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Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

Pavement Mechanics: Geotechnical Features

Mecánica de los Pavimentos: Aspectos Geotecnicos


Jacques de Medina

Resumo. Apresenta-se o estudo da deformabilidade dos solos compactados sob a ação de cargas repetidas e a obtenção de
parâmetros de deformação resiliente ou elástica e deformação plástica acumulada, utilizados na análise estrutural de pavimentos
flexíveis. Acentua-se a importância do meio físico - clima e natureza dos solos - no dimensionamento. Apresentam-se alguns
tópicos da análise estrutural e a expectativa quanto a elaboração de métodos mecanísticos.
Palavras-chave: mecânica dos pavimentos, ensaio triaxial de cargas repetidas, deformação específica, teoria da elasticidade,
efeitos do clima, solos tropicais.

Abstract. This paper presents a study on deformability of compacted soils under repeated load testing and determination of
parameters concerning resilient and plastic deformations used in structural analysis of flexible pavements. The relevant role of
physical environment - climate and soil characteristics - in pavement design is discussed. Some features of structural analysis
and expectations concerning the development of mechanistic method of pavement design are presented.
Key words: pavement mechanics, repeated load triaxial testing, deformation, theory of elasticity, climate effects, tropical soils.

Resumen. Se muestra un estudio de la deformidad de suelos compactados bajo la acción de cargas repetidas y la determinación
de parámetros de deformación resiliente o elástica y deformación plástica acumulada en el análisis estructural de pavimentos
flexibles. Se destaca la importancia del medio físico - clima y naturaleza de los suelos - con respecto al diseño de pavimentos. Se
presentan algunos aspectos del análisis estructural y la expectativa con relación a la elaboración de métodos mecanísticos.
Palabras clave: mecánica de pavimentos, ensayo triaxial de cargamentos repetidas, deformación específica, teoria de la
elasticidad, efecto del clima, suelos tropicales.
ensaios de laboratório e campo. Idem, com pequenas varia-
1. Introdução ções, na construção de aeroportos e ferrovias.
O que se pode chamar de Engenharia de Pavimen-
Este trabalho é um modesto tributo à figura humana
tação envolve, entretanto, outros tópicos importantes: mis-
extraordinária e ao profissional da mais alta competência
turas asfálticas, processos construtivos, equipamentos, cus-
que foi o Engenheiro Francisco Pacheco Silva, do Instituto
tos, gestão, manutenção e restauração, contagem e pesagem
de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo.
de veículos, avaliação de pavimentos - estrutural e funcio-
O Autor conheceu-o em 1949 quando da construção nal, etc.
da Variante Rio-Petropolis na Baixada Fluminense. No Assinale-se que é mais comum em pavimentação do
Laboratório Central do DNER, onde o Autor iniciava sua que em outras obras de engenharia possa o engenheiro que
carreira de engenheiro civil geotécnico, o colega Pacheco projetou e construiu um pavimento, acompanhar no decor-
Silva logo se tornou muito benquisto e respeitado pelos rer de sua vida profissional mais de um ciclo de reforço e
engenheiros e funcionários. Sua seriedade, saber, fino hu- reconstrução do mesmo, por ser sua vida de serviço de 10 a
mor e espírito de solidariedade marcaram a todos os que 20 anos.
tiveram a ventura de conviver com ele. Outra peculiaridade dos estudos geotécnicos para
1.1. A Engenharia geotécnica e a pavimentação projeto de pavimento é que o objeto dos mesmos é uma
“tira” de dez metros de largura, meio metro de espessura e
A engenharia geotécnica faz-se presente no projeto de quilômetros de extensão de rodovia. O estudo poderá en-
construção de rodovias - na terraplenagem, estudos de volver várias formações geológicas, diferentes formas de
jazidas ou ocorrências de solos, estabilização de encostas, terreno e grande variedade de solos. Os procedimentos de
drenagem, aterros sobre argila mole, estudo de subleito, investigação diferem dos adotados, por exemplo, no proje-
estabilização de solos para a pavimentação, sondagens, to de fundações de pontes e viadutos.

Jacques de Medina, M.Sc., Engenheiro Civil, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Recebido em 11/5/2006; Aceitação final em 16/5/2006; Discussões até 30/12/2006.

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Pode-se dizer que a mais importante contribuição da utilizou uma argila arenosa vermelha compactada em
pesquisa tecnológica (utilização de conhecimento cienti- camada de 25 cm, no lugar do tradicional macadame hi-
fico na solução de problemas de engenharia) no tocante a dráulico. A camada de solo foi envelopada no fundo e nos
solos e materiais de pavimentação nos últimos trinta anos, lados por asfalto diluído e no topo por mistura asfáltica. O
foi o destaque dado à deformabilidade. O problema de desempenho mostrou-se satisfatório ao longo do tempo,
engenharia em foco era o trincamento progressivo dos apenas com os inevitáveis sinais de fadiga do revestimento
revestimentos asfálticos sob a ação do trafego. As medições asfáltico trincado.
de deformações elásticas do pavimento no campo datam Cabe aqui outro registro histórico da presença dos
das décadas de 1950 e 1960. Os afundamentos de trilha de estudiosos da mecânica dos solos em esboços de trabalhos
roda se devem à deformação plástica das camadas do pavi- sobre a “teoria dos pavimentos”. Em conferencia realizada
mento e subleito, porém, muito acentuadamente, da mistura pelo professor Milton Vargas no auditório do DNER, no
asfáltica do revestimento. Aumentou a importância do estu- Rio de Janeiro, faz mais de meio-século - Vargas (1951),
do das misturas asfálticas face ao crescimento das cargas, este pioneiro da Mecânica dos Solos fez considerações
pressão de inflação dos pneus, etc. O uso de polímeros sobre a aplicação da teoria da elasticidade ao estudo estru-
incorporados ao ligante asfáltico abriu novo campo de tural de pavimentos flexíveis. Observava a dificuldade de
aplicações. Estudam-se tipos de misturas que ressaltem obter parâmetros de deformabilidade do pavimento a partir
determinadas características - resistência estrutural, drena- dos ensaios triaxiais estáticos, quando a solicitação é dinâ-
bilidade, atrito superficial, etc. É como se o foco das pes- mica. Diante da precariedade dos métodos empíricos então
quisas se deslocasse do subleito até alguns palmos acima. conhecidos no país, recomendou o método baseado na
A classificação de solos assume importância especial avaliação do subleito pelo ensaio de penetração do CBR,
no estudo geotécnico de pavimentação. Deixa a desejar a que tinha o respaldo de pistas experimentais do Corpo de
utilização numa região tropical de sistemas como o do Engenheiros dos EUA e ampla discussão no meio técnico.
TRB-AASHTO e o unificado (USCS). Estes sistemas sen-
do “engineering soil classifications”, cada grupo é indica- 1.2. Definição de mecânica dos pavimentos
tivo do desempenho do solo em obras de engenharia (nos A mecânica dos pavimentos é a disciplina da enge-
EUA). Não se trata de classificação taxonômica nos moldes nharia civil que estuda os pavimentos como sistemas de
adotados pelos cientistas do solo da área agronômica. camadas sujeitos às cargas dos veículos. Faz-se o cálculo
É costume que nas obras de pavimentação de grande das tensões, deformações especificas e deslocamentos, ge-
extensão linear, os estudos geotécnicos sejam feitos a partir ralmente com a utilização de programas computacionais.
da terraplenagem executada. Os estudos de subleito e de Verifica-se o número de aplicações de cargas que leva o
ocorrências (jazidas) de material para as camadas do pavi- revestimento asfáltico ou a camada cimentada à ruptura por
mento ainda se socorrem freqüentemente de ensaios de fadiga. Deve-se atentar, também, para as deformações plás-
caracterização e da classificação pelo sistema TRB norte- ticas e a ruptura plástica. Variações sazonais e diárias de
americano. Selecionam-se trechos homogêneos com base temperatura e umidade do subleito e das camadas do pavi-
nestes ensaios, pouco significativos para os solos tropicais. mento podem ser consideradas nas respostas às cargas do
A divulgação da metodologia MCT (miniatura - com- trafego. Ensaios dinâmicos ou de cargas repetidas dos solos
pactado - tropical), no entender deste Autor deve ser feita do subleito, misturas asfálticas, misturas cimentadas e ma-
nas Escolas de Engenharia, nos organismos rodoviários e teriais granulares, fornecem os parâmetros de deformabi-
nas empresas de consultoria. O livro de Nogami & Villibor lidade necessários ao dimensionamento. Ensaios de campo,
(1995) é uma excepcional fonte de informações dos funda- defletometria, medições com sensores de força, desloca-
mentos científicos do MCT e da experiência de São Paulo mento e temperatura, pesagem de veículos e avaliação de
na pavimentação de baixo custo com solos lateríticos. A defeitos em pavimentos completam o quadro de dados
areia fina laterítica utilizada em base de pavimentos enqua- experimentais necessários à calibração dos modelos de
dra-se na classe A-4 do sistema TRB, porém apresenta desempenho estrutural. Estes se associam aos do desem-
valores de CBR superiores a 40%, enquanto que um solo penho funcional, os quais se referem a parâmetros de con-
saprolítico da mesma classe TRB só atinge 3%. forto ao rolamento e segurança, seja a serventia e a resis-
Antes mesmo da criação da metodologia MCT, no tência à derrapagem. Novos materiais podem ser avaliados
início da década de 50, citam-se exemplos discordantes da no desempenho estrutural do pavimento. Fazem-se previ-
prática então vigente. Esta dificilmente aceitava o “virado sões e o empirismo deixa de predominar, mas fica na dose
paulista” - uma mistura de argila laterítica com brita, em certa.
camadas de base e sub-base. A pesquisa tecnológica em mecânica dos pavimentos
A engenhosidade e criatividade de Pacheco Silva deve, obviamente, atender a soluções de problemas de
numa de suas múltiplas manifestações vem relatada por engenharia de pavimentação. O pesquisador deve conhecer
Sousa Pinto (1992) na Primeira Conferencia Pacheco Silva. o que é prioritário no seu compromisso com a Engenharia.
Foi a inovadora experiência realizada em 1952 quando ele Mas, pode permitir-se a busca na mecânica da fratura de

