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BLOCO DE CONCRETO COM AGREGADO DE EPS

REAPROVEITADO APLICADO À CONSTRUÇÃO DE


TERMOACUMULADOR

L. X. Costa Neto, J. U. L. Mendes, G. S. Marinho

Laboratório de Transferência de Calor, UFRN, Natal, 59072-970, Brasil

RESUMO

Os reservatórios térmicos ou termoacumuladores constituem elementos imprescindíveis aos


sistemas de climatização que utilizam circulação de água gelada, comuns em lojas e
shoppings. Também são utilizados na refrigeração de produtos alimentícios de fábricas de
laticínios. Pesquisas nessa área envolvem principalmente a análise de materiais com mudança
de fase, utilizados na “acumulação do frio”. A capacidade de isolamento térmico do material
utilizado nas paredes dos reservatórios é outro aspecto fundamental para “conservação do
frio”. Neste trabalho são descritos os experimentos realizados para análise do desempenho
térmico de termoacumuladores construídos com blocos de concreto com agregado de EPS
(poliestireno expandido), reaproveitado a partir de material descartado. Foram construídos
quatro modelos de termoacumuladores, um de concreto sem agregado de EPS, que serviu de
referência, e três com proporções diferentes de EPS. Os modelos foram preenchidos com
mistura de gelo e água; termopares foram utilizados para levantamento das curvas de
aquecimento em função do tempo da mistura e das paredes de cada sistema. Constataram-se
diferenças significativas entre os sistemas de concreto leve e entre esses e o sistema utilizado
como padrão. Foi possível quantificar o efeito do uso do EPS como forma de aumentar a
resistência térmica dos blocos e, conseqüentemente, diminuir a taxa de transferência de calor
entre o ambiente e o interior dos reservatórios, o que pode resultar em economia de energia
necessária à conservação da água fria, ou seja, no aumento da eficiência dos
termoacumuladores. Também demonstrou-se a viabilidade do uso de blocos de concreto leve
com agregado de EPS reaproveitado do lixo como elemento construtivo de
termoacumuladores.

PALAVRAS-CHAVE

Termoacumulação, concreto leve, poliestireno expandido (EPS), reciclagem, água, gelo.


INTRODUÇÃO

No Brasil, de 1996 a 2002, menos de 1 milhão de novas residências foi conectado à rede elétrica
e no mesmo período o consumo de energia elétrica passou para 2 mil kWh/ano/habitante; na
Noruega, por exemplo, chega-se a 26 mil kWh/ano/habitante (ABDIB, 2003).

De acordo com Eduardo Bernini, da Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de


Base - ABDIB, para garantir o crescimento econômico, até o ano 2020 o Brasil precisa investir
US$82,3 bilhões e instalar cerca de 108 mil km de linhas de transmissão e assegurar um
acréscimo de 85 GW na oferta de energia elétrica. Entretanto, no período de 1995 e 2002,
mesmo com um aumento de 36% na produção de eletricidade e com a instalação de 13 mil km
de novas linhas de transmissão (ABDIB, 2003) não foi possível evitar a crise de 2001. Assim,
além de ampliar a produção, devem ser consideradas outras estratégias para se enfrentar a
situação.

É possível aumentar a oferta adotando-se medidas de conservação de energia, que em alguns


casos permitem uma redução de até 15% do consumo de energia pelo setor produtivo. O uso
de poliestireno expandido (EPS) na construção civil, por exemplo, é uma tecnologia
comprovadamente viável para conservação de energia (Krüger, 1999).

O crescimento contínuo dos picos de demanda de energia elétrica é um problema comum nas
distribuidoras de energia de todo o mundo. Para equilibrar a curva de demanda, os grandes
consumidores recebem incentivos para uso da energia disponível em horários de baixo
consumo. Esse benefício é particularmente viável na climatização shopping centers e as
indústrias têxteis, onde são instalados sistemas de termoacumulação. Tapia et al (1996)
mostraram a viabilidade desse tipo de equipamento aplicado a uma indústria têxtil, mediante o
uso de eletricidade nos horários de baixa demanda para resfriamento de fluido destinado à
climatização.

