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DESEMPENHO DE MATERIAIS LOCAIS E RESÍDUOS

INDUSTRIAIS EM PASTAS DE CIMENTO PARA CONCRETO


AUTO-ADENSÁVEIS

F. E. G. Diniz1, A. C. Braga Filho2, N. P. Barbosa3


1
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal da Paraíba,
João Pessoa, Brasil
2
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola de Universidade Federal de Campina
Grande, Campina Grande, Brasil
3
Departamento de Tecnologia da Construção Civil da Universidade Federal da Paraíba,
João Pessoa, Brasil

RESUMO

Os concretos auto-adensáveis fazem uso de adições minerais para lhes dar coesão. Um dos
finos mais usados para este fim é o pó calcário. Esse tem pouca atividade química,
contribuindo pouco para a resistência final do concreto. Cabe, pois, estudar outros materiais
que possam apresentar atividade pozolânica e contribuam na melhoria das propriedades
mecânicas desses concretos. Este trabalho tem como objetivo estudar o desempenho de
adições locais (pozolana de tijolo moído, pó calcário e caulim) nas pastas para concreto auto-
adensável e determinar seu ponto de saturação com diferentes relações adição/cimento (ad/c)
e diferentes relações superplastificante/cimento (sp/c) para um mesmo fator água/cimento
(a/c), utilizando o Cone de Marsh. Para determinar o ponto de saturação, o gráfico do
logaritmo do tempo de escoamento versus a relação sp/c foi plotado e o ângulo interno α foi
determinado em cada ponto. O ponto de saturação é aquele onde o ângulo interno da curva
obtida está no intervalo compreendido entre 140º ± 10º. Da análise dos resultados, concluiu-se
que: o Cone de Marsh é eficiente na determinação do ponto de saturação de aditivos
superplastificantes e na avaliação da fluidez das pastas; o aumento da relação ad/c aumenta o
valor do ponto de saturação; as pastas com pó calcário se mostraram mais fluidas que as
demais e que houve maior absorção da água nas pastas com caulim, seguidas daquelas com
pozolana e menor absorção naquelas com pó calcário.

PALAVRAS-CHAVE

Adições, caulim, concreto auto-adensável, pastas de cimento, pó calcário, pozolana, resíduos


de tijolo moído.
INTRODUÇÃO

A pasta ou a matriz aglomerante dos concretos auto-adensáveis é uma estrutura complexa,


que se origina da combinação de cimento, água, adição mineral e aditivos químicos, os
superplastificantes. Esses materiais quando misturados se agrupam em partículas de cimento e
de adições minerais, dispersados por uma solução aquosa de água e superplastificante. Essa
mistura de materiais componentes, junto com as baixas relações água/cimento, típicas desse
tipo de pasta torna possível a obtenção de uma matriz mais compacta e mais resistente que a
matriz dos concretos convencionais.

No estado fresco, a pasta é o componente do concreto que governa os aspectos reológicos


associados à fluidez e coesão e, portanto, a consistência e outras propriedades que
caracterizam o comportamento no estado fresco do concreto. O comportamento reológico da
pasta é influenciado, entre outras, por variáveis como: o consumo e o tipo de adição mineral, a
relação água/cimento, o tipo de cimento, a dosagem e o tipo de superplastificante e o tempo e
a seqüência de mistura.

No estado endurecido, a pasta também interfere tanto nas propriedades mecânicas como na
durabilidade. Isto se deve tanto à características mecânicas próprias como pela função de
ligante entre os agregados, resultando em um material mais compacto, praticamente
impermeável e de elevada integridade mecânica (Carbonari et al., 2003).

O objetivo do presente trabalho foi determinar o ponto de saturação de pastas de cimento com
diferentes adições (pozolana de resíduo de tijolo moído, pó calcário e caulim), com diferentes
relação adição/cimento (ad/c) e diferentes relações superplastificante/cimento (sp/c) para um
mesmo fator água/cimento (a/c), utilizando o Cone de Marsh, com o qual é possível
determinar de forma rápida e econômica a fluidez da pasta e a porcentagem ideal de aditivo
superplastificante. O estudo da pasta é um importante ponto de partida na otimização do
concreto auto-adensável.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização dos Materiais

Cimento

Neste trabalho foi utilizado o Cimento Portland Composto com Filler, CP II F-32, disponível
para venda na cidade de João Pessoa, local de realização da pesquisa. A massa específica de
acordo com a NBR NM 23 (ABNT, 2001), apresentou valor médio de 3,15 kg/dm3 e a área
específica segundo a NBR NM 76 (ABNT, 1998) resultou em uma média de 3090 cm2/g.

