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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
TCC

Fábio Fernandes de Oliveira

Estudo do comportamento termo-hidraúlico do escoamento de ar em um


trocador de calor compacto

Belo Horizonte
2017
FÁBIO FERNANDES DE OLIVEIRA

ESTUDO DO COMPORTAMENTO TERMO-HIDRAULICO DO ESCOAMENTO DE


AR EM UM TROCADOR DE CALOR COMPACTO

Projeto apresentado à disciplina TCC da


Universidade Salgado de Oliveira –
UNIVERSO, como parte dos requisitos para
conclusão do curso.

Orientador: Prof.
Coorientador: Me. Cleison Henrique de Paula

Belo Horizonte
2017
TEMA: Análise da eficiência energética de trocadores de calor compactos.

JUSTIFICATIVA:

A utilização do trocador de calor tubo aletado pela indústria nacional tem


experimentado um aumento nos últimos anos, especialmente nas aplicações
voltadas aos sistemas frigoríficos. Apesar do aumento da atividade de pesquisa e
desenvolvimento por parte das empresas nacionais operando tanto para fabricação
quanto na melhoria da eficiência de trocadores de calor, existe ainda por parte da
indústria certa carência de laboratórios para o ensaio de seus produtos. A motivação
desse trabalho é auxiliar na busca pela melhoria da eficiência energética desses
equipamentos, tendo como foco a análise termo-hidráulica destes trocadores de
calor aplicados como condensadores em sistemas de refrigeração.

OBJETIVO GERAL:

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma avaliação do desempenho


termo-hidráulico de um trocador de calor tubo aletado (compacto) composto de
aletas onduladas.
Os objetivos específicos são:
1. Investigar a influência de alguns parâmetros da geometria do trocador sobre o
desempenho termo-hidráulico;
2. Realizar, em uma bancada experimental, testes em um trocador de calor tubo
aletado para avaliação de seu desempenho termo-hidráulico.
3. Analisar o grau de aproximação entre os dados experimentais com algumas
correlações.
4. Escrever um artigo para o COBEM 2017 (Congresso Internacional de
engenharia mecânica) com base nos resultados.

