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ANÁLISE EXPERIMENTAL DE UM AR CONDICIONADO TIPO SPLIT

OPERANDO COM OS GASES HIDROCARBONETOS PROPANO E


ISOBUTANO EM COMPARAÇÃO AO HALOGENADO R-22

Heider Christian Monteiro Monteiro


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Eraldo Cruz dos Santos


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Caio Luiz de Carvalho Macedo


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Carlisson Arnaud de Azevedo


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Diego Felipe Bonaterre Miranda


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Domingos Sávio Tavares Mendes Junior


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Mauro Rafael Rodrigues Paixão


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Resumo: Este trabalho tem como finalidade analisar a eficiência energética em aparelhos
condicionadores de ar do tipo split, dando ênfase na substituição os gases refrigerantes
sintéticos que liberam clorofluorcarbonos (CFCs), considerados gases agravantes do
efeito estufa (GEE) por gases refrigerantes naturais que reduzem os impactos ambientais.
O estudo realizado no laboratório de refrigeração da Universidade Federal do Pará fez a
análise de performance de um condicionador de ar tipo Split utilizando os gases naturais
R-600A (Isobutano), R- 290(Propano) e, posteriormente, comparou o resultado com a
performance do hidroclorofluorcarbono (HCFC) R-22. A partir da análise
termodinâmica, foi possível verificar a viabilidade da substituição do gás sintético
relacionando desempenho e custo com os gases naturais. Para cargas térmicas maiores, o
gás R-290 se mostrou um bom substituto para o R-22, assumindo faixas de temperaturas
bem próximas ao longo do tempo. Em termos de consumo de energia o R-600A se
mostrou viável, se aplicado para cargas térmicas menores.

Palavras-chave: Climatização. Gases naturais. Eficiência energética. Reduzir impactos


ambientais.
1 – INTRODUÇÃO

Nos últimos anos as discussões e debates acerca da mudança climática e do


aquecimento global vem ganhando destaque mundo a fora. Engana-se quem acha que
essas pautas são recentes. Motivos de encontros e congressos desde a década de 1970,
com a Conferência de Estocolmo (1972), passando pela assinatura do Protocolo de Kyoto
(1997), e mais recentemente a COP26 (26ª Conferência do Clima da Organização das
Nações Unidas) que ocorreu em Glasgow, Escócia, no ano de 2021. Com objetivos de
diminuir as emissões de gases danosos a camada de ozônio, gases responsáveis pelo
aquecimento global e intensificação do efeito estufa, esses encontros e conferências
reúnem a comunidade científica, governos e a população, trabalhando juntos no intuito
de reduzirem o aquecimento global e suas consequências.
Da Costa Silva e De Paula (2009) dissertam sobre o aquecimento global, e
separam em dois tipos de fatores que o favorecem, sendo eles, internos e externos. Os
fatores internos correspondem aos ditos sistemas climáticos caóticos não lineares, ligados
a variáveis de atividade solar, composição físico-química atmosférica, tectonismo e
vulcanismo. Já os fatores externos são de origem antropogênicos, da ação humana, com
a emissão de gases-estufa na atmosfera, como vapor de água, clorofluorcarbono (CFC),
ozônio (O3), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e o dióxido de carbono (CO2).
Mas qual o papel da refrigeração e da climatização nesse enfrentamento? Essas
duas áreas de concentração têm em seu escopo de funcionamento a utilização de gases
refrigerantes que contem em sua composição elementos danosos ao meio ambiente e
propícios a intensificação do aquecimento global. O principal fator é a utilização dos
chamados CFC (clorofluorcarbonos), HFC (hidrofluorocarbonos) e HCFC
(hidroclorofluorcarbonos) como fluidos refrigerantes, os quais contribuem diretamente
para o efeito estufa. Dessa forma, a procura por elementos menos destrutivos e que se
alinhem ao bom rendimento e funcionamento dos equipamentos e sistemas, se constituem
como primordiais para esses dois campos de atuação, nessa configuração de
enfrentamento ao aquecimento global, e de grande importância para a sociedade.
O principal objetivo desse estudo é analisar experimentalmente os gases naturais
à base de hidrocarbonetos (R-290 e R-600a) como possíveis substitutos ao gás HCFC R-
22, comparando os seus desempenhos baseados no ciclo de refrigeração, através de
análises energéticas pela 1ª Lei da Termodinâmica, coeficiente de desempenho (COP), e
o consumo de energia elétrica.
2 - COMPONENTES NO CICLO DE REFRIGERAÇÃO

