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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

DISCIPLINA: Operações Unitárias II


PROFESSOR(A): Débora De Pellegrin Campos
FASE: 7ª

TROCADORES DE CALOR

Na maior parte dos processos químicos há libertação ou absorção de calor e numa


vastíssima gama de instalações industriais há que se aquecer ou resfriar fluidos.
Assim, em fornos, evaporadores, unidades de destilação, secadores e reatores
químicos.
Alternativamente, pode ser necessário evitar a perda do calor de um recipiente
quente ou de uma tubulação de vapor d’água.
O controle do fluxo de calor na condição desejada constitui um capítulo dos mais
importantes das operações unitárias.
A transferência de calor é a ciência que trata das taxas de troca de calor entre um
corpo quente denominado fonte e um corpo frio denominado receptor.
Existem três modos diferentes para a transmissão de calor de uma fonte para um
receptor: condução, convecção e radiação.

TROCA TÉRMICA

Quando falamos em transmissão de calor, estamos falando em transferir energia


térmica de um sistema para outro ou para parte de outro sistema, e isto é feito através de
um equipamento chamado de trocador de calor ou permutador de calor.

TROCADOR DE CALOR OU PERMUTADOR DE CALOR

Trocador de calor é o dispositivo usado para realizar o processo da troca térmica


entre dois fluidos em diferentes temperaturas. Este processo é comum em muitas
aplicações da Engenharia. Podemos utilizá-los no aquecimento e resfriamento de
ambientes, no condicionamento de ar, na produção de energia, na recuperação de calor e
no processo químico. Em virtude das muitas aplicações importantes, a pesquisa e o
desenvolvimento dos trocadores de calor têm uma longa história, mas ainda hoje busca-
se aperfeiçoar o projeto e o desempenho de trocadores, baseada na crescente preocupação
pela conservação de energia.
Os trocadores ou permutadores de calor do tipo tubular constituem o grosso do
equipamento de transferência de calor com ausência de chama, nas instalações de
processos químicos.
Os mais comuns são os trocadores de calor em que um fluido se encontra separado
do outro por meio de uma parede, através da qual o calor se escoa, estes tipos de
trocadores são chamados recuperadores. Existem várias formas destes equipamentos,
variando do simples tubo dentro de outro, até os condensadores e evaporadores de
superfície complexa. Entre estes extremos, existe um vasto conjunto de trocadores de
calor comuns tubulares. Essas unidades são largamente utilizadas, devido à possibilidade
de serem construídas com grande superfície de transferência, em um volume
relativamente pequeno, além de possibilitar a fabricação com ligas metálicas resistentes
à corrosão e, são apropriados para o aquecimento, resfriamento, evaporação ou
condensação de qualquer fluido.

Figura 1 - Esquema básico de um trocador de calor.

O projeto completo de um trocador de calor pode ser dividido em três partes


principais:

- Análise Térmica: se preocupa, principalmente, com a determinação da área necessária


à transferência de calor para dadas condições de temperaturas e escoamentos dos fluidos.
- Projeto Mecânico Preliminar: envolve considerações sobre as temperaturas e pressões
de operação, as características de corrosão de um ou de ambos os fluidos, as expansões
térmicas relativas e tensões térmicas e, a relação de troca de calor.
- Projeto de Fabricação: requer a translação das características físicas e dimensões em
uma unidade, que pode ser fabricada a baixo custo (seleção dos materiais, selos,
invólucros e arranjo mecânico ótimos), e os procedimentos na fabricação devem ser
especificados.

Para atingir a máxima economia, a maioria das indústrias adota linhas padrões de
trocadores de calor. Os padrões estabelecem os diâmetros dos tubos e as relações de
pressões promovendo a utilização de desenhos e procedimentos de fabricação padrões. A
padronização não significa entretanto, que os trocadores possam ser retirados da
prateleira, porque as necessidades de serviço são as mais variadas. O engenheiro
especialista em instalações de trocadores de calor em unidades de energia e métodos de
instalação, é solicitado frequentemente para selecionar a unidade de troca de calor
adequada a uma aplicação particular. A seleção requer uma análise térmica, para
determinar se uma unidade padrão (que é mais barata!) de tamanho e geometria
especificados, pode preencher os requisitos de aquecimento ou resfriamento de um dado
fluido, com uma razão especificada, neste tipo de análise deve ser levado em conta, no
que diz respeito ao custo, a vida do equipamento, facilidade de limpeza e espaço
necessário, além de estar em conformidade com os requisitos dos códigos de segurança
da ASME.

