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Avaliação de Métodos de Capacidade de Carga para Análise de

Comportamento das Fundações


Gabriela de Athayde Duboc Bahia
UnB, Brasília, Brasil, gabrieladuboc@gmail.com

Neusa Maria Bezerra Mota


BMS Engenharia, Brasília, Brasil, neusamota@bmsengenharia.com.br

Paulo José Rocha de Albuquerque


Unicamp, Campinas, Brasil, pjra@fec.unicamp.br

RESUMO: Sabendo da importância de avaliar o desempenho das edificações e de obter uma análise
mais apurada dos resultados, este trabalho tem como principal objetivo analisar os resultados
obtidos por meio de prova de carga e compará-los com aqueles obtidos por medições de recalque
em campo. A partir dos resultados dos ensaios, utilizaram-se os métodos Van der Veen (1953) e de
rigidez de Décourt (1996). Os valores obtidos pelo monitoramento de recalque foram comparados
às previsões simplificadas baseadas nos métodos de Randolph & Wroth (1979) e de Poulos (1993).
A partir das análises realizadas, verificou-se que os recalques aferidos pelo método de controle de
recalque e pela prova de carga foram menores do que aqueles obtidos pelos métodos de previsões
simplificados, tanto para Randolph & Wroth (1979) quanto para Poulos (1993). Os resultados
aferidos pelo controle de recalque foram obtidos durante toda a construção e apresentam caráter
preventivo, além de permitir a obtenção de parâmetros de deformabilidade da obra como um todo
para subsidiar a elaboração de projetos mais viáveis e seguros.

PALAVRAS-CHAVE: Métodos de previsão de capacidade de carga, controle de recalque, prova de


carga.

