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possa ser empregado em determinada obra. Entre pavimentação consiste na modificação das
as técnicas mais comuns utilizadas para melhorar propriedades do solo atuando na modificação da
a performance de um solo dá-se destaque aos textura do material através da mistura de solos
métodos de estabilização. com diferentes frações granulométricas. Nesse
Para fins de pavimentação rodoviária as método procura-se obter como produto final um
técnicas de estabilização mais empregadas são a material bem graduado, com uma mistura bem
mecânica, granulométrica e química. A homogeneizada e com percentual limitado de
estabilização química no Brasil tem uma vasta partículas finas (VIZCARRA, 2010).
aplicação e na maioria das vezes complementa Dessa forma, a utilização de Resíduos da
outros métodos de estabilização já empregados. Construção Civil (RCC) na estabilização
A estabilização química de um solo é definida granulométrica de solos finos se apresenta como
como o método no qual um aditivo (material uma alternativa viável. O resíduo proveniente do
químico) é incorporado ao solo com o intuito de processo de fresagem de revestimentos
melhorar suas propriedades. Os estabilizantes asfálticos, decorrentes de serviços de
químicos que podem ser empregados são manutenção ou restauração de vias, é
betume, cimento Portland, cal, pozolanas, dentre denominado como material fresado ou,
outros (SANTOS, 2012). simplesmente, RAP (Reclaimed Asphalt
Um material é dito estabilizado Paviment). Gerado em grandes quantidades, este
quimicamente quando este recebeu algum material possui características que o classifica
aditivo que foi capaz de aumentar como de boa qualidade, principalmente devido
significativamente sua resistência e rigidez em às características físicas de seus agregados, as
relação ao material de origem (BASTOS, 2016). quais não são prejudicadas após o processo de
Segundo Marques (2012), as misturas de fresagem do revestimento asfáltico e, dessa
solos melhorados com cimento, podem ser forma, o seu descarte é considerado um
definidas como aquelas onde a modificação das desperdício. Sendo assim, a sua reutilização
propriedades físicas se dá através da adição de desponta como uma alternativa rentável e viável
pequenas quantidades de cimento, nos teores devido a sua vasta disponibilidade, além de
entre 1% e 5%. propiciar um destino ecologicamente correto
A ação estabilizante do cimento sobre o solo para esse material que é tratado como rejeito nas
depende, fundamentalmente, do teor adicionado obras de pavimentação.
à mistura. Quando esses teores são mais Nesse contexto, o presente estudo visa
elevados, a ação aglutinante do cimento, analisar a viabilidade de utilização de um solo
cimentando as partículas do solo, tem efeito fino, de vasta ocorrência no município de Cruz
preponderante no ganho de resistência mecânica. das Almas, Bahia, Brasil, como camada de base
Por outro lado, ao utilizar-se teores menores, de pavimento rodoviário, estabilizado por
necessita-se reduzidos teores de argila do solo, diferentes técnicas, através da reutilização dos
podendo resultar no aumento da resistência resíduos provenientes da fresagem da camada de
mecânica (CRISTELO, 2001). revestimento asfáltico de um trecho da BR116-
A estabilização granulométrica consiste na BA e da adição de baixos teores de cimento. Tal
adição ou retirada de partículas de um solo com objetivo busca atender as especificações da
o objetivo de alterar suas propriedades. O norma DNIT 142/2010, a qual estabelece
método constitui-se no emprego de um material exigências quanto ao material passível de ser
ou na mistura de dois ou mais materiais, de modo utilizado como camada de base melhorada com
a enquadrá-lo dentro de uma faixa de cimento de pavimento rodoviário.
especificação (GOULARTE e PEDREIRA,
2009).
Essa técnica de estabilização física
comumente empregada em obras de
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
O RAP utilizado na pesquisa foi oriundo dos Preparou-se as misturas do solo com 50% e 70%
trabalhos de fresagem realizados na restauração de RAP, ambas melhoradas com 2% e 4% de
da pista da BR-116/BA SUL – LOTE 03, com cimento, em relação à massa total seca da
coleta realizada na faixa Norte, lado esquerdo da amostra. O cimento utilizado na pesquisa foi o
pista, no trecho localizado no km 521. CP II Z-32 (Cimento Portland composto com
O material fresado foi inicialmente pozolana).
destorroado e fracionado através do Essas misturas foram preparadas conforme
peneiramento, utilizando-se as peneiras de ¾” recomenda a norma DNIT 142/2010 e DERBA
(19,1mm) e #4 (abertura de 4,8mm). Dessa ES-P-06/01, as quais estabelecem as exigências
forma, todo o material fresado foi fracionado em para que um solo melhorado com cimento possa
3 porções: grosso, médio e fino. Posteriormente ser utilizado como camada de base de
foi verificado o peso de cada fração constituinte pavimentos.