TROCADORES DE CALOR NA NATUREZA

Diversas estruturas dos seres vivos comportam-se como trocadores de calor. Estas
diversas estruturas desenvolveram-se em forma e características no processo evolutivo
com crescentes eficiências nos processos térmicos que controlam e nas trocas térmicas
adequadas ao meio que promovem.
TIPOS DE TROCADORES DE CALOR

Existem trocadores de calor que empregam a mistura direta dos fluidos, como por
exemplo torres de refrigeração e aquecedores de água de alimentação, porém são mais
comuns os trocadores nos quais os fluidos são separados por uma parede ou partição
através da qual passa o calor. Alguns dos tipos mais importantes destes trocadores são
vistos a seguir :

Figura 2 – Tipos de trocadores de calor.


CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR

De uma forma geral podemos classificar os trocadores de diversas maneiras:


- quanto ao modo de troca;
- quanto ao nº de fluidos;
- tipo de construção.

Classificação de acordo o processo de transferência

CONTATO INDIRETO

Neste tipo de trocador, os fluidos permanecem separados e o calor é transferido


continuamente através de uma parede, pela qual se realiza a transferência de calor. E eles
se classificam em trocadores de transferência direta e de armazenamento.

Trocadores de transferência direta


Neste tipo, há um fluxo continuo de calor do fluido quente ao fluido frio através
de uma parede que os separa. Não há mistura entre eles, pois cada corrente permanece
em passagem distintas, e os principais tipos são os de placas de superfície estendida e os
tubulares.

Figura 3 – Trocador de calor de transferência direta.

Trocador de armazenamento
Neste tipo os fluidos percorrem alternadamente as mesmas passagens, e a
superfície de transferência é chamada de matriz.
Figura 4 – Trocador de calor de armazenamento.

CONTATO DIRETO

Neste trocador os fluidos se misturam, além de troca térmica há também a


transferência de massa, sua aplicação está limitada a fluidos permissíveis.

Figura 5 – Trocador de calor de contato direto.

Classificação quanto à utilização


Os trocadores de calor são designados por termos correspondentes às
modificações que realizam nas condições de temperatura ou estado físico do fluido de
processo. No caso de o equipamento operar com dois fluidos de processo, prevalece, se
possível, a designação correspondente ao serviço mais importante. Através deste critério,
os trocadores de calor são classificados como:

– Resfriador: resfria um líquido ou gás por meio de água, ar ou salmoura;


– Refrigerador: resfria também um fluido de processo através da evaporação de um
fluido refrigerante, como amônia, propano ou hidrocarbonetos clorofluorados;
– Condensador: retira calor de um vapor até a sua condensação parcial ou total,
podendo inclusive sub-resfriar um líquido condensado. O termo “condensador de
superfície, aplica-se ao condensador de vapor exausto de turbinas e máquinas de
ciclos térmicos;
– Aquecedor: aquece o fluido de processo, utilizando, em geral, vapor d’água ou
fluido térmico;
– Vaporizador: cede calor ao fluido de processo, vaporizando-o total ou
parcialmente através de circulação natural ou forçada. O termo “refervedor”
aplica-se ao vaporizador que opera conectado a uma torre de processo,
vaporizando o fluido processado. O termo “gerador de vapor” (steam generator)
aplicasse ao vaporizador que gera vapor d’água, aproveitando calor excedente de
um fluido de processo;
– Evaporador: promove concentração de uma solução pela evaporação do líquido,
de menor ponto de ebulição.

Classificação quanto à forma construtiva

Duplo tubo
São formados por dois tubos concêntricos. Pelo interior do tubo do primeiro (mais
interno) passa um fluido e, no espaço entre as superfícies externa do primeiro e interna
do segundo, passa o outro fluido. A área de troca de calor é a área do primeiro tubo.

Figura 6 – Trocador de calor duplo tubo.

- Vantagens: simples, ter custo reduzido e facilidade de desmontagem para limpeza e


manutenção.
- Desvantagem: pequena área de troca de calor.