TERMOACUMULAÇÃO

A termoacumulação baseia-se no aproveitamento da inércia térmica (ou seja, baixa


difusividade térmica) de uma determinada substância para “armazenar” energia na forma de
“frio” ou de “calor”, que posteriormente é transferida ao meio cuja temperatura se deseja
alterar. O transporte da energia entre a substância e o meio é feito por meio de um fluido de
trabalho, onde sua temperatura varia ao entrar em contato com a substância. Em alguns
processos, a substância “armazena” calor latente, ou seja, passa por uma mudança de fase
(Nóbrega, 1997). A termoacumulação com gelo externo sobre tubos com circulação de
etileno-glicol, por exemplo, completou 14 anos de uso no Brasil. Várias substâncias se
prestam para essa tarefa; na maioria dos sistemas, contudo, usa-se a água como material de
mudança de fase - MMF (Guzmán, 2000).

A termoacumulação para climatização tem como finalidade o aproveitamento da energia


disponível em horários de baixo consumo – das 21h00 às 06h00 (Tapia et al., 1996) – para
produção de gelo. Posteriormente (nos horários de tarifa normal), o gelo é colocado em
contato com água, fundindo-se e resfriando a água que, por sua vez, é circulada e absorve
calor proveniente do ambiente que se deseja climatizar. As principais vantagens da técnica
consistem na relativa facilidade e na conveniência com que o excedente de energia dos
horários ociosos do sistema elétrico pode ser manipulado (Nóbrega, 1997).
A termoacumulação de água gelada é relativamente antiga no setor de climatização. No Brasil,
desde a década de 1930 eram empregadas em fábricas de laticínios e auditórios. Em 1946, já era
usada na climatização do auditório do IME-RJ (NTT, 1995). Em princípio, é bastante simples e
funciona por meio de componentes normalmente empregados em sistemas convencionais de
refrigeração. O equipamento usado no processo de “armazenagem” (termoacumulador) consiste
de um reservatório para depósito de uma substância sólida, líquida, gasosa ou mistura, a uma
temperatura diferente da ambiente. O reservatório é composto de: tanque, base e tampa. O
tanque pode ser de polietileno. Podem ser montados abrigados ou a céu aberto (Neves, 2003).

Outro aspecto importante na construção do termoacumulador diz respeito ao isolamento térmico.


Quando o fluido de trabalho é água, são feitos geralmente de tanques de PVC ou de fibrocimento,
isolados com lã de vidro ou espuma de poliuretano. Também podem ser construídos de alvenaria.
Em comparação aos outros tipos, a alvenaria apresenta vantagens quando se trata de resistência
mecânica. Entretanto, devido à elevada condutividade térmica, têm maior perda de energia por
condução de calor através das paredes, o que os torna ineficientes.

ISOLAMENTO TÉRMICO

Isolantes térmicos podem ser fabricados a partir de materiais vegetais, minerais ou sintéticos.
Nos compostos de fibras, pós ou flocos, o material sólido se encontra finamente disperso num
espaço contendo ar e a condutividade térmica (k) depende das propriedades radiantes da
superfície do material sólido, assim como da natureza e da fração volumétrica do espaço entre
as partículas.

O EPS é um tipo de isolante de uso bastante difundido na construção civil, sendo restringido
apenas em casos onde exigem-se resistências mecânica e à temperaturas elevadas. Aplicado
tanto para enchimento de lajes como para isolamento térmico de paredes e teto, também pode
ser utilizado como agregado em bloco de concreto leve, usado na fabricação de
termoacumuladores.

EPS COMO AGREGADO EM TERMOACUMULADORES

Sistemas de termoacumulação devem dispor de um reservatório para o fluido de trabalho;


pode ser uma caixa d’água de fibrocimento, um tanque de PVC ou de concreto. Para reduzir o
fluxo de energia entre o fluido e o meio circunvizinho, os materiais mais comumente
utilizados são: lã de vidro, cortiça, amianto e espumas (EPS, PVC, poliuretano).

