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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS - ICEN


FACULDADE DE QUÍMICA – FAQUI
QUÍMICA LICENCIATURA
LABORATÓRIO DE QUÍMICA ANALÍTICA QUANTITATIVA – (EN03100)

ANÁLISE VOLUMÉTRICA POR OXIDAÇÃO REDUÇÃO: DETERMINAÇÕES


DICROMATOMÉTRICAS
PROF. DR. CARLOS NEVES

SAMARA RANIERI DA SILVA – 201710840021


WENDELL DA SILVA GOMES – 201710840071

BELÉM/PA
2021
1. INTRODUÇÃO

Determinações dicromatométricas, são mais um tipo de volumetria de


oxidação-redução, onde são usados métodos de titulação que usam reações
de oxidação-redução. Ela se aplica a determinação direta de elementos
capazes de exibir dois ou mais estados de oxidação. O processo de oxidação
envolve a perda de elétrons por parte de uma substância, enquanto que a
redução envolve um ganho de elétrons para a espécie química em
consideração. Esta perda ou ganho de elétrons, formalmente, é indicada pela
variação do número de oxidação das várias espécies envolvidas na reação
considerada (PINHEIRO, 2021).

A dicromatometria, é uma técnica de titulação que emprega o íon


dicromato (Cr2O72-) como agente oxidante. Assim como o permanganato
(MnO4-), o reagente também depende do meio iônico. Em solução ácida, o íon
dicromato, de cor laranja (Figura 1), é um oxidante forte, que é reduzido ao íon
Cr3+ (HARRIS, 2012).

Figura 1: Dicromato de potássio.

Fonte: Autores
0
3+¿ +7 H O E =1,36 V ¿
2
+ ¿+6 e −¿ ⇄ 2Cr ¿
¿
2−¿+14 H ¿
Cr 2 O 7

Geralmente, as titulações empregando o dicromato são realizadas em


soluções preparadas em ácido clorídrico ou ácido sulfúrico 1 mol.L -1. Nesses
meios, o potencial formal para a semi-reação varia entre 1,0 e 1,1 V (SKOOG,
2006).

O dicromato é um agente oxidante mais fraco do que o permanganato,


porém sua principal vantagem em usá-lo no lugar do permanganato é que o
dicromato de potássio é um padrão primário e de baixo custo de acordo com
Harris (2012). Além disso, as soluções de dicromato de potássio são estáveis
por longo período em meio ácido, não se decompõem com a luz e podem
coexistir na presença de íons cloreto 1 mol.L -1. Segundo Pinheiro, a
desvantagem maior é que tanto o reagente (Cr 2O72-) quanto o produto (Cr3+)
são coloridos (apud Baccan, 2004).

Como o dicromato é laranja e os complexos de Cr3+ se situam na faixa


entre verde e o violeta, temos que recorrer a indicadores com mudanças de cor
bem marcantes, como o ácido difenilaminossulfônico ou o ácido
difenilbenzidinossulfônico, para determinar o ponto final das titulações com
dicromato.

Figura 2: Indicadores.

Fonte: Autores

No ponto final da titulação a cor muda de verde, para violeta. A própria


reação entre o indicador e os íons dicromato é relativamente lenta numa
solução pura, mas durante a titulação os íons ferro(II) catalisam e aceleram
enormemente a velocidade da reação de tal modo que a transição de cor é
rápida e bem definida (PINHEIRO, 2013).

O dicromato é usado principalmente para a determinação de Fe 2+ e,


indiretamente, para determinar diferentes espécies capazes de oxidar o Fe 2+ a
Fe3+. Em análises indiretas, o analito é tratado com um excesso conhecido de
Fe2+. O ferro é o maior elemento do ponto de vista industrial e o segundo metal
mais abundante na crosta terrestre, ele é conhecido e utilizado pelo homem
desde a antiguidade, a sua utilização é vasta em função de ser um metal
barato e resistente, apesar da oxidação pelo oxigênio do ar, forma ligas
metálicas importantes na indústria tais como o aço-carbono que é uma mistura
de ferro e carbono, misturado com níquel e cromo, origina o aço-inoxidável,
está presente em inúmeras estruturas metálicas nas construções que nos
cercam.

A importância biológica do ferro está associada ao transporte


de oxigênio para as células. Está presente nas hemácias (responsáveis pela
coloração vermelha do sangue) formada pelas moléculas de hemoglobina que
contém o ferro e é responsável pela oxigenação dos organismos vivos, as
alterações na presença do ferro ou a deficiência causa a anemia ou anemia
falciforme que é hereditária (SANTOS, 2021).