Serpentina
São formados por um tubo enrolado na forma de espiral, formando a serpentina,
a qual é colocada em uma carcaça ou recipiente. A área de troca de calor é área da
serpentina.

Figura 7 – Trocador de calor serpentina.

- Vantagens: permite maior área de troca de calor que o anterior e tem grande flexibilidade
de aplicação.
- Desvantagem: usado principalmente quando se quer aquecer ou resfriar um banho.
Multitubular
São formados por um feixe de tubos paralelos contidos em um tubulão cilíndrico
denominado de casco. Um dos fluidos (fluido dos tubos) escoa pelo interior dos tubos,
enquanto que o outro (fluido do casco) escoa por fora dos tubos e dentro do casco.

Figura 8 – Trocador de calor multitubular.

- Vantagens: também conhecidos como tipo casco-tubos, são os mais usados na


indústria porque oferecem uma grande área de troca de calor
- Desvantagem: se um dos fluidos do trocador condensa ou evapora, o trocador é
também denominado condensador ou evaporador, respectivamente.

Trocadores especiais: Em face das inúmeras aplicações específicas dos trocadores de


calor, são encontradas várias formas construtivas que não se enquadram nas
caracterizações comuns (casco e tubo, tubo duplo, serpentina, trocador de placas,
resfriadores de ar, rotativos regenerativos, economizadores, etc). Para estes tipos, é
atribuída a classificação de “ESPECIAIS”, dada a sua peculiaridade de construção, em
decorrência da aplicação.

Figura 9 - Trocador de Calor casco e tubos com um passe no casco e um passe nos
tubos (Contracorrente).
O tipo mais comum de trocador de calor é mostrado abaixo:

Figura 10 – Diagrama de um trocador de calor de correntes opostas de simples tubo no


interior de outro tubo.

Consta de um tubo, posicionado concentricamente a outro tubo que forma a


carcaça de tal arranjo. Um dos fluidos escoa dentro do tubo interno e outro através do
espaço anular entre os dois tubos, uma vez que ambas as correntes de fluidos atravessam
o trocador apenas uma vez, chamamos tal arranjo de trocador de calor de passo-simples.
Se ambos os fluidos escoam na mesma direção, o trocador é chamado do tipo
correntes paralelas; se os fluidos se movem em direções opostas, o trocador é do tipo
correntes opostas. A diferença de temperatura entre o fluido quente e o frio, em geral
varia ao longo do tubo e, a razão de transferência de calor variará de seção para seção.
Para determinar a razão de transferência de calor deve-se usar, desta forma, uma
diferença de temperatura média apropriada.
Quando os dois fluidos que escoam ao longo da superfície de troca de calor se
movem com ângulos retos entre si, o trocador de calor é denominado do tipo correntes
cruzadas. Três arranjos distintos, deste tipo de trocador são possíveis:

Caso 1 – cada um dos fluidos não se mistura ao passar através do trocador e, desta forma,
as temperaturas dos fluidos na saída do trocador não são uniformes, apresentando-se mais
quente em um lado do que no outro. O aquecedor do tipo placa plana, projetado para ser
utilizado como regenerador, utilizando a energia dos gases de descarga de uma turbina
ou um radiador de automóvel, aproxima-se deste tipo de trocador, e o vemos abaixo.

Figura 11 - Tipo Placa.

Caso 2 – um dos fluidos não se mistura e outro é perfeitamente misturado ao atravessar o


trocador. A temperatura do fluido misturado será uniforme em cada seção e, somente
variará na direção do escoamento. Um exemplo deste tipo é o aquecedor de ar de corrente
cruzada, mostrado esquematicamente abaixo. O ar que escoa através de uma bancada de
tubos é misturado, enquanto que os gases no interior dos tubos estão confinados e, desta
forma, não se misturam.

Figura 12 – Aquecedor de Corrente cruzada.

Caso 3 – ambos os fluidos são misturados enquanto escoam através do trocador, isto é, a
temperatura de ambos os fluidos será uniforme ao longo da seção e variará apenas na
direção do escoamento.