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explicações sobre o início do fissuramento e sua propaga- excesso, déficit, recarga do lençol freático ou utilização das
ção num corpo sujeito a cargas repetidas; pode associar-se a reservas do solo. No caso de um solo artificialmente com-
um físico nuclear que utiliza a tomografia computadorizada pactado, sobreposto ao terreno natural e recoberto pela
na observação de corpos-de-prova de misturas asfálticas estrutura em camadas de um pavimento, é de se esperar
para acompanhar a evolução das trincas ou detectar os algumas modificações do teor de umidade inicial de com-
vazios de um meio particulado; pode buscar na mineralogia pactação até o solo entrar em equilíbrio hídrico. O pavi-
e físico-química dos solos as explicações sobre o efeito de mento dificulta as trocas por evaporação do subleito e o
aditivos químicos na estabilização de solos, etc. acesso ao mesmo por infiltração das águas pluviais. Tam-
bém se alteram os gradientes de temperatura a pequenas
2. O Meio Físico profundidades.
São condicionantes físicos naturais do desempenho Tem-se verificado que nos pavimentos de rodovias
do pavimento: clima, solos e, de modo geral, geologia. Nas bem projetadas e construídas com dispositivos de drena-
práticas de projetos, construção e manutenção estes condi- gem (superficial e profunda) eficientes, a umidade de equi-
cionantes estão presentes. líbrio pode ser considerada igual, no máximo, ao teor de
umidade do ensaio Proctor normal de compactação.
2.1. A ação do clima no pavimento
Pesquisas de campo realizadas no Brasil sob a égide
No subleito esta ação se dá pelos mecanismos se- do DNER e participação do Instituto de Pesquisas Rodo-
guintes: viárias (IPR), com objetivos ligados à pavimentação, trou-
A água da chuva pode atingir o subleito pelos acos- xeram ao meio técnico valiosas informações sobre o regime
tamentos, principalmente se estes não são revestidos, por de umidade do subleito e de camadas do pavimento no país.
infiltração não interceptada por drenos e através de trincas e Um primeiro estudo encabeçado pelo engenheiro
juntas não vedadas e de poros da superfície envelhecida. A Murillo Lopes de Souza (Souza et al., 1977) teve como
forte evaporação nos climas quentes tende a minorar a ação objetivo avaliar o método de dimensionamento de pavi-
destrutiva da água. Porém, garantir as condições de drena- mentos asfálticos do DNER. Este tem como base o ensaio
gem é um dos pontos essenciais na conservação dos pavi- de CBR de amostras compactadas e embebidas na água por
mentos; quatro dias. Constatou-se que a umidade natural por oca-
A oscilação do lençol de água (lençol freático) em sião das sondagens em trechos homogêneos de 500 e
razão do acesso da água da chuva pode acarretar variações 1000 m de extensão era, quase sempre, inferior à ótima.
da umidade do subleito, caso o lençol se encontre a pequena Observou-se, também, que os valores de CBR in situ eram,
profundidade, seja um metro ou menos; comumente, superiores aos obtidos em amostras compac-
Os gradientes de temperatura - diários e sazonais - tadas em laboratório. No caso do subleito, 82% dos pontos
podem determinar o movimento da água em forma de va- apresentavam umidade in situ (his) menor que o teor ótimo
por. Em regiões desérticas, de noites frias, há a possibi- (hot) do ensaio de Proctor normal.
lidade de condensação de vapor de água sob o revesti- Uma pesquisa sobre lateritas pedregulhosas como
mento. material de pavimentação (Morin & Todor, 1975) finan-
Em regiões áridas do Oriente Médio, África do Sul, ciada pela USAID em três regiões do mundo tropical -
Chile (região setentrional), etc, observa-se a migração de Sudeste da Ásia, Oeste da África e Brasil, de 1972 a 1975,
sais do solo ou dos agregados de camadas do pavimento. O tendo neste país o apoio do DNER, trouxe importantes
mecanismo é a capilaridade ascensional da água com sais subsídios sobre a questão da umidade de equilíbrio. Ficou
dissolvidos; ao chegar à superfície evapora-se a água e patente que as umidades in situ das camadas de base e
depositam-se os sais. Estes são cloretos e sulfatos de sódio, sub-base de lateritas são inferiores aos teores ótimos de
cálcio e magnésio que formam manchas nas trincas do compactação; no caso das camadas de base em 86% dos
revestimento asfáltico. O sal destas eflorescências pode ter casos.
origem em agregados de rejeitos de mineração britados que Na pesquisa de avaliação estrutural de pavimentos -
contêm sulfetos, os quais se oxidam em sais de sulfato PAEP - desenvolvida pelo IPR, de 1979 a 1983 (Ricci et al.,
solúveis. 1983) um dos objetivos era verificar a sazonalidade das
deflexões (deslocamentos verticais reversíveis) medidos
2.2. A umidade de equilíbrio do subleito
em provas de carga de roda dupla padrão. Foram estudados
Pode-se definir a umidade de equilíbrio do subleito 53 trechos experimentais: Paraíba - 2, Pernambuco - 5,
como o valor médio da gama de variações do teor de Alagoas - 4, Bahia - 5, Goiás - 6, Minas Gerais - 8, Rio de
umidade do solo do subleito ao longo do ano, após a fase de Janeiro - 5, Paraná - 3, Santa Catarina - 2 e Rio Grande do
acomodação dos primeiros meses de serviço. Sul - 13. Os trechos abrangem regiões de clima subúmido -
A variação do teor de umidade de um solo natural úmido, (floresta atlântica, cerrado, etc), úmido (campos da
depende da pluviosidade e de evapotranspiração. O balanço planície rio-grandense) e seco semi-árido (caatinga). Fo-
hídrico indica mês a mês e, em media, anualmente, se há ram abertos quatro poços por trecho, sendo dois na estação

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chuvosa e dois na estação seca. Em onze trechos não variou expansão e retração - teriam conseqüências estruturais da-
a umidade do subleito. Nos trechos em que a umidade nosas se não fossem levadas em conta no projeto de juntas
variou, a sazonalidade não afetou a deflexão medida. Numa das placas de concreto.
das regiões verificou-se que a umidade média de cada um Motta (1979, 1979a) realizou medições durante um
dos seus trechos era tanto maior quanto maior a deflexão, ano das temperaturas do pavimento asfáltico de um painel
mas em cada trecho de per si não se verificou o efeito experimental no Centro de Tecnologia da UFRJ. Utilizou
sazonal. pares termoelétricos inseridos a varias profundidades e
Na Fig. 1 compara-se hot com his dos solos do subleito registro automático; mediu a temperatura do ar numa cabi-
da citada pesquisa. Cerca de 80% dos pontos estão acima da ne meteorológica no local e fez varias medições da radiação
linha de igualdade dos teores de umidade (hot maior que his) solar incidente com um piranômetro. A Fig. 2 é um exem-
e o CBR médio é de 46%. Mesmo para os pontos abaixo da plo de registros feitos em três dias consecutivos no verão de
linha de igualdade (his maior que hot), os valores de CBR 1979, para diferentes condições do tempo.
variam de 7% a 40%, media aritmética de 21%, ou seja, Fez Motta (1979) a aplicação do estudo teórico-expe-
valores elevados quando comparados aos solos de regiões rimental de Barber (1957) referente a transmissão de calor
temperadas e frias. numa camada asfáltica, utilizando constantes térmicas dos
As três pesquisas de grande porte acima citadas e materiais do pavimento deste pesquisador norte-america-
mais inúmeras observações pontuais ou de trechos de rodo- no, na comparação de valores medidos com os calculados.
via, permitem que se adote o critério de a umidade de Os resultados foram bastante próximos, principalmente no
compactação das amostras de solo nos ensaios triaxiais de tocante às temperaturas máximas.
cargas repetidas ser a do teor ótimo para a energia de
2.4. Solos utilizados em pavimentação no Brasil
compactação adotada. As exceções ocorrem em situações
de drenagem precária. Os pavimentos de ruas encaixados e Os solos mais utilizados em pavimentação no país nas
sujeitos a infiltrações de tubulaçoes podem constituir uma suas designações práticas da engenharia são:
situação de exceção. a) Solos residuais ou saprolíticos grossos - apre-
sentam graus de evolução variáveis (isto é, a transformação
2.3. Temperatura dos pavimentos dos minerais primários, da rocha de origem, em minerais
A rigidez dos revestimentos asfálticos depende da argílicos e oxi-hidróxidos de ferro e alumínio); designados
temperatura. As variações diárias e sazonais da temperatura de “saibros”, são explorados no Sudeste, de mantos de
causam variações da rigidez. Assim, a deformabilidade intemperização de granitos e gnaisses;
maior ou menor do pavimento é condicionada pelas varia- b) Solos lateríticos - provêm da intemperização dos
ções da temperatura do ar ou das condições meteorológicas solos saprolíticos de diferentes origens, ou de colúvios
de um modo geral. É o asfalto um material negro de visco- antigos; neles o processo pedológico atuou intensamente
sidade variável com a temperatura. nas condições do ambiente tropical úmido, as texturas va-
Quanto aos pavimentos de concreto de cimento port- riam, mas as cores predominantes são o vermelho e o
land, apesar de se manterem rígidos, reagem às trocas de amarelo. Nesta ampla categoria - visto que o processo de
calor com a atmosfera. A restrição às variações de volume - ferralização abrange cerca de 70% do território brasileiro -
enquadram-se as areias finas lateríticas e os solos argilosos
vermelhos lateríticos. Os primeiros tem sido aplicados em
camadas de base de estradas de tráfego leve a médio no
oeste de São Paulo, às vezes, com adição de brita (Nogami

Figura 1 - Teor de umidade ótima de compactação Proctor nor- Figura 2 - Curvas de temperatura (°C) contra tempo (horas) em
mal, hot, (%) contra teor de umidade in situ do subleito, his, (%) três dias consecutivos de diferentes condições atmosféricas (Mot-
(Ricci et al., 1983). ta, 1979).

