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Relatório - Ciclos de Refrigeração

Termodinâmica Química Aplicada I

Luiggi Bonaldo
11802203
Introdução

A refrigeração é um processo crucial em diversas indústrias e aplicações,


desempenhando um papel fundamental na conservação de alimentos, no
funcionamento de equipamentos eletrônicos e na manutenção de condições ideais
em processos químicos. Para alcançar temperaturas mais baixas, é necessário
utilizar ciclos de refrigeração termodinâmica, que envolvem a transferência de calor
de regiões de menor temperatura para regiões de temperatura mais elevada. Esses
ciclos são baseados em princípios termodinâmicos que regem as transformações de
fluidos refrigerantes, permitindo a criação de sistemas de refrigeração eficientes.
Neste relatório, iremos explorar os fundamentos dos ciclos de refrigeração
termodinâmica e sua aplicação na química aplicada. Analisaremos os diferentes
tipos de ciclos, com foco no ciclo de compressão de vapor e no ciclo de absorção,
destacando suas características e vantagens. Também abordaremos a importância
dos ciclos de refrigeração na indústria química, onde desempenham um papel
crucial no resfriamento de reatores, na condensação de vapores e no controle de
temperatura em processos químicos.
Além disso, discutiremos a eficiência energética e a sustentabilidade dos
ciclos de refrigeração termodinâmica, que se tornaram preocupações crescentes
nos últimos anos. Buscaremos compreender os avanços na utilização de
refrigerantes mais ecológicos e o impacto dessas escolhas na redução do potencial
de aquecimento global (GWP). A pesquisa e desenvolvimento contínuos nessa área
têm como objetivo aprimorar a eficiência dos ciclos de refrigeração, minimizando o
consumo de energia e reduzindo o impacto ambiental.
Ao compreender os princípios termodinâmicos por trás dos ciclos de
refrigeração, sua aplicação na indústria química e os desafios relacionados à
eficiência e sustentabilidade, poderemos explorar o potencial de inovação e
melhorias nessa área. Os ciclos de refrigeração termodinâmica desempenham um
papel essencial na garantia de processos químicos eficientes e na preservação de
produtos sensíveis à temperatura, impulsionando avanços na indústria química
aplicada.
Ciclo de refrigeração por compressão

O ciclo de refrigeração por compressão de vapor é um dos tipos mais


comuns de ciclos termodinâmicos utilizados em sistemas de refrigeração. Esse ciclo
envolve a compressão de um fluido refrigerante pelo compressor, seguida pela
condensação, expansão e evaporação do refrigerante.
No ciclo ideal de refrigeração por compressão de vapor, considera-se que o
processo ocorra de forma reversível, ou seja, sem perdas de energia ou
irreversibilidades. Esse modelo idealizado é útil para estabelecer uma base de
comparação e análise teórica dos ciclos de refrigeração. O ciclo ideal consiste em
quatro etapas: compressão adiabática, rejeição de calor a pressão constante,
expansão adiabática e absorção de calor a pressão constante. Essas etapas são
representadas em um diagrama de pressão-entalpia, conhecido como diagrama de
Mollier.
No entanto, no mundo real, existem diversas perdas e irreversibilidades que
afetam o desempenho do ciclo de refrigeração. Isso inclui perdas devido a atritos,
ineficiências nos componentes, diferenças de temperatura entre o fluido refrigerante
e os ambientes de troca de calor, entre outros fatores. Essas perdas e
irreversibilidades são consideradas no chamado ciclo real de refrigeração por
compressão de vapor.
No ciclo real, a eficiência do compressor é menor do que no ciclo ideal,
devido às perdas de energia causadas por atritos internos e externos. Além disso, o
condensador e o evaporador não são perfeitamente eficientes na transferência de
calor, resultando em diferenças entre as temperaturas de saída e entrada dos
fluidos nos componentes.
Essas diferenças entre o ciclo ideal e o ciclo real resultam em uma menor
eficiência geral do sistema de refrigeração.
Afastamento do ciclo real em relação ao ciclo ideal

