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UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO – UCDB

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

JOÃO PAULO AMORIM BOLIS


MARCELO CLAUS PATRICIO

MODELAGEM DA UTILIZAÇÃO DE SISTEMA DE


DRENAGEM COM SUPERFÍCIE EM CONCRETO POROSO
NO IFMS

Campo Grande – MS
2017
UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO – UCDB
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL

Título do Trabalho: Modelagem da Utilização de Sistema de Drenagem com


Superfície em Concreto Poroso no IFMS

Autores: João Paulo Amorim Bolis e Marcelo Claus Patricio

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


exigência para a obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade
Católica Dom Bosco (UCDB), sob a orientação do
Prof. Dr.

Aprovada em:

Banca examinadora:

Prof. Me. Antonio Leonardo de Araújo Neto


UCDB

Prof. Dr. Jose Carlos Taveira Prof. Me. Ana Paula Silva Teles
UCDB UCDB

Campo Grande – MS
2017
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Seção transversal típica de um pavimento permeável Adaptado de Schueler (citado


por Acioli, et. Al.).

Figura 2 - CPA (Fonte: https://www.flatout.com.br/pista-molhada-nao-com-esse-asfalto-


que-bebe-agua/).

Figura 3 - Concreto poroso, moldado in loco (esquerda) ou em peças pré-moldadas (direita).


Fonte: http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/13/artigo254488-2.aspx.

Figura 4 – Bloco de concreto vazado (esquerda) e bloco de concreto maciço (direita). Fonte:
http://www.artmoldados.com.br/p-1377690-Piso-Grama-S e http://www.iporablocos.com.br/bloco-
concreto-intertravado.

Figura 5 – Relação entre a área impermeável e a densidade populacional, baseada em dados


obtidos nas cidades de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre (Adaptado de: BATEZINI, 2013).

Figura 6 – Água percolando em um permeâtro. Darcy (citado por Sales, 2008).

Figura 7 – Intervalos de variação de “K” para diferentes tipos de solos Caputo (citado por
Sales, 2008).

Figura 8 – Curvas granulométricas típicas de misturas de concreto permeável

Adaptado de LI (citado por Batezini, 2009).

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade. Adaptado de Pinto (citado por


Sales, 2008).

Tabela 2 – Valores de impermeabilidade. Adaptado de Ortigão (citado por Sales, 2008).

Tabela 3 – Consumos e produções típicas utilizadas nas misturas de concreto permeável.


Adaptado de ACI (citado por Batezini, 2009).

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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LISTA DE SÍMBOLOS

Vr - Volume da chuva a ser armazenado pelo reservatório;


iƿ - Intensidade máxima da chuva de projeto;
ie - Taxa de infiltração do solo;
td - Tempo de duração da chuva;
C - Fator de contribuição de áreas externas ao pavimento permeável;
Ac - Área externa de contribuição para o pavimento permeável;
Ap - Área do pavimento permeável;
H - Profundidade do reservatório de pedras;
f - Considerado a porosidade do material;
Vl - Volume de líquidos;
Vg - Volume de vazios;
Vt - Volume total da amostra;
Q- Vazão;
A- Área do permeâmetro;
K- Uma constante para cada solo (coeficiente de permeabilidade);
i - Gradiente hidráulico;
h - Carga dissipada durante percolação;
L - Distância ao longo da dissipação da carga;

