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Brazilian Journal of Development 54467

ISSN: 2525-8761

Estudo experimental de dosagem em concreto permeável para


pavimentos

Experimental study of dosage in permeable concrete for floors

DOI:10.34117/bjdv8n7-359

Recebimento dos originais: 23/05/2022


Aceitação para publicação: 30/06/2022

Bruno Furtado de Oliveira


Mestre em Engenharia de Materiais
Instituição: Instituto Federal do Pará (IFPA)
Endereço: Av. Almirante Barroso, 1155, Marco, CEP: 66093-020, Belém - Pará
E-mail: br_furtado@yahoo.com.br

Welton Raiol de Assunção


Doutorando em Engenharia Civil
Instituição: Universidade Federal do Pará (UFPA)
Endereço: Av. Almirante Barroso, 1155, Marco, CEP: 66093-020, Belém - Pará
E-mail: wra_engenharia@yahoo.com.br

Laércio Gouvêa Gomes


Doutor em Engenharia Mecânica
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal do
Pará (UFPA)
Endereço: Av. Almirante Barroso, 1155, Marco, CEP: 66093-020, Belém - Pará
E-mail: laercio.gomes@ifpa.edu.br

RESUMO
O presente trabalho propõe um estudo experimental de dosagem em concreto permeável,
produzido com materiais abundantes na cidade de Belém – Pará. Foram formuladas três
misturas de concreto produzidas através do controle da distribuição granulométrica de
três tipos de seixo (Dmáx = 12.5 mm, Dmáx = 9.5 mm e Dmáx. = 6.3mm). Na etapa
preliminar, foi realizada a caracterização desse agregado, sendo realizado um estudo de
determinação das massas unitárias, uniformes e descontínuas, de modo a determinar quais
as três mais adequadas para a produção do concreto permeável. Na segunda etapa, foram
determinadas as propriedades de três misturas de concreto permeável constituído de
agregado graúdo, tais como, massa específica aparente, massa específica seca, índice de
vazios, coeficiente de permeabilidade e resistência à tração na flexão. Foram produzidos
corpos de prova cilíndricos e prismáticos para serem submetidos aos ensaios mecânicos
(compressão axial, tração na flexão e módulo de elasticidade), e ensaios físicos (massa
específica, absorção de água, índice de vazios e permeabilidade), além de placas 300 x
400 x 80 mm, a fim de serem aplicadas em edificação residencial. Os resultados
mostraram a melhor dosagem para produção do concreto em larga escala para a utilização
em pavimentos de baixo tráfego.

Palavras-chave: concreto permeável, concreto poroso, pavimento permeável.

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ABSTRACT
The present work proposes an experimental study of dosage in permeable concrete,
produced with abundant materials in the city of Belém - Pará. Three concrete mixtures
were formulated, produced by controlling the granulometric distribution of three types of
pebble (Dmax = 12.5 mm, Dmax = 9.5 mm and Dmax = 6.3 mm). In the preliminary
stage, the characterization of this aggregate was carried out, and a study was carried out
to determine the unitary, uniform and discontinuous masses, in order to determine which
three are most suitable for the production of permeable concrete. In the second stage, the
properties of three permeable concrete mixtures consisting of coarse aggregate were
determined, such as apparent specific mass, dry specific mass, void index, permeability
coefficient and flexural tensile strength. Cylindrical and prismatic specimens were
produced to be submitted to mechanical tests (axial compression, flexural tension and
modulus of elasticity), and physical tests (specific mass, water absorption, void index and
permeability), in addition to 300 x 400 x 80 mm, in order to be applied in residential
buildings. The results showed the best dosage for large-scale concrete production for use
in low-traffic pavements.

Keywords: permeable concrete, porous concrete, permeable paviments.

1 INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado das grandes cidades, aliado à ocupação indevida das
margens dos rios e córregos, aumenta a possibilidade de ocorrência de cheias, agravando
o problema de inundações nos ambientes urbanos. Essa tendência está associada ao
processo de urbanização, que ocorre, geralmente, de forma desordenada, promovendo
aumento das áreas impermeáveis, impedindo a infiltração das águas pluviais no solo,
gerando elevação do escoamento superficial, que consequentemente produz picos de
vazão mais frequentes, causando os problemas de alagamentos nos grandes centros
(ALVES, 2016).
O sistema tradicional de drenagem, apesar de eficaz, carrega consigo problemas
relacionados ao seu funcionamento, como transporte e acúmulo de resíduos sólidos nos
pontos de coleta, além da elevação da velocidade de escoamento superficial e diminuição
da área de infiltração natural, o que ocasiona frequentes transbordamentos e enchentes
(MARTINS,2015). Novos dispositivos, que tem por intuito a correção das falhas
apresentadas no sistema tradicional de drenagem, vem sendo aplicados como forma de
compensar suas deficiências, controlando o excesso de água gerado pelo processo de
urbanização e impermeabilização das superfícies naturais.