Água

A água utilizada para a mistura das pastas de cimento foi a disponível no Laboratório de
Ensaios de Materiais e Estruturas – LABEME, proveniente do poço que faz parte do sistema
de abastecimento de água do Campus I da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João
Pessoa.
Adições

Todas as adições utilizadas nesta pesquisa, pozolana, pó calcário e caulim, são provenientes
do interior do Estado da Paraíba.

Pozolana

A pozolana foi obtida pela moagem do resíduo da indústria de cerâmica vermelha em um


moinho de bolas modelo SONNEX I-4205 fabricado pela CONTENCO. Nele, foram
colocados 4,5 kg de material cerâmico e aplicadas 4500 rotações. Após a moagem o material
foi peneirado e utilizado na pesquisa o que passa na peneira da série da ABNT N° 200, de
abertura de 0,075 mm.

A determinação da massa específica foi feita de acordo com a NBR NM 23 (ABNT, 2001),
obtida pelo método do frasco volumétrico de Le Chatelier, apresentando média de 2,60
kg/dm3 e a área específica, segundo a NBR NM 76 (ABNT, 1998), método da permeabilidade
do ar (Método de Blaine), resultou em uma média de 3145 cm2/g.

Pó calcário

O pó calcário apresentou massa específica média, de acordo com a NBR NM 23 (ABNT,


2001), de 2,70 kg/dm3 e a área específica média segundo a NBR NM 76 (ABNT, 1998), de
3983 cm2/g.

Caulim

Foi utilizado o caulim o que passa na peneira da série da ABNT N° 200, de abertura de 0,075
mm, o qual teve a determinação da massa específica segundo a NBR NM 23 (ABNT, 2001),
com valor médio de 2,60 kg/dm3 e a área específica de acordo com a NBR NM 76 (ABNT,
1998), resultou em uma média de 8924 cm2/g.

Superplastificante

O superplastificante usado foi o Glenium 51. Glenium é a denominação comercial de uma


nova família de aditivos superplastificantes de última geração, à base de cadeias de éter
policarboxílico modificado.

Segundo o fabricante, os dados técnicos deste aditivo são os constantes na Tabela 1.

TABELA 1. DADOS TÉCNICOS DO GLENIUM 51

Função principal Superplastificante de 3a geração


Base química Policarboxilatos
Aspecto Líquido viscoso
Cor Marrom
Densidade 1,067 à 1,107 g/cm3
pH 5a7
Porcentagem de Sólidos 28,5 à 31,5 %
Viscosidade 95 à 160 cps
Nos cálculos para determinação da quantidade do superplastificante em volume, considerou-
se o ponto médio da densidade e do teor de sólidos. Logo, adotou-se densidade igual a 1,087
g/cm3 e teor de sólidos igual a 30 %.

A porcentagem de superplastificante utilizada em todos os ensaios é relativa à massa de


cimento (sp/c) e está sempre referida à porcentagem de sólidos especificada para o aditivo
superplastificante.

Métodos

Foi utilizada a metodologia proposta por Gomes (2002) para determinação do ponto de
saturação, usando o logaritmo do tempo de escoamento obtido no Cone de Marsh em função
da relação superplastificante/cimento (sp/c). Esta metodologia permite o uso de um critério
que só depende de características intrínsecas da pasta e não do volume da amostra.

Para determinar o ponto de saturação, o gráfico do logaritmo do tempo de escoamento versus


a relação superplastificante/cimento (sp/c) é plotado e o ângulo interno α é determinado em
cada ponto. O ponto de saturação é aquele onde o ângulo interno está no intervalo
compreendido entre 140º ± 10º. Quando não existe nenhum ponto com um ângulo interno de
140º ± 10º ou uma determinação mais precisa se torna necessária, ou se faz uma interpolação
para definir o ponto de saturação correspondente a um a ângulo do intervalo (Gomes, 2002).
log (tempo de escoamento)

Ponto de Saturação
α

α = 140º ± 10º

sp/c (%)

FIGURA 1. PROCEDIMENTO PARA DETERMINAÇÃO DO PONTO DE SATURAÇÃO (Gomes, 2002)