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................8

2. OBJETIVOS..........................................................................................................9

2.1 Objetivo Geral...................................................................................................9

2.2 Objetivos Específicos......................................................................................9

3. REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................10

3.1 Pavimentos Permeáveis................................................................................ 10

3.1.1 Definição................................................................................................10

3.1.2 Estrutura dos pavimentos permeáveis...................................................10

3.1.3 Tipos de Pavimentos Permeáveis..........................................................11

3.1.3.1 Pavimento de Asfalto Poroso.................................................................11

3.1.3.2 Pavimento de concreto poroso..............................................................12

3.1.3.3 Pavimento de blocos de concreto..........................................................12

3.1.4 Funcionamento...................................................................................... 13

3.1.5 Utilização................................................................................................13

3.1.6 Necessidade de sistemas alternativos de drenagem.............................14

3.1.7 Parâmetros iniciais para projeto.............................................................15

3.1.8 Dimensionamento do pavimento permeável..........................................16

3.2 Influências do solo em pavimentos permeáveis.........................................17

3.2.1 Capilaridade...........................................................................................17

3.2.2 Permeabilidade do solo....................................................................17-18

3.2.2.1 Valores do coeficiente de permeabilidade.............................................19

3.2.3 Infiltração................................................................................................20

3.3 Concreto Poroso............................................................................................ 21

3.3.1 Materiais utilizados na composição do concreto permeável..................22

3.3.1.1 Aglomerantes.........................................................................................23

6
3.3.1.2 Agregados..............................................................................................23

3.3.1.2 Aditivos...................................................................................................24

4. METODOLOGIA.................................................................................................25

5. RESULTADOS ESPERADOS............................................................................26

6. CRONOGRAMA................................................................................................. 27

REFERÊNCIAS.........................................................................................................28

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1. INTRODUÇÃO

O crescimento desordenado das cidades e a falta de políticas de uso e


ocupação do solo ou de fiscalização das mesmas podem resultar em inúmeros
problemas relacionados à drenagem urbana. Tais problemas demandam medidas
corretivas, estruturais e (ou) não estruturais, a fim de solucionar ou amenizar os
danos causados.

Tais complicações, como enchentes na área urbana, e contaminação dos


cursos d’água devido ao escoamento das águas das chuvas pelas superfícies
impermeabilizadas até os mesmos, levando os poluentes e sedimentos que ficam
depositados, não só aos cursos d’água, más também nas galerias causando o
assoreamento e impossibilitando o fluxo de drenagem das águas pluviais, podendo
ocasionar em problemas de saúde pública a população local.

Tendo em vista esses problemas, o aumento de áreas permeáveis, através do


uso de materiais drenantes e estudos da permeabilidade do solo local, tem como
objetivo minimizar o escoamento de águas superficiais de montante para jusante
através da maior área de infiltração, tendo em vista uma solução não estrutural do
problema.

O bairro Santo Antonio, local alvo do estudo, comumente enfrenta problemas


relacionados a enchentes devido a alguns fatores ainda a serem estudados perante
a realização do projeto. Será realizado o estudo do solo com o objetivo de verificar
as propriedades do mesmo, principalmente se ele possui alta ou baixa
permeabilidade, viabilizando ou não o modelo de drenagem estudado. Então assim,
de acordo com o tipo de solo da região e demais fatores, estes podem atrapalhar ou
ajudar no processo de drenagem proposto.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Verificação da necessidade de implantação de modelo de drenagem


alternativo nas instalações do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) em
Campo Grande.

Tendo como modelo proposto a utilização de sistema de pavimento


permeável com superfície em concreto permeável (concreto poroso).

2.2 Objetivos Específicos

Verificação da diminuição de escoamento superficial com a utilização de


concreto poroso nas áreas de passeio e estacionamento.

Determinação através de modelo, o dimensionamento do reservatório inferior


e da superfície pavimentada.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 - Pavimentos permeáveis

3.1.1 - Definição

Os pavimentos permeáveis funcionam como um sistema de drenagem


alternativo composto por um reservatório de material granular e superfície permeável
que permite o escoamento pluvial para seu interior, tendo como objetivo reduzir o
escoamento superficial aliviando o sistema de drenagem urbano. Ferguson (citado
por GONÇALVES E OLIVEIRA, 2014).

Entende-se por pavimentos permeáveis aqueles que permitem a infiltração da


água, porém não são necessariamente porosos, como por exemplo,
paralelepípedos, blocos de concreto intertravados maciços ou não. Já os pavimentos
porosos, permitem a infiltração de água em seu próprio corpo pelos poros, como
concreto poroso ou asfalto poroso. BUTLER; DAVIES (citado por PINTO, 2011).