1 INTRODUÇÃO como objetivo apresentar as vantagens de se


realizar os ensaios de campo e apontar a
Sabe-se que na engenharia geotécnica a discrepância nos resultados obtidos pelos
capacidade de carga do terreno e os recalques métodos de previsão simplificados em relação
admissíveis são condicionantes imprescindíveis às medições em campo.
para a realização de um projeto de fundações.
Para a obtenção da capacidade de carga do
terreno de fundação e da grandeza dos 2 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA
recalques, assim como sua distribuição final, é
indispensável a realização de monitoramento de Diferentemente da estrutura de uma edificação,
recalques e de ensaios de prova de carga. a identificação de patologias em fundações
Porém, ainda que tais variáveis sejam carece de instrumentação para obtenção de um
importantíssimas para o projeto e sua correta diagnóstico precoce. Esse tipo de prática é
obtenção esteja estabelecida em norma, ainda é muito importante, uma vez que, profissionais de
possível estimar a capacidade de carga das um mesmo escritório não interagem
fundações por meio de métodos de previsão ocasionando além de projetos incompatíveis a
teóricos simplificados desacompanhados das desconsideração da interação solo-estrutura
devidas medições em campo. (ISE) nas análises.
Sabendo da importância de avaliar o A utilização da ISE, apesar de complexa,
desempenho das edificações, este artigo tem exerce bastante influência na determinação da
redistribuição dos esforços tornando-se de uma edificação com carregamento
imprescindível para a verificação do instantâneo.
desempenho global da edificação e dos sistemas Por esse motivo, o emprego de análises que
estruturais (Schnaid, F et. al., 2009). consideram a interação solo-estrutura são de
Para a obra obter um bom desempenho extrema importância para determinar o
supõe-se que ela seja bem sucedida em todas as comportamento real da obra. A técnica de
fases de construção. Portanto, é conveniente monitoramento de recalque além de ser um
exercer uma política de avaliação do método rápido e simples, permite obter o
desempenho da edificação continuamente, com desempenho das fundações evitando gastos e
diretrizes muito claras e bem definidas, permitindo também a otimização e viabilização
passando por todos os estágios de sua execução de projetos.
(Gusmão Filho, 2006).
O método de monitoramento de recalques e 2.1 Prova de Carga
provas de carga possibilitam essa verificação do
desempenho das edificações podendo ser Uma prova de carga fornece os valores de
utilizado também de forma preventiva. carga que a estaca suporta pelo deslocamento
É de conhecimento que o recalque de uma resultante e, que, junto aos valores de
fundação provoca movimentação na estrutura, deslocamentos obtidos pelo monitoramento de
que de acordo com a sua deformação e sua recalques fornecem uma análise mais completa
grandeza pode ser comprometida pelo recalque e realística da obra.
total máximo, pela inclinação ou pelo recalque O ideal é realizar este ensaio antes de
distorcional. Embora os recalques totais sejam executar as fundações, pois dessa forma pode-se
significativos, quando comparados com a reduzir o número de estacas da obra, seus
magnitude dos recalques distorcionais adquirem diâmetros ou comprimentos diminuindo os
importância secundária. custos com o desperdício de concreto e
A ocorrência de recalques elevados pode ter otimizando os projetos.
como consequência a necessidade de obras de Os critérios de Van Der Veen (1953) e o
reforço e recuperação, além de prejuízos na método de rigidez do Décourt (1996),
própria edificação, que gera atrasos no atualmente são largamente utilizados para
cronograma original da obra além de custos não estimativa da carga de ruptura. Esses métodos
previstos. foram desenvolvidos para extrapolar a curva
Os principais fatores que podem influenciar carga-recalque exclusivamente para fundações
na deformada de recalques de uma edificação submetidas à compressão axial (Zammataro et
são a rigidez da estrutura, o processo de al, 2003).
carregamento ao longo da obra e as O método de rigidez do Décourt considera
características do solo. que a ruptura do elemento de fundação ocorre
O aumento do número de pavimentos gera quando sua rigidez tende a zero.
uma tendência de uniformização de recalques e O critério de Van Der Veen para a
redistribuição de carga causada pelo aumento da extrapolação da curva carga-recalque consiste
rigidez e, uma vez atingido o seu limite, o em se arbitrar um valor de carga de ruptura Qult
acréscimo do número de pavimentos não e verificar se os pontos da curva carga-recalque
influencia mais na redistribuição de carga nos satisfazem ou não a equação abaixo (Aviz,
apoios, sendo esta influenciada apenas pelo 2006):
carregamento (Gusmão e Gusmão Filho, 1994).
Porém, a rigidez não pode ser considerada Q = Qult . (1-e-α . r )
isoladamente sem também levar em conta o
processo de carregamento da obra. Fraser e Sendo:
Wardle (1976) afirmam que a rigidez de uma
edificação quando se considera o carregamento Q: Carga vertical aplicada em determinado
gradual é aproximadamente metade da rigidez estágio de carregamento;
r: é o correspondente recalque medido no topo percussão e dois furos de sondagem mista
da estaca; (percussão e trado).
α: é o coeficiente que define a forma da curva. As fundações dos dois blocos foram feitas
em estaca hélice monitoradas com diâmetro
2.2 Métodos simplificados de previsão de variando de 400 e 500 mm.
recalque Vale ressaltar que neste artigo será analisado
apenas os recalques obtidos no Bloco 1.
A NBR 6122/10 (ABNT, 2010) descreve o
efeito de grupo de estacas como o 3.2 Monitoramento de Recalques
comportamento interativo das estacas de
fundação ao transmitirem cargas ao solo. Esse A técnica utilizada para o monitoramento de
comportamento causa uma superposição dos recalques consta, basicamente, de um nível
bulbos de tensão de forma que o recalque obtido ótico de precisão, utilizado para nivelar os pinos
por um grupo de estacas seja diferente do engastados nos pilares da edificação, tomando-
recalque de uma estaca isolada que recebe a se por base uma referência de nível profunda,
mesma carga (Cerqueira, 2009). ou “benchmark”, com o objetivo de medir os
Foram desenvolvidos alguns métodos para deslocamentos verticais da estrutura obtidos
estimar o recalque médio de um grupo de pela diferença de posição entre as leituras
estacas. Apesar de escassos os estudos do sucessivas.
comportamento de um grupo, tem-se observado O nivelamento ou leitura de referência foi
que existe uma relativa diferença entre os concretizado no dia 15/12/2011 após a
recalques obtidos para estaca isolada em concretagem da 3ª laje de cada bloco, tendo em
comparação com o grupo de estacas (Silva e vista abranger todas as etapas construtivas
Cintra, 1996). possíveis com as medições. Vale ressaltar que
Poulos e Davis (1980), posteriormente os recalques ocorridos antes desta data de
alterado por Poulos (1993), propuseram para nivelamento não se encontram computados nos
efeito de cálculo do recalque, a substituição de resultados apresentados.
um grupo de estacas por um único tubulão
equivalente. Esse método é adequado para 3.3 Prova de Carga
grupos de no máximo dezesseis estacas, e pode
ser utilizado junto a uma solução teórica de Para a realização deste ensaio, seguiram-se as
estacas isoladas. prescrições da NBR 12131/2006 utilizando
Randolph (1994) após realizar um estudo carregamento lento.
comparando os métodos numéricos com a No presente trabalho foi analisada apenas
solução do “tubulão equivalente”, constatou uma prova de carga (PC1 no Bloco 1). Vale
razoável a solução estimada desse método em ressaltar que a estaca ensaiada não é pertencente
casos de grupos de estacas para fins de análise à obra.
simplificada e preliminar. Na figura 1 observa-se que a estaca da PC1
apresentou recalque final de 3,2 mm, o que
corresponde a 0,64% do diâmetro da estaca.
3 METODOLOGIA Para a carga de trabalho que é de 833,6 kN
(85tf) o valor do recalque obtido foi de 1,5 mm,
3.1 Caracterização da Obra e do Subsolo ou seja, 0,3% do diâmetro da estaca.