Limitações de espaço podem obrigar a construção de tanques enterrados no solo. Nesse caso,
tanques de PVC, fibrocimento ou concreto não são indicados devido aos problemas com o
isolamento, tanto no que tange a durabilidade como a manutenção. Eliminar o isolamento, por
outro lado, compromete a eficiência do termoacumulador devido à transferência de calor do
solo, ainda que em taxas reduzidas. Essas limitações podem ser superadas quando se utiliza
material com resistência térmica alta o suficiente para dispensar o uso de isolamento. Esse é o
caso do bloco de concreto leve, constituído de cimento com agregado de EPS. Nesse caso,
quanto maior a quantidade de EPS no traço (cimento / areia / água / plastificante), menor a
densidade do bloco e maior sua resistência térmica; conseqüentemente, menor será a taxa de
transferência de calor entre o meio e o fluido contido pelo reservatório construído com esse
tipo de material.
O concreto leve é um concreto convencional, onde a brita é substituída pelo EPS em forma de
pérola pré-expandida, ou em flocos moídos. Sua densidade pode variar entre 400 e 1600
kg/m³, enquanto a resistência mecânica deve ser mantida dentro dos valores estabelecidos
pelas normas de segurança para usos não estruturais. Sua rigidez pode ser aumentada
utilizando-se placas de EPS para preencher as cavidades centrais do bloco. Com EPS como
agregado do cimento e na forma de placas, sua resistência térmica aumenta e,
conseqüentemente, diminui o fluxo de calor entre o meio e o fluido de trabalho.

METODOLOGIA

Um reservatório foi construído com blocos de concreto convencional e considerado padrão de


referência (BP) para análise de desempenho térmico; outros três foram construídos com
blocos de concreto leve – sanduíche de cimento com agregado de EPS e placa de EPS, cujas
densidades eram função do traço. As espessuras das placas de cimento com agregado de EPS
e da placa central de e EPS mediam 30mm e 40mm, respectivamente. Cada reservatório tinha
29,808 dm3 de capacidade. A tampa era feita de madeira colada a uma folha de EPS (com 50
mm de espessura). O bloco padrão (BP) foi fabricado no traço de 3 latas de brita “25”, 3 latas
de areia grossa, 1 saco de cimento de 50 Kg, 30 litros de água e 100ml de plastificante.

Os blocos de concreto leve foram fabricados nos traço 6-10 (60 litros de flocos de EPS e 100
litros de areia grossa), 10-6 e 8-8. Em cada traço foram gastos um saco de cimento de 50 Kg,
30 litros de água e 100 ml de plastificante. O bloco utilizado na base de cada reservatório
media 73x45x10cm, enquanto os que compunham as paredes tinham (45x27x10)cm.

Na união dos blocos que compunham cada reservatório, foi utilizada uma massa de cimento
com traço de 3 de areia fina para 1 de cimento. Duas demãos de “Sika Top 107” conferiram
impermeabilização aos blocos. Quatro termopares tipo K, ligados a três termômetros digitais,
foram fixados em cada reservatório, de acordo com a seguinte disposição: T1 (imerso em
água); T2 (inserido num ponto localizado na metade da parede); T3 (inserido na parede
externa) e T4 (ambiente), ver Figura 1.

FIGURA 1. DISTRIBUIÇÃO DOS TERMOPARES NO TERMOACUMULADOR

Estrados construídos em compensado naval foram utilizados como suporte para os


reservatórios, assegurando-lhes resistência mecânica e isolante térmico, pois limitavam o
contato entre a base do reservatório e o piso do laboratório. Na Figura 2 observam-se os
detalhes do termoacumulador.
Parede interna Paredes de cimento com
impermeabilizada agregado de EPS