3.1.2 - Estrutura dos pavimentos permeáveis

Segundo Schueler (citado por Acioli, Agra, Goldenfum e Silveira),


representado na figura 1, o pavimento poroso é composto por cinco partes. São
elas:

- Camada de pavimento permeável, de acordo com projeto;

- Camada filtro de aproximadamente 2,5 cm, de material granular de 1,3 cm;

- Reservatório, de altura variável de acordo com o volume a ser armazenado,


de material granular de 3,8 a 7,5 cm;

- Camada filtro idêntica à anterior;

- Filtro geotêxtil;

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Figura 1 - Seção transversal típica de um pavimento permeável Adaptado de Schueler (citado
por Acioli, et. al.).

3.1.3 - Tipos de pavimentos permeáveis

URBONAS e STAHRE (citado por PINTO, 2011), afirmam que os pavimentos


porosos são divididos em três:

3.1.3.1 - Pavimento de asfalto Poroso

A camada superior é composta de material similar as convencionais,


diferenciando pela retirada de parte da areia (agregado miúdo), da mistura. Essa
retirada do agregado miúdo resulta em uma mistura asfáltica que pode conter de
18% a 25% de vazios, permitindo a percolação da água por seu interior. Esse
modelo é conhecido como CPA (camada porosa de asfalto ou atrito) conforme a
figura 2, que além de sua propriedade drenante, também apresenta outras melhorias
com relação à aderência de pneu com a pista e redução de ruído Bernucci et. Al.
(citado por GONÇALVES e OLIVEIRA).

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Figura 2 - CPA (Fonte: https://www.flatout.com.br/pista-molhada-nao-com-esse-asfalto-que-
bebe-agua/)

3.1.3.2 - Pavimento de concreto poroso

A camada superior é composta de conceito similar ao CPA, com resultados


de 15% a 25% de vazios. Apesar do aumento da área permeável, esse tipo tem
resistência menor comparado ao concreto comum, indicado apenas para locais de
tráfego leve e áreas de passeio.

Figura 3 - Concreto poroso, moldado in loco (esquerda) ou em peças pré-moldadas (direita).


Fonte: http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/13/artigo254488-2.aspx

3.1.3.3 - Pavimento de blocos de concreto.

Esse tipo de pavimento é feito com concreto comum, podendo variar sua
forma de acordo com o desejado, podendo ser maciços ou vazados. Nos maciços, a
água infiltra pelas juntas das peças que são de material granular jogado após o
assentamento das peças, e nos vazados além de infiltrar pelas juntas, a água infiltra
no espaço livre da peça, geralmente preenchidos com vegetação.

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Figura 4 – Bloco de concreto vazado (esquerda) e bloco de concreto maciço (direita). Fonte:
http://www.artmoldados.com.br/p-1377690-Piso-Grama-S e http://www.iporablocos.com.br/bloco-
concreto-intertravado

3.1.4 - Funcionamento

Com relação ao funcionamento dos pavimentos porosos, pode-se dizer que


existem duas situações que podem acontecer de maneira simultânea ou não. São
elas:

Infiltração: onde a água infiltrada passa pelo reservatório inferior, e infiltra no


subleito.

Armazenamento: situação em que o volume escoado não infiltra no solo do


subleito, ou apenas uma parcela.

Além da infiltração no subleito, o sistema conta com a evaporação da água do


reservatório, que pode chegar a 30% do volume de água infiltrado no pavimento.
CIRIA (citado por PINTO, 2011).

Em se falando de modelos de projeto, podemos adotar dois tipos de sistemas:

Sistema de infiltração total - Onde de acordo com projeto, todo o volume


escoado será totalmente infiltrado no solo do subleito, dimensionando o reservatório
para absorver a chuva total de projeto menos o volume que infiltra durante o evento.

Sistema de infiltração parcial – É onde uma parcela da água escoada infiltra


no solo e a outra é coletada por um sistema de drenagem auxiliar. Este sistema, por
sua vez, apresenta uma maior eficácia em períodos de retorno de chuvas mais
curtos. Outra vantagem desse sistema é que possui um bom controle quando se
trata da qualidade da água.

