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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano


COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Dosagem de Misturas de Solo e Material Fresado Melhoradas com


Cimento para Uso em Pavimentação a Partir de Ensaios de
Compressão não Confinada.
Fernanda Costa da Silva Maciel
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, nandamaciel_@hotmail.com

Mario Sergio de Souza Almeida


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, mario.almeida@ufrb.edu.br

José Humberto Teixeira Santos


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, jhtsantos@yahoo.com.br

Weiner Gustavo Silva Costa


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, weiner@ufrb.edu.br

Victor Garcia de Almeida


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, victor_ma12@hotmail.com

José Patrício Bulhões de Jesus


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil, jpbulhoes@outlook.com

Camilla Maria Torres Pinto


Escola de Eng. de Agrimensura da Bahia, Salvador, Brasil, c.camillamaria@gmail.com

Edson Góes de Araújo Neto


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, Brasil edson_goes@hotmail.com

RESUMO: No Brasil, para as obras de pavimentação rodoviária, especificamente, a aplicação das


técnicas de estabilização representa uma solução eficaz, frente às exigências normativas que norteiam
as obras de infraestrutura rodoviária. Aliado a esse fato, a busca pela reutilização de Resíduos da
Construção Civil (RCC) na pavimentação vem se tornando uma prática corrente. Dessa forma,
estudos sobre a estabilização de solos com o uso do material fresado, conhecido como RAP
(Reclaimed Asphalt Paviment), são frequentes no meio rodoviário nacional. Esta pesquisa buscou
analisar as misturas de solo com 50% e 70% de material fresado, melhoradas com 2%, 4% e 5% de
cimento, através de ensaios de resistência à compressão não confinada. Os resultados obtidos sugerem
que em termos de resistência à compressão não confinada, com base nas exigências estabelecidas
pela norma DER/PR-ES P 11/05, as misturas testadas, apesar de conferirem ganhos significativos de
resistência ao solo, não se mostraram aptas para serem utilizadas como camada de sub-base ou base
pavimentos flexíveis.

PALAVRAS-CHAVE: solo estabilizado, solo melhorado com cimento, resistência à compressão não
confinada, material fresado, RAP.
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1 INTRODUÇÃO principalmente, das altas solicitações as quais