O afastamento do ciclo real em relação ao ciclo ideal em sistemas de


refrigeração por compressão de vapor ocorre devido a uma série de fatores e
irreversibilidades presentes no sistema. Essas diferenças afetam a eficiência e o
desempenho do ciclo, resultando em uma menor capacidade de refrigeração e um
consumo de energia maior do que o esperado.
Uma das principais causas desse afastamento é a ineficiência do compressor
real em comparação com o compressor ideal. O compressor real apresenta perdas
de energia devido a atrito interno, vazamentos e ineficiências no processo de
compressão. Isso resulta em um consumo de energia maior do que o previsto no
ciclo ideal.
Além disso, as trocas de calor nos componentes do sistema, como o
condensador e o evaporador, não são perfeitamente eficientes. Existem perdas de
calor indesejáveis devido a diferenças de temperatura entre os fluidos, incrustações
nas superfícies de troca de calor e outros fatores. Essas perdas de calor reduzem a
capacidade de refrigeração do sistema e aumentam o consumo de energia
necessário para atingir as condições de resfriamento desejadas.
Outro fator que contribui para o afastamento é a presença de
irreversibilidades nos processos de expansão e compressão do fluido refrigerante.
Esses processos não são adiabáticos e irreversíveis no ciclo real, resultando em
perdas de energia e eficiências menores em comparação com o ciclo ideal.
Além disso, imperfeições nos componentes e sistemas auxiliares, como
válvulas de expansão, trocadores de calor e tubulações, também podem introduzir
perdas e ineficiências adicionais. Essas imperfeições incluem vazamentos, quedas
de pressão indesejáveis, resistências térmicas adicionais e outras perdas de energia
que contribuem para o afastamento do ciclo real em relação ao ciclo ideal.A
configuração de um sistema de refrigeração por compressão de vapor em dois
estágios é uma variação do ciclo de compressão de vapor convencional, projetada
para alcançar temperaturas de resfriamento ainda mais baixas. Nesse sistema, dois
compressores são utilizados em série para comprimir o refrigerante em dois
estágios, proporcionando uma maior diferença de temperatura entre os estágios de
alta e baixa pressão.
A configuração do sistema de refrigeração por compressão de
vapor em dois estágios

1. Compressor de baixo estágio: O compressor de baixo estágio é


responsável por comprimir o refrigerante da pressão de evaporação para uma
pressão intermediária. O vapor refrigerante é admitido no compressor de baixo
estágio, onde é comprimido e, consequentemente, sua temperatura e pressão
aumentam.

2. Trocador de calor intermediário: Após a compressão no compressor de


baixo estágio, o vapor refrigerante de alta pressão e alta temperatura passa por um
trocador de calor intermediário. Nesse trocador de calor, o vapor troca calor com o
vapor refrigerante em expansão proveniente do estágio de alta pressão, ocorrendo a
transferência de calor e redução da temperatura.

3. Compressor de alto estágio: O vapor refrigerante resfriado pelo trocador de


calor intermediário é admitido no compressor de alto estágio. O compressor de alto
estágio é responsável por comprimir o vapor refrigerante do estágio intermediário
para uma pressão ainda mais alta, aumentando sua temperatura e pressão.

4. Condensador: Após a compressão no compressor de alto estágio, o vapor


refrigerante de alta pressão e alta temperatura é direcionado para o condensador.
No condensador, o vapor cede calor ao ambiente externo e se condensa em líquido
de alta pressão.

5. Válvula de expansão: O líquido refrigerante de alta pressão proveniente do


condensador passa pela válvula de expansão, que reduz sua pressão, permitindo
que o refrigerante entre no próximo estágio de baixa pressão.