3.1.5 - Utilização

Quanto a utilização dos pavimentos permeáveis, esses possuem a função de


reduzir o escoamento superficial através do aumento da área permeável, por onde a
água infiltra e é armazenada, diminuindo assim o volume de água que vai para o
sistema de drenagem urbano.

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Nesse sentido, quando executados a montante, em áreas de calçadas e
estacionamento que somadas resultam em áreas significativas impermeabilizadas,
tem resultados significativos tanto em solos com alta permeabilidade, quanto em
solos com baixa permeabilidade em que seu funcionamento é de armazenamento no
reservatório inferior. Assim, tanto pensando no sistema micro e macro de drenagem,
quanto no sistema local, seu funcionamento é eficaz.

3.1.6 - Necessidade de sistemas alternativos de drenagem

O processo de urbanização se intensificou no Brasil durante o século XX por


conta da migração da população das áreas rurais para as áreas urbanas. Esse
processo trouxe consigo inúmeros problemas aos meios urbanos por ter acontecido
de maneira muito intensa, não havendo planejamento para o mesmo. Tais
problemas se intensificaram com o passar do tempo, pois o processo de
urbanização continua acontecendo, onde a população que migra de um lugar para
outro se estabelece nas áreas das cidades, onde as áreas são menos valorizadas.

Diretamente ligado a esse fator está a impermeabilização do solo, devido ao


aumento de construções, sejam residenciais, comerciais, pavimentação, entre
outras. Esse processo faz com que as águas pluviais não infiltrem no solo,
aumentando o volume de escoamento superficial de maneira significativa, tendo
como consequência o aumento das vazões de pico e redução do tempo de
concentração da bacia que eleva os picos dos hidrogramas de cheias.

De acordo com dados obtidos nas cidades de São Paulo, Curitiba e Porto
Alegre tem-se o gráfico mostrado na figura 5, que apresenta o aumento da área
impermeável de acordo com a densidade populacional.

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Figura 5 – Relação entre a área impermeável e a densidade populacional, baseada em dados
obtidos nas cidades de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre (Adaptado de: BATEZINI, 2013).

Vale destacar que, de acordo com o tipo de construção local, pode-se adotar
tendências futuras, como a opção por residências verticais nos grandes centros, em
que a densidade populacional continua aumentando e a área impermeabilizada não.
Nesse sentido de acordo com a figura 5, a tendência é que o crescimento pare,
chegando a um ponto de estabilidade. Já em locais onde se opta por residências
térreas, a taxa de impermeabilização continua crescendo conforme o aumento
populacional, sendo característica de cidades de interior. Campana e Tucci (citado
por PINTO, 2011).

Esse cenário gerado pelo crescimento urbano impermeabilizando uma grande


área de solo nas bacias nos leva a problemas relacionados ao alto volume escoado
superficialmente, que tem uma em que se concentram esforços do meio técnico para
encontrar medidas que possam diminuir os efeitos causados. Além disso, a
ocupação de áreas de várzea, onde não existe fiscalização também podem afetar a
população durante a ocorrência de chuvas intensas.

3.1.7 - Parâmetros iniciais para projeto

De acordo com Araújo, Tucci e Goldenfum (2000), os parâmetros iniciais para


se executar um projeto são:

-A execução só é viável para taxas de infiltração superiores a 7 mm/h;

- Deve ser feita uma sondagem com profundidade de 0,6 a 1,2m abaixo do
nível inferior do reservatório, para verificar o tipo de solo existente, sendo que solos
com percentual maior do que 30% de argila ou 40% de silte e argila combinados,
não são recomendados para esse tipo de dispositivo;

- A camada impermeável ou nível do lençol freático no período de chuvas


deve estar no mínimo a 1,2 m abaixo do pavimento;

- Para determinar a profundidade do reservatório inferior, deve-se determinar


o tipo de material a ser utilizado, sendo recomendado o uso de brita 3 ou 4 de
acordo com Schueller (1987);

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- É aconselhado por questões práticas uma profundidade de no mínimo 15cm;

3.1.8 - Dimensionamento do pavimento permeável

Para o dimensionamento do pavimento permeável deve-se saber qual o


volume drenado pela superfície que escoe para a área do pavimento. Com base no
tempo de retorno e na curva de intensidade, duração e frequência do local, é que se
obtém a precipitação da chuva.