Para aumentar a área da superfície de troca de calor, por unidade de volume, a


maioria dos trocadores de calor comerciais apresenta mais de um passe através dos tubos
e, o fluido que escoa por fora dos tubos, é guiado em zigue-zague por meio de defletores.
A figura abaixo mostra a seção transversal de um trocador com dois passes de
tubos e defletores transversais no único passe do fluido que escoa entre a carcaça e os
tubos. Os defletores são do tipo de segmento. Este e outros tipos de defletores estão
mostrados na mesma figura.
O trocador, ilustrado na figura abaixo, tem as placas de tubos fixos em cada
extremidade e aqueles são soldados ou expandidos nas placas. Este tipo de construção
tem menor custo inicial mas, pode ser usado somente para pequenas diferenças de
temperatura entre o fluido quente e o frio porque, nenhum provimento é feito para evitar
as tensões térmicas devido à expansão diferencial entre os tubos e a carcaça. Outra
desvantagem consiste na não remoção do feixe de tubos para a limpeza. Neste arranjo
uma placa de tubos é fixa, mas a outra é aparafusada a uma tampa flutuante que permite
o movimento relativo entre o feixe de tubos e a carcaça.
Figura 13 - Três tipos de defletores.

CONSTRUÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR

No momento em que o trocador de calor é exposto as condições operacionais em


função da diferença de temperatura existente entre o tubo e o casco, fica este sujeito a
tensões oriundas da dilatação térmica correspondente. Caso essas tensões não ultrapassem
determinados valores admissíveis, é possível construir-se um trocador de calor em que,
construtivamente toda dilatação térmica não é compensada através de elemento
construtivo adequado.
Caso, no entanto, esses valores ultrapassem os valores de tensões admissíveis,
haverá a necessidade de que a dilatação térmica seja compensada conforme os tipos de
construção.
Em função das observações aqui feitas, é muito importante que, quando em
operação, sejam considerados os limites de diferença de temperatura máximos
admissíveis. Para efeito de cálculo da necessidade ou não de um sistema de absorção
térmica, e considerado a seguinte condição: fluído quente, entrando ou saindo com a
mesma térmica em um trocador de calor instalado a uma temperatura de 20 graus
ambiente. Se as tensões térmicas deste cálculo não forem superiores as tensões máximas
admissíveis, não será instalado qualquer dispositivo para compensações da dilatação
térmica.

a) Tubos: são geralmente de aço carbono comum, quando o meio não é


agressivo.Conforme a agressividade do meio, empregam-se:
- aços liga (4 - 6% Cr);
- aços inoxidáveis - (Cr-Ni ou Cr -Ni-Mo);
- latões (Cu-Zn), bronze (Cu-Sn);
- ligas de Cu-Ni, aluminio, duplex.

b) Casco: geralmente é feito de aço carbono, em chapas, que são calandradas e soldadas,
no caso de não haver tubo nas dimensões desejadas.

ESCOLHA DO TIPO DE FLUIDO

O permutador já está para receber determinados líquidos nos tubos e no casco.


Isto é escolhido pelo projetista do permutador de calor. Não há regras fixas que
estabeleçam qual o tipo de fluido deve passar pelos tubos.

- Quem passa por onde:


a) Líquidos sujos, carregando material em suspensão, porque é mais fácil remover a
sujeira dos tubos do que do casco;
b) Líquidos corrosivos, porque é mais fáci1 substituir os tubos furados do que o casco;
c) Líquidos de alta pressão. O casco não é construído para resistir a pressões muito altas.
d) Água de refrigeração, por facilidade de limpeza;
e) Vapor d'água, porque a água de condensação pode ser arrastada.
f) Fluidos que passam no casco:
g) Vapores em grande, volume, porque a condensação dos vapores provoca turbulência,
aumentando a troca de calor;
h) Líquidos que, passando pelo permutador, devem ter baixa queda de pressão.
i) Entre os líquidos de propriedades semelhantes, deve passar pelos tubos aquele de maior
pressão, maior temperatura e o mais corrosivo.

INSTRUMENTAÇÕES DE CONTROLE

A instrumentação relacionada com o permutador de calor está localizada nas


tubulações de entrada e saída do mesmo. Essa instrumentação varia com a finalidade do
permutador no processamento.