6. Evaporador: O refrigerante de baixa pressão entra no evaporador, onde


ocorre a absorção de calor do ambiente a ser resfriado. O refrigerante evapora e
retorna ao compressor de baixo estágio para reiniciar o ciclo.

A utilização de dois estágios de compressão nessa configuração permite


alcançar temperaturas de resfriamento mais baixas e melhor eficiência energética
em comparação com o ciclo de compressão de vapor convencional.
A configuração do sistema de refrigeração por compressão de
vapor em cascata

A configuração do sistema de refrigeração por compressão de vapor em


cascata é projetada para atingir temperaturas de resfriamento extremamente baixas.
Nesse sistema, dois ou mais circuitos de refrigeração independentes, cada um com
seu próprio compressor e refrigerante, são conectados em série, permitindo a
transferência de calor de um circuito para o outro.

A configuração típica do sistema de refrigeração por compressão de vapor


em cascata envolve os seguintes componentes e etapas:

1. Circuito de alta temperatura: Um circuito de alta temperatura é projetado


para resfriar a região de temperatura mais alta do sistema. Ele consiste em um
compressor, um condensador e um evaporador. O refrigerante usado nesse circuito
é selecionado para ser adequado para temperaturas de resfriamento moderadas.

2. Circuito de baixa temperatura: Um segundo circuito de baixa temperatura é


projetado para resfriar a região de temperatura mais baixa do sistema. Ele também
consiste em um compressor, um condensador e um evaporador. O refrigerante
usado nesse circuito é selecionado para operar em temperaturas de resfriamento
extremamente baixas.

3. Trocador de calor: Entre os dois circuitos, há um trocador de calor, também


conhecido como condensador de cascata. Esse trocador de calor permite a
transferência de calor do circuito de alta temperatura para o circuito de baixa
temperatura, sem que os refrigerantes dos dois circuitos se misturem. A
transferência de calor ocorre por meio de um processo de troca de calor indireta.

4. Válvulas de expansão: Cada circuito possui sua própria válvula de


expansão, que controla a entrada de refrigerante líquido para o evaporador.

5. Ciclo de refrigeração: Cada circuito opera independentemente, realizando


o ciclo de refrigeração por compressão de vapor convencional. O compressor
comprime o refrigerante gasoso, aumentando sua temperatura e pressão. O vapor
refrigerante então passa pelo condensador, onde libera calor para o ambiente
externo e se condensa em líquido. Em seguida, o refrigerante líquido passa pela
válvula de expansão, que reduz a pressão, e entra no evaporador, onde absorve
calor do ambiente a ser resfriado. O vapor refrigerante é então aspirado de volta
para o compressor, reiniciando o ciclo.

A configuração em cascata permite que o sistema alcance temperaturas de


resfriamento extremamente baixas, pois o refrigerante de baixa temperatura no
circuito de baixa temperatura é resfriado ainda mais pelo condensador de cascata,
que recebe calor do circuito de alta temperatura. Isso torna o sistema adequado
para aplicações que exigem temperaturas muito baixas, como em processos
industriais criogênicos, armazenamento de gases liquefeitos ou em laboratórios de
pesquisa avançada.

