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Aula 11 – Autodepuração

Prof. Eloá Cristina Figueirinha Pelegrino


Parte 2

continua...
Concentração Crítica de Oxigênio
Ao longo da curva de OD, um ponto fundamental é o ponto no qual
a [OD] atingi o valor mínimo (ocorre no tempo crítico e com a
concentração crítica)
“O conhecimento da concentração crítica é fundamental, pois
baseado nela que se estabelece a necessidade ou não do
tratamento do esgoto.”
“O tratamento, quando necessário, deve ser implementado com
uma eficiência na remoção de DBO suficiente para garantir que a
concentração crítica de OD seja superior ao valor mínimo permitido
pela legislação (padrão para lançamento em corpos d’água).”
Além disso, concentrações negativas de OD são matematicamente
possíveis, mas não são válidas para o modelo de Street-Phelps, pois
representam anaerobiose. (gráfico deve parar neste ponto, sem as
concentrações negativas)
Equações Representativas
a) Concentração e déficit de oxigênio no rio após a mistura com o
despejo:
Onde:
C0 =Concentração inicial de oxigênio, logo após
Q x OD + Q x OD a mistura mg/l)
C = r r e e
D0 = Déficit inicial de oxigênio, logo após a
Q +Q
0
mistura mg/l)
r e
Cs =Concentração de saturação de oxigênio
Qr = Vazão do rio a montante do lançamento
dos despejos (m3/s)
Qe = Vazão de esgoto (m3/s)
D =C -C
0 s 0
ODr = Concentração de oxigênio dissolvido no
rio, a montante do lançamento dos despejos
D0 = déficit de oxigênio inicial (mg/L) (mg/l)
Cs = Concentração de saturação de OD (mg/L)
ODe = Concentração de oxigênio dissolvido no
C0 = concentração de OD inicial (mg/L)
esgoto.
Concentração e déficit de oxigênio no rio
após a mistura com o despejo e
contribuição de um afluente
Concentração de saturação de OD (Cs)

O Valor de Cs é função da temperatura da água e da altitude


➢Elevação da temperatura reduz a concentração de
saturação
➢Aumento da altitude reduz a concentração da saturação

ODr = é resultante das atividades da bacia hidrográfica à


montante
Pouco indícios de poluição adotar como 70 a 90% do valor de
saturação de oxigênio (Cs)
Quadro 4- Concentração de saturação de oxigênio (Cs) (mg/l)
Altitude (m)
Temperatura(ºC) 0 500 1000 1500
10 11,3 10,7 10,1 9,5
11 11,1 10,5 9,9 9,3
12 10,8 10,2 9,7 9,1
13 10,6 10,0 9,5 8,9
14 10,4 9,8 9,3 8,7
15 10,2 9,7 9,1 8,6
16 10,0 9,5 8,9 8,4
17 9,7 9,2 8,7 8,2
18 9,5 9,0 8,5 8,0
19 9,4 8,9 8,4 7,9
20 9,2 8,7 8,2 7,7
21 9,0 8,5 8,0 7,6
22 8,8 8,3 7,9 7,4
23 8,7 8,2 7,8 7,3
24 8,5 8,1 7,6 7,2
25 8,4 8,0 7,5 7,1
26 8,2 7,8 7,3 6,9
27 8,1 7,7 7,2 6,8
28 7,9 7,5 7,1 6,6
29 7,8 7,4 7,0 6,6
30 7,6 7,2 6,8 6,4
b) Cálculo da DBO5 e da demanda última no rio após a mistura com o
despejo

DBO Mistura
(Q x DBO + Q x DBO )
DBO5 = r r e e

Q +Q
0

r e

Onde:
DBO última da mistura DBO5 = Concentração de DBO5, logo após a
mistura (mg/l);
L = DBO5 x K
0 0 T L0 = Demanda última de oxigênio, logo após a
mistura;
DBO 1
K =
T
= u DBOe = Concentração de DBO5, do esgoto
DBO 1- e -5k1
(mg/l);
5

KT = cte para transformação da DBO5 a DBO


última
Cinética da Cinética da
desoxigenação reaeração

dL = −k L ocasiona redução de OD (utilizado na oxidação)


1
dt

dD
= −k 2 D ocasiona aumento de OD (redução do déficit)
dt
Dessa maneira, os dois processos podem ser agrupados em uma
única equação:

Taxa de variação do déficit de OD= Consumo de OD- Produção de OD

dD
= k1L − k 2 D
dt
Taxa de variação de déficit de OD

Consumo de OD → Aumento do déficit

Produção de OD → Reduz o déficit


Curva de depleção do oxigênio dissolvido L = L 0 . e -K1 .t
L: DBO remanescente no tempo
dD D: déficit de oxigênio (mg/L)
= −k 2 D + k 1 L
dt
dD
= −k 2 D + L0 k1e −k1t
dt
Aplicando a Int.