OPERAÇÕES NUM TROCADOR DE CALOR

Para a instalação correta do trocador de calor devem estar prontos alguns


preparativos, como por exemplo as fundações ou os pontos de fixação previstos para a
instalação do mesmo. O equipamento deve ser instalado firme e isento de vibrações,
sendo que, nos casos onde a operação prevê por exemplo o resfriamento de gases
comprimidos, não é recomendável a utilização de calços, bem como cunhas soltas de
nivelamento.
Caso o trocador de calor seja fornecido pressurizado com gás inerte, antes do
início de qualquer trabalho de instalação deve ser realizado um procedimento de
despressurização através dos respiros e drenos correspondentes. O controle dessa
pressurização deve ser realizado através da leitura correspondente. Após isto, o
manômetro e as tampas de vedação dos bocais podem ser retirados.
Caso os fluídos que circulam pelo trocador sejam mantidos em circulação por
bombas, o trocador de calor deve ser instalado o mais próximo possível da conexão de
pressão da bomba, de modo a evitar qualquer problema de cavitação.
No caso de trocador de calor onde haja possibilidade de remoção do tubo, a
instalação deste deve prever o espaço necessário para remoção do mesmo, ou seja, o
comprimento do feixe mais um metro no mínimo.
Após a fixação do trocador de calor, os parafusos de todos os flanges devem ser
reapertados obedecendo sempre uma sequência cruzada de aperto.
Somente após o reaperto de todos os parafusos do trocador de calor devem ser
conectadas as tubulações. Para o aperto das tubulações deve ser observado, que forças
transversais ao eixo de conexão são extremamente prejudiciais e em muitos casos
impossibilitam uma vedação correta da conexão.
Eventuais conexões colocadas do lado do casco na parte sujeita a dilatação
térmica, devem ter caráter elástico prevendo o deslocamento do casco.
É recomendável que durante a instalação seja observado um acesso adequado aos
drenos e respiros. Durante os trabalhos de montagem deverão ser tomados os cuidados
necessários para que não haja penetração de corpos no interior do transmissor.

Condições de Segurança
A temperatura e a pressão limites, nas quais devem trabalhar os tubos e o casco,
estão especificadas na chapinha do fabricante presa ao permutador. Elas não devem ser
ultrapassadas. Assim, nos resfriadores, a temperatura de saída não deve exceder de um
certo valor (70°C) para evitar deposição de sais.

Aquecimento e Resfriamento
Tanto na partida como na parada, os permutadores de calor devem ser aquecidos
ou resfriados lentamente. Isto é particularmente importante quando as temperaturas de
operação são elevadas. A rápida entrada de um líquido a alta temperatura pode provocar
desigualdades de expansão nos tubos, causando vazamento nos mesmos e deformação do
feixe.

Partida
Entra primeiro o fluido mais frio. Se o fluido mais frio está ligeiramente quente,
então deixa-se o mesmo entrar lentamente. Quanto mais quente o fluido, mais lenta deve
ser a sua passagem pelo permutador de calor.
Parada
Primeiro fecha-se a entrada do flui do mais quente. Se isto não for observado,
pode haver vazamento nos tubos, O mesmo pode acontecer na partida, se não entrar
primeiro o fluido mais frio.

Suprimento de água
Falha no suprimento de água do resfriador pode trazer serias conseqüências.
Quando o fluido a esfriar é muito quente, a interrupção da água provoca um grande
aquecimento, do aparelho. Se a água volta a circular, haverá um resfriamento brusco do
permutador. Esta mudança rápida de temperatura afrouxa parafusos e abre as juntas. Por
isso é necessário um fluxo contínuo de água.

Condensado
Sempre se deve drenar a água de um ebulidor ou aquecedor, para evitar o
fenômeno chamado martelo hidráulico. Isto pode ser explicado da seguinte maneira:
supondo-se água acumulada nos tubos do ebulidor e abrindo-se a válvula do vapor d’água,
este vai conduzir a água a uma grande velocidade até encontrar um obstáculo,
provocando um grande choque. Este impacto severo (martelo hidráulico) pode causar
ruptura de material .

OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO

Perda de Eficiência
a) O permutador está sujo e, neste caso, não há eficiente troca calor.
b) O carretel ou a tampa do flutuante não estão instalados corretamente; assim sendo, o
caminho do fluido dentro do permutador não se processa de acordo com o projetado.
c) A tubulação que se liga ao permutador não dá a vazão para a qual o aparelho foi
Projetado.
d) As condições de operação diferem daquelas para as quais o permutador foi projetado.