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1.1 JUSTIFICATIVA

Figura 1 – Alagamento na região central de Belém-PA.

Fonte: Romanews, 2019.

A cidade de Belém possui precipitações anuais de 3000 mm, que combinadas aos
problemas de escoamento, impermeabilização do solo natural e acúmulo de detritos nos
pontos de captação das águas pluviais, ocasionam cheias de rios e inundações de planícies
fluviais. Ponte et al. (2015) afirmam que, 24% da área total da Região metropolitana de
Belém (RMB) é alagável, possuindo pontos de pouca declividade, com valores próximos
ao valor de referência de 2,5%.
Diante desse contexto, torna-se necessário a adoção de medidas alternativas para
minimizar ou até mesmo solucionar tais problemas, em especial os alagamentos. Dessa
forma, o concreto permeável que é caracterizado por possuir elevada porosidade e boa
drenabilidade, dependendo da sua composição, detém limitações na sua utilização, sendo
indicado para locais onde a resistência é menos relevante, podendo ser utilizado em
grande parte das superfícies urbanas comunitárias, tais como calçadas, estacionamentos,
praças, parques e áreas externas, como vias locais e pequenos acessos, como na Figura 2.
(MONTEIRO, 2010).

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Figura 2– Exemplo de uso de concreto permeável.

Fonte: Rhinopiso, 2020.

1.2 OBJETIVO GERAL


Propor dosagem para concreto permeável com uso de agregado graúdo regional
(seixo), com diâmetros característicos variando entre 6,3, 9,5 e 12,5 mm, determinando
qual o diâmetro e proporção mais adequada para aplicação em pavimentos de baixo
tráfego.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


a) Avaliar propriedades físicas do agregado regional (seixo), utilizados na
Região Metropolitana de Belém através de ensaios de caracterização;
b) Avaliar a melhor dosagem, produzida com agregado regional (seixo), para
concreto permeável, obedecendo aos critérios da ABNT NBR 16.416:2015,
indicando a melhor proporção dos materiais;
c) Analisar as resistências dos concretos produzidos, através dos ensaios de
compressão axial e tração na flexão;
d) Analisar a eficiência das dosagens através do ensaio de permeabilidade;
e) Analisar a melhor composição de mistura com granulometria de agregado
regional para concreto permeável, considerando a aparência física,
trabalhabilidade e acabamento do concreto, de acordo com as proporções e
diâmetros usados.

2 METODOLOGIA
A metodologia utilizada nessa pesquisa partiu da definição e escolha dos materiais
que seriam utilizados, considerando a abundância e facilidade para encontrá-los na RMB,

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seguindo da caracterização desses materiais, elaboração de três dosagens experimentais e


análises dos resultados dos testes aos quais os corpos de provas foram submetidos.
A água usada foi a mesma fornecida pela concessionária de fornecimento de água
da cidade, e o cimento usado para a realização dessa pesquisa foi o cimento POTY CP II
– Z da marca Votorantim, que geralmente é utilizado em obras marítimas, industriais e
subterrâneas por conter de 6% a 14% de polozana, garantindo uma maior
impermeabilidade e durabilidade ao concreto produzido com este tipo de cimento, o que
vem a atender as necessidades a qual a pesquisa se propõem e por ser um dos mais comuns
e fáceis de serem encontrados no mercado local.
O seixo rolado mais especificamente é um tipo de agregado graúdo, comumente
quartzo, proveniente do fundo dos rios e vales sedimentares, que possui superfície lisa e
naturalmente arredondada e é um tipo de agregado muito comum na região nordeste do
estado do Pará-Brasil, o que por esse motivo, foi escolhido como material para o
desenvolvimento dessa pesquisa (Figura 3). A grande maioria dos agregados graúdos tipo
seixo rolado, comercializado na região metropolitana de Belém, capital do estado do Pará,
são provenientes de municípios da região nordeste do estado, cujas características
geográficas e geológicas são favoráveis para que seja possível encontrar esse tipo de
material. O seixo analisado nessa pesquisa é originário dessa região citada, mais
precisamente no município de Ourém, onde está localizada a mina na qual se é retirado
esse material, denominada Seixeira Baterias.