A suplementação diária com ferro é efetiva na redução da prevalência de


anemia e de deficiência de ferro, aumenta os níveis de hemoglobina e as
reservas de ferro, melhora o desempenho físico e reduz a fadiga sintomática.
Porém, esses benefícios vêm acompanhados de aumento de efeitos adversos
gastrointestinais sintomáticos (YUAN & SPEEDY, 2016).

2.OBJETIVOS

2.1.OBJETIVO GERAL

- Realizar análise volumétrica redox para determinação de ferro a partir da


dicromatometria.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar quantitativamente e criticamente o método de determinação de ferro


em suplemento alimentar comercial a partir da dicromatometria;

- Compreender o uso do dicromato de potássio para análises volumétricas por


redox;

- Entender a importância da adaptação do meio da amostra para pH ácido e a


relação do pH com o dicromato;

- Compreender as causas e as necessidades de redução do Fe 3+ para Fe2+


para análise;

- Analisar experimentalmente a quantidade de Fe(mg) por comprimido rotulada


em suplemento/medicamento alimentar;

3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. MATERIAIS UTILIZADOS

Balança analítica
Balão volumétrico de 100 mL
Bastão de vidro
Béquer de 250 mL
Béquer de 100 mL
Béquer de 50 mL
Bureta de 25 mL
Chapa aquecedora
Erlenmeyer de 150 mL
Espátula
Pisseta
Proveta de 100 mL
Proveta de 25 mL
Suporte universal

3.2. REAGENTE UTILIZADOS

Ácido clorídrico concentrado (HCl)


Ácido fosfórico concentrado (H3PO4)
Ácido Sulfúrico concentrado (H2SO4)
Água destilada
Amostra de suplemento alimentar FERRONIL
40 mg
Indicador difenilaminossulfonato de sódio a
2%
Solução de dicromato de potássio 0,01M
(K2Cr2O7)

3.3. PRODECIMENTO EXPERIMENTAL

3.3.1. PREPARO DA SOLUÇÃO DE K2Cr2O7 0,01M

(
m K 2 Cr 2 O7 =C . MM .V m K 2 Cr 2 O7 = 0 ,01
mol
l )(
. 294,185
g
mol )
. ( 100 x 10−3 l )

m K 2 Cr 2 O7 =0,294 g
Após os cálculos feitos para encontrar a massa necessária de dicromato.
Pesou-se em um béquer de 100 mL a massa de 0,2941g de dicromato de
potássio com o auxílio de uma balança analítica. Em seguida, solubilizou-se o
reagente com água destilada e transferiu-se para um balão volumétrico de 100
mL. Seu volume restante foi preenchido com água destilada.

Figura 3: Solução de K2Cr2O7 0,01M.

Fonte: Autores

3.3.2. PREPARO DA AMOSTRA

2+¿
2+¿¿ Fe
6. n K 2 Cr 2 O7 =1. n Fe 6. C K 2 Cr2 O7 . V K 2 Cr 2 O 7=m 2+¿
¿
MM Fe ¿

m Fe 2+¿=6.C K Cr
2 2
2 +¿¿
O7 .V K 2 Cr 2 O7 . MM Fe ¿ (
2+¿=6. 0 , 01
mol
l ) −3
(
. (10 x 10 l ) . 55,845
g
mol ) m Fe 2+¿=33mg ¿
¿
m Fe

242 mg cp ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ 40 mg Fex ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ ̶ 33 mg Fe
x=199 mg cp

A amostra utilizada foi o suplemento alimentar da marca FERRONIL.


Após os cálculos para verificar quanto seria necessário pesar da amostra. Em
um almofariz, foram triturados 10 comprimidos de suplemento alimentar e em
seguida, pesou-se em um béquer de 250 mL, com o auxílio de uma balança
analítica, 0,1997g da amostra. Em seguida, adicionou-se 75 mL de água ao
béquer, com o auxílio de uma proveta de 100 mL e 15 mL de ácido clorídrico
concentrado com o auxílio de uma proveta de 25 mL.

Figura 4: Comprimidos triturados.


Figura 5: Transferência de HCl.