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& Villibor, 1995). Resultam de laterização dos resíduos de calcinadas oferecem boa possibilidade em substituição às
alteração dos arenitos ferruginosos; também ocorrem nas pedras onde estas não são disponíveis a razoáveis distân-
regiões contíguas do noroeste do Paraná, Triângulo Minei- cias de transporte (Nascimento 2005, Cabral 2005).
ro, Goiás e Mato Grosso. As argilas vermelhas estão pre- A vastidão e a importância da Amazônia como grande
sentes em grande parte do país, sendo utilizadas principal- reserva natural merece uma citação à parte, ainda que
mente como reforço do subleito e sub-base; mas já têm sido escassos sejam os dados geotécnicos.
utilizadas em camadas de base, sejam puras, misturadas A bacia sedimentar da Amazônia, na parte central
com brita ou tratadas por aditivos químicos. ladeando o Rio Amazonas e, no extremo ocidental, alar-
c) Cascalhos lateríticos - em respeito à conceituação gado até o Acre, tem cerca de dois milhões de quilômetros
de solo agronômico, não estão na categoria anterior; há quadrados de superfície. A Amazônia brasileira legal, geo-
quem os considere neo-rochas. São camadas ou “horizon- politicamente estabelecida, mede 5,3 milhões de quilôme-
tes” concrecionados por aporte de hidróxidos de ferro e tros quadrados, ou cerca de 60% do território nacional,
alumínio (em depósitos arenosos) pelas águas de perco- abrangendo: Amazonas, Pará, Maranhão (a oeste de 44°),
lação, evaporação e oxidação, ou são resíduos de couraças Goiás (ao norte de 3%), Mato Grosso (ao norte 16°), Acre,
ferruginosas do terciário. A laterita hidromórfica de perfis Rondônia, Roraima e Amapá. Na bacia encontram-se terre-
onde há oscilação do nível de água, de cores mosqueadas ou nos terciários e quaternários, estes às margens dos rios, nos
variegadas, marrom-avermelhado e cinza, é designada de pântanos e nas embocaduras dos rios. Os sedimentos holo-
plintita pelos pedólogos. A utilização de laterita em pavi- cenos são constituídos de areias finas, siltes e argilas. Nos
mentos é comum no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Subs- raros afloramentos de arenitos ocorrem areias mais grossas.
titui a brita de granito, gnaisse e outras rochas sãs. Especi- Ao norte e ao sul da bacia encontram-se afloramentos de
ficações próprias foram desenvolvidas no país (ABPv, rochas ígneas e metamórficas, e respectivos saprolitos. A
1976). A laterita também é usada como agregado de con- escassez de pedreiras é um problema sério para a cons-
creto de cimento portland e de misturas asfálticas, com as trução na Amazônia, de modo que as soluções seguintes
devidas cautelas de seleção. podem ser consideradas:
d) Areias e pedregulhos aluvionares de rios e depó- a) Uso intensivo de cascalho de laterita in natura ou
sitos marginais, terraços, etc - estes solos sedimentares lavado.
estão espalhados por todo o território brasileiro. b) Agregados artificiais de argila fabricados em plan-
ta móvel - argila expandida e argila calcinada - ou em
Nas regiões de dunas de areia, como na faixa litorânea olarias de cerâmica vermelha.
do Sul, o valor do solo puro - areia de textura uniforme não c) Camadas de base e sub-base de argila estabilizada
satisfaz como material de pavimentação. No entanto, mis- com cal.
turado com cinza volante (cerca de 13%) e cal hidratada d) Camadas de argila compactada envolta em mem-
(cerca de 5%), umedecida e compactada, resulta uma mis- branas impermeáveis - argila envelopada.
tura pozolânica rígida. Assim, pode-se aproveitar o solo lo- e) Solos arenosos finos compactados em camadas de
cal das dunas e o abundante rejeito da queima do carvão- sub-base e base.
de-pedra nacional das termoelétricas do Sul na consttrução f) Alguns solos lateríticos (latossolo vermelho-ama-
de bases pozolânicas. relo, latossolo amarelo e latossolo vermelho escuro) de cer-
Não se pode avaliar as possibilidades de estabilização ca de 30% da região amazônica legal, contendo oxido de
em nossos solos a partir da experiência fundada na textura e ferro livre, poderiam se prestar à estabilização com ácido
plasticidade. Predominam nos solos tropicais os minerais fosfórico, pelo que obteve Guida (1971) com solo da região
argílicos caolinita e haloisita e os óxidos de ferro e alumí- de Campinas - SP, em pesquisa de laboratório, ampliada,
nio. Observam-se microagregados de partículas argilosas posteriormente, para outros solos - Medina & Gui-
cimentadas por películas de oxido de ferro. A experiência da (1995).
de estabilização de argilas muito plásticas (montmorilo- Um estudo geotécnico dos solos da Amazônia foi o
níticas) com cal é bem sucedida nos EUA (“gumbo clays” objeto da tese de Vertamatti (1988), do ITA/CTA, visando
tratadas com cal viva). Entretanto, o solo-cal não se restrin- à pavimentação de aeródromos. Três categorias geotéc-
ge às argilas muito plásticas; tem-se observações de labora- nicas foram indicadas:
tório e do campo da estabilização de argilas lateríticas com a) Solo de textura fina - areias finas, siltes e argilas
cal hidratada. (ex.: argila amarela de Manaus).
Os rejeitos minerários e industriais oferecem possi- b) Solo plintítico (sujeito ao endurecimento irrever-
bilidades de ampliar o campo de aplicação de técnicas de sível quando seco ao ar).
estabilização de solos: escórias de alto forno, cinza volante, c) Solo laterítico concrecionado, de resistência varia-
cal de carbureto, fosfogesso, etc. Os agregados reciclados da. Na construção de pistas de aeródromos na Amazônia
do material de demolição de construções já têm sido usados utiliza-se a laterita em sub-bases, bases e revestimentos
no país (Fernandes, 2004). As argilas expandidas e as primários (“chão batido” de piçarra).

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3. Analise Estrutural cisalhante não ultrapasse o valor indicada pela experiência


com pavimentos flexíveis dos EUA. É o que mostra a
Faz-se aqui uma sucinta apresentação da analise de Fig. 3. A experimentação posterior do USACE permitiu
tensões, deformações e deslocamentos aplicada a pavi- melhor ajuste das novas curvas de dimensionamento. Con-
mentos, onde se inserem os parâmetros geotécnicos. Os
sidera-se o coeficiente de Poisson, m, de 0,5.
fundamentos teóricos fazem parte do ferramental de analise
matemática do engenheiro civil. 3.2. Sistemas estratificados
3.1. Aplicação da teoria da elasticidade Deve-se ao Professor Donald Burmister (1943) da
Universidade de Columbia, New York, a teoria da elasti-
Destacam-se no estudo teórico-experimental dos pa- cidade de duas e três camadas. Na Fig. 4 está um exemplo
vimentos flexíveis realizados pelos engenheiros militares numérico de tensões calculadas num sistema de três cama-
norte-americanos (USACE) três aplicações relevantes da das segundo Burmister.
solução de Boussinesq: Tem-se economia de tempo e mais versatilidade
a) Extrapolação das curvas empíricas de dimensio- quando se utilizam programas de cálculo automático de
namento de pavimentos flexíveis do Departamento de Es- tensões, deformações e deslocamentos. Além do mais faci-
tradas da Califórnia, baseadas no índice de suporte CBR lita-se a consideração da elasticidade não-linear, o que é
para cargas de aviões. muito importante para determinados solos e materiais
b) Cálculo da carga de roda equivalente a um conjun-
to de rodas, por exemplo, de rodas duplas de aviões.
c) Expressão matemática das curvas de dimensio-
namento baseadas no índice de suporte CBR do subleito.
Estas aplicações, de interesse histórico e didático,
estão descritas em Carim (1973).
A extrapolação (a) da curva de dimensionamento
empírica de rodovias da Califórnia da década de 1940,
correspondente à carga de 40 kN (9.000 libras), para cargas
de 111,2 kN (25.000 libras) a 311,6 kN (70.000 libras)
fez-se com base na tensão cisalhante segundo a teoria da
elasticidade para uma carga aplicada em área circular na
superfície de um meio semi-infinito elástico, homogêneo e
isotrópico.
A tensão cisalhante no eixo de simetria da área circu-
Figura 3 - Extrapolação de correlação empírica da espessura
lar carregada, onde as tensões normais - vertical e radial - (profundidade) necessária contra CBR (%), para diferentes cargas
são principais, é: de roda com apoio nas curvas teóricas de tensão cisalhante contra
1 1 profundidade segundo Boussinesq.
(s q - s z ) = (s x - s z ) =
2 2
(1)
ïì (1 - 2m) (1 + m) z 3z 3 ïü
pí + - ý
ïî 4 2 z 2 + a 2 4( z + a ) ïþ
2 2 3 /2

Assim, o procedimento de extrapolação consistiu em


calcular a tensão cisalhante para a carga dada P (admite-se
a pressão constante r e o raio de circulo a variável) a
diferentes profundidades z. Estas profundidades assimi-
lam-se às espessuras do pavimento. Ora, a curva empírica
de dimensionamento pelo CBR para rodas de carga P
(40 kN) fornece as espessuras necessárias sobre solos de
subleito de diferentes suportes CBR, e pode-se calcular
pela teoria da elasticidade as tensões cisalhantes máximas
para cada profundidade (ou espessura do pavimento). As-
sociando-se, sempre, um valor de CBR a um tmax, pode-se
assinalar numa curva teórica de profundidade contra tensão
cisalhante, pontos de parâmetro CBR para o tmax corres-
pondente e encontrar a espessura necessária de pavimento Figura 4 - Tensões no perfil de um sistema de duas camadas:
para a carga maior. Deste modo, assegura-se que a tensão exemplo de aplicação da teoria de Burmister.

142 Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006.
Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