O edifício residencial da obra em estudo situa-


se em Águas Claras – DF e compreende dois
blocos e periferias. Cada bloco apresenta vinte e
dois pavimentos sendo dois subsolos, um térreo
e dezenove pavimentos tipo.
Foram realizados seis furos de sondagem à
Carga Aplicada (kN) menor variação de cor da escala de recalque
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
0 entre eles, ou seja, a menor distância.
2
4 Tabela 1. Resultados da medição de recalque
6
Bloco 1
Recalque (mm)

8
Δt = 230 dias

Pilares
10
Recalque Total (mm) Velocidade de
12
Recalque
14
16
(µm/dia)
18
Média dos Extensômetros P107 3,195 13,89
20
P108 1,985 8,63
P111 2,820 12,26
Figura 1. Curva carga recalque. P120 3,250 14,13
P121 3,680 16,00
P125 3,950 17,17
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS P130 1,275 5,54
P132 2,410 10,48
P133 1,825 7,93
O presente artigo consistiu em avaliar o P134 3,065 13,33
comportamento das fundações ao longo do P137 4,355 18,93
carregamento, acompanhando o P138 3,125 13,59
desenvolvimento dos recalques e suas devidas P139 3,720 16,17
redistribuições de esforços.
A seguir apresentam-se as curvas de iso- A partir dos valores obtidos do
recalque obtidas por meio do software Surfer monitoramento dos recalques, verificou-se que
(Figura 2), assim como os resultados das a maior velocidade foi de 19 µ/dia. Este valor
medições realizadas no dia 01/08/12 do está dentro dos limites aceitáveis pré-
monitoramento de recalque do Bloco 1 (Tabela estabelecidos de até 80 µ/dia para fase
1). construtiva (Militisky et. al, 2005).
Obtiveram-se também os máximos
distorcionais que estão apresentados na tabela 2:

Tabela 2. Recalques distorcionais máximos do Bloco 1.


Recalques distorcionais
P133/P137 1/2583
P130/P139 1/2879

Observa-se que os valores de recalques


distorcionais apresentam-se distantes dos
limites estabelecidos pelas bibliografias
Figura 2. Curvas de iso-recalque da 4ª Medição do Bloco consagradas.
1. A seguir apresentam-se os resultados da
prova de carga realizada e os resultados das
As curvas de iso-recalque permitem analisar
análises pelo método de rigidez de Décourt.
a sua distribuição espacial na projeção do
A prova de carga (PC1) não chegou a
edifício. Essas curvas representam os pilares
mobilizar deslocamentos que favorecessem o
que obtiveram igual assentamento, análogas às
emprego do método de Décourt, aliás, o uso do
curvas de nível e facilitam a visualização dos
método de Van der Veen também não é
recalques para cada medição.
aplicável neste caso.
É possível obter uma estimativa da
No gráfico de Rigidez (figura 3) observa-se
combinação de pilar que apresenta maior
que não há intersecção da curva no eixo
recalque distorcional por meio dessas curvas,
horizontal, o que demonstra que está longe da
observando a maior concentração de linhas em
ruptura, mostrando que a estaca está
uma área entre dois pilares considerando a
trabalhando por atrito (linha verde).
aproximado, uma mudança de comportamento
para a estaca da PC1 na carga de 522 kN (53 tf).
A partir dessa carga o conjunto bloco de
coroamento-fuste-base começam a trabalhar
conjuntamente. Essa mudança de
comportamento fica evidente quando
apresentado o resultado de carga-recalque da
estaca com as equações dos comportamentos
observados para PC1, figura 6.
Figura 3. Gráfico de rigidez da PC1. Carga (kN)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
0,0
No gráfico abaixo, figura 4, pode-se observar
a curva carga vs recalque estimada pelo método, 1,0 y = 0,0014x + 0,0007
R² = 1
indicando uma carga convencionada de 3,021

Recalque (mm)
MN (deslocamento associado a 10% do 2,0
y = 0,0027x - 0,748
diâmetro da estaca). R² = 0,9881
3,0

4,0 Bloco+Fuste
Bloco+Fuste+Ponta

5,0
Figura 6. Curva carga recalque – Equações dos trechos
destacados.