D=
L0k1 −k1t
k 2 − k1
e −e −k 2t(+ D0 e −k 2t )
A curva de concentração de OD pode ser obtida diretamente desta equação, sabendo-se que:

ODt = CS - Dt D0 = Cs - C 0
 L0k1 −k1t 
Ct = C S −  e −e −k 2t
(+ (C S − C0 )e  )
−k 2t

 k2 − k1 
Esgotos
Curso d’água

OD (m/L)

CS
Do
Co
Dc

Co

Cc
to tc Tempo ou distância (km)
Pontos característicos da curva de depleção de OD
C= concentração de OD
D= défcit de OD
Curva de depleção do oxigênio dissolvido

c) Cálculo do perfil de oxigênio dissolvido em função do


tempo:

 K1 x L 0 -K1 .t -K 2 .t - K 2 .t 
Ct = C s -  .e ( -e )
+ D0 . e 
 K 2 K1 

d) Cálculo do tempo crítico (tempo onde ocorre a concentração


mínima de oxigênio dissolvido)

1 K2  D 0 .(K 2 - K1 )  
tC = . ln  . 1 - 
K 2 − K1  K1  L0 . K1  
Curva de depleção do oxigênio dissolvido

e) Cálculo do déficit crítico e da concentração crítica de oxigênio

K
D =C
xL xe 1
0
- K1 . t c

K 2

OD = C - D
c s c
Curva de depleção do oxigênio dissolvido

f) Tempo de percurso (t)


Tempo de percurso teórico que uma partícula gasta para percorrer um
determinado trecho (fluxo em pistão)
Em função:
Velocidade e distância vencida

d
t=
Onde:
v.86400
t = tempo de percurso (d)
d = distância percorrida (m)
v = velocidade do curso d’água (m/s)
86400 = número de segundo por dia (s/d)
Eficiência necessária para instalação do tratamento do
esgoto

É verificada através da classe do rio, a qual o esgoto será


despejado
Classe do rio

Valor mínimo de OD permissível

= ODc(concentração crítica) deverá ser maior ao valor mínimo


permitido pela legislação
Eficiência necessária para instalação do tratamento do
esgoto

 E 
DBO5e = 1 −  xDBO5 a
 100 

DBO5a - DBO5e
E= x 100
DBO5a
Onde:
DBO5e = DBO5 do esgoto efluente do tratamento (mg/l)
DBO5a = DBO5 do esgoto afluente (mg/l)
E = Eficiência do tratamento na remoção de DBO5(%)
Eficiência necessária para instalação do tratamento do
esgoto

“Usualmente é feito é atribuir-se eficiência de remoção


de DBO compatíveis com os processos de tratamento
existentes ou disponíveis, e recalcula-se o perfil de
oxigênio.”
Exercício

• Uma cidade e uma indústria lançam juntas


os seus efluentes não tratados em um
curso d’água. A montante do ponto de
lançamento, a bacia hidrográfica não
apresenta nenhuma contribuição pontual
representativa, sendo ocupada
principalmente por matas. A jusante do
ponto de lançamento, o curso d’água
percorre uma distância de 50 km até
atingir o rio principal. Neste percurso não
há outros lançamentos significativos.
Dados de entrada – Esgoto Bruto

Qe = 0,114m3/s Esgoto V = 0,35 m/s


H = 1,0 m
ODe = 0,0 mg/l D = 50.000 m
DBOe =341 mg/l T = 1,65 d (cálculo)

Qr = 0,710 m3/s K1 = 0,48 d-1


Rio
ODr = 6,8 mg/l K2 = 2,49 d-1
Cs = 7,5 mg/l (tabela)
DBOr = 2,0 mg/l
Altitude: 1000m
Classe 2 do rio ODmín = 5,0 mg/l
Temperatura : 25ºC

Verificar se antes da descarga do esgoto o mesmo precisará de


tratamento.
Solução:
Determinação dos dados de saída do esgoto

a) Concentração de oxigênio da mistura (C0)