granulares. Citam-se três métodos de análise e seus respec- camentos nas diferentes camadas da estrutura. As forças
tivos programas computacionais. transmitidas em profundidade medem-se com células de
a) Método dos elementos finitos - programa FEPAVE carga, as deformações com extensômetros elétricos, os des-
(Finite Element Analysis of Pavement Structures), desen- locamentos verticais com sensores eletromagnéticos de
volvido na Universidade da Califórnia, Barkeley, EUA, haste central ancorada em profundidade e as temperaturas
cuja versão 2 foi doada à COPPE/UFRJ; inicialmente, com pares termoelétricos.
implementada para o equipamento UNISYS em 1972, foi Em 1976 realizou-se, sob os auspícios do Instituto
adaptada uma versão para microcomputadores em 1991; de Pesquisas Rodoviárias um trecho experimental, num
b) Método das diferenças finitas - programa ELSYM desvio de 1 km da BR-101, próximo a Imbituba, Santa
5 (Elastic Layered Symmetrical), solução das equações de Catarina. Tinha como objetivo observar o comportamento
Burmister; de pavimento com base pozolânica: areia de duna, cal
c) Método das camadas finitas de Booker & Small hidratada e cinzas volantes da termoelétrica de Capivari
(1982) - programa MECAF3D de Rdrigues (1991). do Sul, SC. O relato foi feito por Pinto et al. (1977). O
Motta (1991) adaptou o programa FEPAVE 2 à con- desvio contruido recebeu o tráfego total da rodovia, ape-
sideração da confiabilidade pelo tratamento probabilístico nas retornando à via principal nas avaliações do trecho ex-
de Rosenblueth. Faz-se o calculo da média aritmética, des- perimental. As células de carga funcionaram bem nos
vio padrão e coeficiente de assimetria - os três momentos primeiros meses, mas veio a ocorrer fadiga da cola dos
estatísticos - de uma variável dependente a partir dos mo- extensômetros elétricos na membrana flexível; na pri-
mentos das variáveis independentes aleatórias, sem ser meira fase, as medições eram próximas das calculadas
necessário conhecer as distribuições de probabilidade. pelo FEPAVE 2. Os pares termoelétricos funcionaram
bem. Os sensores eletromagnéticos de deslocamentos
3.3. Pavimentos rígidos
apresentaram defeito de funcionamento. Relata Motta
Deve-se as Professor Harald Malcom Westergaard (1981) estas observações.
(1923) a analise estrutural do pavimento rígido. Fez o Silva (2001) realizou medições com extensômetros
estudo de uma placa delgada homogênea, isotrópica e elás- elétricos e células de carga na pista circular do IPR, em
tica, apoiada no subleito. Admite que o subleito ofereça Parada de Lucas, Rio de Janeiro. Foi observado o efeito de
reação apenas verticalmente, como um feixe de molas para- cargas repetidas num reforço de concreto de cimento port-
lelas, independentes umas das outras, e que esta reação é land de 15 cm sobre um pavimento asfáltico (concreto
proporcional ao deslocamento d. asfáltico, 5 cm, brita graduada, 20 cm, e subleito de argila
sz = k.d (2) amarela). O pavimento asfáltico fora solicitado anterior-
mente até o trincamento. As leituras feitas com sensores
O coeficiente de proporcionalidade k, adotado por foram comparadas com as calculadas por quatro programas
Winkler em 1867 no estudo de vigas sobre bases elásticas, é computacionais ELSYM, DIPLOMAT, ILSL 2, KENS-
o chamado “módulo de reação do subleito”, que se deter- LAB. A melhor concordância foi obtida com o primeiro
mina em provas de carga de placas rígidas. Seu valor está programa, seguido de perto pelo segundo.
3 3
entre 25 N/cm e 150 N/cm . Uma das relações aproximadas Gonçalves (2002), verificou no simulador de tráfego
com o CBR (%)é: linear da UFRGS boa concordância entre os valores medi-
k = 1,60(CBR)
0,525 2
; r = 0,998; k em kgf/cm
3
(3) dos de tensão vertical e deflexão e os calculados pelo
programa FLAPS desenvolvido no ITA/CTA; as tensões
O estado de tensões na placa não é muito sensível ao verticais foram determinadas a 5 cm, 45 cm e 55 cm de
módulo de reação do subleito. profundidade.
Dentre os vários programas computacionais existen-
tes destaca-se o ILLISLAB, da Universidade de Illinois. 4. A Deformabilidade dos Solos e Materiais
Sua base teórica é o método dos elementos finitos e a teoria de Pavimentação
das placas. Podem ser consideradas até dez placas na dire-
ção longitudinal e dez na transversal. O modulo de reação, Os pavimentos não estão sujeitos a ruptura plástica
k, pode variar de nó para nó. Pode analisar-se a trans- instantânea ou de curto prazo, salvo em condições muito
ferência de carga nas juntas, gradientes térmicos lineares e adversas de subdimensionamento e má qualidade de cons-
não-lineares e o efeito conjunto destes com as cargas de trução. É a ação repetitiva das cargas dos veículos que
roda e o efeito de vazios sob a placa (perda de apoio local causa o trincamento progressivo e o afundamento de trilha
por erosão). Uma versão de 1994 foi designada de ISL2. de roda nos pavimentos asfálticos. Nos de concreto também
se manifesta a fadiga do concreto, ocorrendo, ainda, a
3.4. Instrumentação de pavimentos
erosão do solo de fundação quando há infiltração de água
A instrumentação de pavimentos permite a calibração pelas juntas e bordas das placas e o efeito de bombeamento
dos métodos de cálculo de tensões, deformações e deslo- das cargas repetidas.

Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006. 143
Medina

4.1. O conceito de resiliência existente aos ensaios de cargas repetidas, com o objetivo de
estudar a deformabilidade do solo de subleito da pista ex-
O primeiro estudo sistemático da deformabilidade perimental da AASHO. Esta foi uma pesquisa de grande
dos pavimentos deve-se a Francis Hveem (1955). O órgão vulto no Estado de Illinois, a 130 km a sudoeste de Chicago
rodoviário da Califórnia havia começado em 1938, as me- no fim da década de 1950. O tráfego controlado de cami-
dições de deflexões de pavimentos sujeitos ao tráfego, nhões circulava em seis circuitos fechados. Foi um experi-
sendo utilizados sensores de deslocamento mecanoeletro- mento fatorial do efeito das cargas sobre diferentes estru-
magnéticos com a bobina instalada no revestimento e o turas de pavimento. O subleito uniforme (solo A-6, de CBR
núcleo preso a uma haste fincada em profundidade. Foram de 2 a 4%) revelou-se muito resiliente. Os experimentos de
utilizados 400 sensores numa ampla campanha de medi- laboratório pioneiros estão em Seed & Fead (1959).
ções. É desta época o estabelecimento empírico de valores
A Fig. 5 retrata o equipamento instalado no Labora-
máximos admissíveis de deflexão para uma vida de fadiga
tório de Geotecnia da COPPE/UFRJ em 1977. Os corpos-
satisfatória de diferentes tipos de pavimentos e cargas de
de-prova tinham 5 cm de diâmetro e 10 cm de altura. As
eixos.
tensões confinantes e de desvio eram produzidas por um
Entendia Hveem que o trincamento progressivo dos sistema de ar comprimido, com manômetros e válvulas de
revestimentos asfálticos se devia à deformação resiliente controle. Um temporizador (“timer”) de ar atuava na válvu-
(elástica) das camadas subjacentes, em especial do subleito. la de três vias (“three way”) regulando o tempo de atuação
Hveem preferiu este termo em vez de deformação elástica da pressão de ar no cilindro de pressão e o intervalo de
sob o argumento de que as deformações nos pavimentos aplicações sucessivas através de ligações do cilindro de
são muito maiores do que nos sólidos elásticos com que lida pressão com o cabeçote (“top cap”) dentro da câmera de
o engenheiro: concreto, aço, etc. Na verdade, o termo resi- compressão. O temporizador pneumático foi substituído,
liência significa energia armazenada num corpo deformado posteriormente, por dispositivo eletrônico.
elásticamente, a qual é devolvida quando cessam as tensões
Pode-se aplicar cargas à freqüência de ate 3 Hz
causadoras das deformações; corresponde à energia poten-
(3 ciclos /s), com duração de até 0,42 s. Adota-se, comu-
cial de deformação.
mente, 1 Hz e 0,10 s. Os deslocamentos verticais medidos
Outro termo usado é a rigidez (stiffness), principal- com transdutores são da ordem de 1/100 mm; utilizam-se
mente no estudo de misturas asfálticas; indica a capacidade LVDT (“linear variable differential transformer”). Na ver-
de resistir à deformação. são original o sinal era amplificado e registrado num osciló-
grafo - Fig. 6.
4.2. O ensaio triaxial de cargas repetidas
Em 1986 foi construída uma nova câmara triaxial de
O ensaio triaxial de cargas repetidas foi introduzido carregamento repetido de grandes dimensões, para corpos-
nos estudos de solos do subleito pelo Professor H. Bolton de-prova de 10 cm e 15 cm de diâmetro e 20 cm e 30 cm de
Seed na década de 1950 na Universidade da Califórnia, em altura, respectivamente. O objetivo foi conseguir ensaiar os
Berkeley. Adaptou o equipamento triaxial pneumático materiais granulares tendo partículas de até 38 mm de

Figura 5 - Foto do primeiro equipamento de ensaios triaxiais de carga repetida do Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ.

144 Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006.
Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

Figura 6 - Esboço do registro oscilográfico dos deslocamentos verticais nos ensaios triaxiais de cargas repetidas.

diâmetro, aproximadamente. O primeiro estudo foi de Pé- medição das deformações resilientes só se faz após esta
rez Espinosa (1987) com amostras de brita graduada. A fase de acomodação das partículas.
partir de 1990 a primeira câmara foi desativada. Define-se módulo de resiliência, MR, no ensaio tria-
A câmara de grandes dimensões tem um sistema de xial de cargas repetidas:
fixação dos transdutores (LVDT) no cabeçote e ligações sd
com o exterior da câmara, o que permite ajuste micromé- MR = (4)
trico eventual durante o ensaio. A referência dos desloca- e1
mentos é a altura total dos corpos-de-prova.
onde sd é a tensão desvio (s1 - s3 ) e e1 é a deformação resi-
Com o avanço da computação e dos recursos eletrô- liente axial (vertical):
nicos, este equipamento triaxial passou por várias fases de
atualização até que em 2001 foi totalmente automatizado, Dh
e1 = (5)
tanto o sistema de mudanças de níveis de aplicação de carga h0
como os registros dos deslocamentos, dispensando-se to-
dos os manômetros e o registrador gráfico, utilizados em onde Dh é o deslocamento vertical máximo e h0 é a altura
mais de 20 anos de ensaios no Laboratório de Geotecnia da inicial de referência do corpo-de-prova cilíndrico, corres-
COPPE/UFRJ. O novo sistema está descrito na tese de pondente ao posicionamento e fixação dos LVDTs.
Vianna (2002).
Como mostra a Fig. 6 a cada aplicação de tensão
A preparação de corpos-de-prova de materiais granu- desvio a deformação especifica axial tem uma parcela
lares, dotados de certo grau de coesão é feita compac- pequena de natureza plástica ou permanente, ep; então:
tando-se a amostra por impacto em moldes tripartidos.
Leva-se o corpo-de-prova para o pedestal da câmara tria- et = er + e p (6)
xial, retiram-se as três partes do molde e coloca-se a mem-
brana. Se o corpo-de-prova de areia ou pedregulho não se É apenas a primeira parcela, er, que se considera na
mantiver intacto, deve o mesmo ser preparado sobre a base determinação do modulo de resiliência. A segunda parcela
ou pedestal por vibração ou outro procedimento. O vácuo vai sendo acumulada ao longo do ensaio e permite deter-
aplicado através da placa porosa inferior também serve minar, a cada ciclo, a altura do corpo-de-prova, que é a
para verificar a integridade da membrana envolvente. No referência para o calculo da deformação resiliente.
caso de materiais coesivos, é comum usar os moldes tripar- Quando se deseja conhecer a progressão da defor-
tidos e a compactação por impacto em várias camadas, mação permanente, não se procede ao condicionamento
conforme a energia especificada. A prensagem estática é prévio do ensaio de módulo de resiliência. Aplica-se um
outro recurso utilizado, desde que em várias camadas. único par de tensões (sd, s3) de modo a representar o estado
No inicio de todo ensaio dinâmico que vise determi- de tensões médio da camada.
nar a deformação elástica de solo ou brita, faz-se um condi- O efeito cumulativo das deformações permanentes
cionamento prévio que reduz a influência das deformações pode ser representado pela expressão de Monismith et al.
permanentes. Aplicam-se cerca de 500 vezes uma tensão (1975):
desvio (sd) para uma determinada pressão confinante (s3);
e acp = AN B (7)
em geral se utilizam três pares distintos de sd e s3. A

Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006. 145
Medina

onde N é o numero de repetições de carga (tensão desvio), e mento, ligantes betuminosos, etc., o que veio a se confirmar
A e B são parâmetros experimentais, obtidos nos ensaios, trinta anos mais tarde.
que dependem do nível de tensão e das condições de A resistência à tração (Rt) é dada por:
moldagem. 2F
Rt = (11)
No inicio dos estudos do módulo de resiliência, ado- pt d
tava-se, apenas, os dois modelos apresentados por Barks-
dale & Hicks (1972): onde F é a força vertical de ruptura aplicada na geratriz, t é a
• Solos arenosos: altura ou espessura e d o diâmetro do corpo-de-prova cilín-
drico.
MR = k1 s k3 2 (8) Medindo-se a variação do diâmetro, D, do plano hori-
• Solos argilosos: zontal, causada pela aplicação da força F distribuída na
geratriz, pode-se deduzir o módulo de elasticidade, E.
MR = k 2 + k 3 ( k1 - s d ); para s d < k1 (9) No caso do diâmetro ter 10,16 cm (4 pol), o que é
MR = k 2 + k 4 ( s d - k1 ); para s d > k1 (10) mais comum, obtem-se:
F
Conforme a categoria do solo, previamente identifi- E= (m + 0, 2734) (12)
D´ t
cado, aplicam-se pares (sd, s3) recomendados especifica-
mente. Mas, como não é fácil, em muitos casos, decidir a onde m é o coeficiente de Poisson que se prefixa conforme o
priori se deve ser adotado este ou aquele modelo e a respec- material, e, no caso de misturas asfálticas levando-se em
tiva seqüência de pares (sd, s3 ), principalmente em se conta a temperatura.
lidando com solos lateríticos, passou-se a adotar, no Labo- A expressão (12) foi modificada por Hondros se-
ratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ, a partir de 1990, um gundo Gonzalez et al. (1975) para se levar em conta a
só conjunto de valores de tensões - Tabela 1. influencia dos frisos curvos de 1,27 cm (0,5 pol) de largura,
onde se aplica a carga:
4.3. O ensaio de compressão diametral
F
O ensaio de compressão diametral estático foi criado E= ( 0, 9976m + 0, 2692) (13)
por Carneiro (1943) para determinação da resistência à D´ t
tração indireta de corpos-de-prova cilíndricos de concreto
de cimento portland. Teve grande repercussão e aceitação
dos laboratórios de pesquisas tecnológicas, vindo a ser Tabela 1 - Pares de tensões aplicadas nos ensaios triaxiais de
designado, freqüentemente, de “ensaio brasileiro”. Silveira carga repetida.
(1944) aplicou-o a um solo coesivo (argila residual) com-
s3 (kgf/cm2) s3 (kPa) sd (kgf/cm )
2
sd (kPa) s1/s3
pactado em corpos-de-prova de 5 cm de diâmetro por 10 cm
de altura, utilizando a aparelhagem de estudo de argamas- 0,210 20,7 0,210 20,7 2
sas do antigo Serviço de Ensaios de Materiais da Prefeitura 0,420 41,4 3
do Distrito Federal, no Rio de Janeiro. Vislumbrava-se o 0,630 62,1 4
possível interesse no estudo de solo estabilizado com ci-
0,350 34,5 0,350 34,5 2
0,700 68,9 3
1,050 102,9 4
0,525 50,4 0,525 50,4 2
1,050 102,9 3
1,575 155,2 4
0,700 68,9 0,700 68,9 2
1,400 137,9 3
2,100 206,8 4
1,050 102.9 1,050 102,9 2
2,100 206,8 3
3,150 309,0 4
1,400 137,9 1,400 137,9 2
2,800 274,7 3
Figura 7 - Modelos de comportamento resiliente clássicos de so-
los arenosos e solos argilosos. 4,200 412,0 4

146 Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006.
Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

O ensaio à fadiga por compressão diametral de mis-


turas asfálticas e misturas cimentadas faz-se a um nível de
tensões de tração de 10 a 50% do valor de ruptura dado pela
expressão (11). No caso de misturas asfálticas a tempe-
ratura deve ser inferior a 40 °C. Adota-se o coeficiente de
Poisson de 0,20 a 0,35 conforme a temperatura.
A Fig. 8 mostra o equipamento de ensaio de compres-
são diametral de cargas repetidas e o sistema de aquisição
de dados do Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. A
Fig. 9 retrata o registro do deslocamento diametral e o
procedimento de determinação da parcela elástica.
Ceratti (1991) realizou o estudo de fadiga de misturas Figura 9 - Registro de deslocamento do ensaio de compressão di-
de solo-cimento com ensaios de compressão diametral e ametral de carga repetida de uma mistura asfáltica e procedimento
flexo-tração. As características dos solos que utilizou estão de definição da parcela elástica para cálculo do módulo de resili-
na Tabela 2 e os módulos de resiliência e as resistências à ência - MR.
tração na Tabela 3. A freqüência das cargas é de 2 Hz. O
ensaio é levado até a ruptura ou até ser atingido um milhão
mente cimentados e de módulos elevados, como em solos
de repetições de carga (5 dias e 18 horas). A Tabela 4
saprolíticos silto-arenosos micáceos de módulos baixos.
representa os dados de resistência à fadiga de três amostras
de solo-cimento. A Fig. 7b mostra a queda acentuada do módulo com a
tensão desvio crescente, quando esta é pequena, o que
4.4. Dados experimentais da deformabilidade de solos ocorre no subleito. Por isto, é que a contribuição do subleito
compactados sujeitos a cargas repetidas de solo laterítico compactado na umidade ótima pode ser
A deformação resiliente pode ser considerada como muito pequena na deflexão da estrutura do pavimento.
decorrente da deformação elástica das partículas e de aglo- O modelo do MR de solos argilosos segundo Svenson
merados de partículas, enquanto que a deformação plástica (1980):
ou permanente resultaria de escorregamentos nos contatos
das partículas de modo irreversível. Não se costuma saturar RM = k1 s kd 2 (14)
as amostras previamente pelas razões expostas em 2.2.
Nota-se que a deformação especifica vertical no ensaio
tem a vantagem prática sobre o modelo bilinear de se
triaxial de cargas repetidas com duração de 0,1 s é de 1/100
representar em escala log-log por uma reta de coeficiente
do valor do ensaio estático.
angular negativo.
A descrição detalhada dos estudos de resiliência rea-
lizados nos três anos após sua implantação se encontram Macedo (1996) desenvolveu o modelo composto que
em Medina & Preussler (1980) - artigo em Solos e Rochas - é melhor do ponto de vista estatístico, por não ser preciso
e Medina e Preussler (1982) num artigo da ASCE. escolher previamente qual das tensões é mais relevante:
Valores de MR constante seja independentes do esta-
do de tensões, ocorrem tanto em solos lateríticos forte- MR = k1 s k3 2 s kd 3 (15)

Figura 8 - Fotos do equipamento de ensaio de compressão diametral de cargas repetidas e do sistema de controle e aquisição de dados do
Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ.

Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006. 147
Medina

Tabela 2 - Dados de caracterização, classificação e dosagem de cimento dos solos da pesquisa de Ceratti (1991).

d gS máx (kN/m ) hott Teor de cimento


3
Amostra n. Localização e descrição LL USCS
LP ki AASHTO (%) %, peso
IP kr MCT
1 Jazida Guararema, SP, saprolito de gnaisse - 2,6 SW 18,74 6
róseo - 1,94 A1-b(0) 10,5
1,71 NA
2 Jazida São João do Triunfo, PR, horizonte - 2,64 SP 19,11 6
espesso sobre arenito Caiuá, vermelho - - A2-4(0) 10,1
- LA
3 Entroncamento. SP-330/acesso a Stª 48 2,84 CL 14,91 12
Gertrudes; residual de basalto, vermelho 36 - A7-5(14) 27,0
escuro 12 - LG
4 km 28, BR-471, Pântano Grande, RS; 30 2,69 CL 17,95 10
substrato formação Rosário do 18 - A6 14,1
Sul, vermelho 12 - NA’
5 Entroncamento SP-310/SP-326, acima da 29 2,82 SC 18,09 8
linha de seixos, vermelho 18 1,20 A2-6(0) 14,5
11 0,90 LA’
6 mesmo perfil da Am. 5, SP, abaixo da 38 2,70 SM 17,19 8
linha de seixos, residual de 27 3,20 A2-6(0) 17,4
arenito, vermelho 11- 1,90 NA’

Obs: d, densidade dos grãos; ki, relação sílica/alumina; kr, relaçao sílica/sesquióxidos.

Tabela 3 - Valores médios dos módulos de resiliência (MR) e das resistências à tração na flexão (Rf) e na compressão diametral (Rcd) de
solo-cimento (Ceratti, 1991).

Mistura n. Módulo de resiliência, Módulo de resiliência, Resistência à tra- Resistência à tração, com-
flexão, MPa compressão diametral, MPa ção, flexão, MPa pressão diametral, MPa
MR Gama valores MR Gama valores RTf RTcd
1 16160 13366 a 19502 10260 8344 a 11385 2,27 1,07
2 12860 8534 a 16428 - - 1,05 -
3 6090 3848 a 10848 - - 0,78 -
4 9720 7720 a 11187 - - 1,30 -
5 9230 7236 a 11899 8280 7716 a 9467 0,99 0,92
6 8500 4707 a 16853 6040 5139 a 6399 0,79 0,60

2
Os coeficientes de determinação (r ) são de 0,96 nos do-face nas argilas cauliníticas a pH ácido do líquido dos
ensaios realizados, enquanto, para os mesmos solos, os poros) ou disperso (arranjo paralelo das partículas). A es-
2
modelos clássicos fornecem r de ordem 0,7. trutura floculada é menos deformável do que a dispersa, aos
Os módulos de resiliência dependem da densidade e esforços cisalhantes pequenos. Nos solos tropicais verifi-
da umidade dos solos - os fatores de estado. O modo como ca-se, por vezes, o agrupamento das partículas argilosas por
se arrumam e aglomeram as partículas de solo, assim como ação cimentante dos oxihidróxidos de ferro, em grumos de
a quantidade de água de compactação e de equilíbrio são dimensões de silte (“pipocas”).
determinantes na deformabilidade.
A Fig. 10 (Svenson, 1980), mostra a influência da Motta et al. (1990) estabeleceram um paralelo do
massa específica aparente sêca e da umidade de compac- efeito da embebiçao no valor do CBR para vários pontos da
tação no ensaio de uma argila vermelha. A estrutura do solo curva de compactação e o efeito correspondente no MR. No
argiloso é um fator determinante da deformabilidade. Con- entorno do pico de compactação o MR pouco varia com a
forme o método de compactação o arranjo das partículas de saturação, visto que seu estado inicial é de grau de satura-
argila pode ser predominantemente floculado (arranjo bor- ção elevado (cerca de 85%).