Ensaio Utilizando o Cone de Marsh

O cone de Marsh consiste em um recipiente metálico tronco cônico, com capacidade de 2000
cm3, diâmetro superior de 155 mm, altura de 290 mm e abertura inferior de diâmetro igual a 8
mm. A Figura 2 mostra o equipamento.
FIGURA 2. CONE DE MARSH (Carbonari et al., 2003)

As pastas foram preparadas em um liquidificador com capacidade de 2 litros e a seqüência de


mistura foi a seguinte: misturou-se o cimento e a adição em um recipiente e estes pós foram
colocados aos poucos no copo do liquidificador que já se encontrava com a água e o
superplastificante e misturados durante 1 minuto em baixa velocidade. O liquidificador foi
parado por 30 segundos para limpeza das laterais do copo e a pasta foi misturada por mais 2
minutos e 30 segundos a alta velocidade. Antes de cada medida a pasta foi misturada por mais
30 segundos a baixa velocidade.

Após 10 minutos de terminada a mistura, 800 ml de pasta foi colocada no Cone de Marsh.
Com o auxílio de um cronômetro (precisão de 0,01 s), foi medido o tempo que 500 ml da
mesma levou para fluir pela abertura inferior do cone (8 mm de diâmetro) para preencher uma
proveta graduada colocada na saída do cone.

A relação água/cimento (a/c) foi fixada em 0,40 e o que variou foram as relações
adição/cimento (ad/c). A relação pozolana/cimento (poz/c) e a relação pó calcário/cimento
(pc/c) variaram de 0,30 a 0,50. A relação caulim/cimento (ca/c) variou de 0,10 a 0,40, pois
para relação ca/c = 0,50 foram encontrados valores muito altos de tempo de escoamento, da
ordem de 9 minutos o que tornou impraticável sua utilização.

O consumo de aditivo superplastificante foi calculado em relação ao percentual de sólidos,


descontando-se a água contida nesse superplastificante do total da água de amassamento, para
manter constante a relação a/c de 0,40.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ensaio de Tempo de Escoamento no Cone de Marsh de Pastas de Cimento com Adição de


Pozolana de Resíduo de Tijolo Moído

A Figura 3 mostra o logaritmo do tempo de escoamento versus o teor de superplastificante


dos resultados obtidos no Cone de Marsh de pastas de cimento com adição de pozolana de
resíduo de tijolo moído, como também o ângulo interno que satisfaz o intervalo de 140º ± 10º.
A Tabela 2 apresenta esses mesmos resultados, com o tempo expresso em segundos.
2,5
Log (tempo de escoamento)

2
142º

1,5
140º

140º
1

0,5
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Teor de sp (%)

Relação poz/c = 0,30 Relação poz/c = 0,40 Relação poz/c = 0,50

FIGURA 3. LOGARITMO DO TEMPO DE ESCOAMENTO EM FUNÇÃO DO TEOR DE


SUPERPLASTIFICANTE OBTIDO NO CONE DE MARSH PARA PASTAS DE CIMENTO COM ADIÇÃO DE
POZOLANA DE RESÍDUO DE TIJOLO MOÍDO

TABELA 2. TEMPO DE ESCOAMENTO EM SEGUNDOS NO CONE DE MARSH PARA PASTAS DE


CIMENTO COM ADIÇÃO DE POZOLANA DE RESÍDUO DE TIJOLO MOÍDO

Relação poz/c = 0,30 Relação poz/c = 0,40 Relação poz/c = 0,50


% de sp Tempo (s) % de sp Tempo (s) % de sp Tempo (s)
0,20 29,56 0,40 62,08 0,60 113,25
0,28 10,91 0,45 25,86 0,66 58,49
0,32 10,11 0,55 14,53 0,71 52,99
0,40 8,25 0,60 13,66 0,80 35,18
0,50 8,25 0,70 11,97 0,90 29,83

O ponto de saturação para cada relação poz/c está indicado pelo correspondente ângulo
interno mostrado na Figura 3, os quais foram obtidos por interpolação dos dados. Observa-se
do gráfico acima que aumentando-se a relação poz/c, desloca-se o ponto de saturação,
aumentando-se assim o percentual de superplastificante, que apresentou valores de 0,28 %,
0,55 % e 0,66% respectivamente para relações poz/c iguais a 0,30, 0,40 e 0,50.