Para que se possa dimensionar um sistema de infiltração total (sem tubos de


drenagem na parte de cima do reservatório) o reservatório de pedras precisa ser
grande o suficiente para conseguir acomodar o volume do escoamento de uma
precipitação de projeto menos o volume que foi infiltrado durante a chuva. O volume
do escoamento superficial pode ser considerado através de:

Vr=(i ƿ+C – ie). td (1)

Onde Vr é o volume da chuva a ser armazenado pelo reservatório (em mm),


iƿ é a intensidade máxima da chuva de projeto (em mm/h), ie é a taxa de infiltração
do solo (em mm/h), td é o tempo de duração da chuva (em horas) e C é o fator de
contribuição de áreas externas ao pavimento permeável, que pode ser estimado
pela equação:

i ƿ . Ac
C= (2)
Ap

Onde Ac é a área externa de contribuição para o pavimento permeável e Ap é


a área do pavimento permeável.

A profundidade do reservatório de pedras do pavimento permeável é


determinada por:

Vr
H= (3)
f

Onde H é a profundidade do reservatório de pedras (em mm) e f é


considerado a porosidade do material.

A porosidade pode ser determinada pela seguinte equação:


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Vl+Vg
f= (4)
Vt

onde Vl é o volume de líquidos, Vg é o volume de vazios e Vt é o volume total


da amostra.

3.2 - Influências do solo em pavimentos permeáveis

Alguns fatores relativos ao comportamento do solo influenciam, em se


tratando principalmente no modelo a ser adotado no dimensionamento do
reservatório inferior. Esses fatores são:

3.2.1 - Capilaridade

É compreendida como capilaridade a elevação da água acima do lençol


freático, que por meio de espaços intersticiais existentes no solo, sobe em
movimento contrário a ação da gravidade.

Esse processo acontece quando, a água entra em contato com o solo seco e
é sugada para o seu interior subindo pelos vazios existentes. De acordo com o tipo
de solo essa ação pode ser facilitada ou dificultada, dependendo da ordem de
grandeza dos vazios existentes, que estão associados aos tamanhos das partículas.
Nos pedregulhos essa elevação pode ser de centímetros, em solos arenosos de um
a dois metros, em silte de três a quatro metros, podendo atingir dezenas de metro
em solos argilosos. Caputo (citado por ALMEIDA e CÂNDIDO, 2015).

3.2.2 - Permeabilidade do solo

Uma das características principais do solo é a de conter vazios em si,


preenchidos com água ou ar. A água preenchendo os vazios se desloca em seu
interior devido a diferenças de potenciais, provocando tensões. Portando, solos com
alta taxa de permeabilidade são propícios a percolação de água em seu interior, que
quando determinados ajudam a solucionar problemas práticos.

17
Darcy em 1850 verificou como os elementos geométricos apresentados por
um tubo permeâmetro alteravam a vazão da água. A partir disso ele desenvolveu
uma equação (equação 1) que ficou conhecida posteriormente com o seu nome,
utilizada na determinação do coeficiente de permeabilidade e gradiente hidráulico.

Figura 6 – Água percolando em um permeâtro. Darcy (citado por Sales, 2008).

h
Q=K . .A (5)
L

Onde:

Q- Vazão;

A- Área do permeâmetro

K- Uma constante para cada solo (coeficiente de permeabilidade)

O gradiente hidráulico (i) é determinado pela relação entre a carga dissipada


durante percolação (h) pela distância ao longo da dissipação da carga (L). Sabendo-
se disso, então a lei de Darcy pode assumir o formato da seguinte equação:

Q=KiA (6)

A velocidade de percolação é encontrada pela divisão da vazão pela área. O


que se resulta na equação seguinte, onde vemos que o coeficiente de
permeabilidade indica a velocidade de percolação da água quando o gradiente
hidráulico se encontra com valor igual a um. Este é expresso em m/s.