148 Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006.
Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

As tensões são usualmente aplicadas à freqüência de A Fig. 11 mostra os pulsos de tensões verticais para
1 Hz (1 ciclo/s) e a duração de carga de 0,1 s a 0,14 s. Em velocidades de veículos de 1,6 km/h (1 milha/h) a 72 km/h
Barksdale e Hicks (1973) tem-se o cálculo de pulsos a (45 milhas/h). Verifica-se que um caminhão a 24 km/h
diferentes profundidades e velocidades de veículos para pode produzir a 30 cm de profundidade um pulso de tensão
estruturas de pavimentos comuns dos EUA. Fez-se o cálcu- vertical de 0,14 s de duração; a 72 km/h o pulso é de 0,045 s,
lo para as ondas de pulso semi-senoidal e triangular da mas à velocidade de 1,6 km/h (no arranque) é de 1,7 s. A
tensão normal vertical e da tensão principal. O pulso senoi- cada distância x da roda à vertical do ponto para o qual se
dal parece preferível a pequenas profundidades e o triangu- quer calcular sv corresponde o tempo t, dado por: x/v = t;
lar para o subleito. onde v é a velocidade do veículo; tendo-se o x correspon-
dente ao t, podem-se calcular as tensões para esses pontos.
Tabela 4 - Parâmetros de regressão logarítmica das curvas de fa- Medina e Motta (1995) aplicaram os mesmos princí-
diga à compressão diametral, de misturas de solo-cimento (Cerat- pios utilizados por Barksdale & Hicks (1973) a estruturas
ti, 1991).
de pavimentos típicas brasileiras e comprovam que a cor-
(IV) st = a + b log Nf
respondência velocidade - pulso de carga é função das
Mistura N. a b R S Se características dos materiais e das espessuras das camadas.
n. vigas Preussler (1978) compara os módulos de ensaios tria-
1 10 0,75 -0,040 -0,95 0,06 0,02 xiais estáticos ciclados com os de carga repetida para um
5 9 0,67 -0,008 -0,60 0,02 0,02
6 10 0,46 -0,006 -0,55 0,02 0,01

(V) et = a + b log Nf.


Mistura N. A B R S Se
-5 -6 -6 -7
n. vigas (x10 ) (x10 ) (x10 ) (x10 )
1 9 5,89 -2,0 -0,88 3,4 15
5 7 6,23 -1,8 -0,69 4,4 34
6 9 6,19 -2,0 -0,78 3,7 41

(VI) RT (%) = a + b log Nf


Mistura N. A b R S Se
n. vigas
1 9 99,53 -4,673 -0,95 7,29 2,56
5 9 73,31 -0,890 -0,55 2,69 2,36
6 9 76,57 -0,997 -0,54 2,58 2,4°
Figura 11 - Variação do tempo de pulso de tensão vertical equiva-
OBS: r, coeficiente de correlação; S, desvio padrão; Se, erro pa- lente com a velocidade do veículo e a profundidade, segundo
drão da estimativa. Barksdale & Hicks (1973).

Figura 10 - Efeito da massa especifica e umidade de compactação de um solo argiloso de subleito (reforço) no módulo de resiliência
(Svenson, 1980).

Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006. 149
Medina

solo arenoso. Designa-se por ensaio ciclado aquele em que diâmetro, foi utilizado pela primeira vez na COPPE por
se aplicam carregamentos monotonicamente crescentes e Pérez Espinosa (1987), no estudo de uma amostra de brita
descarregamentos sucessivos a tensões desvio inferiores às graduada de rocha gnáissica da camada de base da BR-101,
de ruptura, ou seja, ensaios estáticos com ciclos. Os módu- trecho Manilha-Duque, RJ.
los de resiliência foram de 3 a 7 vezes os módulos estáticos A granulometria da brita I mostra que passam todas as
tangentes obtidos no quinto e último ciclo em que se levou partículas na peneira de 19,1 mm (ou pol) e a da brita II na
o corpo-de-prova à ruptura. Calculou-se o módulo estático peneira de 9,5 mm (ou 3/8 pol). Compactaram-se os cor-
a 50% da tensão máxima. Os ensaios triaxiais estáticos pos-de-prova de 100 mm de diâmetro com energia Proctor
foram não-adensados, não-drenados (UU). (ou AASHTO) modificada, em oito camadas iguais, se-
Teve voga durante algum tempo a correlação entre o guindo-se a compressão final numa prensa até atingir a
módulo dinâmico determinado no campo com o equipa- altura de 200 mm. Seguiu-se a desmoldagem, que deixou o
mento vibratório da Shell e o CBR in situ. É a correlação corpo-de-prova, envolto pela membrana de borracha, já
divulgada por Heukelom e Klomp (1962): instalado no pedestal da câmara ou célula triaxial.
As curvas de compactação são muito próximas, com
E (ou MR) = 10,4 (CBR) (15)
(gsmáx em g/cm3; hot em %) de (2,333; 5,5) para a brita I e
obtendo-se E em MPa; o coeficiente varia de 5,2 a 20,7. (2,216; 5,5) para a brita II.
Cabe lembrar que a penetração CBR submete a amos- Os resultados de ensaios a cargas repetidas mos-
tra a deformações plásticas elevadas, ao passo que o MR se traram a influência destacada da pressão confinante, s3. Os
determina a pequenas deformações após grande número de ensaios foram feitos a valores de s3 (em kPa): 21 - 35 - 52,5
ciclos de carregamentos e descarregamentos. Além disso, o - 70 - 105 e 140, e razões s1/s3: 2-3 e 4 para cada s3. A
CBR in situ é uma medida num ponto, enquanto que a freqüência de aplicação da carga foi de 1 Hz e a duração da
medição dinâmica com equipamentos vibratórios ou de carga de 0,1 s, em condições de drenagem livre.
impacto envolvem a resposta de alguns metros de estrada, Os modelos aplicados foram os tradicionais, mostra-
sendo de caráter médio. O que se recomendava no método dos na Tabela 5a, e mais os sugeridos por Rada & Witczak
da Shell, aos seus usuários com recurso a microcomputa- (1980) e por May & Witczak (1981), respectivamente, na
dores PC, segundo Valkering & Stapel (1992) era a deter- Tabela 5b, Segundo Perez Espinosa (1987):
minação do módulo dinâmico do subleito por medições
MR = k 3 q k 4 e ca (sendo ea > 10 )
-5
deflectométricas dinâmicas, com cargas representativas do (16)
tráfego e em condições de umidade previsíveis. Também
k '4
no método francês de dimensionamento de pavimentos por MR = k '3 q s cd ' (sendo sd > 0,1 s3) (17)
meio de catálogo de estruturas (SETRA, 1998) esta reco-
mendação está presente. onde k3, k4, c , k’3, k’4 e c’ são parâmetros determinados
O banco de dados de resultados de ensaios triaxiais experimentalmente.
dinâmicos da COPPE, de solos brasileiros, foi organizado Os teores de umidade oscilaram, em relação ao teor
por Ferreira (2002) e nele constam cerca de 400 amostras. ótimo, de -0,05 a +0,57 pontos percentuais para corpos-
Este autor fez inúmeras tentativas de obter correlações en- de-prova de britas de 100 mm de diâmetro, o suficiente para
tre os ensaios convencionais e o módulo de resiliência dos variar os graus de saturação, S, na faixa de 65 a 77%.
solos ou seus parâmetros ki, porém não foi possível obter A brita I (diâmetro máximo 3/4’’ou 19 mm) forneceu
previsões confiáveis genericamente para quaisquer solos. módulos, em geral, maiores que os da brita II (diâmetro
O procedimento mais auspicioso para se conseguir uma máximo 3/8’’ ou 9,5 mm). Cabe lembrar que as tensões
estimativa do módulo de resiliência para anteprojeto é o confinantes no ensaio variaram de 20,5 kPa a 137 kPa e as
que utiliza a técnica das redes neurais nesta modelagem, tensões desvio de 20,5 kPa a 420 kPa. Ficou patente, tam-
por ser o problema extremamente não linear e complexo. bém, a obtenção de módulos maiores com os corpos-de-
O banco de dados de Ferreira (2002) mostra a grande prova de 50 mm de diâmetro, em que pese o escalpo
variedade de valores de resultados de ensaios de solos efetuado.
arenosos e argilosos de diferentes locais do país com a No ensaio triaxial de carga repetida, feito a diferentes
respectiva referência para obtenção de maiores detalhes, tensões confinantes, s3, e valores de sd crescentes, tem-se
realizados em corpos-de-prova de 5, 10 e 15 cm de diâme- deformações específicas axiais também crescentes. As for-
tro, com o equipamento triaxial da COPPE, na fase anterior mas dessas curvas experimentais estão na Fig. 12, para a
à automação e após a automação. As teses e dissertações brita I, CP-3. No mesmo gráfico estão as curvas modeladas
apresentadas a partir de 2001 podem ser integralmente para três valores de s3 (0,0205, 0,0686 e 0,137 MPa),
obtidas na página eletrônica do Programa de Engenharia segundo as expressões nele indicadas. No caso particular de
Civil da COPPE (www.coc.ufrj.br/ teses). uma brita de gnaisse etudada por Peréz Espinosa (1987),
O equipamento triaxial de cargas repetidas que per- nas seguintes condições de moldagem:
mite ensaiar corpos-de-prova de 100 mm e 150 mm de • Diâmetro: 100 mm; altura: 200 mm;

150 Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006.
Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

Tabela 5a - Modelagem dos dados experimentais dos ensaios triaxiais de cargas repetidas de britas de gnaisse (Pérez Espinosa, 1987).

Brita n. Fcp n. cp Compactação MR = k1 Q k2 (MPa) MR = k1 s3 k2 (MPa)


(mm)
gsMax (kN.m )
-3
h (%) S% k1 k2 r k1 k2 r
I 100 1* 5,54 66,5 26,6 953 0,397 0,855 488 0,381 0,768
2* 5,87 68,6 21,5 1498 0,454 0,960 685 0,408 0,891
3* 5,96 76,3 21,9 1505 0,639 0,987 524 0,611 0,974
II 100 4* 5,45 64,3 21,5 1045 0,555 0.987 416 0,526 0,966
5* 5,62 69,3 21,7 567 0,261 0,754 360 0.230 0,646
6* 5,75 67,5 21,5 610 0,308 0,719 364 0,242 0,546
7* 6,07 77,0 21,8 628 0,326 0,703 367 0,238 0,516

Obs: S, grau de saturação, s3, tensão confinante, Q, soma das tensões principais, r, coeficiente de correlação; * ensaios realizados com
célula de carga interna.

Tabela 5b - Modelagem dos dados experimentais dos ensaios triaxiais de cargas repetidas de britas de gnaisse (Pérez Espinosa, 1987).

Fcp MR = k1 Q k2 eac (MPa) MR = k’1 s3 sd (MPa)


k’2 c
Brita n. N. cp
(mm)
k1 k2 C r k’1 k’2 c r
I 100 1* 33,5 0,594 -0,375 0,95 894 0,806 -0,447 0,886
2* 64,9 0,631 -0,319 0,98 1276 0,880 -0,426 0,974
3* 101,9 0,725 -0,230 0,98 770 0,901 -0,262 0,989
II 100 4* 86,0 0,659 -0,228 0,98 611 0,818 -0,419 0,988
5* 30,9 0,507 -0,359 0,92 631 0,650 -0.484 0,831
6* 27,6 0,537 -0,378 0,93 718 0,737 -0,518 0,832
7* 25,8 0,577 -0,391 0,93 782 0,811 -0,852 0,835

Obs: e, deformação específica,sd, tensão desvio, r, coeficiente de correlação múltiplo, * ensaios realizados com célula de carga interna.