Figura 3 – Amostra do Seixo da Seixeira Baterias, localizado no município de Ourém-PA.

Fonte: Araújo, 2018

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2.1 DOSAGEM EXPERIMENTAL DO CONCRETO


Para a obtenção da dosagem utilizada nessa pesquisa, foi considerado o estudo
realizado nos traços que foram revisados através das literaturas existentes sobre o tema.
Como o intuito desse estudo é propor e analisar a viabilidade da elaboração de uma
dosagem em concreto permeável, para ser aplicado como revestimento em pavimentos
produzidos com seixo rolado, como referência, foi utilizado para essa finalidade, a
dosagem desenvolvida no trabalho de Costa (2018), que utilizou apenas o seixo rolado
regional de granulometria com diâmetro de 12,5mm e com proporção de 100%, conforme
ilustrado na Tabela 1.

Tabela 1 – Dosagem de referência utilizada.


Consumo de Material (Kg)
Dosagem CP-IV 32RS Seixo (12,5 mm) Água
1: 3 37 111 10,73
Fonte: Costa, 2018.

Partindo do traço de referência, foi estudada a utilização de proporções variadas


dos agregados com diâmetros diferentes, sendo eles classificados e distribuídos em três
diâmetros específicos: 12,5 mm, 9,5mm e 6,3mm para que desse modo pudesse ser feito
os ensaios de caracterização desse seixo, e assim determinar qual dos três, e das misturas
entre eles, seria a mais adequada para a produção do concreto permeável. Em todos os
trabalhos a respeito, foi percebido que a granulometria do agregado graúdo é um dos
fatores mais relevantes para o bom desempenho do concreto permeável, tanto para o
índice de permeabilidade como para o índice de resistência a compreensão, e que a
utilização de uma granulometria uniforme é predominante na maioria dos trabalhos.
A dosagem de referência utilizou 100% de agregado com Ømax. = 12,5 mm para
a confecção do concreto permeável e por esse motivo, esse trabalho usou essa referência
citada para determinar a utilização das proporções intermediárias da quantidade dos
agregados com diâmetros diferentes, fixando as proporções de 0%, 25% e 50% do
agregado de Ømax = 12,5 mm, e usando os agregados de Ømax = 9,5 mm e Ømax = 6,3
mm para preencher a quantidade total do agregado de forma homogênea, sendo
denominadas conforme o descrito na Tabela 2.

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Tabela 2 – Dosagem do Concreto Permeável com a proporção de acordo com a granulometria.


Proporção dos Agregados Conforme Diâmetro
Misturas
Ø = 12,5 mm Ø = 9,5 mm Ø = 6,3 mm
CP 1 0,0 % 50,0 % 50,0 %
CP 2 25,0 % 37,5 % 37,5 %
CP 3 50,0 % 25,0 % 25,0 %
Fonte: Autor, 2019.

Tabela 3 – Dosagem em massa/quantitativos de materiais.


Cimento Seixo 12,5 mm Seixo 9,5 mm Seixo 6,3 mm Água Relação
Traço
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg) (Litros) a/c
CP 1 30 0,00 45,00 45,00 10,50 0,35
CP 2 30 22,50 33,75 33,75 10,50 0,35
CP 3 30 45,00 22,50 22,50 10,50 0,35
Total
90 67,50 101,25 101,25 31,50
necessário
Fonte: Autor, 2019.