V =Ki (7)

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O coeficiente de permeabilidade também pode ser encontrado através da
proporcionalidade que ocorre entre a velocidade de escoamento e o gradiente
hidráulico devido ao fluxo laminar. Ortigão (citado por Sales, 2008).

3.2.2.1 - Valores do coeficiente de permeabilidade

“O valor do coeficiente de permeabilidade é expresso como o produto de um


número por uma potência negativa de 10”. Caputo (citado por Sales, 2008). O valor
do coeficiente te “K” é decrescente a materiais granulares pedregulhos à argila
(Figura 7), com intervalos para os diferentes tipos de solos.

Figura 7 – Intervalos de variação de “K” para diferentes tipos de solos Caputo (citado por
Sales, 2008).

Os coeficientes de permeabilidade são diretamente proporcionais a


quantidade do numero de vazios nos solos, ou seja, quanto menor o número de
vazios possuírem o solo menor será os coeficientes de permeabilidade deste. Para
argilas sedimentares, os valores apresentados na Tabela 1 podem ser considerados.
Pinto (citado por Sales, 2008).

Argilas < 10-9 m/s


Siltes 10-6 a 10-9 m/s
Areias argilosas 10-7 m/s
Areias finas 10-5 m/s
Areais médias 10-4 m/s
Areias grossas 10-3 m/s

19
Tabela 1 – Valores típicos de coeficiente de permeabilidade. Adaptado de Pinto (citado por Sales,
2008).

Ortigão (citado por Sales, 2008) apresenta os valores de permeabilidade para


solos arenosos e argilosos (Tabela 2). Para o solo ser considerado permeável, ele
deve apresentar uma permeabilidade maior que 10-7 m/s. Os demais solos são
considerados impermeáveis.

Permeabilidade Tipo de Solo K(m/s)


Solos permeáveis
Alta Pedregulho > 10-3
Alta Areias 10-3 a10-5
10-5 a 10-
7
Baixa Siltes e argilas
Solos impermeáveis
10-7 a 10-
9
Muito baixa Argila
Baixíssima Argila <10-9

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Tabela 2 – Valores de impermeabilidade. Adaptado de Ortigão (citado por Sales, 2008).

3.2.3 - Infiltração

A infiltração representa a transição do fluído da superfície para o interior do


solo. O regime de infiltração nos permite determinar qual será a parcela da água da
chuva que irá se infiltrar no solo, assim sabe-se que a parcela restante contribuirá
para o escoamento superficial direto. Através disso é possível estabelecer uma
frequência de formação de vazões elevadas quando há ocorrência de precipitações
elevada. Silva (citado por Sales, 2008).

Além do modelo apresentado, pode-se obter o coeficiente de permeabilidade


através de métodos diretos, indiretos e ensaios. Alguns métodos podem ser citados,
como o uso de um permeâmetro de carga constante ou o de carga variável quando
o coeficiente se apresenta com valor muito baixo.

Através de métodos indiretos, a realização de ensaios para determinar a


evolução de recalques com o passar do tempo. Com base nos dados obtidos e
baseando-se em teorias equivalentes, possibilita-se a determinação do coeficiente
de permeabilidade.

Já em casos de ensaio de campo, é possível fazer procedimento durante uma


sondagem de reconhecimento, enchendo o tubo de revestimento com água,
controlando o nível da mesma, determinando o coeficiente de permeabilidade.
Porém, esse método realizado em campo é menos preciso do que os realizados em
laboratório, pois existem fatores a serem levado em consideração e a influência
humana. Caputo (citado por Almeida e Cândido, 2015).