• Teor de umidade de compactação: 5,87%;


• Grau de saturação: 68,6%;
3
• Peso especifico aparente seco máximo: 21,5 kN/m .
0,454
MR = 1498q ; r = 0,96 (18)
.e
0,631 -0,319
MR = 64,9q ; r = 0,98 (19)
A expressão (19) modela melhor do que a (18), pois
acompanha a tendência descendente do módulo com a
deformação específica axial ou, vale dizer, com a tensão
desvio crescente, ao contrário da primeira expressão que se
mostra ascendente. É também sintomático que os módulos
variem pouco com a tensão desvio (variação no sentido da
deformação específica axial), ou seja na horizontal do grá-
fico, e muito com a tensão confinante s3, de 20,5 kPa a
137 kPa: 230 MPa a 660 MPa.
O módulo de resiliência diminui com o aumento da
umidade. A saturação afeta o k1 e pouco o k2. No manual da
AASHTO (1986) sugerem-se valores para o módulo de Figura 12 - Módulo de resiliência contra deformação específica
materiais granulares de bases e sub-bases. Como na expres- axial ea para diferentes tensões confinantes s3 -brita I, c.p. de
são: MR = k1 q k 2 , k1 tem dimensão de q1 -k 2 , considerou-se 100 mm (Pérez Espinosa, 1987).

Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006. 151
Medina

um k2 médio para a conversão de unidades do módulo, que com equipamentos servo-motores e diferentes modos de
2
na referência está em l b/pol para MPa. carregamento.
No caso específico da pista experimental da AASHO, A seguir apresenta-se um esquema simplificado de
os módulos da base em MPa foram: cálculo de deformações permanentes produzidas por uma
carga na superfície do pavimento. Tem-se:
• Condição seca: MR = 1100 q0,6.
n
• Condição úmida: MR = 550 q0,6. d p ( total ) = å ( e p ( i ) h i ) (20)
i =1
• Condição encharcada: MR = 440 q . 0,6

Santos (1998) estudou as lateritas pedregulhosas do onde ep(i) e hi são, respectivamente, a deformação perma-
Estado do Mato Grosso utilizadas em pavimentação. Pre- nente da camada i e a sua espessura.
dominam, neste Estado, formações geológicas terciárias e Num âmbito mais geral pode dizer-se que a defor-
tipos de solos de comportamento laterítico, provenientes de mação cisalhante octaédrica (goct) é a principal responsável
alteração de arenitos. São os latossolos e solos podzólicos pelo afundamento de trilha de roda:
vermelhos e amarelos que se sobrepõem a blocos concre- 2
cionados de laterita. Este material que é escavado e destor- g oct = ( e1 - e 2 ) 2 + ( e 2 - e 3 ) 2 + ( e1 - e 3 ) 2 (21)
3
roado pelos equipamentos de terraplenagem constitui a la-
terita pedregulhosa. Foram estudados oito trechos de 400 m A deformação volumétrica (vr) pode ter alguma influ-
cada, com ensaios deflectométricos, abertura de trincheiras ência no afundamento se os materiais do pavimento esti-
penetrando no subleito, coleta de amostras para ensaios de verem mal compactados.
laboratório e determinação de densidade e umidade in situ. v r = e1 + e 2 + e 3 (22)
A fisiografia é de planaltos dissecados, chapadas e depres-
sões de rios. As altitudes variam de 200 m a 800 m. Na expressão de Monismith (7) se o N de campo for
superior ao N máximo estabelecido no ensaio, a prática de
Os ensaios mostraram que as lateritas tanto das bases
extrapolar a reta log e acp contra log N pode induzir a erro na
como das sub-bases têm cerca de 65% de pedregulho (diâ-
deformação permanente. A diferença entre a curva extra-
metro de partícula superior a 2 mm); o subleito, de mesma
polada e a real se acentua caso as deformações plásticas
natureza, em média, 48% desta fração e maior dispersão de
apresentarem um acomodamento ou “shakedown”. Neste
valores. Os valores de CBR das lateritas de bases e sub-
caso a taxa de crescimento da deformação permanente com
bases são da ordem de 85% e os do subleito 35%. O
N torna-se muito pequena podendo anular-se - Guimarães
tratamento asfáltico duplo foi o revestimento mais comum,
et al. (2004). É o que mostra esquematicamente a Fig. 13,
e o CBUQ para reforços e rodovias de tráfego mais pesado.
completada pelas duas expressões:
De certa forma pode-se dizer que são pavimentos de laterita
de “espessura plena” sobre solos lateríticos. Observou-se e p = AN B , se N £ NSD; (7a)
que a umidade in situ coincidia com a ótima do ensaio de
compactação de energia intermediária para as bases, era de e p = D + CN , se N > NSD; (7b)
cerca de 2% superior à ótima nas sub-bases, à mesma ener- onde NSD é o número de repetições a partir do qual se
gia e 0,7% maior para o subleito compactado na energia manifesta o acomodamento. Atribui-se esta ocorrência
Proctor normal. O grau de saturação variou de 45% a 90%; observada experimentalmente à existência de um estado
o valor médio da densidade dos grãos era de 2,76 e a massa de tensões residuais que se contrapõe à deformação plás-
específica aparente seca máxima 2,24 g/cm3. Os ensaios tica.
triaixiais de cargas repetidas foram realizados em corpos-
de-prova compactados de 100 mm de diâmetro, em dez
camadas. Os resultados foram modelados estatisticamente
pela expressão: MR = k1 s k3 2 . Como os valores da declivi-
dade das retas de regressão - k2 - são pequenos, k2 médio
0,13 (-0,04 a 0,28) para a base, 0,22 (0,08 a 0,38) para a
sub-base, e 0,14 (-0,21 a 0,37) para o subleito, torna-se
razoável considerar os valores médios de módulos no inter-
valo de tensão confinante do ensaio (21 a 140 kPa): 250 a
700 MPa para bases, 300 a 550 MPa para sub-bases e 280 a
450 MPa para os subleitos.
A fim de realizar ensaios de cargas repetidas em que
se utilize o módulo volumétrico, K, e o módulo cisalhante, Figura 13 - Esquema simplificado de complementação do mode-
G, teria que se admitir diversos caminhos de tensão em que lo de Monismith para deformação permanente, a grande número
se pudesse variar s3 e sd simultaneamente. Isto só é possível de ciclos de carga - Guimarães et al. (2004).

152 Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006.
Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

Obteve Svenson (1980), em ensaios de cargas repe- ótimo (menor densidade aparente e praticamente o mesmo
tidas de solos argilosos lateríticos de subleitos de estradas, grau de saturação). A freqüência do carregamento é de 1 Hz
na forma descrita antes, em corpos-de-prova de 5 cm de e a duração de carga 0,14 s. Trata-se da argila vermelha, re-
diâmetro, os valores apresentados na Tabela 6. Os ensaios sidual evoluído de gnaisse, da BR-040/RJ, Três Rios.
foram feitos a diferentes níveis de sd e a s3 de 0,021 MPa. Observa-se a taxa crescente de deformação perma-
Apesar de apresentarem de 53 a 63% de finos, os nente acumulada com o número de aplicações ao se aumen-
ensaios de CBR de amostras embebidas resultaram em tar o teor de umidade de compactação e com a redução de
valores de 12 a 28%, o que é comum em argilas lateríticas. massa específica aparente. Bem menor é a influência na
Na Fig. 14 mostra-se a influência da umidade de deformação resiliente.
compactação, com um ponto no teor ótimo e outro acima do Os ensaios triaxiais a cargas repetidas são feitos a
níveis de tensão desvio bem inferiores aos de ruptura de
ensaios triaxiais UU (não-adensados - não-drenados). No
exemplo citado - Tabela 6 - a tensão desvio é da ordem de
15% da tensão de ruptura.
Cardoso (1987) apresenta uma tabela com intervalos
de valores de a e m da expressão de Uzan:
e p (N )
= m N -a (23)
er

obtidos de várias referências para materiais de diversas


camadas do pavimento, reproduzida resumidamente na Ta-
bela 7.
Alguns dados de módulos de resiliência de solos
norte-americanos são aqui apresentados como termo de
comparação.
Huang (1993) dá um exemplo de expressão do módu-
lo de material granular:
MR = 3609.q0,351 (em lb/pol2).
A fim de transformar esta expressão do tipo
MR = k1 q k 2 em unidades de MPa, faz-se:
1-0,351
k1 = 3690(0,00689) = 3690 x 0,00395 = 146
visto que 1 lb/pol = 0,00689 MPa;tem-se: MR = 146 q0,351
2

(em MPa).
Figura 14 - Efeito da umidade de compactação nas deformações Rada & Witczak (1981) apresentaram expressões de
específicas axiais permanentes acumuladas e resilientes; argila resiliência de vários tipos de materiais granulares utilizados
vermelha do Rio de Janeiro (Svenson, 1980). em pavimentação nos EUA, Tabela 8.

Tabela 6 - Coeficientes experimentais da expressão da deformação permanente acumulada de quatro argilas para s3 = 0,021 MPa
(Svenson, 1980).

Amostra Condições do c.p. sd s3 ep = A.NB


(MPa) (MPa)
gs (g/cm )
3
h (%) S% A B r
Argila vermelha, RJ 17,0 1,781 88 0,076 0,0093 0,058 0,99
18,9 1,717 89 0,076 0,0029 0,072 0,99
Argila amarela, RJ 21,1 1,688 95 0,075 0,0011 0,086 0,98
23,3 1,614 94 0,075 0,0049 0,121 0,93
Argila vermelha, MG 16,2 1,776 82 0,142 0,021 0,0013 0,028 0,92
17,4 1,757 86 0,142 0,0030 0,039 0,98
18,6 1,737 89 0,142 0,0080 0,044 0,94
Argila vermelha, PR 18,7 1,729 92 0,070 0,0060 0,066 0,95
Obs.: S, grau de saturação; os ensaios foram feitos perto do teor ótimo; r, coeficiente de correlação.

Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006. 153
Medina

Tabela 7 - Intervalo típico de valores de a e m da expressão de De Thompsom & Robnet (1979), obteve-se a Tabe-
Uzan de deformação permanenente (Cardoso,1987). la 9 de expressões do MR = k1 q k 2 de materiais granulares
em três estados de compactação.
Camada Parâmetro Intervalo
Mossagadeh & Witczak (1981) apresentam - Tabe-
Revestimento a 0,45 a 0,90 la 10 - expressão do módulo de resiliência de solos coe-
asfáltico m 0,10 a 0,50 sivos, dados pela expressão MR = k1 s kd 2 , numa análise de
a 0,90 a 1,00 137 solos.
Base e sub-base Huang (1993) dá um exemplo de módulo de resiliên-
m 0,10 a 0,30 cia de solos finos (modelo bilinear), expressões (9) e (10):
a 0,70 a 0,90 k1 = 38,6 MPa; k2 = 0,0360 MPa
Subleito k3 = 6,9 MPa; k4 = 2,67 MPa
m 0,01 a 1,20
(Emax = 60,7 MPa; Emin = 11,0 MPa)

Tabela 8 - Parâmetros k da expressão MR = k1 qk 2 de materiais granulares (Rada & Witczak, 1981).