as rodovias federais estão expostas.
Em todo o mundo, o solo é um dos materiais Pavimentos deteriorados apresentam
mais empregados nas obras de engenharia superfície de baixa qualidade e com defeitos,
civil, em especial as de infraestrutura, devido cuja serventia pode ser recuperada através das
às suas propriedades físicas e mineralógicas, e medidas de restauração, que envolvem, dentre
seu comportamento mecânico, além da sua outras ações, a remoção dos materiais
vasta disponibilidade na natureza e custo existentes no pavimento e o recapeamento
relativamente baixo. através de novas misturas asfálticas. Estas
Em função da diversidade de solos medidas convencionais de recuperação
existentes com diferentes características, nem utilizam grandes quantidades de recursos
sempre o solo disponível no local da obra se naturais, como material betuminoso e
enquadra dentro das especificações de um agregados de alta qualidade (COSTA e
determinado projeto de engenharia. PINTO, 2011).
Existem medidas de correção para adequar Conforme Bernucci et al. (2008), o corte do
o solo aos requisitos necessários de um projeto, revestimento deteriorado por equipamento
sendo estas: a aceitação do material original e especial (fresadora), gera um material residual,
ajuste do projeto às restrições por ele impostas; denominado material fresado, que pode ser
a remoção do material do seu local de origem reaproveitado por reciclagem. A reciclagem
seguida da substituição por um material de com a reutilização deste material remanescente
qualidade superior; ou a modificação das da operação de restauração de pavimentos é
propriedades do solo existente de forma a criar uma técnica moderna que permite aumentar de
um material capaz de responder às forma notável a capacidade estrutural e a
necessidades da tarefa prevista. Esta última homogeneidade do mesmo, com uma redução
medida denomina-se estabilização de solos da aplicação de novos materiais (FONSECA,
(CRISTELO, 2001). 2009).
Segundo Marques (2012), os métodos de Segundo Bonfim (2010), um dos principais
estabilização de solos podem ser classificados problemas encontrados na reutilização e
de acordo com a natureza da energia que é reciclagem de material fresado, como nova
transmitida ao solo, podendo, desta forma, mistura asfáltica, está relacionado à
serem considerados os métodos de granulometria deste material, principalmente
estabilização física, que abrangem a com relação aos processos realizados sem o
estabilização elétrica e térmica, e os métodos pré-aquecimento do revestimento (fresagem a
de estabilização mecânica, granulométrica e frio), em função da formação dos grumos. O
química, os quais são aplicados neste trabalho. autor constatou que as curvas granulométricas
No Brasil, para as obras de pavimentação obtidas com a extração do betume do material
rodoviária, especificamente, a aplicação destas fresado, ou seja, após a fresagem e sem os
técnicas representa uma solução eficaz, devido grumos, são curvas mais densas ou mais
à dificuldade de enquadramento dos materiais fechadas, com maior quantidade de finos.
disponíveis nos locais das obras às exigências Ocorre o inverso para as curvas obtidas sem a
estabelecidas pelos órgãos públicos extração do betume, o material é analisado da
municipais, estaduais e federal que forma como resulta da fresagem, com os
normatizam as obras de infraestrutura nos grumos, o que faz com que a porcentagem de
diferentes níveis governamentais e também material passante em cada peneira seja menor.
norteiam o setor privado. O Departamento Na perspectiva de adequar as obras
Nacional de Infraestrutura de Transportes rodoviárias às questões ambientais, surgem
(DNIT), em particular, traz em suas normas um pesquisas que testam a reutilização do material
maior rigor quanto às exigências sobre os fresado em camadas de pavimento,
materiais de construção, em função, verificando-se resultados satisfatórios em
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muitas destas. Devido à possibilidade de Devido à heterogeneidade da constituição