Os equipamentos de refrigeração e climatização seguem um ciclo de resfriamento


ou também chamado de ciclo de refrigeração para remover calor de um ambiente.
Contudo, existem alguns componentes fundamentais que precisam ser conhecidos antes
de entender o ciclo. Os principais componentes de um circuito refrigerante são:

2.1 – Evaporador
Tem a função de evaporar o fluído refrigerante por meio da troca de calor com o
ar interno e as serpentinas do evaporador retirando então calor do ambiente interno a ser
refrigerado. Este é um elemento importante, pois é o encarregado de produzir o efeito
frigorífico desejado (SANTOS, 2018).

2.2 – Compressor
Este componente tem a função de comprimir o fluido refrigerante até o estado de
vapor superaquecido, ou seja, a parte do equipamento de refrigeração encarregada de
aspirar ao refrigerante em estado gasoso vindo do evaporador, comprimi-lo e logo depois,
entregá-lo, sob pressão, ao condensador. O compressor, também, tem a finalidade de
forçar o refrigerante líquido a passar do condensador até o evaporador.

2.3 – Condensador
Condensa ou liquidifica o fluido refrigerante. Essa condensação é feita sempre
que a superfície do condensador seja suficientemente extensa como para existir troca de
calor entre o refrigerante e o meio ambiente. Por isso, os condensadores são resfriados
por ar e, em casos muito especiais, por água. O refrigerante passa por uma serpentina de
cobre ou alumínio e ao longo dela é fixada uma série de aletas, do mesmo material. Isto
aumenta a superfície de contato entre o líquido aquecido e o meio ambiente, dissipando
de forma efetiva o calor (SANTOS, 2018).

2.4 - Dispositivo de expansão


O dispositivo de expansão tem como função reduzir a pressão e temperatura do
fluido refrigerante. Este aparelho utiliza o princípio Bernoulli onde a velocidade de um
fluido através de uma restrição aumenta significativamente, causando uma diminuição de
pressão e uma diminuição correspondente na temperatura. Desta forma, o refrigerante
líquido retorna com baixa pressão e temperatura e está pronto para evaporar novamente,
repetindo o ciclo anteriormente descrito (CAREL, 2017).
O dispositivo de expansão também tem a função de controlar o fluxo do
refrigerante ao longo do circuito.

3 – CICLO DE REFRIGERAÇÃO POR COMPRESSÃO DE VAPOR

No ciclo de refrigeração por compressão de vapor, o calor do ambiente é


removido, o ar quente é retirado, comprimido, condensado e tem a sua tempera e pressão
baixadas. Todas essas mudanças de estado são representadas em pontos no diagrama T -
S (Temperatura-Entropia) e p x h (Pressão-Entalpia).

Figura 1 - Ciclo teórico de refrigeração por compressão de vapor.

Fonte: Çengel e Boles (2005).

O esquema de funcionamento do ciclo explica como ocorrem os processos de


refrigeração dos condicionadores de ar. Esses processos além de descrever a retirada de
calor do ambiente até o seu resfriamento, pode dizer muito sobre o desempenho de fluidos
refrigerantes. Os processos do ciclo são:

 Processo 1-2, ocorre no compressor, o fluido refrigerante entra no


compressor no estado de vapor saturado, em baixa pressão, é comprimido
até alcançar a pressão de condensação, atingindo o estado de vapor
superaquecido (SANTOS, 2018);
 Processo 2-3, ocorre no condensador, é um processo de rejeição de calor,
no qual o refrigerante no estado de vapor superaquecido troca calor com o
meio ambiente até condensar (SANTOS, 2018);
 Processo 3-4, ocorre no dispositivo de expansão, é um processo
isentálpico, onde o refrigerante no estado de líquido saturado é expandido
(expansão irreversível) de uma alta pressão até a pressão de vaporização
(SANTOS, 2018);
 Processo 4-1, ocorre no evaporador, onde há uma transferência de calor a
pressão e temperatura constante. O fluido entra no estado de vapor úmido
e atinge o estado de vapor saturado (SANTOS, 2018).