Limpeza
- A necessidade da realização da limpeza nos trocadores é anunciada, geralmente, pela
perda de performance do mesmo. Como os agentes deste efeito dependem do grau de
sujeira de ambos os fluídos atuantes, não é possível formular-se uma diretriz geral para
intervalos de limpeza.
- Quando da limpeza, o trocador deverá ser retirado de operação.
- Desde que as camadas não estejam extremamente agregadas aos tubos é possível
remover uma quantidade satisfatória destas, através de limpeza mecânica, ou seja, com a
combinação de jatos de água com escova de nylon. Para camadas cuja aderência é mais
interna, como por exemplo: incrustação de carbonato de cálcio, é recomendável a
utilização de ácido sulfúrico fraco (aproximadamente 0,5% H2SO4) que, conforme a
camada de incrustação, deverá ser aplicado com freqüência maior. Entre cada aplicação
o equipamento deve ser lavado com muita água limpa.
- Após a remoção da incrustação é recomendável a utilização de uma solução de
bicromato de sódio (7% Na2Cr2O7, 9% H2SO4), a qual tem efeito apassivador.
- A eficiência do pemutador de calor depende da limpeza dos tubos. durante a operação,
sujeira se acumula dentro e fora dos tubos prejudicando grandemente a troca de calor,
como também aumentando a queda de pressão do fluido. Essa sujeira é formada por
depósitos de saiss, ferrugem, coque, pó de coque, fibras vegetais, camadas de graxa,
corpos de microorganismos etc.
- Há vários métodos de limpeza por vapor, limpeza mecânica e por inversão de fluxo.

Limpeza a vapor
Por este processo o permutador de calor não precisa ser desmontado passa-se
vapor pelo casco e pelos tubos, entrando por um respiradouro e carregando a sujeira, por
um dreno. Esse método é eficiente para remover camadas de graxa ou depósitos
agregados frouxamente nos tubos ou no casco do permutador de calor.

Limpeza Mecânica
- Usando este método, o permutador de calor necessita ser desmontado. A turma de
manutenção deve retirar a tampa do carretel, a tampa do casco e a tampa do flutuante.
- Camadas de graxa, lama e sedimentos frouxos podem ser removidos dos tubos por meio
de arames, escovas ou jatos de água.
- Se os sedimentos estão duramente agregados nos tubos, entupindo-os, então usam-se
máquinas perfuratrizes. Existem tipos variados dessas máquinas. Constam,
essencialmente, de um eixo metálico que, girando dentro dos tubos, expulsa os
sedimentos. Muitas vezes acontece que um feixe de tubos está muito sujo e numa parada
não haverá tempo suficiente para limpá-lo. Então, retira-se o feixe de tubos do permutador
e substitui-se por outro.

Inversão de Fluxo
De acordo com a prática de operação deve-se fazer a inversão de fluxo por algum
tempo, provocando assim a retirada das sujeiras acumuladas. Normalmente, esta inversão
só ocorre em trocadores com água salgada.

Limpeza Química
É um método pouco empregado, mas dependendo do fluido e das análises
químicas da sujeira, pode se fazer a limpeza com um solvente adequado.

Vazamentos
Depois que um permutador de calor entra em serviço o feixe de tubos pode
apresentar vazamentos. Isto é constatado pela mistura do fluido que passa nos tubos com
o fluido correndo no casco. Os vazamentos geralmente ocorrem num dos seguintes
lugares :
a) junção dos tubos no espelho fixo;
b) junta entre o espelho flutuante e a tampa do flutuante;
c) junções dos tubos no espelho flutuante;
d) paredes dos tubos.

MÉDIA LOGARÍTMICA DAS DIFERENÇAS DE TEMPERATURAS

Um fluido dá um passe quando percorre uma vez o comprimento do trocador.


Aumentando o número de passes, para a mesma área transversal do trocador,
aumenta a velocidade do fluido e, portanto, o coeficiente de película, com o consequente
aumento da troca de calor. Porém, isto dificulta a construção e limpeza e encarece o
trocador. A notação utilizada para designar os números de passes de cada fluido é
exemplificada abaixo.
Figura 14 – Número de passes de um fluido.