2.2 PRODUÇÃO DOS CORPOS DE PROVA


A produção dos concretos permeáveis, foi realizada com corpos de prova
cilíndricos de dimensões de 100 mm x 200 mm, e prismáticos com dimensões de 300 mm
x 100 mm, para que fossem submetidos aos ensaios mecânicos (compressão axial, tração
indireta por compressão diametral, tração na flexão), e ensaios físicos (massa específica,
absorção de água, índice de vazios e permeabilidade), e assim podermos comparar com
dados encontrados com os resultados contidos em outras literaturas já existentes sobre
concreto permeável. Foram elaboradas também, placas medindo 300 mm x 400 mm x 80
mm com a finalidade de serem aplicadas em uma edificação residencial e assim, ser
possível analisar o seu comportamento em uso, diretamente no local.
A quantidade de corpos de prova necessários foi levantando conforme a
programação dos ensaios previstos e descritos na Tabela 4, e atendem a quantidades e
ensaios exigidos para os concretos permeáveis através das normas vigentes. Durante o
desenvolvimento dessa pesquisa foi necessário ajustar a quantidade prevista de corpos de
prova, e os ensaios que seriam executados para poder atender a viabilidade da realização
dos ensaios, conforme a disponibilidade dos equipamentos existentes.

Tabela 4 – Tabela de Levantamento de Corpos de Prova e Ensaios ajustado.


Compressão axial Tração na Flexão Permeabilidade Placa
Ensaios CP -
CP – Cilíndrico CP – Prismático CP – Placa
Prismático
Dias para
7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 28 dias -
Rompimento

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Concreto
Fator a/c
Produzido
CP 1 0,35 6 4 2 2 2 2
CP 2 0,35 6 4 2 2 2 2
CP 3 0,35 6 4 2 2 2 2
Total de Corpos de 18 12 6 6 6 6
Prova 54
Fonte: Autor, 2020

Figura 4 – Ensaio de consistência (slump test).

Fonte: Autor, 2020

Figura 5 – Corpos de prova cilíndricos moldados.

Fonte: Autor, 2022

Figura 6 – Corpos de prova preparados para os ensaios mecânicos

Fonte: Autor, 2020

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Figura 7 – Ensaio de Compressão Axial de corpo de prova do Traço 1, rompido com 28 dias.

Fonte: Autor, 2022

Figura 8 – Ensaio de Tração na Flexão de corpo de prova do Traço 3, rompido com 28 dias.

Fonte: Autor, 2020

Figura 9 – Ensaio de Permeabilidade realizado com 28 dias

Fonte: Autor, 20

3 RESULTADOS
Foi verificado a uniformidade na graduação do seixo utilizado nessa pesquisa,
sendo possível confirmar que o tamanho dos grãos do seixo rolado encontrado na região
é quase totalmente inferior (correspondendo a 92%) ao diâmetro de 12,5 mm, tendo a sua
predominância em grãos com diâmetros de 6,3mm (32% como percentual do agregado
retido acumulado) e 4,75mm (44% como percentual do agregado retido na peneira).

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Figura 10 – Gráfico de Caracterização do Seixo Rolado.

Fonte: Autor, 2020

Esse padrão de seixo da região é o ideal para ser utilizado em concreto permeável
com a finalidade de obter as maiores resistências associada com a maior permeabilidade
possível, conforme pode ser verificado através das análises dos resultados do estudo de
Ibrahim et al. (2014), onde os melhores resultados encontrados para essas propriedades
foram, para os experimentos utilizando seixos com 12,5 mm e 9,5 mm.
A análise visual possibilitou verificar que os três grupos (CP-1, CP-2 e CP-3), não
mostraram diferenças significante no aspecto geral, apresentando boa aderência entre a
pasta e os agregados, garantindo também cobrimento adequado em todos os grãos, o que
indica que as dosagens não necessitam de correção. Vale destacar, que apesar dos apectos
visuais possitivos apresentados, se observou a destacamento e ruptura de alguns grão
maiores de diâmetro 12,5 mm durante a moldagem, possivelmente pelo seixo se tratar de
um material mais friável e com superfície com menor rugosidade.
Na análise dos resultados dos enaios de Compressão Axial notou-se que das
dosagens realizadas para a pesquisa, foram encontrados os valores 4,75 MPa, 8,87 MPa
e 7,48 MPa, respectivamente para as dosagens CP-1, CP-2 e CP-3, ficando acima do
mínimo estabelecido para o concreto permeável destinado a pavimentação de baixo
tráfego, que é de 2 MPa.

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Figura 11 – Gráfico dos Resultados do Ensaio de Compressão Axial.

Fonte: Autor, 2020

Tabela 5 – ANOVA para resistência à compressão.


Soma Quadrado
Fonte de Graus de
Quadrática Médio Valor-F Valor-P
Variação Liberdade
(Variações) (Variâncias)
Dosagem 2 35,102 17,5512 17,77 0,001
Erro 9 8,892 0,98800
Total 11 43,994
Fonte: Autor, 2020.