A figura 7 apresenta o resultado da


estimativa de carga de ruptura obtida pelo
Método de Van der Veen. O valor estimado
para a capacidade de carga para a estaca foi de
Figura 4. Gráfico carga vs recalque da PC1estimada pelo
2500 kN (254,9 tf).
método de rigidez.
Recalque (mm)
Com relação ao atrito lateral, o método 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
0,0
mostrou que o limite inferior do atrito foi de 0,2
284 kN e superior de 3020 kN. 0,4
0,6
A figura 5 apresenta os resultados da PC1 em 0,8
X = -ln(1-s/sr)

1,0
termos do recalque último medido em função da 1,2
carga aplicada em escala logarítimica. 1,4
1,6
1,8
Carga Aplicada (kN) 2,0 1500 kN 2000 kN
100,0 1000,0 2,2 2500 kN 3000 kN
0,0 2,4 3500 kN
1,0 2,6
2,0
Figura 7. Resultado da PC1 pelo método de Van Der
3,0
Veen.
Recalque (mm)

4,0
5,0
6,0 Vale ressaltar que a previsão feita por Van
7,0 Der Veen deve ser usada com restrição devido
8,0 aos pequenos deslocamentos obtidos. Em
9,0
Média dos Extensômetro situações como esta, em geral, o método
10,0
superestima a carga de ruptura.
Figura 5. Curva carga recalque em escala logarítimica.
Para uma análise comparativa, simplificada,
dos resultados obtidos por meio das provas de
Nesta figura observa-se, de modo
carga e controle de recalque, e com base nos
métodos de Poulos e Randolph apresentam-se previsão de recalque de 18,94 mm para o grupo
as tabelas 3 a 7. de estacas do P125. Valor este distante do
Na tabela 3 comparando os resultados de encontrado pelo CR, de 3,95 mm. Vale ressaltar
recalque da prova de carga (PCE) com os o módulo de elasticidade do solo foi adotado de
recalques medidos pelo controle de recalque acordo com a literatura, que não consideram a
(CR), observa-se que na carga de trabalho da variabilidade estatigráfica do subsolo. Dessa
estaca ensaiada o recalque foi de 1,50 mm por forma, verifica-se que a forma de obtenção do
meio da PCE e 3,95 mm para o pilar mais módulo de elasticidade do solo não foi
próximo da PCE (P125) por meio do CR. adequada, ainda que seja uma variável muito
complexa de se determinar.
Tabela 3. Análise comparativa dos recalques do Bloco 1 Utilizando o método de Poulos para uma
Recalques (mm) – estaca isolada do P125, apresenta-se a tabela 5.
Bloco 1
PCE CR
Tabela 5. Solução teórica de Poulos aplicável à estaca
Carga Recalque Carga
Recalque isolada (P125).
adotada para para o adotada para
para uma Resultado para estaca isolada
a grupo de a
estaca
determinação estacas determinação Fator de influência para estaca
isolada 0,055
do recalque (P125) do recalque incompressível em solo (I0)
1,500 833,6 kN 3,950 676 kN Correção para rigidez relativa da
1,15
estaca (Rk)
Observa-se que o recalque obtido pelo grupo Correção para camada finita (Rh) 0,85
de elementos por meio do CR apresentaram-se Correção para o coeficiente de
0,97
maiores que o recalque obtido na carga de Poisson (Rν)
trabalho de um elemento isolado de fundação, Fator de influência (I) 0,052
aproximadamente 50%, confirmando que para
um elemento isolado o recalque obtido foi Previsão de recalque (ρ) 4,49 mm
menor do que para o grupo de estacas.
Realizando os cálculos necessários para o Observa-se na tabela 5 uma previsão de
efeito de grupo de estacas utilizando o método recalque de 4,49 mm para uma estaca isolada.
do tubulão equivalente e aplicando após ele o Valor este distante do encontrado pela PCE, de
método de Poulos para uma estaca isolada, 1,50 mm.
conforme sugerido por Sales (2000) encontram- Para o método de Randolph e Wroth (1980)
se os valores expressos nas tabelas 4 e 5 para o modificado posteriormente por Randolph
pilar P125. (1994) foi realizada uma previsão de recalque
para uma estaca isolada e outra previsão para o
Tabela 4. Solução teórica de Poulos para o grupo de efeito do grupo de estacas do P125. Esses
estacas (P125).
Resultado para estaca isolada após aplicada a
resultados estão dispostos nas tabelas 6 e 7.
equivalência para um tubulão
Fator de influência para estaca Tabela 6. Método de Randolph para uma estaca isolada
0,24
incompressível em solo (I0) do P125.
Correção para rigidez relativa da Resultado para estaca isolada
1,02
estaca (Rk)
Módulo cisalhante do solo a uma 0,70
Correção para camada finita (Rh) 0,975 profundidade Z=L (GL) kN/cm²
Correção para o coeficiente de Razão entre a média do módulo 1
0,69
Poisson (Rν) cisalhante do solo em que se encontra a
0,165 estaca e o módulo cisalhante do solo na
Fator de influência (I) profundidade Z=L (ρ)
18,935 mm Parâmetro de rigidez da estaca ( ) 1
Previsão de recalque (ρ)