INTRODUÇÃO

A conscientização em escala global de que os recursos energéticos deveriam ser


utilizados de forma racional foi motivada com a crise do petróleo na década de 70.
Paula (2016) afirmou em sua dissertação que esse assunto começou a ser discutido
no Brasil somente a partir da década de 80. Dados ilustrados pelo Balanço
Energético Nacional (2014), BEN, mostraram que a energia elétrica oriunda das
hidroelétricas correspondeu no referido ano a 70,6% de toda energia gerada no
Brasil, gás natural 11,3%, biomassa 7,6%, eólica 1,1%, derivados de petróleo 4,4%,
nuclear 2,4% e carvão e derivados 2,6%. Isso mostra que o uso racional da energia
elétrica em todos os setores da economia é fundamental para o país reduzir custos e
aumentar a eficiência energética. Agência Nacional de Energia Elétrica (2007),
ANEEL, mostrou em seu quadro informativo que o setor industrial no ano de 2007
consumiu aproximadamente 47% do total gerado de eletricidade, o setor comercial
14% e o residencial 22%.
Pereira (2012) afirmou em sua dissertação que a refrigeração no ano de 1998 foi
responsável por aproximadamente 32% do consumo residencial, 17% do consumo
comercial e 7,4% no setor industrial, o que totaliza 12,6% do consumo total de
energia elétrica no Brasil. Parte deste consumo se deve às irreversibilidades
termodinâmicas inerentes aos processos de transferência de calor e do escoamento
do fluido refrigerante no interior dos componentes do sistema de refrigeração,
destacando-se os trocadores de calor.
Os trocadores de calor são dispositivos que facilitam a troca de calor entre dois
fluidos a diferentes temperaturas, separados por uma parede sólida ou não, segundo
Nellis e Klein (2009). Os diferentes tipos de trocadores de calor podem ser
classificados tanto em função de seu aspecto construtivo quanto do tipo do arranjo
do escoamento dos fluidos. Classificam-se os tipos de arranjo de escoamento dos
fluidos como: arranjo paralelo, contracorrente e cruzado. No arranjo em paralelo,
tanto o fluido quente quanto o frio entram e saem pela mesma extremidade,
escoando na mesma direção e sentido. Já no arranjo contracorrente, os fluidos
quente e frio tanto entram quanto saem do equipamento por extremidades opostas,
escoando na mesma direção e sentidos contrários. Por fim, no escoamento cruzado,
um fluido escoa perpendicularmente ao outro, com a possibilidade de se misturarem
ou não. Em relação ao tipo de construção, os principais trocadores de calor são
basicamente classificados como: duplo-tubo, carcaça-tubos (casco-e-tubos), placas
e tubos ou placas aletados. Dentre os tipos de trocadores de calor mencionados, o
tipo tubos ou placas aletados são amplamente utilizados no setor de refrigeração,
visando aplicações de resfriamento e aquecimento.
O trocador de calor tubo aletado é um tipo de trocador de calor que é empregado
quando o calor é transferido entre um gás (geralmente o ar) escoando externamente
aos tubos e um líquido no interior dos tubos. O objetivo das aletas é fornecer uma
ampla área superficial para a transferência de calor no lado do ar por unidade de
volume (razão conhecida como densidade de área), uma vez que o ar possui um
baixo coeficiente convectivo, ou seja, elevada resistência à transferência de calor.
Essa melhoria na transferência de calor em trocadores de calor tubo aletado é
proporcionada pelo uso de superfícies de intensificação, que podem ser separadas
em superfície lisa (plana), ondulada (corrugada), recortada e janelada. Dessa forma,
estes trocadores de calor são classificados, geralmente, como compactos, pois
possuem uma densidade de área maior que 700 m²/m³ segundo Deitos (2012).
Segundo Wang et al. (2001), a resistência à transferência de calor do lado do ar em
trocadores de calor compactos do tipo tubo aletado corresponde aproximadamente a
90% da resistência térmica total. Assim, é de grande interesse aperfeiçoar a
transferência de calor do lado do ar, sem, entretanto aumentar significativamente a
perda de pressão, para melhorar a eficiência global dos trocadores de calor e reduzir
o consumo de energia dos sistemas de refrigeração. O escoamento do lado do ar
em trocadores de calor compactos do tipo tubo aletado tem um comportamento
muito complexo, fato que influencia no mecanismo de transferência de calor e de
perda de pressão. Na literatura encontram-se disponíveis diversos trabalhos, tanto
experimentais quanto numéricos, realizados por vários pesquisadores em relação ao
escoamento do lado ar em trocadores de calor compactos do tipo tubo aletado.
Nestes trabalhos, testam-se e avaliam-se também outros parâmetros relacionados
ao aspecto construtivo dos trocadores tais como espaçamento entre aletas, número
de fileiras de tubos, espaçamento entre tubos, arranjo dos tubos, entre outros, tendo
como objetivo avaliar a perda de pressão e a transferência de calor, obtendo-se os
parâmetros fator de atrito de Fanning e fator j-Colburn. Para um determinado
conjunto de trocadores de calor tubo aletado com determinadas características
geométricas para um tipo específico de superfície de intensificação encontram-se
publicados inúmeros trabalhos os quais apresentam correlações envolvendo tanto o
fator de atrito quanto à transferência de calor (representada pelo fator j-Colburn), e
aspectos relacionados ao desempenho termo-hidráulico.
METODOLOGIA
Este tópico tem a finalidade de descrever o procedimento experimental na qual os
testes serão realizados e os equipamentos localizados na bancada experimental.