Q x OD + Q x OD
C = r r e e

Q +Q
0

r e

0,710 x 6,8 + 0,114 x 0,0


C = = 5,9 mg/l
0,710 + 0,114
0

Altitude: 1000m
Temperatura : 25ºC
Quadro 4
b) Déficit de oxigênio (D0)

D =C -C
0 s 0
D = 7,5 - 5,9 = 1,6 mg/l
0
c) Concentração de DBO última da mistura (L0)

L = DBO5 x K
0 0 T

(Q x DBO + Q x DBO ) K =
DBO
=
1
DBO5 = r r e e u

Q +Q
0 T -5k1
r e
DBO 1 - e
5

0,710 x 2,0 + 0,114 x 341 1


DBO5 = = 49 mg/l K = = 1,10
0,710 + 0,114
0 T -5.0,48
1- e

L = 49 x 1,10 = 54 mg/l
0
d) Cálculo do déficit crítico e da concentração crítica de oxigênio

K
D = C
xL xe 1
0
- K1 . t c
OD = C - D
c s c
K 2

1  K  D x (K - K ) 
t = x ln  x 1 -2


0 2 1

K −K  
C

2 1 K 1
L x K 0 1

1  2,49  1,6 x (2,49 - 0,48) 


t = x ln  1−   = 0,75 d
2,49 − 0,48  0,48  
c
54 x 0,48
K
D =
C
xL xe
1
0
- K1 . t c
D =
c
0,48
x 54 x e -0,48.0,75
= 7,2 mg/l
K 2,49
2

OD = C - D
c s c OD = 7,5 - 7,2 = 0,3 mg/l
c

É necessário a adoção de medidas de controle


ambiental, já que ocorrem concentrações inferiores à
mínima permissível (ODmin= 5,0 mg/l)
Formas de Controle da poluição por matéria orgânica

➢Visão regional para a bacia hidrográfica como um todo

Entre as principais alternativas disponíveis, citam-se as


seguintes:
✓Tratamento do esgoto;
✓Regularização da vazão d’ água;
✓Aeração dos esgotos tratados;
✓Alocação para outros usos para o curso d’água.
✓Tratamento do esgoto
Tratamento individual ou coletivo dos esgotos antes do lançamento,
é usualmente a principal, e muitas vezes a única estratégia de
controle.

✓Regularização das vazões dos curso d’água


Geralmente construir uma barragem a montante para, para através
da regularização aumentar a vazão mínima do curso d’água.

✓Aeração dos curso d’água


Promover a aeração do curso d’água em algum ponto a jusante do
lançamento, mantendo os valores de OD em valores superiores ao
mínimo.
Entre as diversas formas de aeração podem ser empregadas:

✓Aeração por ar difuso;


✓Aeração superficial;
✓Aeração em vertedores;
✓Aeração em turbinas;
✓Injeção por pressão.
✓Também quedas d’água naturais podem contribuir
significativamente para a elevação do OD
✓Aeração dos esgotos tratados
Na saída da estação de tratamento de esgotos, após a satisfação da
demanda de oxigênio, o efluente pode sofrer uma simples aeração,
usualmente por meio de vertedores.

✓Alocação de outros usos para o curso d’água.


Modelos de qualidade de água
• Descrever alterações espaciais e temporais que determinados
constituintes experimentam nos corpos d’água, alterações
decorrentes de processos biológicos, químicos, bioquímicos e
físicos;

• Avaliação abrangente dos impactos ambientais gerados por


diversas atividades:
– Implantação de estações de tratamento de esgotos,
– Determinação da influência de obras hidráulicas na qualidade do meio
aquático,
– Vazamentos acidentais de resíduos tóxicos,
– Uso do solo na bacia hidrográfica contribuinte.

• As bases matemáticas para a modelagem da qualidade da água


foram estabelecidas pelos pesquisadores Streeter e Phelps, em
1925.
Processos OD

Respiração algal Fotossíntese Reaeração

Decomposição da Oxigênio Redução de


MO Dissolvido sulfato

Nitrificação Demanda pelo Denitrificação


sedimento
Qual2e

Qual2e e Streeter - Phelps


1925-1960 (Streeter-Phelps) Reaeração
Problemas: efluentes primários e não tratados;
Poluentes: DBO/OD;
DBO OD
Sistema: rios e estuários (1D);
Cinética: linear;
Soluções: analíticas. P R SOD

1960-1970 (Computacional)
Problemas: efluentes primários e não tratados;
Poluentes: DBO/OD;
Sistema: rios e estuários (1D/2D);
Cinética: linear;
Soluções: analíticas e numéricas.