Parede interna de
placa de EPS

Parede externa
Estrado de compensado

Base

FIGURA 2. TERMOACUMULADOR UTILIZADO NOS EXPERIMENTOS

Adotou-se o seguinte procedimento: depositavam-se, simultaneamente, 10,5 kg de gelo e 14


litros de água (Tágua ≅ 26°C) em cada reservatório; fechava-se a tampa e iniciavam-se as
leituras das temperaturas, feitas a cada 10min na primeira hora, a cada 15min na segunda hora
e a cada 30min nas sete horas seguintes. Os dados obtidos foram utilizados na construção de
tabelas de variação de temperatura em função do tempo em cada ponto de medição.
Posteriormente, os dados das tabelas foram utilizados na construção dos gráficos apresentados
neste trabalho. Na Figura 5 observa-se o termoacumulador “padrão” (BP), com a mistura
gelo-água, tampa e instrumentado com termopares e medidores de temperatura durante os
experimentos.

FIGURA 5. TERMOACUMULADOR PADRÃO DURANTE ANÁLISE EXPERIMENTAL

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Transferência de Calor da UFRN que,


devido as suas dimensões (7m x 7m e 3,35m de altura), apresentava uma variação diária de
temperatura inferior a 2°C. Para determinação da resistência à compressão, foram realizados
ensaios no Laboratório de Concreto – LC, do Núcleo de Tecnologia Industrial da UFRN.
RESULTADOS E ANÁLISES

Nas Figuras 3 e 4, abaixo, observam-se os resultados obtidos nos experimentos com o


termoacumulador construído em bloco padrão e em bloco de concreto leve, respectivamente.
35 35
Bloco "Padrão"
T(água)
30 T(meio da parede)
30
T(parede externa)
T(ambiente)
25 25

20 20
Bloco " 6-1 "
°C

°C
T água
15 15 T meio parede
T ext parede
T amb
10 10

5 5

0 0
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
min min

(a) (b)

FIGURA 3. VARIAÇÃO DE T EM FUNÇÃO DE T PARA TERMOACUMULADORES: (A) “BP” E (B) “6-1”

35 35

30 30

25 25
Bloco "8-8"
Bloco "1-6" T água
T água 20 T meio parede
20
T meio parede T parede ext
T parede ext T amb
°C
°C

15 T amb 15

10 10

5 5

0 0
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
min min

(a) (b)

Figura 4. VARIAÇÃO DE T EM FUNÇÃO DE T PARA TERMOACUMULADORES: (A) “1-6” E (B) “8-8”

Comparando-se os resultados obtidos, constatou-se que as maiores diferenças entre as


temperaturas do ambiente (termopar 4) e da parede externa (termopar 3) foram de 8,6°C,
5,4°C, 2,1°C e 4,2°C respectivamente para o termoacumulador construído com blocos de
concreto padrão, para o bloco leve 10-6, para o bloco leve 6-10 e para o bloco leve 8-8.

A maior diferença entre as temperaturas ambiente (T-4) e no meio da parede (T-2) foi de
12,9°C no padrão, 19,8°C no bloco leve 6-10, 16,7°C no termoacumulador com bloco leve
10-6 e 16,3°C no termoacumulador com bloco leve 8-8. Enquanto no termoacumulador
padrão a temperatura da mistura levou cerca de 60 min para estabilizar-se, no com bloco leve
“6-10” foram 120 min; no “10-6” ocorreu após 270 min e no “8-8” após 300 min.
Esses resultados deveram-se à taxa de transferência de calor entre a mistura e o ambiente,
maior no padrão, sobre as correntes de convecção presentes na mistura.

O ∆T da mistura água-gelo entre o início e o fim dos experimentos foi de 10,2°C para o
termoacumulador padrão, 5,2°C para o com bloco leve “6-10”, 2,2°C para o “10-6” e de
apenas 1°C para o “8-8”, conforme Tabela 1, abaixo.

TABELA 1. DIFERENÇA DE TEMPERATURA DA MISTURA

TERMOACUMULADOR ∆T (Tf – Ti) °C


Padrão (Referência) 10,2
6-10 5,2
8-8 1,0
10-6 2,2

Na Tabela 1 constata-se que o termoacumulador “8-8” foi o que apresentou menor diferença
entre a temperatura final e a inicial, durante o intervalo de tempo considerado.

