível de pressão sonora de impacto normalizado,Ré o índice de direito da expressão) e a soma dos dois resultados do teste acústico sugere que o
redução de som, efmé a frequência centralizada da banda de frequência de 1/3 de mesmo procedimento pode ser usado com os resultados numéricos das reduções
oitava. de ruído aéreo (dados de entrada) para estimar o nível de pressão sonora de
Para uma adequada relação entre a impedância do martelo (queda impacto normalizado (dados de saída ).
de massas na máquina de rosquear) e a do piso, essa formulação já Para avaliar a viabilidade e precisão desta abordagem, o nível de pressão
havia sido estendida para pisos com camadas resilientes por Cremer e sonora de impacto normalizado, apresentado emFig. 12, foi analiticamente
Cremer [55] (citado por Heckl e Rathe [54]) e Cremer [56], como eles
perceberam a Equação(3)só era válido até uma certa frequência.
Concluíram que, a partir dessa frequência, um fenômeno mecânico
local decorrente da influência da camada resiliente impediu que a
máquina de rosquear utilizada em tais ensaios transmitisse totalmente
a força ao sistema de piso. Nesses casos, fórmulas analíticas foram
derivadas para determinar a frequência “cut-off” (f12) em que Equação
(3)perde sua validade, e o efeito correspondente no teorema da
reciprocidade foi resumido da seguinte forma,
( /)4
eun+R=38 + 30log10fm−10log101 +f4 f
m 12 (4)

Ondef12é a frequência de ressonância de “corte” do painel (sistema de face e

núcleo). Equação(4)resultados de considerar a Equação(3)para uma seção
transversal homogênea com uma superfície dura, e adicionando um termo
adicional que pode ser considerado para levar em conta a influência de ter uma
camada resiliente abaixo da superfície superior. Esta aproximação é normalmente
considerada no caso de pavimentos flutuantes apoiados sobre uma camada
resiliente [57]. O f12A frequência de "corte" pode ser determinada usando a
Equação(5.a), onde m1e m2são a massa das camadas por unidade de área e S é a
rigidez à compressão da camada resiliente. No presente caso, onde ambas as
faces duras apresentam as mesmas propriedades mecânicas, a precisão do
modelo melhora quando f12é substituído pela frequência de ressonância das faces
duras desacopladas, que é dada pela Equação(5.b)[55]: Fig. 11.Comparação dos valores experimentais e recíprocos da redução do ruído
aéreo e do nível de pressão sonora de impacto do painel sanduíche composto.

8
M. Proença et al.
Fig. 12.Previsão do nível de pressão sonora de impacto usando o teorema da
reciprocidade e os índices numéricos de redução do ruído aéreo.
estimado a partir do nível de redução da pressão sonora no ar, recuperado dos
modelos FEM finais e do teorema da reciprocidade. Comparando esses resultados
com os valores experimentais, observa-se uma boa concordância. Da mesma
forma que os resultados numéricos de redução do ruído aéreo, para a faixa de
frequências de 3150 Hz, observa-se uma maior diferença relativa aos resultados
experimentais, confirmando a menor acurácia do modelo em simular
corretamente os fenômenos de transmissão do som para essas frequências (mais
altas).
Por fim, vale ressaltar que o índice de nível de pressão sonora de
impacto normalizado calculado a partir dos resultados do teorema da
reciprocidade foi igual ao índice determinado experimentalmente, o que
indica a utilidade do método analítico aqui apresentado para avaliar de
forma expedita o nível de pressão sonora normalizado de um sanduíche leve
laje do painel.
4. Conclusões
Este trabalho apresentou um estudo experimental para determinar o índice de
redução de ruído aéreo e o índice de ruído de impacto normalizado de um painel
de laje sanduíche mista projetado para pisos de edifícios, composto por faces de
GFRP e núcleo de espuma de PUR.
Como esperado para um piso tão leve, os valores do índice de
desempenho obtidos não atenderam aos requisitos acústicos estabelecidos
nos códigos de construção, tanto para ruídos aéreos quanto para sons de
impacto, e foi possível concluir que o design acústico desses painéis é
governado principalmente pelo som de impacto transmissão. Assim,
medidas de mitigação, como tetos falsos e/ou pisos apoiados em camada
resiliente, precisam ser consideradas para que esse sistema construtivo
tenha um desempenho acústico satisfatório.
Apesar das simplificações no modelo numérico desenvolvido, os resultados da
simulação se compararam muito bem com os resultados experimentais,
confirmando assim que o FEM pode ser usado para fornecer estimativas precisas,
principalmente abaixo de 1000 Hz, da transmissão de som aéreo através de
painéis sanduíche compostos leves, para os quais os métodos de previsão
simplificados padrão não são aplicáveis.
A comparação entre as previsões analíticas - usando o teorema da reciprocidade
combinado com uma formulação para pisos com camadas resilientes - e resultados
experimentais mostraram que as faces de GFRP fornecem uma superfície dura suportada
pelo núcleo de espuma de PUR macio, que atua como uma camada resiliente,
confirmando assim a aplicabilidade do método.
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Journal of Building Engineering 32 (2020) 101751
Os níveis de pressão sonora de impacto estimados de acordo com este
método obtiveram uma boa concordância com os resultados experimentais,
indicando assim a utilidade do método para determinar rapidamente os níveis de
pressão sonora de impacto de painéis de laje sanduíche mista, sem recorrer a
testes padronizados demorados e complicados.
Declaração do autor
Miguel Proença:Metodologia, Análise Formal, Investigação,
Redação - Rascunho Original e Revisão e Edição, Visualização
Albano Neves e Sousa:Conceituação, Metodologia, Validação,
Supervisão
Mário Garrido:Metodologia, Validação, Supervisão, Redação -
Revisão e Edição
João Ramôa Correia:Conceituação, Metodologia, Supervisão,
Administração de projetos, Aquisição de financiamento
Declaração de interesse concorrente
Os autores declaram que não têm interesses financeiros concorrentes
conhecidos ou relacionamentos pessoais que possam ter influenciado o
trabalho relatado neste artigo.
Reconhecimentos
este trabalhar foi suportado de a português gs1:
_501100007434Agência Nacional de Inovação (ANI) – Projeto EasyFloor
(nº 2015/3480), com a participação deALTO Perfis Pultrudidose
Universidade do Minho. O suporte oferecido pela empresaSika Portugal
SAe o institutoPIEP - Inovação em Engenharia de Polímerostambém é
reconhecido com gratidão.
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