reutilização deste material como parte deste material, o mesmo foi fracionado através
constituinte de camadas de pavimento, esta das peneiras ¾’’ (19,1mm) e #4 (4,8mm),
pesquisa visa analisar o desempenho das sendo dividido em três porções: grossa, média
misturas de solo com 50% e 70% de material e fina, obtendo-se a porcentagem de cada
fresado, melhoradas com 2%, 4% e 5% de porção em sua constituição. A parcela grossa,
cimento, através de ensaios de resistência à a qual apresentou a menor proporção, os
compressão não confinada de corpos de prova denominados grumos, foi substituída por
de pequena dimensão, com diâmetro de 50 mm fração média, obtendo-se um RAP mais
e altura de 100 mm, aproximadamente, uniforme.
compactados em molde Proctor adaptado para A realização desta substituição resultou em
compactação de corpos de prova (CPs) com as um RAP constituído por 38,1% de fração
dimensões supracitadas. média e 61,9% de fração fina, realizando-se,
para essas porcentagens, o ensaio de análise
granulométrica por peneiramento (DNERME
2 MATERIAIS E MÉTODOS 083/1998) e densidade real (DNER-ME
081/1998), adotando-se esta constituição do
Esta pesquisa foi realizada no Laboratório de RAP como padrão para realização de todos os
Pavimentação da Universidade Federal do ensaios.
Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cruz das
Almas-BA, podendo ser dividida em três 2.1.3 Misturas
etapas: caracterização dos materiais, ensaio de
compactação e ensaio de resistência à Para as misturas melhoradas com cimento,
compressão não confinada, as quais serão CPII-Z, optou-se por trabalhar com as
detalhadas ao longo deste item. porcentagens de 50% e 70% de RAP,
melhoradas com 2%, 4% e 5% de cimento em
2.1 Caracterização dos Materiais relação à massa total da mistura seca.
A norma DNIT 142/2010, estabelece faixas
2.1.1 Solo granulométricas que solos devem atender para
serem utilizados como camada de base
O solo analisado foi coletado em uma jazida na melhorada com cimento, desta forma as
área interna da UFRB, destinada a trabalhos de misturas de solo contendo 50% e 70% de
pesquisa. O material passou por inspeção, e material fresado foram analisadas
teve suas amostras preparadas para os ensaios granulometricamente (DNER-ME 080/1994).
de caracterização de acordo com as
recomendações da norma DNER-ME 2.2 Ensaio de Compactação
041/1994. Realizou-se ensaios de
granulometria por peneiramento (DNER-ME Este ensaio foi realizado em todos os materiais
080/1994), limite de liquidez (DNER-ME e misturas já apresentadas, com o objetivo de
082/1994), limite de plasticidade (DNER-ME obter-se os parâmetros ótimos (wót e 𝛾dmáx) de
122/1994) e densidade real (DNER-093/1994). cada amostra.
A compactação foi realizada utilizando-se o
2.1.2 Material Fresado molde de compactação Proctor para corpos de
prova de diâmetro de 50 mm e altura de 100
O material fresado (RAP) foi proveniente da mm, aproximadamente, na energia do Proctor
restauração de um trecho da BR 101/BA, Modificado, com moldagem de cinco corpos
fornecido pela concessionária VIABAHIA, de prova para cada mistura com diferentes
coletado durante as obras de restauração de teores de umidade, sendo o primeiro corpo de
segmento da rodovia. prova moldado com teor de umidade definido
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por identificação táctil e visual e os demais 2.3 Ensaios de resistência à compressão não
com teores crescentes de 2% (ramo úmido), e confinada
decrescentes de 2% (ramo seco).
O molde e equipamento utilizado para a Todas as misturas foram compactadas no
compactação dos CP´s pode ser visto na Figura mesmo molde de compactação Proctor para
1. CPs de diâmetro de 50 mm e altura de 100 mm,
aproximadamente, utilizado para a obtenção
das curvas de compactação. O grau de
compactação (GC) de cada CP foi controlado e
mantido próximo de 100%.
Para cada material (solo e diferentes
misturas) foram moldados três corpos de prova
(triplicata), na energia do Proctor modificado,
nos teores ótimos de umidade definidos através
do ensaio de compactação. Com os resultados
dos ensaios de compressão não confinada em
triplicata foi possível definir valores médios de
resistência, desvio padrão e coeficiente de
variação, para cada material testado.
Para as misturas de solo, logo após a
compactação, os CP´s foram envolvidos em
filme plástico para evitar a perda de umidade,
sendo após 24h submetidos ao ensaio de
Figura1. Ensaio de compactação resistência à compressão não confinada.
Para as misturas melhoradas com cimento
Para a compactação de cada CP, separou-se adotou-se as especificações da norma DNER-
500g de material para cada teor de umidade. As ME 201/1994, que prescreve as condições
amostras de solo e material fresado, após requeridas para execução de ensaios de
serem umedecidas, ficaram durante 12h compressão axial em corpos de prova
acondicionadas dentro de sacos plásticos para cilíndricos de misturas de solo cimento. Após
evitar a perda ou ganho de umidade e a compactação, os CPs permaneceram por sete
promover a equalização da mesma. Já para as dias dentro de um dessecador, conforme a
amostras melhoradas com cimento seguiu-se Figura 2, devidamente vedado, com controle
as recomendações da norma DNIT 142/2010, de umidade (≥ 95%) e temperatura (23°C ±
submetendo as misturas a um período de cura 2ºC), em processo de cura, sendo depois
de 72 horas, envolvidas em recipientes submetidos ao ensaio de resistência à
plásticos, antes da compactação. compressão não confinada.
A compactação foi realizada, em três Durante o ensaio percebeu-se a
camadas com 28 golpes cada, conforme impossibilidade de execução do mesmo para as
calibração do equipamento para a energia de misturas contendo somente RAP, devido à
compactação desejada. baixa aderência entre as partículas, do material
Os valores de umidade e densidade aparente fresado.
seca obtidos foram utilizados para a construção Os ensaios de resistência foram realizados
da curva de compactação de cada mistura, na Máquina Universal Times Group, com
permitindo a obtenção dos parâmetros ótimos velocidade de 1 mm/s, como recomenda a
de compactação das mesmas, ou seja, wót e norma DNER-ME 201/94.
𝛾dmáx.
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na Tabela 1, constata-se que apenas a mistura