Fonte: Autores
Fonte: Autores

Após isso, o béquer foi levado para uma chapa aquecedora até completa
solubilização da solução. Utilizou-se um bastão de vidro para ajudar na
solubilização. Depois de 10 minutos aproximadamente, a solução foi retirada
do aquecimento e deixou-se esfriar. Em seguida, após esfriar, na capela,
adicionou-se 10 mL de ácido sulfúrico concentrado e 15 mL de ácido fosfórico
concentrado, com o auxílio de uma proveta de 25 mL.

Figura 6: Solução no aquecimento. Figura 7: Transferência de H2SO4.

Fonte: Autores Fonte: Autores

Após adicionar os ácidos, a amostra foi transferida para um erlenmeyer


de 150 mL e adicionou-se 5 gotas do indicador difenilaminossulfonato de sódio
então a solução estava pronta para ser titulada. Com o auxílio de um suporte
universal, e uma garra metálica, afixou-se uma bureta de 25 mL e
posteriormente a bureta foi devidamente ambientada e aferida com a solução
de dicromato de potássio. Após isso iniciou-se a titulação. O volume gasto foi
anotado e tabelado.
Figura 8: Após a titulação

Fonte: Autores

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após os procedimentos do tópico 3.3.2, o valor da massa e do volume


gasto na titulação foi anotado e tabelado.

Tabela 1: Análise da quantidade de ferro.

Massa de
Massa da Volume
Massa de Ferro por
Replicata amostra de gasto de
Fe2+ (mg) comprimido
ferro (mg) K2Cr2O7 (mL)
(mg)
1 201,1 mg 10,00 mL 33,507 mg 40,005 mg
2 199,7 mg 10,15 mL 34,009 mg 40,889 mg
3 203,0 mg 10,25 mL 34,344 mg 40,620 mg
Média 201,2 mg 10,13 mL 33,953 mg 40,504 mg
Desvio
------ ------ ------ 0,4531
padrão
Fonte: Autores

Para os cálculos da quantidade de ferro, foram utilizados os dados da


massa e de volume gasto na titulação, das outras equipes no laboratório. A
replicata 2, corresponde aos dados anotados dos procedimentos desta equipe.

Para o cálculo da massa de ferro, temos que a seguinte reação:


3+¿ +7 H O¿
2
3+¿ +6 Fe ¿
2−¿+14 H +¿ → 2Cr ¿
¿
2 +¿+ 1Cr 2 O7 ¿
6 Fe
A proporção estequiométrica entre o ferro e o dicromato 6:1, logo para a
replicata 1 temos:
2+¿
Fe 2+¿ ¿
2+ ¿¿ 2−¿=m ¿¿
2−¿=1. nFe ¿
2−¿. MMFe ¿
2+ ¿ 2−¿.V Cr2 O7 ¿
6. nCr 2 O 2+¿=6.C Cr2 O7 ¿
MM Fe ¿
2−¿. V nCr 2O 7 ¿
7 6. C Cr 2 O 7
m Fe

(
2+¿=6. 0 , 01
mol
l ) −3
. (10 x 10 l ) . 55,845
g
mol(¿ ) m Fe 2+¿=33,507mg ¿
m Fe

Para a segunda e terceira replicata, temos:

( mol
) ( g
) m Fe 2+¿=34,009mg ¿
2+¿ ¿
−3
. (10 ,15 x 10 l ) . 55,845 ¿
2−¿. MMFe ¿
2−¿.V Cr2 O7 ¿ 2+¿=6. 0 , 01
II) m Fe 2+¿=6.C Cr O 2 7 ¿
m Fe
l mol

( mol
) ( g
) m Fe 2+¿=34,344mg ¿
2+¿ ¿
−3
. (10 ,25 x 10 l ) . 55,845 ¿
2−¿. MMFe ¿
2−¿.V Cr2 O7 ¿ 2+¿=6. 0 , 01
III) m Fe 2+¿=6.C Cr O 2 7 ¿
m Fe
l mol

A partir das massas obtidas da amostra de ferro, podemos verificar a massa


ferro por comprimido. Para isso, basta efetuar uma regra de três simples.

m Fe
2+¿ — maliq ¿
mFe /comp — mcomp=240 , 10 mg

O valor de 240,10 mg, vem da massa dos 10 comprimidos triturados, divido por
10.