3.3 - Concreto Poroso

Concreto permeável ou concreto poroso como também pode ser conhecido é


caracterizado pela sua porosidade e boa drenabilidade, que pode melhorar ou piorar
dependendo de sua composição. Por possuir essa característica, que permite que a
água infiltre através de sua estrutura porosa, a utilização dessa estrutura, quando
corretamente implantada, pode influenciar de maneira significante nas vazões de
pico durante os eventos de precipitação em determinado local.

21
O concreto poroso é um material composto por um ligante hidráulico, material
britado de granulação uniforme, água e pouca quantidade de agregado miúdo.
Podem-se utilizar diferentes tipos de aditivos que tem a finalidade de atribuir melhor
desempenho, durabilidade, resistência e trabalhabilidade ao concreto poroso.

Segundo Henderson et al. (2009), ao se reduzir ou eliminar o agregado miúdo


da mistura do concreto poroso, o índice de vazios aumenta para valores entre 0,15 a
0,30. Dessa forma, a água oriunda das precipitações percolará mais facilmente por
entre os poros da estrutura do concreto, isso faz com que o escoamento superficial
reduza consideravelmente.

O revestimento em concreto poroso é construído sobre base britada de


granulometria descontínua, essa base britada serve como reservatório enquanto as
águas provenientes de precipitação infiltram pelo seu revestimento.

Segundo Dellate e Clearly (2006), existem três tipos de concretos permeáveis


que são caracterizados pelo seu nível de resistência e drenabilidade. O primeiro é o
concreto permeável hidráulico, possui baixa resistência mecânica e alta
permeabilidade, ele é utilizado para aplicações não estruturais. O segundo é o
concreto permeável normal, ele possui resistência e permeabilidade intermediárias,
pode ser utilizado em calçadas ou estacionamentos. O terceiro é o concreto
permeável estrutural, este possui uma elevada resistência mecânica e baixa taxa de
permeabilidade. Como o próprio nome diz, pode ser usado para aplicações
estruturais e de cargas elevadas, como pavimentação de vias onde trafegam
veículos pesados.

22
3.3.1 - Materiais utilizados na composição do concreto permeável

O concreto permeável e o cimento portland convencional (CCP) são


produzidos com os mesmos materiais, a única diferença entre eles é na quantidade
de agregados miúdos, por ser muito reduzida quando se produz o concreto
permeável.

As proporções dos materiais a serem utilizados para a produção do concreto


permeável dependem dos insumos que estão disponíveis no local de uso que
servirão de subsídio para a melhor dosagem racional. Na Tabela 3 estão presentes
as faixas típicas de consumo e as proporções dos materiais que são utilizados nas
misturas para a fabricação do concreto permeável.

A relação entre cimento e agregado e o procedimento de adensamento a ser


utilizado para a produção de concretos permeáveis são os dois principais fatores da
mistura, pois afetam diretamente as características mecânicas do material. ACI
(citado por Batezini, 2009).

Materiais Consumo/Proporção
Ligante Hidráulico (kg/m³) 270 a 415
Agregado Graúdo (kg/m³) 1.190 a 1.700
Relação água/cimento (a/c) em massa 0,27 a 0,34
Relação cimento/agregado em massa 1:4 a 1:4,5
Relação agreg. miúdo/agreg. graúdo em massa 0 a 1:1

Tabela 3 – Consumos e produções típicas utilizadas nas misturas de concreto permeável.


Adaptado de ACI (citado por Batezini, 2009).

23
Aditivos superplastificantes são aplicados com a finalidade de melhorar as
características de trabalhabilidade e tempo de pega das misturas de concreto
permeável.

3.3.1.1 - Aglomerantes

O principal aglomerante hidráulico utilizado como ligante em concretos


permeáveis é o cimento Portland. É utilizado para garantir que o produto final além
de resistente, tenha número de vazios suficientes e uma boa condutividade
hidráulica.