contendo 70% de fresado se enquadra em uma
das faixas granulométricas definidas pela
referida norma. Entretanto, de acordo com a
norma DER/PR-ES 11/05, tanto a mistura
composta por 50% de RAP, quanto a composta
por 70% de RAP atendem,
granulometricamente, às exigências para
utilização como material de sub-base ou base
tratada com cimento.
A Tabela 2 contém o resumo dos ensaios de
caracterização do solo, assim como a
Figura 2. Processo de cura dos corpos de prova
classificação do mesmo de acordo com o
sistema de classificação de solos TRB.
3 RESULTADOS
Tabela 2. Ensaios de caracterização
Parâmetro Solo
3.1 Caracterização dos Materiais Passante #200 (%) 54,4
wL (%) 30
A Tabela 1 apresenta a distribuição wP (%) 22
granulométrica do solo, do RAP, e das IP (%) 8
misturas entre os dois materiais, assim como o IG (%) 4
enquadramento de cada um às faixas Classificação TRB A-4
granulométricas determinadas pela norma
DNIT 142/2010 De acordo com os resultados obtidos nos
ensaios de caracterização da Tabela 2,
Tabela 1. Distribuição granulométrica das partículas verificou-se que o solo utilizado na presente
% passante pesquisa pertence ao grupo A-4 no sistema de
Peneiras 50% 70% classificação TBR, tratando-se de um solo
RAP Solo
RAP RAP
siltoso moderamente plástico.
2'' 100,0 100,0 100,0 100,0
1'' 100,0 100,0 100,0 100,0
3/8 '' 85,8 100,0 96,0 94,4
3.2 Ensaios de Compactação
#4 61,9 100,0 82,9 76,0
#10 44,8 99,7 70,8 59,2 A Tabela 3 apresenta os parâmetros ótimos
#40 13,1 79,6 43,2 28,7 (wót e 𝛾dmáx) da curva de compactação de cada
#200 3,5 54,4 27,4 16,6 material e mistura.
Faixa
- - - D
DNIT Tabela 3. Resultados dos ensaios de compactação
wót 𝜸dmáx
Material
A distribuição granulométrica do RAP (%) (g/cm³)
reconstituído com 38,1% de fração média e Solo 13,14 1,90
61,9% de fração fina, apresentado na Tabela 1, RAP 7,14 1,70
isoladamente, não se enquadra em nenhuma 50%RAP+ 2% cimento 9,74 1,99
das faixas granulométricas estabelecidas na 50%RAP+ 4% cimento 11,49 1,92
norma DNIT 142/2010. 50%RAP+ 5% cimento 12,06 1,92
70%RAP/+2% cimento 7,59 1,96
Ainda em relação à norma DNIT 142/2010, 70%RAP+ 4% cimento 8,99 1,99
a qual define as exigências granulométricas 70%RAP+ 5% cimento 9,01 2,11
para um material ser utilizado como camada de
base melhorada com cimento, ao analisar-se a
textura de cada um dos materiais apresentados
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De acordo com os dados da Tabela 3, 50% de RAP um acréscimo de 59,26% na