Bancada experimental
Uma bancada experimental foi construída no laboratório de Refrigeração do CEFET-
MG com a finalidade de simular situações reais de operação em que os trocadores
de calor tubo aletado são submetidos em sistemas térmicos industriais. O ensaio
ocorrerá de acordo com os procedimentos experimentais sugeridos pelas normas
ASHRAE 41.2 (1987) e ASHRAE 33 (2000) e possibilitou a coleta de dados para o
cálculo do fator de atrito de Fanning (f) e do fator j-Colburn, parâmetros
indispensáveis para avaliar o desempenho termo-hidráulico do trocador em estudo.
Esta bancada é composta de um sistema de aquisição de dados, transdutores de
pressão, termopares, medidor de vazão, um sensor que mede a umidade relativa do
ar, além de dois circuitos (um de ar, para este escoar externamente ao trocador e
um de água quente, que escoa internamente aos tubos do trocador). O circuito de ar
consiste de um sistema de dutos retangulares e tem o objetivo de impor condições
controladas de velocidade. O sistema de dutos, apresentado na Figura 1, é
constituído de três válvulas ou dampers que controlam a passagem de ar de acordo
com a sua abertura, quatro placas retificadoras de escoamento ou colméia para
uniformizar o escoamento, além de uma seção de ensaio, onde se localizam o
trocador de calor, o sensor de pressão e os locais de medição de temperatura
(malha composta de cinco termopares tipo T) antes e depois do trocador. O circuito
de água, mostrado na Figuras 2, consiste em uma bomba centrífuga, uma válvula
agulha que controla a vazão de água, um medidor de vazão, um reservatório isolado
com água composto de uma resistência, dois sensores de temperatura (termopares
tipo T) e dois sensores de pressão. As resistências são atuadas por um controlador
PID, controlado pelo sinal de alimentação de um termômetro de resistência, o
PT100. A bancada possui um sistema de aquisição de dados (Agilent 34980A) para
o levantamento e tratamento dos dados. Todos os sinais de saída dos transdutores
de pressão, termopares, sensor de umidade e medidor de vazão volumétrica de
água são enviados ao sistema de aquisição de dados. Este sistema é composto por
duas placas conversoras analógico/digital e dois terminais de conexões instalados
no computador. A placa conversora é responsável por converter os sinais analógicos
em digitais.
Figura 1 – Foto do circuito de ar foto.

Fonte: Paula (2016).


Figura 2 – Foto do circuito de água.

Fonte: Paula (2016).

O trocador de calor em estudo foi construído com tubos de cobre com diâmetro de
15,87 mm, com a superfície interna lisa, aletas do tipo ondulada (herringbone wavy),
sendo os demais parâmetros geométricos apresentados na Tabela 1. As aletas e a
carcaça que envolve o trocador em estudo são de alumínio. O trocador tem uma
área de face de 940 mm por 610 mm com duas fileiras de tubos com arranjo
desencontrado e perfil triangular, conforme Figura 3.
Figura 3 – Trocador em estudo: (a) aletas onduladas. (b) face lateral direita do
trocador. (c) Lateral esquerda.

(a) (b) (c)


Fonte: Pereira (2012).

Tabela 1 – Características geométricas do trocador de calor em estudo.


Da Nt Nf De Dc Eea Et El Ea Po  Lt Lh Le
[al/m] [-] [-] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [°] [mm] [mm] [mm]
370 12 2 15,87 16,48 2,5 37,5 33,0 0,3 3,0 14,0 940 610 125
Fonte: Paula (2016).

Procedimento experimental

O trocador de calor em estudo será submetido a nove condições de teste (em cada
teste serão coletadas dez medições), com os seguintes objetivos:
1. Conhecer o comportamento térmico e hidráulico equipamento ao longo dos
testes.
2. Determinar em qual dentre essas nove condições de teste o trocador de calor
irá operar com maior troca de calor produzindo a menor perda de pressão
possível, ou seja, maior desempenho termo-hidráulico.
Assim, para cada uma dessas nove condições será estabelecido um determinado
valor em rotações por minuto (rpm) para o ventilador e um determinado valor em
hertz (hz) para a bomba, conforme pode ser observado na Tabela 2. Nos testes 1, 2
e 3, o ventilador irá operar com máxima capacidade, isso corresponde a 2050 rpm
(100%), com a bomba variando sua capacidade, onde começou com 60 hz (100%),
depois passou para 45,3 hz aproximadamente (75%) e finalmente foi 30,2 hz
aproximadamente (50%). Nos testes 4, 5 e 6, o ventilador irá operar com 1536 rpm
aproximadamente (75%) e será mantido o padrão de variação da bomba
mencionada anteriormente. Por fim, para os testes 7, 8 e 9 fixará o ventilador com
1030 rpm aproximadamente (50%), mantendo novamente o padrão de variação da
bomba.