Ensaio de Tempo de Escoamento no Cone de Marsh de Pastas de Cimento com Adição de


Pó Calcário

A Figura 4 mostra o logaritmo do tempo de escoamento versus o teor de superplastificante,


dos resultados obtidos no Cone de Marsh para pastas de cimento com adição de pó calcário,
como também o ângulo interno que satisfaz o intervalo de 140º ± 10º. A Tabela 3 apresenta
estes mesmos resultados com o tempo expresso em segundos.
2,5
Log (tempo de escoamento)

1,5

140º

1
145º 137º

0,5
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

Teor de sp (%)

Relação pc/c = 0,30 Relação pc/c = 0,40 Relação pc/c = 0,50

FIGURA 4. LOGARITMO DO TEMPO DE ESCOAMENTO EM FUNÇÃO DO TEOR DE


SUPERPLASTIFICANTE OBTIDOS NO CONE DE MARSH PARA PASTAS DE CIMENTO COM ADIÇÃO DE
PÓ CALCÁRIO

TABELA 3. TEMPO DE ESCOAMENTO EM SEGUNDOS NO CONE DE MARSH PARA PASTAS DE


CIMENTO COM ADIÇÃO DE PÓ CALCÁRIO

Relação pc/c = 0,30 Relação pc/c = 0,40 Relação pc/c = 0,50


% de sp Tempo (s) % de sp Tempo (s) % de sp Tempo (s)
0,20 8,97 0,30 10,75 0,40 21,19
0,30 6,41 0,40 7,31 0,50 14,00
0,40 5,87 0,50 6,84 0,60 12,78
0,70 17,56

O ponto de saturação para cada relação pc/c está indicado pelo correspondente ângulo interno
mostrado na Figura 4. Também pode ser observado do gráfico acima que aumentando-se a
relação pc/c, desloca-se o ponto de saturação, aumentando-se assim o percentual de
superplastificante, que apresentou valores de 0,30 %, 0,40 % e 0,50% respectivamente para
relações pc/c iguais a 0,30, 0,40 e 0,50. As pastas com este tipo de adição se mostraram mais
fluidas que aquelas com adição de pozolana.

Ensaio de Tempo de Escoamento no Cone de Marsh para Pastas de Cimento com Adição
de Caulim

A Figura 5 mostra o logaritmo do tempo de escoamento versus o teor de superplastificante


dos resultados obtidos no Cone de Marsh para pastas de cimento com adição de caulim, como
também o ângulo interno que satisfaz o intervalo de 140º ± 10º. A Tabela 4 apresenta esses
mesmos resultados com o tempo expresso em segundos.
2,5
Log (tempo de escoamento)

148º

1,5

133º

1
142º
137º

0,5
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Teor de sp (%)
Relação ca/c = 0,10 Relação ca/c = 0,20 Relação ca/c = 0,30 Relação ca/c = 0,40

FIGURA 5. LOGARITMO DO TEMPO DE ESCOAMENTO EM FUNÇÃO DO TEOR DE


SUPERPLASTIFICANTE OBTIDOS NO CONE DE MARSH PARA PASTAS DE CIMENTO COM ADIÇÃO DE
CAULIM

TABELA 4. TEMPO DE ESCOAMENTO EM SEGUNDOS NO CONE DE MARSH DE PASTAS DE


CIMENTO COM ADIÇÃO DE CAULIM

Relação ca/c = 0,10 Relação ca/c = 0,20 Relação ca/c = 0,30 Relação ca/c = 0,40
% de sp Tempo (s) % de sp Tempo (s) % de sp Tempo (s) % de sp Tempo (s)
0,10 19,28 0,20 12,60 0,50 18,79 0,60 53,43
0,15 6,35 0,30 8,41 0,60 14,29 0,70 43,06
0,20 5,75 0,40 7,00 0,70 14,13 0,80 41,16
0,30 5,53 0,50 6,97

O ponto de saturação para cada relação ca/c está indicado pelo correspondente ângulo interno
mostrado na Figura 5. Valem para o caulim as mesmas observações realizadas para a
pozolana e para o pó calcário sobre o deslocamento do ponto de saturação, aumentando o
percentual de superplastificante, cujos valores foram de 0,15 %, 0,40 %, 0,60 e 0,70 %
respectivamente para relações ca/c iguais a 0,10, 0,20, 0,30 e 0,40. As pastas com este tipo de
adição se mostraram menos fluidas, que aquelas com adição de pó calcário e pozolana.