3.3.1.2 - Agregados

As curvas granulométricas utilizadas na maioria das misturas são em sua


grande maioria do tipo uniforme (possuem um diâmetro único), sendo que o
diâmetro máximo utilizado seja de 19mm. Já para curvas descontínuas, quando há
variação do diâmetro dos agregados, são utilizadas graduações variando de 19mm a
4,8mm, 9,5mm a 2,4mm, 9,5mm a 19mm. Tennis (citado por Batezini, 2009).

Na Figura 8 estão representadas três curvas granulométricas já empregadas


na produção de concreto permeável, onde o diâmetro máximo de utilização é de
19mm. LI (citado por Batezini, 2009).

Figura 8 – Curvas granulométricas típicas de misturas de concreto permeável

Adaptado de LI (citado por Batezini, 2009).

24
3.3.1.3 - Aditivos

Assim como aditivos químicos são incorporados ao CCP, também são


incorporados nas misturas para a produção do concreto permeável. Os aditivos
retardadores têm como objetivo controlar de maneira mais eficiente o tempo de
pega, pois na mistura para o concreto permeável, este ocorre rapidamente. Os
aditivos retardadores de água também são utilizados, dependendo da relação a/c
que será considerada. PREVIOUS CONCRETE PAVEMENT (citado por Batezini,
2009).

25
4. METODOLOGIA

Identificar referências teóricas publicadas sobre o assunto através de


pesquisa bibliográfica.

Identificar através de pesquisa de campo as características do solo da região


e demais problemas que afetam o escoamento superficial.

Identificar características da bacia hidrográfica através de recursos


computacionais.

Modelagem da estrutura proposta de acordo com a análise dos dados


coletados.

Verificação do comportamento do modelo in loco.

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5. RESULTADOS ESPERADOS

Verificar se o modelo é adequado para a situação local.

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6. CRONOGRAMA

FE MA AB MA JU JU AG SE OU NO DE
MÊS V R R I N L O T T V Z
1- Escolha do tema X
2- Revisão bibliográfica X X
3- Levantamento de dados X X
4- Análise e interpretação de dados X X
5- Parâmetros para projeto X
6- Modelagem X X
7- Conclusão X
8- Apresentação final X

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REFERÊNCIAS

ACIOLI, Laura Albuquerque et al. Implantação de um Módulo Experimental para a Análise da


Eficiência de Pavimentos Permeáveis no Controle do Escoamento Superficial na Fonte. In: Simpósio
ABRH, 2003, Porto Alegre. Rio Grande do Sul: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003. 19 f.

ALMEIDA, Renato Damasceno de; CÂNDIDO, Rodolfo Aurélio Vieira. Afloramento do lençol freático
na estrutura do IFMS (campus Campo Grande): Estudo do caso de técnicas propostas. 2015. 85 f.
Trabalho de Conclusão de Curso/ Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS.

ARAÚJO, Paulo Roberto de; GOLDENFUM, Joel A; TUCCI, Carlos E. M. Avaliação da eficiência dos
pavimentos permeáveis na redução de escoamento superficial. RBRH – Revista Brasileira de
Recursos Hídricos, v. 5, n.3, p. 21-29, Jul./Set. 2000.

BATEZINI, Rafael. Estudo preliminar de concretos permeáveis como revestimento de pavimentos


para áreas de veículos leves. São Paulo, S.P., 2013. 133 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes.

GONÇALVES, Andre Bertoletti; OLIVEIRA, Rafael Henrique de. Pavimentos permeáveis e sua influência
sobre a drenagem. In: DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL – PHA2537 –
ÁGUA EM AMBIENTES URBANOS – SEMINÁRIOS, 2014, São Paulo. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo 2014. 12f.

PINTO, Liliane Lopes Costa Alves. O desempenho de pavimentos permeáveis como medida
mitigadora da impermeabilização do solo urbano. 2011. 255 p. Tese (Doutorado em Engenharia
Hidráulica) – Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária, Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, São Paulo, SP.

SALES, Tarso Luiz de. Pavimento permeável com superfície em blocos de concreto de alta
porosidade. Florianópolis, S.C., 2008, 173p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa
Catarina. Departamento de Engenharia Civil.

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