observa-se que a mistura com 50% de RAP e resistência à compressão não confinada em
2% de cimento apresentou um considerável relação ao teor de 2% de cimento. Para a
incremento na densidade aparente seca mesma variação do teor de cimento na mistura
máxima em relação ao solo. Entretanto, para com 70% de RAP, o acréscimo na resistência
50% de RAP e os teores de 4% e 5% de foi de 85,71%.
cimento, esse aumento da densidade aparente A análise dos resultados, para as misturas
seca máxima não foi tão proeminente. Para as melhoradas com 5% de cimento comprovam a
misturas melhoradas com cimento, contendo tendência de elevação da resistência à
70% de RAP, a densidade aparente seca compressão não confinada com o acréscimo de
máxima aumento de forma direta com o cimento nas misturas. A mistura contendo 70%
aumento do teor de cimento na mistura. de RAP, melhorada com 5% de cimento,
Com relação à umidade ótima, para as apresentou a maior resistência à compressão
misturas contendo 50% e 70% de RAP esse não confinada, com o alcance de 0,86 Mpa e o
parâmetro aumentou com o aumento do teor de maior valor de densidade aparente seca de
cimento. Este comportamento também foi todas as misturas, com 𝛾dmáx = 2,11 g/cm³
detectado por Klinsky e Faria (2015), que (Tabela 3).
realizaram um estudo da influência do teor de Com relação aos coeficientes de variação da
cimento, da energia de compactação e da resistência à compressão dos diferentes
umidade no comportamento mecânico de um tratamentos, apresentados na Tabela 4, ganha
material granular, brita graduada tratada com destaque as misturas contendo 50% de RAP
cimento (BGTC) com agregado basáltico, com 2% e 5% de cimento. Essas misturas
onde constaram que o aumento do teor de apresentaram coeficientes de variação de
cimento proporcionou uma variação crescente 22,22% e 28,85%, respectivamente, os quais
na umidade ótima. podem ser considerados elevados. Esse fato
pode ser explicado pela heterogeneidade do
3.3 Ensaios de Resistência à Compressão RAP que, mesmo tendo sido fracionado, ainda
Não Confinada apresenta pequenos grumos os quais
interferem na granulometria final da mistura.
Na Tabela 4 são apresentados os resultados A norma DER/PR-ES 11/05, especifica que
médios de resistência à compressão não a resistência à compressão de misturas de solo
confinada de cada material (), além do desvio melhoradas com cimento, aos sete dias, deve
padrão (DP) e coeficiente da variação (CV), ser superior a 1,5 MPa, para aplicação como
todos para a respectiva umidade ótima obtida camada de base de pavimento, e superior a 1,2
no ensaio de compactação. Mpa para camada de sub-base.
Os resultados obtidos na presente pesquisa
Tabela 4. Resultados ensaios de resistência não alcançaram os valores mínimos de
 DP CV resistência à compressão estabelecidos pela
Material
(MPa) (MPa) (%) norma DER/PR-ES 11/05, tanto para camada
Solo 0,37 0,06 16,21
de sub-base quanto base de pavimento
50%RAP+ 2% cimento 0,27 0,06 22,22
rodoviário. Entretanto, de acordo com a
50%RAP+ 4% cimento 0,43 0,03 6,98
0,52 0,15 28,85
tendência de crescimento da resistência à
50%RAP+ 5% cimento
70%RAP/+2% cimento 0,35 0,06 17,14 compressão não confinada observada, é
70%RAP+ 4% cimento 0,65 0,02 3,08 possível que ao inserir-se maiores teores de
70%RAP+ 5% cimento 0,86 0,04 4,65 cimento, ou seja, quantidades superiores a 5%,
sejam atingidas resistências acima de 1,2 Mpa,
Observando os dados da Tabela 4, ao ou mesmo de 1,5 MPa, limites mínimos
duplicar-se o teor de cimento, variando de 2% exigidos pela mesma norma DER/PR-ES
para 4%, notou-se para a mistura contendo 11/05 para que um material possa ser utilizado
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como material de sub-base ou base tratada com Tese (Doutorado)- UNIVERSIDADE DO MINHO.
cimento, respectivamente. Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do