Comparação entre as Pastas Obtidas com Pozolana, Pó Calcário e Caulim

A Figura 6 mostra o logaritmo do tempo de escoamento versus o teor de superplastificante


dos resultados obtidos no Cone de Marsh para pastas de cimento com adição de pozolana de
resíduo de tijolo moído, pó calcário e caulim, cujos ângulos internos que satisfazem o
intervalo de 140º ± 10º já foram apresentados nas Figuras 3, 4 e 5.
2,5
Relação poz/c = 0,30
Relação poz/c = 0,40
Relação poz/c = 0,50
Relação pc/c = 0,30
Relação pc/c = 0,40
2
Relação pc/c = 0,50
Relação ca/c = 0,10 142º
Relação ca/c = 0,20
Log (tempo de escoamento)

Relação ca/c = 0,30 148º


Relação ca/c = 0,40
1,5

140º 140º 133º

140º
1
137º
137º 145º 142º

0,5
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Teor de sp (%)

FIGURA 6. LOGARÍTMO DO TEMPO DE ESCOAMENTO EM FUNÇÃO DO TEOR DE


SUPERPLASTIFICANTE OBTIDOS NO CONE DE MARSH PARA PASTAS DE CIMENTO COM ADIÇÃO DE
POZOLANA DE RESÍDUO DE TIJOLO MOÍDO, PÓ CALCÁRIO E CAULIM

Do gráfico acima é possível comparar o desempenho destas pastas observando que,


aumentando-se o teor de superplastificante nos três tipos de pastas, o tempo de escoamento
diminuiu, como já se esperava. Nota-se ainda um aumento do valor do ponto de saturação
(teor de superplastificante) para pastas com a mesma relação adição/cimento (ad/c), que se
repete na seguinte ordem crescente: pó calcário, pozolana e caulim. Essa necessidade de mais
superplastificante pode estar relacionada com o fato de que as áreas específicas destes
materiais são diferentes. Assim, como o pó calcário tem uma área específica
aproximadamente duas vezes menor do que a do caulim, o volume de água necessário para
envolver completamente os grãos do pó calcário também é menor do que aquele que é preciso
para envolver os grãos do caulim, sobrando mais água para dispersar a pasta. Como o fator a/c
esteve fixo em 0,40 durante todos os ensaios, foi possível observar que houve uma maior
absorção da água nas pastas com o caulim, seguido das pastas com a pozolana e uma menor
absorção de água nas pastas com o pó calcário.

CONCLUSÕES

Da análise dos resultados, concluiu-se que:

Os ensaios confirmaram que o Cone de Marsh além de ser um equipamento simples e de


baixo custo, é eficiente para a determinação do ponto de saturação de aditivos
superplastificantes e para a avaliação da fluidez de pastas de cimento com as adições
estudadas;
Aumentando-se a relação ad/c, desloca-se o ponto de saturação, obtendo-se assim um
percentual de superplastificante maior para encontrar o ângulo interno que satisfaz o intervalo
de 140º ± 10º;

As pastas com adição de pó calcário se mostraram mais fluidas do que aquelas com adição de
pozolana e aquelas com adição de caulim;

Aumentando-se o teor de superplastificante nos três tipos de pastas, o tempo de escoamento


diminuiu;

Houve uma maior absorção da água nas pastas com o caulim, seguido das pastas com a
pozolana e uma menor absorção de água nas pastas com o pó calcário.

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2001). NBR NM 23 Cimento Portland e Outros


Materiais em Pó - Determinação de Massa Específica, Rio de Janeiro.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. (1998). NBR NM 76 Cimento Portland -


Determinação da Finura pelo Método de Permeabilidade ao Ar (Método de Blaine), Rio de
Janeiro.

Carbonari et al. (2003). Estudo Comparativo do Desempenho de Pastas Utilizando o Cone de


Marsh e Viscosímetro. In: Congresso Brasileiro do Concreto, 45, Vitória. Anais...Vitória:
IBRACON, 1, CD-ROM.

Gomes, P.C.C. (2002). Optimization and Characterization of High-Strength Self-Compacting


Concrete. Tese (Doutorado em Engenharia Civil), Universitat Politècnica de Catalunya,
Barcelona, Espanha, 139p.

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