Além do circuito de refrigeração e o diagrama temperatura-entropia, há o


diagrama pressão-entalpia na figura 2 que auxilia principalmente nas análises do
comportamento de fluidos refrigerantes através do balanço de energia do ciclo.

Figura 2 - Diagrama P x h.

Fonte: Santos,2018.

O balanço de energia nos componentes é realizado considerando-se o sistema


operando em regime permanente, nas condições de projeto, ou seja, à temperatura de
condensação e temperatura de evaporação . Para a análise termodinâmica do ciclo de
refrigeração, fez-se uso da primeira lei da termodinâmica, ou seja, a integral do calor é
igual à integral do trabalho (ALMEIDA, 2010).

∮ 𝑄̇ = ∮ 𝑊̇ (1)

Aplicando-se as formulações do volume de controle para cada componente do


ciclo pode-se calcular as variações das propriedades termodinâmicas que possibilitam o
cálculo das características do ciclo de refrigeração por compressão de vapor (Fox e
McDonald, 1988).

= ∫ vc (n ∗ ρ ∗ → ∗d→) + ∫ SC (*ρ*v⃗*dA⃗) (2)

Usando o princípio da conservação de massa e considerando que o escoamento do


fluido de trabalho em cada componente seja permanente, a formulação do sistema e do
volume de controle aplicadas à massa resulta no princípio de conservação de massa
(ALMEIDA, 2010):

0 = ∫ 𝑆𝑐𝜌 → 𝑑 → = ∫ 𝐴1𝜌 → 𝑑 → + ∫ 𝐴2𝜌 → 𝑑 → ∴ 𝜌𝑉1𝐴1 = 𝜌𝑉2𝐴2 (3)

Logo:
𝑚̇ = 𝑚̇ (4)

Aplicando a formulação geral do volume de controle para a energia com trabalho


de eixo e de fronteira, desprezando-se a energia cinética e potencial, as interações de calor
e trabalho na fronteira do sistema são iguais à soma do fluxo de entalpia através de sua
fronteira, expressa por (ALMEIDA, 2010):

𝑄̇ + 𝑊̇ = ∫ ℎ ∗ 𝑚 (5)

Chama-se potência de compressão a quantidade de energia, por unidade de tempo,


que deve ser fornecida ao refrigerante, no compressor, para se obter a elevação de pressão
necessária ao ciclo. Neste ciclo o processo de compressão é adiabático reversível
(isoentrópico). Considerando a equação 4 e 5, o trabalho do compressor pode ser descrito
como:
𝑊̇ = 𝑚̇ ∙ (ℎ − ℎ ) (6)

𝑚̇ = vazão mássica;
h1 = entalpia na entrada do compressor;
h2 = entalpia na saída do compressor;
Wc = Potência do compressor

A capacidadede refrigeração do sistema é a capacidade do evaporador de remover


calor do ambiente por unidade de tempo. Logo, se aplicarda a primeira lei da
termodinâmica:

𝑄̇ = 𝑚̇ ∙ (ℎ − ℎ ) (7)

h1 = entalpia na saída do evaporador;


h4 = entalpia na entrada do evaporador;
Qe = Capacidade de refrigeração

A função do condensador é transferir calor do fluido refrigerante para o meio de


resfriamento do condensador . Este fluxo de calor pode ser determinado através do
balanço de energia no volume de controle. Considerando-se o regime permanente, tem-
se que o calor rejeitado do condensador pode ser definido como na equação 8:

