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RESUMO: Esta pesquisa buscou viabilizar a utilização de um solo fino, de baixa capacidade de
suporte, como camada de pavimento rodoviário, através do emprego de técnicas de estabilização
associadas à reutilização dos resíduos provenientes das operações de fresagem do revestimento
asfáltico de um trecho da BR 116-BA, analisando as misturas do solo com teores crescentes de
material fresado, nas porcentagens de 30%, 50%, 70% e 90%. Nos ensaios de caracterização
constatou-se que somente as amostras contendo 50% e 70% de material fresado atenderam as
especificações estabelecidas pela norma DNIT 141/2010. Nos ensaios de CBR verificou-se que o
acréscimo de material fresado nas misturas propiciou um aumento de capacidade suporte. A mistura
contendo 70% de material fresado apresentou os melhores resultados, com enquadramento
granulométrico adequado para sua utilização como camada de base, embora os resultados de CBR
apenas a qualifiquem para utilização como camada de sub-base de pavimento rodoviário.
Figura 4, onde: a) amostra do RAP a ser ensaiada com a norma DNIT 164/2013-ME, na energia do
(2000g); b) conjunto de peneiras utilizado no Proctor modificado. Foram moldados cinco
ensaio e c) material fresado retido em cada corpos de prova para cada amostra de material
peneira após ensaio. ou mistura com diferentes teores de umidade,
sendo o primeiro corpo de prova moldado com
teor de umidade definido por identificação táctil
e visual e os demais com teores crescentes de 2%
(ramo úmido), e decrescentes de 2% (ramo
seco). Na Figura 5 é apresentada a sequência de
um dos pontos do ensaio de compactação
realizado no solo, sendo: a) amostra de solo
separada em bandejas (6000g); b) amostra com
adição de água em relação a massa total; c)
moldagem do corpo de prova; d) amostra após
compactação; e) solo coletado em cápsula para
determinação da umidade; f) pesagem do
material úmido compactado mais molde.
e CBR ≥ 80%, para número N > 5 X 106, além para serem utilizadas como camada de base
de apresentarem expansão ≤ 0,5%. (DNIT 141/2010), atendem as especificações da
Com relação a expansão, verifica-se, da norma DNIT 139/2010, apresentando CBR≥
Tabela 6, que nenhuma das misturas solo/RAP 20% e expansão ≤ 1,0%, podendo estas misturas
apresentaram expansão, o que demonstra que a em termos de CBR e expansão, serem utilizadas
inclusão do material fresado favorece a mistura como camada de sub-base estabilizada
em termos de deformabilidade, embora a granulometricamente, desde que compactadas na
expansão do solo já fosse muito baixa, o que é energia do Proctor modificado.
positivo e desejável para uma camada de base de
pavimento.
Por outro lado, com relação aos valores de 4. CONCLUSÕES
CBR, verifica-se que nenhum dos materiais e
misturas analisados podem ser utilizadas como Os resultados dos ensaios realizados com as
camada de base de pavimento, por apresentarem misturas solo/RAP, incluindo limites de
valores de CBR inferiores ao especificado por consistência, análise granulométrica, CBR e
norma. Entretanto, observa-se, pelos resultados expansão, permitem constatar que o solo
da Tabela 6, que a medida que se aumenta o teor estabilizado granulometricamente, através da
de RAP na mistura ocorre um acréscimo de adição de material fresado, não foi suficiente
capacidade de suporte, exceto para a mistura para fornecer as características necessárias de
solo/RAP com 50% de material fresado que resistência que permitam o emprego dessa
divergiu dessa tendência. solução como camada de base de pavimento
É importante destacar, ainda, que o CBR do flexível, por não atender as especificações da
material fresado é mais baixo que o CBR do solo. norma DNIT 141/2010.
Por ser o fresado um material Apesar de não poderem ser utilizada como
granulometricamente bem graduado, seria camadas de base de pavimento flexível, as
comum um valor mais elevado de CBR como misturas solo/RAP, com adição de 90% e 70%
ocorre com as britas graduadas convencionais. de material fresado, apresentaram os melhores
Entretanto, a presença de ligante asfáltico (CAP) resultados. Contudo, a mistura contendo 70% de
envelhecido, envolvendo cada grão do material RAP, em função do menor consumo de RCC,
fresado, parece dificultar o entrosamento do tornou-se a mais apropriada para utilização como
próprio RAP ao ser compactado e, também, das camada de sub-base de pavimento asfáltico.
misturas com o solo, culminando em baixos
valores de massa específica aparente seca
máxima, conforme apresentado na Tabela 5, e, REFERÊNCIAS
consequentemente, baixos valores de CBR
(Tabela 6). Corrêa, A.L.; Aguiar, M.F.P.; Braga, S.M.;Neto,
De acordo com as especificações da norma J.C.P.;(2014). Melhoramento de solos para camadas
de pavimentos rodoviários com material fresado e
DNIT 139/2010 para utilização como camada de estabilização química. 43º RAPv – Reunião Anual de
sub-base, os solos devem apresentar CBR≥ 20% Pavimentação e 17º ENACOR – Encontro Nacional de
e expansão ≤ 1,0%. Da análise do Conservação Rodoviária. Maceió –AL.
comportamento do solo sem adição de fresado, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – Serviço
apesar do solo apresentar valor de CBR Geológico do Brasil. CPRM/SGB. (2016). Relatório
anual.
ligeiramente acima de 20%, seu uso como Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. (1994).
camada de sub-base fica prejudicado em função DNER 041/94 ME - Solos - preparação de amostras
do valor de Índice de Grupo (IG) desse material para ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 4 p.
(> 0), apresentado na Tabela 2. Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. (1994).
As misturas solo/RAP com adições de 70% e DNER 080/94 ME - Solos - análise granulométrica por
peneiramento. Rio de Janeiro,4 p.
90%, apesar de não atenderem as especificações Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. (1994).
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
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