Analisando os resultados encontrados é possível verificar que o grupo de dosagem


CP-2, foi o que obteve a maior resistência à compressão na idade de 28 dias, com valor
46,45% maior que o grupo CP-1, e 15,67% maior que o grupo CP-3. A progressão da
resistência entre as idades 7 e 28 dias foi praticamente inexistente para o grupo CP-3, e
os resultados da ANOVA, que apresenta valor-P menor que o nível de significância (α)
adotado no trabalho, que foi de 5%, o que segundo Montgomery e Runger (2016), indica
que há ao menos uma diferença significativa entre os grupos de amostras.

Tabela 6 – Teste Simultâneos de Tukey para compressão.


Comparação entre Diferença entre Erro IC de 95 % Valor-P
Valor-T
Grupos Médias P.D. Simultâneo Ajustado
CP-2 e CP-1 4,118 0,703 (2,155; 6,081) 5,86 0,001
CP-3 e CP-1 2,725 0,703 (0,762; 4,688) 3,88 0,009
CP-3 e CP-2 -1,393 0,703 (-3,356; 0,570) -1,98 0,172
Fonte: Autor, 2020.

De forma complementar se realizou o teste de Tukey, apresentado na Tabela 6,


onde os IC fornecidos pelo teste de Tukey entre os grupos confirmam o resultados
encontrado na ANOVA, que indica que alterações na composição dos grãos que
compõem o concreto permeável, impactam nas respostas obtidas, pois os IC apresentados

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contém o valor zero, o que de acordo com Montgomery e Runger (2016), sinaliza que a
diferença entre as médias não é significante, outro indicativo são os valores-P observados,
que estão acima de 5%. Observando os IC, se pode concluir que o diâmetro de 12,5 mm
é determinante para as alterações nas respostas de resistência obtidas.
Para os ensaios de resistência à tração na flexão, os resultados podem ser
observados na Figura 12. Os dados indicam que, para a idade de 28 dias, os valores para
os grupos de amostras CP-1, CP-2 e CP-3, são respectivamente de 0,68 MPa, 0,94 MPa
e 0,74 MPa. O grupo com melhor desempenho novamente foi o CP-2, com resistência
27,66% maior que o CP-1 e 21,28% que o CP-3. Os valores encontrados ficaram abaixo
do mínimo estabelecido pela NBR 16416: 2015 e pelo encontrados na literatura. Diversos
autores como Batezini (2013), Brechara (2017) e Silva et al (2020), obtiveram valores
entre o mínimo de 2 MPa e 4 MPa, em concreto permeáveis produzidos com brita.

Figura 12 – Gráfico dos Resultados do Ensaio de Tração na Flexão.

Fonte: Autor, 2020

Tabela 7 – ANOVA para resistência à Tração na Flexão.


Soma Quadrado
Fonte de Graus de
Quadrática Médio Valor-F Valor-P
Variação Liberdade
(Variações) (Variâncias)
Dosagem 2 0,074133 0,037067 16,85 0,023
Erro 3 0,006600 0,002200
Total 5 0,0800733
Fonte: Autor, 2020

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Tabela 8 – Teste Simultâneos de Tukey para Tração na Flexão.


Comparação entre Diferença entre Erro IC de 95 % Valor-P
Valor-T
Grupos Médias P.D. Simultâneo Ajustado
CP-2 e CP-1 0,2600 0,0469 (0,0640; 0,4560) 5,54 0,023
CP-3 e CP-1 0,0600 0,0469 (-0,1360; 0,2560) 1,28 0,494
CP-3 e CP-2 -0,2000 0,0469 (-0,3960; -0,0040) -4,26 0,047
Fonte: Autor, 2020

A verificação da significância estatística através da ANOVA, cujo resultados


estão materializados na Tabela 7, que indicam que há ao menos uma diferença
significativa entre os grupos em relação a tração na flexão.
Os testes Tukey demonstraram que não há diferença significativa nas médias dos
grupos CP-1 e CP-3, o que indica que o único grupo que realmente apresenta um ganho
de resistência a ser considerável é o CP-2.
Através da análise dos resultados, do ensaio de permeabilidade e dos coeficientes
de permeabilidade, foi constatado que todos os traços estudados apresentaram o grau de
permeabilidade ultrapassando o limite mínimo estabelecido pela NBR 16416 (ABNT,
2015), que é de 1x10-3 m/s, e maior que o estabelecido pela norma internacional ACI
522R-10, que é de 1,4x10-3m/s, o que permite afirmar que todos os traços com as
proporções estudadas atendem aos padrões estabelecidos pelas normas e apresentam um
bom desempenho.