𝑄̇ = 𝑚̇ ∙ (ℎ − ℎ ) (8)

h2 = entalpia na entrada do condensador;


h3 = entalpia na saída do condensador;
Qc = calor rejeitado do condensador

O coeficiente de performance do ciclo pode ser entendido como o quanto o


sistema pode ser eficiente. O COP seria a quantidade de calor que é possível retirar
do sistema e quantidade de trabalho que se precisaria para retirar todo esse calor.
Logo, ele pode ser expresso por:

̇ ̇ ∙( ) ( )
𝐶𝑂𝑃 = ̇
= ̇ ∙( )
=( )
(9)

4 - MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Refrigeração, localizado no


Laboratório de Engenharia Mecânica – LABEM, campus profissional da Universidade
Federal do Pará – UFPA. Para os experimentos foram utilizados dois aparelhos
condicionadores de ar do mesmo modelo, expostos nas figuras 3 e 4.

Figura 3 - Ar condicionado usado para o R-22.

Fonte: Autoria própria.

Figura 4 - Ar condicionado usado para os hidrocarbonetos.

Fonte: Autoria própria.

As informações acerca de suas principais características estão listadas na Tabela


1.
Tabela 1 - Características Split MIDEA.
Capacidade Corrente Fluido
Fabricante Modelo
Nominal Nominal Refrigerante
MIDEA 42MTCA-18M5 18000 btu/h 8,5 A R-22

Fonte: Autoria própria.

Para realizar a análise de desempenho do ar condicionado no laboratório de


refrigeração, foram utilizados os gases refrigerantes HCFC R-22 e os hidrocarbonetos R-
290 e R-600a no experimento, mostrados na figura 5.
Figura 5 - Garrafas de R-600a, R-22 e R-290.

Fonte: Autoria própria.

Para a realização dos procedimentos experimentais foram utilizados: um


termômetro cinco pontos, conjuntos mainfold (R-22 e hidrocarbonetos), balança digital,
bomba de vácuo e um alicate amperímetro, como mostrados na figura 6. As etapas
seguidas para a execução dos experimentos serão descritas a seguir:

 Alocação dos sensores do termômetro cinco pontos nos locais escolhidos para a
análise no sistema;
 Produção de vácuo no sistema, utilizando a bomba (evacuação e retirada de
umidade);
 Adição do fluido refrigerante, através da conexão da garrafa no conjunto
mainfold, e posicionando-a na balança digital até atingir a quantidade requerida
de gás no sistema;
 Acionamento do compressor;
 Verificação e monitoramento das temperaturas, pressões e corrente elétrica.

Os pontos fixados para a coleta das temperaturas pelo termômetro de cinco pontos
no sistema, conforme a figura 7 demonstra, foram os seguintes: S1 - Na sucção do
compressor; S2 - Na descarga do compressor; S3 - Entre saída do condensador e a entrada
do tubo capilar; e S4 - Entrada da evaporadora.
Figura 6 - Instrumentos usados para medição.

Fonte: Autoria própria.

Figura 7 - Representação do ciclo e os pontos de coletas de temperaturas.

Fonte: Autoria própria.

O procedimento para cada gás refrigerante durou 6 horas seguidas e ininterruptas,


sendo coletados os dados referentes as pressões, temperaturas e corrente elétrica a cada
20 minutos.

5 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a coleta de informações de desempenho dos diferentes gases refrigerantes,


foi feita uma comparação entre os mesmos de como se comportaram as medidas ao longo
do tempo. As grandezas que variaram ao longo do tempo foram as temperaturas nos
pontos coletados e a corrente consumida pelo compressor para injetar trabalho no ciclo.
As massas utilizadas de cada fluido foram: mR-22= 1,2kg; mR-290= 600g e mR-600a= 150g.
As médias aritméticas para cada variável em estudo foram calculadas e demonstradas na
tabela 2 a seguir.

Tabela 2 – Média aritmética das variáveis coletadas.