2401 , 0 mg/10=240 , 10 mg

Então, para as replicatas I, II e III, temos:

I33,507 mg — 201 , 1 mg II34,009 mg — 199 , 7 mg III


mFe/comp — 240 ,10 mg mFe/comp — 240 ,10 mg 34,344 mg — 201, 1 mg
mFe /comp=40,005 mg mFe /comp=40,889 mg mFe/comp — 240 ,10 mg
mFe /comp=40,620 mg

Ao final do procedimento 3.3.2 temos: “Em seguida, após esfriar, na


capela, adicionou-se 10 mL de ácido sulfúrico concentrado e 15 mL de ácido
fosfórico concentrado (...)”, o uso desses ácidos se justifica devido ao fato de a
mistura desses dois ácidos causa a queda do potencial padrão formal do par E 0
= Fe(II) / Fe(III) = 0,61 V. Podemos observar isso melhor na curva de titulação,
como mostra a Figura 9 abaixo, onde sem a redução do potencial padrão
formal do par poderíamos ter um erro, pois, no ponto de viragem ainda não
teria acontecido o salto, dessa forma, a combinação desses dois ácidos é
primordial para que a viragem do indicador ocorra no salto de potencial,
minimizando, assim, os erros da análise.

Figura 9: Curva de titulação

Fonte: Analítica sem duvidas

5. CONCLUSÃO

Portanto, apesar de os valores rotulado e experimentais não coincidirem,


eles não se distanciam em grandes proporções, como mostra o desvio padrão.

Além disso, os valores obtidos experimentalmente nessa prática se


encontram próxima das concentrações encontradas por outra pesquisa de um
suplemento alimentar de ferro determinado a partir do mesmo método efetuado
nessa prática. Observando e analisando a tabela de dados do autor, podemos
concluir que nossos dados se assemelham, confirmando ainda mais a
efetividade do experimento.

Tabela 2: Concentração de ferro por comprimido.

m (gramas) V (mL) mFe (mg) mFe /comprimido


0,4503 17,95 60,21 40,12
0,4679 19,05 63,89 40,12
0,4906 19,60 65,74 40,21
Fonte: Analítica Sem Dúvidas

Figura 10: Dados do experimento.

Fonte: Analítica Sem Dúvidas.

A recomendação (WHO, 2001) de suplementação de ferro para o


tratamento da anemia é:

1) Adultos: 120 mg de ferro elementar/dia por três meses.


2) Crianças menores de dois anos: 3mg de ferro/kg/dia, são superior a 60
mg por dia.

Segundo o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz, a posologia


para um adulto não deve ultrapassar 200 mg/dia. Dessa forma, se pegarmos a
concentração encontrada nesse experimento e multiplica-la pela quantidade de
vezes que deve ser ingerida por dia (3 a 4 vezes), de acordo com a posologia
da bula, temos que a concentração não ultrapassa a 200 mg. Portanto, a partir
dessas informações podemos dizer que o medicamento analisado pode ser
utilizado como suplemento de ferro, tendo em vista a sua quantidade segura e
eficiente de Ferro elementar, e o método de determinação de ferro a partir da
dicromatometria é eficiente.

Figura 11: composição do suplemento alimentar


Fonte: Autores

6. REFERÊNCIAS

HARRIS, D. C. (2012). Análise Química Quantitativa, 8ª Edição. LTC-Livros


Técnicos e Científicos Editora SA, Rio de Janeiro-RJ.

Laboratório de Química Analítica Quantitativa. (2013). Prática Nº 8: Análise


volumétrica por oxidação redução: determinações dicromatométricas –
Apostila – Texto Revisado e atualizado pela professora Marta Pinheiro.

LOW, M. S.; YUAN, S. J.; Cochrane, c2021. Suplementação diária de ferro


para melhorar a saúde. Disponível em:
https://www.cochrane.org/pt/CD009747/BEHAV_suplementacao-diaria-de-ferro-
para-melhorar-saude-das-mulheres-que-menstruam. Acesso em: 01 de
dezembro de 2021.
Memento terapêutico / Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 302 p. – (Série B. Textos Básicos de
Saúde).
Química Analítica Quantitativa. (2021). Texto Nº 8: Volumetria de Oxidação-
redução – Apostila – Texto Revisado e atualizado pela professora Marta
Pinheiro.

SANTOS, L. R.; Ferro. Infoescola, navegando e aprendendo, c2021.


Disponível em: https://www.infoescola.com/elementos-quimicos/ferro/. Acesso
em: 01 de dezembro de 2021.

SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. (2006).


Fundamentos de Química Analítica. Editora Thomson. 8 ed. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning
World Health Organization. (2001). The World health report: 2001: Mental
health: new understanding, new hope. World Health Organization.

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