Tabela 5 – Determinação do Coeficiente de Permeabilidade (Resultados do Ensaio).


Intervalo Coeficiente de Coeficiente de
Corpo Coeficiente de
de Permeabilidade Permeabilidade Grau de
Dosagem de Permeabilidade
Tempo t Médio Km Médio Km (cm/s) Permeabilidade
Prova k (m/s)
(s) (m/s)

331,78 1,4064 x 10-3


1 320,37 1,4565 x 10-3 1,4215 x 10-3 0,0014215 ALTA
332,62 1,4028 x 10-3
CP-1
32,00. 1,4581 x 10-2
2 31,70. 1,4719 x 10-2 1,4653 x 10-2 0,014653 ALTA
-2
31,83. 1,4659 x 10
321,00 1,4536 x 10-3
1 226,00 2,0646 x 10-3 1,8579 x 10-3 0,0018579 ALTA
-3
227,00 2,0555 x 10
CP-2
152,00 3,0698 x 10-3
2 155,00 3,0104 x 10-3 3,3911 x 10-3 0,0033911 ALTA
-3
114,00 4,0931 x 10
CP-3 1 384,00 1,2151 x 10-3 1,1320 x 10-3 0,0011320 ALTA

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480,00 0,97212 x 10-3


386,00 1,2088 x 10-3
61,00 7,6495 x 10-3
2 70,00 6,6659 x 10-3 6,8736 x 10-3 0,0068736 ALTA
-3
74,00 6,3056 x 10
Fonte: O Autor (2020)

Figura 13 – Coeficiente de permeabilidade das amostras

Fonte: O Autor (2020)

A circunstância da proporção dos componentes, cimento e agregado graúdo, assim


como a relação a/c adotada de 0,35, serem iguais para as três dosagens utilizadas nessa
pesquisa, torna como único fator preponderante para a variação na resposta de
permeabilidade e demais característica a serem averiguadas, a quantidade de grãos de
diferentes diâmetros que compõem o produto ensaiado.
Nesse contexto, analisando as dosagens, se verifica que a mistura composta
somente por seixo de diâmetros com grãos de 9,5 mm (50%) e 6,5 mm (50%) (grupo CP-
1), foi o que obteve melhores resultados entre os grupos de amostras utilizadas na
pesquisa, porém com resultados inferiores aos obtidos por Costa (2018), que utilizou
unicamente grãos de seixo com diâmetro de 12,5 mm. Em seu estudo, Costa (2018),
variou a dosagem do concreto e da relação a/c, alcançando valores maiores de
permeabilidade com aumento na quantidade de seixo e com redução da relação
água/cimento.
No presente estudo, que manteve a quantidade total do seixo e a relação a/c
constantes, a inclusão de 25% do seixo de diâmetro 12,5 mm, com redução para 37,5%
do total, para ambos os diâmetros de 9,5 mm e 6,3 mm, inicialmente promoveu uma queda
na permeabilidade do concreto produzido (CP-2), porém, com o aumento do percentual
de 25% para 50% do seixo de 12,5 mm, e com os diâmetros de 9,5 mm e 6,3 mm

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.8, n.7, p. 54467-54482, jul., 2022


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ISSN: 2525-8761

reduzindo ainda sua participação na composição total da dosagem, houve uma


recuperação na capacidade do coeficiente de permeabilidade das amostras do grupo CP-
3.

4 CONCLUSÃO
Desse modo esse estudo consegue concluir que a proporção de agregado estudado
no traço 2 é a opção que confere ao concreto permeável a melhor resistência aos 28 dias
e a que possui o melhor desempenho quanto a permeabilidade e a aparência do concreto
pronto, por ter sido a proporção que apresentou a menor variação do índice de
permeabilidade entre as idades de 7 e 28 dias, demonstrando uma regularidade no
comportamento dessa propriedade.

Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.8, n.7, p. 54467-54482, jul., 2022


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ISSN: 2525-8761

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