Fluido Psucção
T1 (°C) T2 (°C) T3 (°C) T4 (°C) I (A)
Refrigerante (psi)
R-22 64,5 7,6611 56,85 34,4333 10,3056 6,7111
R-290 68,2222 26,9778 66,6444 39,8833 11,1556 6,3394
R-600a 20,7368 24,1632 52,1684 32,3895 18,2684 3,1053
Fonte: Autoria própria.

Para o cálculo dos coeficientes de performance (COP), as entalpias para cada


ponto foram calculadas através do programa computacional EES (Engineering Equation
Solver), e os resultados mostrados na tabela 3 abaixo. Lembrando que h3=h4 (processo 3-
4, isentálpico).
Tabela 3 – Entalpias e COP.
Fluido h1 h2 h3
COP
Refrigerante (kJ/kg) (kJ/kg) (kJ/kg)
R-22 403,7 433,3 242,5 5,4
R-290 574,4 644,9 306,3 3,78
R-600a 671,8 734,9 408 4,18
Fonte: Autoria própria.

Vale ressaltar que para a análise algumas hipóteses simplificadoras foram


assumidas, como: o sistema opera em regime permanente, obedecendo ao princípio da
conservação da massa. As perdas de carga nas tubulações são desprezíveis. E por fim, as
energias cinética e potencial foram desprezadas.
Após analisar o coeficiente de performance, foi observado como as temperaturas
se comportaram ao longo do tempo para os diferentes gases conforme as figuras. Feito
isso, seria possível fazer uma comparação entre consumo e custo de cada refrigerante,
analisando a corrente consumida.
A figura 8 mostra os resultados encontrados paras as temperaturas na sucção do
compressor para os gases refrigerantes utilizados no experimento. Pode-se notar que as
maiores temperaturas foram atingidas pelo gás R-290, e em contrapartida, as menores
pelo gás R-22.
Figura 8 - Gráfico Temperatura na sucção do compressor (T1) x tempo.

Fonte: Autoria própria.

A figura 9 demonstra o comportamento das temperaturas na descarga do


compressor, onde constatou-se que as maiores temperaturas foram obtidas pelo gás R-
290, e as menores pelo R-600a. Para este ponto de análise as temperaturas do isobutano
são mais próximas do R-22. Já a figura 10 mostra os resultados encontrados para a
temperatura na saída do condensador (t3), a qual corresponde a temperatura de
condensação do fluido refrigerante. De acordo com os dados coletados, a maior média
das temperaturas foram para o R-290.

Figura 9 - Gráfico Temperatura na descarga do compressor (T2) x tempo.

Fonte: Autoria própria.


Figura 10 - Gráfico temperatura saída do condensador (T3) x tempo.

Fonte: Autoria própria

A corrente de trabalho é proporcional ao trabalho exercido pelo compressor ao


reduzir o volume do fluido e também pela pressão de saturação para determinada
temperatura, onde os valores das correntes do R-22 e R-290 são bastante próximos, que
é o reflexo dos valores próximos de pressão de saturação no lado de sucção. Para o R-
600a, como a pressão de sucção foi mais baixa, a corrente também foi reduzida. A figura
11 mostra os resultados encontrados.

Figura 11 – Gráfico corrente elétrica (I) x tempo.

Fonte: Autoria própria.


A pressão de trabalho de um fluido depende totalmente da composição química
do mesmo, o que se pode observar é que para o R22 e o R290, a faixa de pressão relativa
a temperatura de saturação tem uma diferença menor que 5%, mostrando que os
parâmetros termodinâmicos em relação ao sistema de compressão de vapor viabilizam o
uso do fluido hidrocarboneto em sistemas projetados para o uso do fluido sintético.
Entretanto, o R600a demonstrou uma pressão de trabalho abaixo do esperado, visto que
a baixa pressão no lado de sucção reflete na deficiência de retorno de óleo ao compressor,
e no funcionamento pode haver a falta de lubrificação e a consequente quebra do
compressor, como demonstrado na figura 12.