Material Número de ensaios k1 médio Variação de k1* k2 médio Variação de k2 *


Areia siltosa 8 244 107 a 578 0,62 0,36 a 0,80
Cascalho arenoso 37 431 83 a 1238 0,53 0,24 a 0,80
Mistura arenosa 78 565 244 a 1438 0,59 0,23 a 0,82
Brita 115 166 39 a 1302 0,45 -0,16 a 0,80
Calcário 13 708 288 a 4235 0,40 0,00 a 0,54
Escória 20 744 285 a 9835 0,30 0,00 a 0,52
Obs.: * na conversão de unidades inglesas para MPa, tomou-se o k2 médio.

Tabela 9 - Efeito da densidade e da umidade de compactação no MR de materiais granulares (Thompsom & Robnet,1979).
3 2
Material granular Amostra Massa espec. (g/cm ) Teor de umidade (%) MR (MPa) R
HD - 1 2,211 5,7 508 q0,69 0,997
Brita MD - 1 2,140 6,3 335 q 0,46
0,973
LD - 1 2,082 7,0 400 q 0,59
0,962
HD - 2 2,233 6,3 382 q 0,50
0,741
Cascalho MD - 2 2,146 6,5 258 q 0,31
0,803
LD - 2 2,098 6,7 318 q 0,56
0,882
450 q
0,48
HD - 3 2,235 6,3 0,932
Brita mais
MD - 3 2,154 6,8 281 q 0,37
0,829
cascalho
LD - 3 2,098 7,2 405 q 0,60
0,882
2
Obs.: R , coeficiente de determinação.

Tabela 10 - Parâmetro k da expressão MR = k1 skd2 de solos finos (Mossazadeh & Witczak, 1981).

Illinois Maryland San Diego


Parâmetro k k1 k2 k1 k2 k1 k2
Médio 0,0140 -0,420 0,0260 -0,510 0,06632 -0,370
Desvio padrão 0,1245 0,156 1,1042 0,290 12,4868 0,264
Faixa de variação * -0,740 a -0,17 * -1,13 a 0,04 * -1,17 a 3,93
*z faixa de variação, com MR em MPa, não pode ser calculada para k1 pois não se tem a correspondência de pares de valores de k1 e k2.

154 Solos e Rochas, São Paulo, 29, (2): 137-158, Maio-Agosto, 2006.
Mecânica dos Pavimentos: Aspectos Geotécnicos

5. A Evolução de um Método Mecanístico de no país a partir da década de 1980. Inicialmente, o método


Dimensionamento de dimensionamento de reforços de pavimentos asfálticos
deteriorados - Preussler (1983), e, mais tarde, o dimensio-
O método mecanístico, diferentemente do empírico, namento de pavimentos asfálticos - Motta (1991).
procura estabelecer relações de causa (tráfego e ação climá- A pletora de programas computacionais não deve ser
tica) e efeito (evolução dos defeitos do pavimento), conhe- confundida com propostas concretas de métodos de dimen-
cido o estado de tensões e deformações específicas e as sionamento.
características físicas e mecânicas do pavimento e subleito.
O método mecanístico-empírico deve incluir a análi-
O tráfego deve ser conhecido quanto às diferentes se de confiabilidade, seja a probabilística. É o que mostrou
configurações de eixos, peso de eixos, tipos de pneumá- Motta (1991) ao aplicar o método de Rosenblueth.
ticos, posicionamento nas pistas e incidência anual, mensal
e diária. A pesagem deve ser, de preferência dinâmica 6. Considerações Finais
(veículos em movimento) para maior eficiência.
Dispõe-se de considerável experiência de laboratório A mecânica dos pavimentos está para a engenharia de
sobre a deformabilidade de solos compactados e de mate- pavimentação assim como a mecânica dos solos está para a
riais de pavimentação sob a ação de cargas repetidas. Idem, engenharia geotécnica ou de solos; pode-se acrescentar, a
quanto a ruptura por fadiga de misturas asfálticas e cimen- mecânica das rochas para a engenharia de túneis e esca-
tadas. O país dispõe de dois grande equipamentos fixos de vação em rocha.
simulação de tráfego - na UFRGS, Viamão, Porto Alegre, O engenheiro envolve-se, cada vez mais, com as
RS, e no IPR/DNIT em Parada de Lucas, Rio de Janeiro. Na questões do meio ambiente já que o aproveitamento das
categoria de simuladores de tráfego de laboratório, a Escola forças da natureza em prol do homem e da sociedade, traz
Politécnica da USP e a Petrobras possuem equipamentos de em si o germe de sua própria exaustão. No caso da pavi-
ensaios acelerados. Os defletômetros de impacto tipo FWD mentação, a preocupação centra-se no esgotamento de
têm permitido maior produtividade na obtenção de dados ocorrências (jazidas) de materiais naturais de construção.
de campo do que a viga Benkelman. Em pouco mais de 40 anos da inauguração de Brasília,
Há uma expectativa favorável em relação aos equipa- cerca de 80% das ocorrências de lateritas pedregulhosa se
mentos de ensaios acelerados na estrada, nos moldes do esgotaram na construção de rodovias e ruas do Distrito Fe-
HVS (“heavy vehicle simulator”) da África do Sul. deral.
Os modelos de previsão de danos do pavimento só Enfrenta o engenheiro de pavimentação o desafio
serão possíveis mediante a realização de trechos experi- constante de utilização de novos materiais de que se tem
mentais sob tráfego conhecido com monitoração perma- pouca experiência de aplicação prática. Ora, a mecânica
nente. dos pavimentos oferece o ferramental teórico e experimen-
O novo “Guia de Dimensionamento de Pavimentos” tal para a avaliação de novos tipos de pavimentos e de
da AASHTO (2002) representa uma tomada de posição em materiais de pavimentação. O simples empirismo traria
1996 dos rodoviários norte-americanos, em prol de um mé- respostas a prazo muito longo.
todo mecanístico. Desde a pista experimental da AASHO As peculiaridades do clima e solos tropicais marcam,
do fim da década de 1950 os projetos de pavimentos rodo- como foi visto, a deformabilidade de amostras compac-
viários vinham obedecendo aos manuais desta entidade, tadas do subleito e de camadas do pavimento asfáltico bem
nas edições de 1972, 1986 e 1993. A partir de 1996 estabe- como a de suporte das placas de concreto e das tensões
leceu-se uma vasta rede de trechos experimentais (“Long térmicas que nelas se desenvolvem. A deformabilidade
Term Pavement Performance”) monitorada, e acompanha- elástica de amostras compactadas de solos brasileiros usa-
da de pesquisas de materiais de pavimentação realizadas dos em pavimentos apresentam valores inferiores (módulos
em universidades. Antes mesmo da edição de 2002 já se maiores) aos dos solos predominantes nos EUA, principal-
havia adotado o módulo de resiliência do subleito no lugar mente os de textura fina.
do índice de suporte Califórnia, em 1986. O desenvolvimento da mecânica dos pavimentos com
Sem a possibilidade de mobilizar vastos recursos fi- o apoio dos estudos geotécnicos dos solos tropicais atingi-
nanceiros, a meta provisória que se poderia estabelecer no ram um estágio promissor em cerca de uma dezena de
país seria a de um método mecanístico-empírico progres- centros de pesquisa universitários. Engenheiros que fize-
sivamente aperfeiçoado. Se procuraria usar o espectro de ram pós-graduação nesta área atuam em empresas de enge-
tráfego real, abordagens teóricas na modelagem matemá- nharia e órgãos públicos. De longa data o IPR do ex-DNER
tica do pavimento e calibrações mais apuradas do fator (hoje, DNIT) vem desenvolvendo pesquisas com intensa
laboratório-campo mediante trechos experimentais contro- participação no campo. Deve-se destacar o papel impor-
lados e utilização de estudos com simuladores de tráfego. tante da Petrobras através de seu Centro de Pesquisas no
Cabe lembrar que esboços de métodos mecanístico- apoio técnico e financeiro às universidades. O Conselho
empíricos já constituíram objeto de pesquisas universitárias Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

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Medina

tem sido o inegável propulsor da pesquisa universitária no Programação Automática. Tese de Mestrado em Enge-
país. nharia Civil, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 162 p.
Este panorama favorável parece contradizer-se diante Carneiro, F.L. (1943) Um novo método para a determi-
do estado de deterioração de parte da rede rodoviária, no fi- nação da resistência à tração dos concretos. 5ª Reun.
nal de 2005. Mas, tal como na sociedade civil, há uma “elite Ass. Bras. Normas Técnicas. Inst. Nac. Tecnol., Rio de
privilegiada” de rodovias a comprovar que se forem mobi- Janeiro (publicado no boletim n. 13, RILEM, série
lizados recursos governamentais ou em parceria com a ini- antiga, Paris, 1953), p. 103-27.
ciativa privada, um futuro melhor se augura para as nossas Ceratti, J.A.P. (1991) Estudo do Comportamento a Fadiga
rodovias. Esta é a esperança que desponta em 2006. Deverá de Solos Estabilizados com Cimento para Utilização em
ter prioridade a instalação de uma rede de postos de pesa- Pavimentos. Tese de Doutorado em Engenharia Civil,
gem dinâmica. Além de um controle fiscal que penalize os COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 338 p.
excessos de pesos total e de peso por eixo, dados essenciais Fernandes, C. da G. (2004) Caracterização Mecanística de
para a avaliação estrutural e funcional dos pavimentos Agregados Reciclados de Resíduos de Construção e
seriam postos à serviço dos projetistas e dos engenheiros de Demolição dos Municípios do Rio de Janeiro e de Belo
conservação. Horizonte para uso em Pavimentação. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Civil, COPPE/UFRJ, Rio de
Agradecimentos Janeiro, 120 p.
O Autor é extremamente agradecido à ABMS pela Ferreira, J.G.H.M. (2002) Elaboração e Análise de Base de
oportunidade de apresentar esta “ponte” entre a Geotecnia e Dados de Ensaios Triaxiais Dinâmicos da COPPE/
a Mecânica dos Pavimentos. Isto ao ensejo da homenagem UFRJ. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil,
que a comunidade geotécnica presta à memória do Enge- COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 130 p.
nheiro Francisco Pacheco Silva. Gonçalves, F.J.P. (2002) Estudo do Desempenho de Pavi-
mentos Flexíveis a partir de Instrumentação e Ensaios
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