Nas Figuras 5 a 7 comparam-se graficamente as variações de temperaturas nos quatro


termoacumuladores, respectivamente na mistura água-gelo, no meio das paredes e na
superfície externa das paredes.

14

12

10

8
°C
6

4 BP
6-10
2
10-6
8-8

0
0 100 200 300 400 500 600

min
FIGURA 5. COMPARAÇÃO DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DA MISTURA DOS 4
TERMOACUMULADORES

Observou-se que as temperaturas das misturas nos termoacumuladores “8-8” e “6-10”


apresentaram comportamentos idênticos a partir de t = 100min. Em “10-6”, a temperatura da
mistura esteve em média cerca de 2°C acima de seus similares, ou seja, termoacumuladores “8-8”
e “6-10”. Enquanto a temperatura da mistura em “BP” aumentou abruptamente a partir de
350min, nos demais termoacumuladores ela manteve-se praticamente constante por mais 150min.
26
BP
24
6-10
22 10-6
8-8
20

18

16
°C
14

12

10

0 100 200 300 400 500 600


min
FIGURA 6. COMPARAÇÃO DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DA PAREDE INTERNA DOS
QUATRO TERMOACUMULADORES

Observa-se na figura acima que, durante o intervalo de tempo compreendido entre t = 100min
e t = 500min, a temperatura da parede interna do termoacumulador “6-10” manteve-se entre
6°C e 8°C. Nas paredes dos termoacumuladores “8-8” e “10-6”, a temperatura indicada pelo
termopar “2” (ver fig. 4), apresentou uma variação média de 1°C, mantendo-se entre 13°C e
14°C no período de t = 100min a t = 500min. No termoacumulador “BP”, a temperatura
variou de 14°C a 19°C no mesmo período de tempo considerado nas análises descritas acima.

28

27

26

25
°C 24 BP
6-10
23
10-6
22 8-8
21

20

19

18

17
0 100 200 300 400 500 600
min

FIGURA 7. COMPARAÇÃO DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DA PAREDE EXTERNA DOS QUATRO


TERMOACUMULADORES

Constatou-se uma diminuição nas temperaturas das paredes externas durante o período de t = 0
min até cerca de t = 150min. Após esse período, a temperatura da parede de “BP” passou de
18°C para 20,5°C (∆T = 2,5°C). Nos construídos com concreto leve, a partir de t = 150min a
temperatura variou cerca de 0,5°C (em “6-10”), 1,5°C (em “8-8”) e 1°C (em “10-6”). Portanto,
nesses a temperatura da parede externa sofreu variação média de 1°C durante todo o intervalo
de tempo considerado nos experimentos. Ao final de 500min, a diferença entre as temperaturas
das paredes externas dos termoacumuladores de concreto leve e padrão foram, respectivamente:
5°C em relação ao “6-10”, 6°C em relação ao “8-8” e 7°C em relação ao “10-6”.
Os testes de resistência à compressão dos blocos de concreto leve foram realizados de acordo
com as normas NBR 6461 (ABNT, 1983a) e NBR 7171 (ABNT, 1983b). Os resultados
obtidos nos ensaios, mostrados abaixo, na Tabela 2.

TABELA 2. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS BLOCOS DE CONCRETO LEVE

Bloco de concreto leve Resistência média Peso médio ∆T mistura


(MPa) (Kg) (°C)

6-10 3,88 25,75 5,2

10-6 2,03 21,90 2,2

8-8 2,61 23,45 1,0

Para poder ser utilizado como elemento construtivo em alvenaria de vedação, o valor mínimo
a ser obtido nos ensaios deveria ser de 2 MPa. Os testes com corpos de prova dos blocos “6-
10”, “10-6” e “8-8” foram realizados numa máquina de ensaio de compressão do Laboratório
de Concreto – LC, do Núcleo de Tecnologia Industrial da UFRN. Analisando-se os dados
apresentados na Tabela 2, constata-se que os valores encontrados para os três blocos estão
dentro das normas estabelecidas pela ABNT, para elementos construtivos que podem ser
utilizados como alvenaria de vedação (Costa et al., 2003).