1970-1977 (Biologia) Peixes


Problemas: eutrofização; NO3 NH3 Norg
Poluentes: nutrientes;
Zoo
Sistema: rio, lagos e estuários (1D/2D/3D);
PO4 Porg
Cinética: não linear;
Soluções: numéricas. Fito

1977- hoje (Tóxicos)


Sólidos Tóxicos Biota
Problemas: tóxicos;
Água
Poluentes: orgânicos e metais; Sedimentos
Sistema: interações água-sedimento, interações na Sólidos Água Bentos
cadeia alimentar (1D/2D); intersticial
Cinética: não linear; Soluções: analíticas e numéricas. Adaptado de Chapra, 1997
A família de modelos “Qual”

Qual-I (1970) Qual-II: versão SEMCOG (1977)

Qual2e – Versão 3.11 (1985) Qual2e – Versão 4.0 (2002)


Cinética – DBO e OD simplificado
d DBOR 
= −K1 DBOR − K 3 DBOR 
dt
[DBOR] = DBO remanescente (mg/L);
K1 = coeficiente de desoxigenação (d-1);
K3 = coeficiente de sedimentação (d-1).

= K 2 (Os − O) − K1DBOR −
dO K4
dt H
K2 = coeficiente de reaeração (d-1);
K4 = coeficiente de sedimentação (demanda de
OD pelo lodo) (gO2/ m².d).
Cinética da Desoxigenação
• Coeficiente de sedimentação: k3
– Efeitos de sedimentação são mais significativos em rios rasos (<
1m), com regime de escoamento pouco turbulento;
– Numericamente, é a razão entre velocidade de sedimentação
da partícula (w) e da profundidade média da coluna d’água;
– w depende das características físicas da partícula;
Velocidade de sedimentação para diferentes partículas encontradas em rios

Tipo de partícula Diâmetro (  m ) Velocidade de sedimentação (m/dia)


Silte 10 – 20 3 – 30
Argila 2–4 0,3 – 1
Sólidos orgânicos > 64 2,3
10 – 64 1,5
1 – 10 0,2
Fitoplancton 19 – 34 0,39 – 2,1
4,3 – 5,2 0,1 – 0,28
2 0,08 – 0,24
Fonte: Adaptado de Chapra (1997)
Demanda de Oxigênio pelo Sedimento
• SOD: k4
– Originado do consumo de oxigênio para decomposição do lodo
depositado no fundo de rios (material orgânico depositado);
– Camadas com diferentes níveis de decomposição;
– Fatores que interferem: temperatura, concentração de OD na interface
ar-água, profundidade da camada de sedimento, características
orgânicas e físicas do sedimento, velocidade de escoamento acima da
camada de sedimento;
Valores associados à demanda de oxigênio da camada bentônica
Demanda Bentônica (gO2/m²dia)
Tipo de leito e situação local
Variação Média
Lodo de esgoto – nas proximidades do ponto de lançamento 2 – 10 4
Lodo de esgoto - a jusante do ponto de lançamento 1 –2 1,5
Leito estuarino 1 –2 1,5
Leito arenoso 0,2 – 1,0 0,5
Leito de solo mineral 0,05 – 0,1 0,07

Fonte: Adaptado de Rodrigues (2005)


Exercício 2 (pag 192/133)
Uma cidade e uma indústria lançam juntas os seus efluentes não tratados
em um curso d’água. A montante do ponto de lançamento, a bacia
hidrográfica não apresenta nenhuma contribuição pontual representativa,
sendo ocupada principalmente por matas. A jusante do ponto de
lançamento, o curso d’água percorre uma distância de 50 km até atingir o
rio principal. Neste percurso não há outros lançamentos significativos.

a) Calcular o perfil de OD até a confluência com o rio principal


b) Apresentar duas alternativas de tratamento de esgoto para controle de
poluição das águas no curso d’água
c) Calcular e plotar os perfis de OD para as alternativas apresentadas.
Dados de entrada – Esgoto Bruto
Dados de entrada – Esgoto Bruto
Valores típicos de k1 em condições de laboratório (base e,20ºC)

Dados de entrada – Esgoto Bruto


Dados de entrada – Esgoto Bruto
Dados de entrada – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto
Dados de saída – Esgoto Bruto

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