Paraná- DER/PR (2005). Pavimentação: Solo
Cimento e Solo Melhorado com Cimento-
Especificações de Serviços Rodoviários. Paraná,
4 CONCLUSÕES 16p.
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
DNER 041 - ME - Solos - Preparação de Amostras
A análise dos resultados alcançados permitiu para Ensaios de Caracterização. Rio De Janeiro,
concluir que: 1994. 4 P.
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
DNER 080 - ME - Solos - Análise Granulométrica
 A qualidade do método de Por Peneiramento. Rio De Janeiro, 1994. 4 P.
compactação em escala reduzida mostrou-se Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
adequado, propiciando amostras bastante DNER 081 - ME - Agregados – Determinação da
semelhantes, com graus de compactação Absorção e Densidade do Agregado Graúdo. Rio De
Janeiro, 1998. 6p.
próximos a 100%.
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
 A estabilização com cimento propiciou DNER 082 - ME - Solos - Determinação do Limite
aumentos consideráveis na resistência à de Plasticidade. Rio De Janeiro, 1994. 3 P.
compressão não confinada das misturas de solo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
com RAP, evidenciando o potencial do DNER 083 – ME - Agregados – Análise
Granulométrica. Rio De Janeiro, 1998. 5p.
cimento como estabilizante químico; Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
 A mistura do solo com 70% de RAP DNER 093 - ME - Solos – Determinação da
apresentou a melhor distribuição Densidade Real. Rio De Janeiro, 1994. 4p.
granulométricas das partículas, atendendo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
tanto a norma DER/PR-ES 11/05, quanto a DNER 122 – ME - Solos - Determinação do Limite
de Liquidez - Método de Referência e Método
faixa granulométrica D especificada pela Expedito. Rio De Janeiro, 1994. 7p.
norma DNIT 142/2010. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem.
 Os resultados sugerem que, com base DNER 201 – ME - Solo Cimento- Compressão Axial
na norma DER/PR-ES P 11/05, o teor de de Corpos de Prova Cilíndricos. Rio De Janeiro,
1994. 4 P.
cimento necessário para que as misturas de
Departamento Nacional de Infraestrutura de
solo e RAP analisadas possam ser utilizadas Transportes. DNIT 142 - ES - Pavimentação - Base
como sub-base ou base de pavimento são De Solo Melhorado Com Cimento. Rio De Janeiro,
sensivelmente superiores às testadas, passando 2010. 9 P.
a mistura de solo/RAP melhorada com cimento Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes. DNIT 172 - ME - Solos - Determinação
para solo/cimento, contendo RAP.
do Índice de Suporte Califórnia Utilizando Amostras
não Trabalhadas. Brasília-Df, 2016. 17 P.
Fonseca, P. Reciclagem de Pavimentos Rodoviários.
REFERÊNCIAS Recipav – Engenharia E Pavimentos, Ltda., 2009.
Disponível Em: <Http://Www.Recipav.Pt>.
Bernucci, L. B; Motta, L.M.G.; Ceratti, J. A. P.; Soares, Klinsky, L.M.G.; Faria, V.C. (2015). Parâmetros
J. B.(2008). Pavimentação asfáltica: Formação Mecânicos da Brita Graduada Tratada com Cimento.
básica para engenheiros. 504 p. Reimp. Rio de Relatório - Centro de Pesquisas Rodoviárias, CCR
janeiro.. Novadutra.
BONFIM, V. (2010). Fresagem de pavimentos Marques, G. L. O. Notas De Aula Da Disciplina
asfálticos. 3ª edição, rev. e atual. São Paulo: Pavimentação. Ufjf, Juiz De Fora, Mg, 2012.
Exceção Editorial. Moura, L. N. Dosagem de Mistura de Solo e Material
Costa, C.; Pinto, S. (2011). O uso de Reciclagem de Fresado para Aplicação como Camada de Base de
pavimentos como alternativa para o Pavimento Rodoviário. Trabalho de Conclusão de
desenvolvimento sustentável em obras rodoviárias Curso. UFRB, Cruz Das Almas, Ba, 2016.
no Brasil. Revista Engenharia, edição 602.
Cristelo, N.M.C. (2001). Estabilização De Solos
Residuais Graníticos Através Da Adição De Cal.

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