Reboco Térmico pelo Exterior é um termo usualmente aplicado para definir os sistemas
compostos que se aplicam pelo exterior dos edifícios e que cumprem duas funções essenciais:
proteger o edifício contra os elementos garantindo ainda um agradável aspecto estético e
fornecer conforto interno à habitação eliminando pontes térmicas.
Outras definições
O reboco térmico é também conhecido na Europa pela sigla ETICS (External Thermal Insulation
Composite Systems). Em Espanha costuma ser designado por SATE (Sistema de Aislamiento
Térmico Exterior). Em países anglófonos, especialmente nos Estados Unidos, usa-se o termo
EIFS (External Insulation and Finishing System).
História
Após a Segunda Guerra Mundial a Europa atravessou uma difícil situação económica. A
escassez dos combustíveis conduziu a um crescente aumento do seu custo. Isto levou à
realização de diversos estudos visando solucionar melhorar o isolamento térmico das
habitações, evitando assim o aumento de consumo de combustíveis. Verificou-se que o
isolamento térmico seria mais eficaz se aplicado pelo exterior das fachadas.
O sistema foi introduzido nos Estados Unidos da América no final dos anos 60 por Frank
Morsilli, fundador da empresa Dryvit Systems, Inc. O sistema teve de sofrer algumas alterações
para que se adaptasse ao tipo de construção existente e ao mercado americano (por exemplo,
menor espessura de reboco).
Desde então e especialmente após a crise do petróleo na década de 70, estes sistemas que
poupam energia e regulam o ambiente interno dos edifícios têm sido usados desde a Sibéria à
Arábia Saudita. Na Alemanha, onde o sistema mais desenvolvimento sofreu, cerca de 60% das
novas construções são equipadas com sistemas de isolamento térmico pelo exterior.
Actualmente, segundo dados da EIMA (EIFS Industry Members Association), 30% de todas as
fachadas nos EUA são revestidas com sistemas de reboco térmico.
Objectivos
Descrição do sistema
Vantagens
O isolamento térmico pelo exterior é hoje reconhecido, de forma incontestável, como uma
solução técnica de alta qualidade, pois permite:
• Redução das pontes térmicas, o que se traduz por uma espessura de isolamento
térmico mais reduzido para a obtenção de um mesmo coeficiente de transmissão
térmica global da envolvente;
• Diminuição do risco de condensações lançando o ponto de orvalho para o exterior do
edifício;
• Aumento da inércia térmica interior dos edifícios, dado que a maior parte da massa
das paredes se encontra pelo interior do isolamento térmico. Este facto traduz-se na
melhoria do conforto térmico de Inverno, por aumento dos ganhos solares úteis, e
também de Verão devido à capacidade de regulação da temperatura interior;
• Economia de energia devido à redução das necessidades de aquecimento e de
arrefecimento do ambiente interior;
• Diminuição da espessura das paredes exteriores, aumentando a área habitável;
• Redução do peso das paredes e das cargas permanentes sobre a estrutura;
• Aumento da protecção conferida ao tosco das paredes e aos elementos estruturais
face às solicitações dos agentes atmosféricos (choque térmico, água líquida, radiação
solar, etc.);
• Diminuição do gradiente de temperaturas a que são sujeitas as camadas interiores das
paredes;
• Melhoria da impermeabilidade das paredes;
• Possibilidade de mutação do aspecto das fachadas e colocação em obra sem perturbar
os ocupantes dos edifícios, o que torna esta técnica de isolamento particularmente
adequada na reabilitação de fachadas degradadas;
• Grande variedade de soluções de acabamento;
• Poupança energética e conforto interior.
Usar um sistema ETICS num edifício tem um impacto muito significativo no seu desempenho
térmico. A título de exemplo refiram-se os valores que foram mencionados na revista
ProTeste, de Setembro de 2009. No artigo intitulado "Isolar - Guia da casa confortável", na
página 38, afirmava-se o seguinte:
"Quanto menor o coeficiente de transmissão térmica da parede, maior a capacidade isolante.
Por exemplo, numa parede simples sem isolamento, o valor rondará 1,6 W/m2°C. Já uma
parede com 6 cm de isolamento pelo exterior pode atingir 0,35 W/m2°C. Assim, considere este
certificado na hora de comprar casa e economize nas facturas de electricidade ou gás."
Naturalmente, os valores acima serão muito menores no caso de uma estrutura LSF, sendo
possível atingir 0,19 W/m2 ºC.
A massa superficial útil (Msi) de cada elemento de construção da envolvente depende, entre
outros factores, do posicionamento do isolamento térmico (interior, exterior ou intermédio).
Colocando o isolamento térmico pelo interior, o valor de Msi tende para zero, o que reduz o
valor de inércia térmica (It).
O Msi obtém-se através do somatório das massas de cada um dos elementos que constitui a
envolvente, considerando-se, para esse efeito, apenas os elementos que se situam do
isolamento térmico para o interior de fracção. A inércia térmica (It) do edifício é directamente
proporcional à massa superficial útil do edifício: quanto maior for o valor de Msi, até ao limite
superior de 150 kg/m2, maior será o valor de It e mais elevada será a classe de inércia térmica
do espaço interior. Em edifícios com ocupação permanente, em particular se localizados em
zonas quentes, a inércia térmica mais elevada (média ou forte) será mais favorável.
Por outro lado, a colocação do isolamento pelo exterior permite um melhor tratamento das
pontes térmicas (planas e lineares).
O proprietário pode escolher entre isolar pelo exterior ou interior. Considerámos a aplicação
de poliestireno com 6 cm de espessura. Com este sistema, gasta menos 42% do consumo
necessário para ter conforto permanente no Inverno, além de corrigir melhor as pontes
térmicas. O isolamento pelo interior, quando bem aplicado, economiza cerca de 35% de
energia.
Caso o proprietário pretenda alternativas para o aspecto exterior da sua casa, poderá recorrer
à forra com cerâmica ou pedra, colados sobre as placas de isolamento térmico. Outras
soluções menos populares no nosso país, como as placas vinílicas ou 'vinyl siding' poderão
também ser estudadas e aplicadas.