Tabela 2- Condição operacional dos testes experimentais.


Ventilador Bomba
Condição de Percentual Percentual
Frequência Frequência
teste de de
(rpm) (hz)
capacidade capacidade
1 2050 100% 60 100%
2 2050 100% 45,3 75%
3 2050 100% 30,2 50%
4 1536 75% 60 100%
5 1536 75% 45,3 75%
6 1536 75% 30,2 50%
7 1030 50% 60 100%
8 1030 50% 45,3 75%
9 1030 50% 30,2 50%
Fonte: Paula (2016).

Em todos estes experimentos o túnel de vento funcionará com a placa de bocais


operando somente com um bocal aberto cujo diâmetro de garganta é de 80 mm.
A metodologia para o cálculo das incertezas de medição que será desenvolvido
neste trabalho está descrito na dissertação de Paula (2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS: Resultados esperados


Por meio deste trabalho espera-se conhecer melhor o comportamento relativo tanto
a transferência de calor quanto a perda de pressão do ar ao escoar através do
trocador, posteriormente determinar qual a condição de operação em que o trocador
irá operar com maior eficiência energética. Também verificar qual o grau de
aproximação entre os dados experimentais e algumas correlações que calculam o
desempenho termo-hidráulico.

REFERECIAL BIBLIOGRAFICA
• AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Energia no Brasil e no
Mundo. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par1_cap2.pdf>.
• ASHRAE, STANDARD. 41.2, (1987). Standard methods for laboratory airflow
measurement, American Society of Heating. Refrigeration and Air
Conditioning Engineers, Atlanta, GA, USA.
• ASHRAE, STANDARD. 33, (2000). Method of testing forced circulation air
cooling and air heating coils. American Society of Heating, Refrigerating
and Air-Conditioning Engineers, Inc., Atlanta, GA.
• BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL. Relatório Síntese 2014. Disponível
em:<https://ben.epe.gov.br/downloads/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3
%B3rio%20Final_2014_Web.pdf >.
• BANCILION, Deco. Apagão elétrico custou R$ 45,2 bilhões aos
brasileiros,2009. Disponível em: http://www.correiobraziliense.com.br / app /
noticia / economia / 2009/07/15/internas_economia,126861/index.shtml >.
• DEITOS, Daniel. Estudo experimental do desempenho de uma nova
geometria de tubos para evaporadores de túneis de congelamento. 2012.
Dissertação (mestrado). Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São
Leopoldo, Rio Grande do Sul.

• NELLIS, G.; KELIN, S. Heat transfer. New York, USA: Cambridge University
Press, 2009.
• PAULA, Cleison Henrique. Análise teórica-experimental de um trocador de
calor tubo aletado composto de aletas onduladas utilizado em sistemas
térmicos como condensador. 2016. Dissertação (mestrado). Centro Federal
de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte.
• PEREIRA, Leandro Cristino Oliveira. Análise experimental de um trocador
de calor do tipo serpentina aletada para utilização em sistemas térmicos.
2012. Dissertação (mestrado). Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais, Belo Horizonte.

• WANG, Chi-Chuan; LEE, Wei-Song; SHEU, Wen-Jenn. A comparative study


of compact enhanced fin-and-tube heat exchangers. International Journal of
Heat and Mass Transfer, v. 44, n. 18, p. 3565-3573, 2001.

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