do RAP e calculada a proporção de cada porção Os materiais foram misturados até a
em relação ao total de material fresado. Esse homogeneização completa da mistura,
procedimento foi adotado com o intuito de constituindo assim a mistura seca (na umidade
substituir a fração do material grosso existente, inicial de cada material). Em seguida foi
por fração do material médio, de forma a obter acrescentada a água na quantidade necessária
um material fresado mais uniforme. A fração para a amostra atingir o teor de umidade
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previamente estabelecido. Esta sequência Adotou-se essa norma por não existir uma
permitiu a homogeneização dos componentes da norma específica que determine os
mistura em suas respectivas umidades iniciais, procedimentos para compactação de misturas
antes de ser acrescentada a água, conforme melhoradas com cimento. Para cada mistura
recomenda a norma. foram preparadas três amostras, conforme item
Para cada mistura solo/RAP/cimento foram 2.2, com diferentes teores de umidade (ótima -
preparadas três amostras com diferentes teores 2%, ótima, ótima +2%). A mistura com o teor de
de umidade (ótima -2%, ótima, ótima +2%). A umidade na ótima foi definida por meio de
mistura com o teor de umidade na ótima foi identificação táctil-visual. As misturas assim
definida por meio de identificação táctil-visual. produzidas foram deixadas em cura durante o
A mistura assim produzida foi deixada em cura período de 72 horas, conforme recomenda a
durante o período de 72 horas, conforme norma DNIT 142/2010. As amostras foram
recomenda a norma DNIT 142/2010. As acondicionadas em sacos plásticos devidamente
amostras foram acondicionadas em sacos lacrados, com o objetivo de garantir que as
plásticos devidamente fechados com o objetivo misturas não perdessem umidade durante o
de garantir que a mistura não perdesse umidade período de cura. A Figura 1 ilustra as amostras
durante o período de cura. Após o período de no processo de cura.
cura das misturas de solo/RAP/cimento, foram
realizados ensaios de compactação, CBR e
expansão.
Tabela 2. Resumo dos ensaios de caracterização do solo se deve à baixa presença de partículas finas em
LL(%) 31 sua composição, não podendo ser empregado,
LP(%) 21 isoladamente, como material para camada de
IP(%) 10 base melhorada com cimento de pavimento
IG 4 rodoviário.
Classificação TRB A-4
3.1.3 Caracterização das misturas
Com base nos resultados dos ensaios de
granulometria e limites de consistência, realizou- Os resultados das análises granulométricas das
se a classificação do solo através do Método de misturas de solo contendo 50% e 70% de
classificação dos solos do Transportation material fresado, sem cimento, estão
Research Board (TRB), utilizada para o representados na Tabela 4.
dimensionamento de pavimentos rodoviários.
De acordo com essa classificação, o solo do Tabela 4. Distribuição granulométrica das misturas
solo/RAP
presente estudo é um solo A-4, tratando-se de um
Peneiras Material passante (%)
material siltoso moderadamente plástico. 50% de RAP 70% de RAP
Com relação estritamente às exigências 2´´ 100 100
granulométricas e de consistência, o Manual de 1 ´´ 100 100
Pavimentação do DNIT (2006) exige que o solo 3/8 ´´ 93,5 79,5
apresente IG = 0, para ser utilizado como sub- #4 81,3 61,7
#10 71,3 45,3
base, e LL < 25% e IP < 6% para que seja
#40 42,5 21,2
utilizado como camada de base, características #200 24,1 13,3
as quais, conforme as Tabelas 1 e 2, o solo
estudado não possui. Do ponto de vista granulométrico, os
Por outro lado, através da análise resultados apresentados na Tabela 2, referentes
granulométrica, verificou-se o não às misturas de solo/RAP sem cimento, não
enquadramento deste solo nas faixas atenderam ao critério enquadramento em
granulométricas definidas pela norma DNIT nenhuma das faixas granulométricas
142/2010, não podendo este solo, isoladamente, estabelecidas pela norma DNIT 142/2010. A
ser utilizado como material a ser melhorado com mistura do solo contendo 50% de RAP se
cimento para emprego como camada de base. aproximou da Faixa D, divergindo dos limites
estabelecidos para o material passante nas
3.1.2 Caracterização do RAP peneiras de malha #200 e #10. Já a mistura
contendo 70% de RAP não se enquadrou nessa
A Tabela 3 contém a distribuição granulométrica mesma faixa, nos limites estabelecidos para a
obtida para o material fresado. peneira de malha #40.
Tabela 3. Distribuição granlométrica do material fresado 3.2 Ensaios de Compactação
Peneiras Passante (%)
1 ´´ 100,0
3/8 ´´ 85,8 A Tabela 5 contém os parâmetros ótimos, wót e
#4 61,9 𝛾dmáx, encontrados para cada material e mistura
#10 44,8 nos ensaios de compactação.
#40 13,1
#200 3,5