Com relação ao tipo de escoamento relativo dos fluidos do casco e dos tubos,
podemos ter escoamento em correntes paralelas (fluidos escoam no mesmo sentido) e
correntes opostas (fluidos escoam em sentidos opostos).

Figura 15 – Representação do tipo de escoamento em correntes paralelas e opostas.

Para cada um destes casos de escoamento relativo a variação da temperatura de


cada um dos fluidos ao longo do comprimento do trocador pode ser representada em
gráfico.
As diferenças de temperatura entre os fluidos nas extremidades do trocador, para
o caso de correntes paralelas, são: (te - Te) que é sempre máxima (∆Tmax ) e (ts - Ts) que
é sempre mínima (∆Tmin ). No caso de correntes opostas, as diferenças de temperatura
nas extremidades (te - Ts) e (ts - Te) podem ser máxima (∆Tmax) ou mínima (∆Tmin)
dependendo das condições específicas de cada caso.
O fluxo de calor transferido entre os fluidos em um trocador é diretamente
proporcional à diferença de temperatura média entre os fluidos. No trocador de calor de
correntes opostas a diferença de temperatura entre os fluidos não varia tanto, o que
acarreta em uma diferença média maior. Como consequência, mantidas as mesmas
condições, o trocador de calor trabalhando em correntes opostas é mais eficiente.

Figura 16 – Variação da temperatura de cada um dos fluidos ao longo do comprimento


do trocador pode ser representada em gráfico.
Como a variação de temperatura ao longo do trocador não é linear, para retratar a
diferença média de temperatura entre os fluidos é usada então a Média Logarítmica das
Diferenças de Temperatura (∆Tml).

∆𝑇𝑚á𝑥. − ∆𝑇𝑚í𝑛.
∆𝑇𝑚𝑙 =
∆𝑇
ln ∆𝑇𝑚á𝑥.
𝑚í𝑛.

BALANÇO TÉRMICO EM TROCADOR DE CALOR

Fazendo um balanço de energia em um trocador de calor, considerado como um


sistema adiabático, temos que:

Figura 16 – Balanço de energia em um trocador de calor.

Calor cedido pelo fluido quente = Calor recebido pelo fluido frio

− 𝑞̇ 𝑐𝑒𝑑 = 𝑞̇ 𝑟𝑒𝑐

− [𝑚̇. 𝑐𝑝 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 )] = 𝑀̇ . 𝐶𝑝 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )

𝑞̇ = 𝑚.̇ 𝑐𝑝 . (𝑡𝑒 − 𝑡𝑠 ) = 𝑀̇. 𝐶𝑝 . (𝑇𝑠 − 𝑇𝑒 )


• Quando um dos fluidos é submetido a uma mudança de fase no trocador, a sua
temperatura não varia durante a transformação. Portanto, o calor trocado será:

𝑞̇ = 𝑚̇. ∆𝐻𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜

Onde ∆𝐻𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 = calor latente da transformação.

COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Consideremos a transferência de calor entre os fluidos do casco e dos tubos nos


feixes de tubos de um trocador multitubular. O calor trocado entre os fluidos através das
superfícies dos tubos pode ser obtido considerando as resistências térmicas:
Figura 17 – Trocador multitubular.

(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ = =
𝑅𝑡 1 1
+ 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑. +
ℎ𝑖 . 𝐴𝑖 ℎ𝑒 . 𝐴𝑒

Onde:
(∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = diferença de temperatura entre os fluidos;
ℎ𝑖 ; ℎ𝑒 = coeficientes de película dos fluidos interno e externo;
𝐴𝑖 ; 𝐴𝑒 = áreas superficiais interna e externa dos tubos;
𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑. = resistência térmica de condução nos tubos.