CONCLUSÕES

Os termoacumuladores construídos com concreto leve apresentaram melhor desempenho


térmico em relação ao de concreto padrão, confirmado pela menor variação entre as
temperaturas final e inicial, para um mesmo intervalo de tempo, das medidas realizadas nos
mesmos. Constatou-se uma diferença significativa entre os tempos necessários para que os
sistemas passem por uma variação de temperatura após terem atingido o regime: no padrão,
foram necessárias 4h para uma variação de 0,2°C e 7h para uma variação de 0,4°C no leve.

Enquanto no termoacumulador padrão a mistura água-gelo absorveu rapidamente o calor das


paredes, enquanto nos de concreto leve a transferência de calor foi reduzida devido ao EPS;
também nas paredes, a transferência de calor foi maior no padrão, já que nos de concreto leve
o EPS retardou o processo.

Além do fato de proporcionar economia de energia, outro aspecto relevante da pesquisa diz
respeito ao problema ambiental. Não existe, até a presente data, técnica que possibilite o
reaproveitamento do EPS de modo economicamente viável.

Nos experimentos realizados, os blocos de concreto leve foram fabricados utilizando-se EPS
reaproveitado a partir do lixo. Assim, a pesquisa disponibilizou uma forma viável de
contribuição para redução do problema causado pelo descarte do EPS no meio ambiente.
AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao apoio obtido junto aos seguintes fomentadores da pesquisa: Direção
do Núcleo Tecnológico Industrial – NTI da UFRN; Direção do Centro de Tecnologia – CT da
UFRN e a Equipe CT ENERG da UFRN e da UFPI. A realização da pesquisa descrita neste
trabalho só se tornou possível graças ao financiamento do CNPq, através do Projeto CT
ENERG – Processo N° 552.372/01-3.

REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base – ABDIB. (2003). Retoque


Jornalismo, Assessoria de Imprensa da Abdib.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. (1983a). NBR 6461. Bloco Cerâmico para
Alvenaria – Verificação da Resistência à Compressão, Método de ensaio.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. (1983b). NBR 7171. Bloco Cerâmico para
Alvenaria – Especificações.

ASHRAE.(1987). Thermal Storage, ASHRAE Aplication Handbook – HVAC.

Costa et al. (2003). Estudo da Resistência Mecânica de Bloco de Concreto Leve. In: Simpósio
sobre Desempenho Térmico de Sistemas Construtivos Alternativos. Natal – RN, Agosto de
2003. Anais em CD-ROM.

Guzmán, J. J. M.. (2000). Estudo Numérico-Experimental da Termoacumulação em Esferas.


Dissertação de Mestrado, PUC-RIO.

Neves, L. F. Sistemas de Termoacumulação com Gelo. In: Cabano Engenharia. Disponível


em: <http://www.cabano.com.br/termoacumulação.htm>. Acesso em: 09 abril 2003.

Incropera, F. P., de WITT, D. P.(1998). Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa.


LTC Editora, Rio de Janeiro.

Kreith, F.(1977). Princípios de Transmissão de Calor. Edgard Blücher Ltda, São Paulo, 550p.

Krüger, G. V. (1999). Avaliação Comparativa de Desempenho Térmico de Painéis de


Vedação para Edificações em Estruturas Metálicas. In: Anais do 2º Encontro Latino-
Americano de Conforto no Ambiente Construído, Fortaleza, em CD-ROM.

Nóbrega, C. E. L.(1997). Modelagem e Simulação da Termo-Acumulação em Materiais com


Mudança de Fase Encapsulados. Dissertação de Mestrado, PUC-RIO.

Núcleo de Treinamento Tecnológico-NTT (1995). Sistemas de Termoacumulação de Água


Gelada, Rio de Janeiro.

Tapia, R. C. et al. (1996). Estudo sobre Sistema de Termoacumulação de Frio em Indústria


Têxtil. Revista ABRAVA, jan/fev, 1986.

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