Com base na tabela 4 observa-se uma


Continuação da Tabela 6 correta a distorção dos resultados medidos com
Resultado para estaca isolada os previstos pelos métodos de Poulos e
Raio máximo de influência (rm) 22500 mm Randolph.

Parâmetro de transferência de carga (ζ) 4,723

Relação entre o raio da ponta e o raio 1 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS


da estaca (η)
Relação entre o módulo de elasticidade 4554 Pode-se dizer que o método de controle de
da estaca e o módulo cisalhante do solo recalque consiste em um ensaio simples e
a uma profundidade Z=L (λ)
0,72
rápido de se executar. Além disso, quando
Parâmetro da equação de Randolph e
Wroth (μL1) realizado desde o início da construção é
Previsão de recalque (wt1) 5,40 mm utilizado como um controle de qualidade das
fundações.
Os resultados se mostraram satisfatórios
Tabela 7. Método de Randolph para o grupo de estacas dentro das faixas limites estabelecidas pelas
do P125.
bibliografias consagradas com valores pequenos
Resultado para o grupo de estacas de recalque e de distorção.
Correção do parâmetro de Nos resultados de prova de carga o uso dos
36,40
transferência de carga (ζ) métodos de interpretação devem ser aplicados
Correção do parâmetro de rigidez da com restrição devido às pequenas deformações
2,02
estaca ( ) sofridas que podem subestimar ou superestimar
Parâmetro da equação de Randolph e
0,26 os valores da carga de ruptura.
Wroth (μL2)
Na análise comparativa dos resultados pode-
Previsão de recalque (wt2) 30,73 mm se observar que os recalques medidos foram
superiores aos obtidos na prova de carga para os
Observa-se que pelo resultado da previsão de dois métodos realizados (carga de trabalho da
recalque obtido na tabela 6, a previsão de estaca).
recalque para o elemento isolado obtido foi de Com base nos resultados obtidos por meio
5,40 mm enquanto na tabela 3 o resultado foi de das previsões de carga pelos métodos de Poulos
1,50 mm. Na tabela 7, a previsão de recalque (1993) e Randolph (1994) pode-se confirmar o
para o grupo de estacas foi de 30,73 mm, a qual comportamento esperado do recalque no grupo
se encontra distante tanto do valor de previsão de estacas ser superior ao recalque obtido por
de recalque pela teoria de Poulos de 18,94 mm uma estaca isolada.
(tabela 4) quanto para o obtido por meio do Quando comparados os recalques previstos
ensaio de controle de recalque de 3,95 mm aos recalques medidos observa-se uma
(tabela 3). determinada diferença nos valores. Isso pode ter
Dessa forma, observa-se que para o elemento ocorrido devido à complexidade dos métodos
isolado o recalque obtido é sempre menor que de previsão de recalques, os quais dependem
para o grupo de estacas, confirmando o dos diversos parâmetros do solo que dependem
esperado pela literatura, ainda que os valores da grande variabilidade estatigráfica.
medidos pelos ensaios apresentem-se distantes
dos obtidos por previsões, caracterizando
possíveis erros na metodologia, devido ao 6 REFERÊNCIAS
procedimento empírico e complexidade de
obtenção dos parâmetros do solo. ABNT (2006). Estaca – Prova de carga estática – Método
de ensaio: NBR-12131. Associação Brasileira de
Para uma melhor análise dos dados seria Normas Técnicas, Rio de Janeiro, RJ, 8p.
necessário realizar uma retroanálise dos ABNT (2010). Projeto e execução de fundações: NBR-
parâmetros do solo utilizando os resultados 6122. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio
obtidos pela prova de carga estática. Com esses de Janeiro, RJ, 91p.
resultados seria possível comparar de forma Aviz, L. B. M. (2006). Estimativa da capacidade de carga
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