Considerando que a resistência térmica a convecção na parede dos tubos de um


trocador é desprezível (tubos de parede fina e de metal), a equação pode ser rescrita da
seguinte forma:
𝐴𝑒 . (∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ =
𝐴𝑒 1
+
ℎ𝑖 . 𝐴𝑖 ℎ𝑒

Como o objetivo do equipamento é facilitar a troca de calor, os tubos metálicos


usados são de parede fina (ri = re). Portanto, as áreas das superfícies interna e externa
dos tubos são aproximadamente iguais, ou seja, Ai = Ae. Assim, temos que:

𝐴𝑒 . (∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ =
1 1
+
ℎ𝑖 ℎ𝑒

O coeficiente global de transferência de calor em um trocador (Uc) é definido


assim:

1
𝑈𝑐 =
1 1
+
ℎ𝑖 ℎ𝑒
Ou ainda:

1 1 1
= +
𝑈𝑐 ℎ𝑖 ℎ𝑒

Logo, a equação do trocador de calor será:


𝑞̇ = 𝑈𝑐 . 𝐴𝑒 . (∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Como visto anteriormente, o ∆T em um trocador de calor é representado pela


média logarítmica das diferenças de temperatura (∆𝑇𝑚𝑙 ). Portanto, a equação acima pode
ser rescrita da seguinte maneira:

𝑞̇ = 𝑈𝑐 . 𝐴𝑒 . (∆𝑇𝑚𝑙 )

FATOR DE FULIGEM (INCRUSTAÇÃO)

Com o tempo, vão se formando incrustações nas superfícies de troca de calor por
dentro e por fora dos tubos. Estas incrustações (sujeira ou corrosão) vão significar uma
resistência térmica adicional à troca de calor. Como o fluxo é dado por:

𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑜
𝑞̇ =
𝑠𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠

É evidente que esta resistência térmica adicional deve aparecer no denominador


da equação do trocador de calor. Esta resistência térmica adicional (simbolizada por Rd)
é denominada fator fuligem. Desenvolvendo raciocínio similar, obtemos:

𝐴𝑒 . (∆𝑇)𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑞̇ =
1 1
+ + 𝑅𝑑
ℎ𝑖 ℎ𝑒

Onde: 𝑅𝑑 = 𝑅𝑑𝑖 + 𝑅𝑑𝑒 e 𝑅𝑑 = 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑓𝑢𝑙𝑖𝑔𝑒𝑚.

𝑅𝑑𝑖 = fator fuligem interno


𝑅𝑑𝑒 = fator fuligem externo.

Não se pode prever a natureza das incrustações e nem a sua velocidade de


formação. Portanto, o fator fuligem só pode ser obtido por meio de testes em condições
reais ou por experiência. No sistema métrico, a unidade de fator fuligem, é dada em
(h.m2.oC/Kcal). Entretanto é comum a não utilização de unidades ao se referir ao fator
fuligem.
O coeficiente global de transferência de transferência de calor, levando em conta
o acúmulo de fuligem, ou seja, "sujo", é obtido por analogia:

1
𝑈𝐷 =
1 1
+ + 𝑅𝑑
ℎ𝑖 ℎ𝑒

1
𝑈𝐷 =
1
𝑈𝐶 + 𝑅𝑑
Ou ainda:

1 1 1
= + 𝑅𝑑 = + 𝑅𝑑𝑖 + 𝑅𝑑𝑒
𝑈𝐷 𝑈𝐶 𝑈𝐶

Portanto, a transferência de calor em um trocador, considerando o coeficiente


global "sujo" (UD) é dada pela seguinte expressão:

𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (∆𝑇𝑚𝑙 )

FLUXO DE CALOR PARA TROCADORES COM MAIS DE UM PASSE

Em trocadores do tipo simples é fácil identificar a diferença de temperatura entre


fluidos nos terminais. No entanto, não é possível determinar estes valores em trocadores
com mais de um passe nos tubos e/ou casco.

Figura 18 – Trocador de calor com mais de um passe.

Neste caso as temperaturas das extremidades nos passes intermediários são


desconhecidas. Em casos assim, o (∆𝑇𝑚𝑙 ) deve ser calculada como se fosse para um TC
com um passe, trabalhando em correntes opostas, e corrigida por um fator de correção
(FT) e equação do fluxo de calor de um trocador “sujo” será:

𝑞̇ = 𝑈𝐷 . 𝐴𝑒 . (∆𝑇𝑚𝑙 ). 𝐹𝑇

Os valores do fator FT são obtidos em ábacos em função das razões adimensionais


S e R.

𝑡2 − 𝑡1
𝑆=
𝑇1 − 𝑡1

𝑇1 − 𝑇2
𝑅=
𝑡2 − 𝑡1

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