Fluidos utilizados

Os sistemas de refrigeração dependem de fluidos de trabalho para realizar a


transferência de calor e fornecer refrigeração eficiente. Existem diversos tipos de
fluidos de trabalho utilizados nesses sistemas, cada um com suas características
específicas e impacto ambiental.
No passado, os clorofluorocarbonetos (CFCs) eram amplamente
empregados, como o R-12 e o R-22. Esses compostos apresentavam propriedades
de refrigeração eficientes, porém, foram identificados como responsáveis pelo
esgotamento da camada de ozônio e, por isso, foram progressivamente eliminados
devido a regulamentações ambientais.
Como alternativa, surgiram os hidroclorofluorocarbonetos (HCFCs), como o
R-134a. Esses compostos eram menos prejudiciais à camada de ozônio, mas ainda
possuíam um alto potencial de aquecimento global (GWP). Atualmente, os
hidrofluorocarbonetos (HFCs) são amplamente utilizados, como o R-410A e o
R-404A. Esses fluidos de trabalho não contêm cloro, o que os torna menos
prejudiciais à camada de ozônio. No entanto, eles possuem um alto GWP, o que
levou ao desenvolvimento de alternativas mais sustentáveis.
Uma nova geração de fluidos de trabalho é composta pelas hidrofluorolefinas
(HFOs), como o R-1234yf e o R-1234ze. Esses compostos possuem um GWP
significativamente reduzido em comparação aos HFCs, sendo considerados opções
mais sustentáveis.
Além disso, a amônia (NH3) é amplamente utilizada em sistemas de
refrigeração industrial de grande escala, devido às suas propriedades de
refrigeração eficientes. No entanto, é necessário tomar precauções adicionais
devido à sua toxicidade.
Outra alternativa é o dióxido de carbono (CO2), conhecido como R-744. O
CO2 é não inflamável, não tóxico e possui um baixo GWP. É frequentemente
utilizado em sistemas de refrigeração em supermercados e outras aplicações
comerciais, sendo considerado uma opção sustentável.
A escolha do fluido de trabalho adequado para um sistema de refrigeração
depende de diversos fatores, incluindo as características específicas do sistema, as
temperaturas de operação, a eficiência energética desejada e as regulamentações
aplicáveis. Aspectos de segurança, desempenho ambiental e eficiência devem ser
considerados na seleção do fluido de trabalho mais adequado para cada aplicação.
Aplicações na Engenharia

As indústrias de processamento de alimentos e bebidas dependem


fortemente de sistemas de refrigeração para o armazenamento, processamento e
transporte de produtos. Os ciclos de refrigeração são amplamente utilizados em
câmaras frigoríficas, túneis de resfriamento e sistemas de resfriamento de líquidos.
Esses sistemas garantem a manutenção da qualidade, segurança e vida útil dos
alimentos e bebidas durante todas as etapas da produção. Desde o armazenamento
de matérias-primas até o resfriamento rápido de produtos acabados, os ciclos de
refrigeração desempenham um papel fundamental na indústria de alimentos e
bebidas.
A indústria farmacêutica também é uma área onde o ciclos de refrigeração
têm um papel crucial. Nesse setor, há requisitos rigorosos de refrigeração para o
armazenamento e transporte de medicamentos e produtos sensíveis à temperatura.
Os sistemas de refrigeração são utilizados em unidades de armazenamento de
medicamentos, transporte refrigerado de vacinas e produtos biológicos, bem como
em laboratórios de pesquisa farmacêutica que requerem temperaturas controladas
para estudos e testes. A refrigeração adequada é essencial para garantir a eficácia,
estabilidade e segurança dos medicamentos, protegendo-os contra deterioração e
garantindo sua qualidade até o momento do uso.
Essas aplicações na indústria de alimentos e bebidas e na indústria
farmacêutica evidenciam a importância dos ciclos de refrigeração como uma parte
vital dos processos industriais. A engenharia desempenha um papel fundamental no
projeto, implementação e otimização desses sistemas de refrigeração, garantindo
eficiência energética, confiabilidade operacional e conformidade com as
regulamentações específicas de cada setor.

Gráficos Termodinâmicos
Referências Bibliográficas

1. Oliveira, Márcio Silva de, & Oliveira,Refrigeração Industrial. São Paulo: Editora
Érica.

2. Vergnano, Luiz Eduardo P. (Ano). Refrigeração e Climatização. São Paulo:


Editora Érica.

4. Veiga, Eli da. Sistemas de Refrigeração. Rio de Janeiro: Editora LTC.

5. Ferreira, Claudio Melo, & Garcia, Amauri. Refrigeração Industrial. São Paulo:
Editora Novatec.

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