Figura 13 – Gráfico pressão de sucção (Psuc) x tempo.

Fonte: Autoria própria.

De acordo com os resultados encontrados e da análise das variáveis apresentadas


acima, foi possível determinar as condições e o desempenho para cada gás refrigerante,
comparando-os para uma possível substituição, sem grandes perdas na eficiência dos
equipamentos.

6 – CONCLUSÕES

O experimento conseguiu alcançar os objetivos propostos no trabalho e fazer a


análise comparativa entre o desempenho dos gases, verificando a possibilidade de
substituição por hidrocarbonetos. Vale ressaltar que resultados obtidos mediante as
informações coletadas nos equipamentos podem não ter sido tão precisos devido a uma
série de fatores: a imprecisão dos termômetros nos pontos de temperatura, que podem ter
sofrido influência de temperaturas do ambiente interno e externo; Belém é uma cidade de
ambiente tropical e seu clima e temperatura são muito variados. Tais circunstâncias
podem ter influenciado no coeficiente de performance, especialmente no gás R-22 que
teve dados coletados em um dia com clima ruim e carga térmica baixa. Vale ressaltar
também que os dados foram coletados por dois equipamentos e há possibilidade de
máquinas com desempenho diferentes, contribuindo para uma maior imprecisão.
As massas de gases variaram devido a questão de segurança em testes de pressão.
Além disso, somente o gás R-290 apresentou maior desempenho com o aumento de
massa. O R-600a não se mostrou mais eficiente com o aumento da carga de gás,
possivelmente precisa de um compressor com maior deslocamento volumétrico que o de
18000 BTU/h a 60hz. Embora ele também não seja indicado para condicionadores Split
Hi Wall, seu uso é majoritariamente em refrigeradores domésticos.
O gás R-290 se mostrou o melhor substituto para equipamentos que operam com
o gás R-22, sendo uma alternativa viável, com boa capacidade de refrigeração, baixo
consumo de energia, com as adaptações necessárias para equiparar a quantidade de fluido
deslocado e melhorando o seu aproveitamento, e não impacta o meio ambiente nas
emissões de gases poluentes na atmosfera.
O gás R-600a apesar de um consumo baixo, não foi capaz de suportar cargas
térmicas maiores para esse equipamento. Além da troca do compressor, outra alternativa
para melhorar os resultados seria testar misturas com percentuais diferentes entre os gases
para tentar melhorar suas propriedades e consequentemente o desempenho.

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, A. Performance comparativa entre R-290 e R-600A (50:50) e R-134-A


para drop-in em refrigerador doméstico. Dissertação (dissertação em engenharia
mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. p 54 e 55.

CAREL. Componentes do circuito de refrigeração. Disponível em:


<https://www.carel.com.br/refrigerant-circuit-components>. Acesso em 02/02/2020.

ÇENGEL, Y., BOLES, M. Thermodynamics: An engineering approach. McGraw-Hill


Series. 2005. Third edition.
FOX, R.W., MCDONALD, A.T. Introdução à mecânica dos fluidos. Editora Guanabara
Dois. 1988. São Paulo. 3ª Edição.

MARTINELLI, L.C. Apostilas de Refrigeração e Ar-Condicionado. Departamento de


Engenharia Mecânica. UNIJUÍ. 2008. Rio Grande do Sul.

MATOS, R. S. Manual Didático de Refrigeração. DEMEC-UFPR, Curitiba, 2004.


Disponível em: ftp://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM182/REFRIGERACAO/apostila/
>. Acesso em 05/01/2020.

PEIXOTO, R.A. Uso de fluidos refrigerantes hidrocarbonetos – estado atual e


tendências. Seminário Uso de Refrigerantes Naturais em Sistemas de Refrigeração e
Ar-condicionado. Ministério do Meio Ambiente. São Paulo. 2007. pp.63-78

STOECKER, Wilbert; JONES, Jerold. Refrigeração e ar condicionado.


Editora McGraw-Hill do Brasil, 1985.

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