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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – ESCOLA DE ENGENHARIA

TEQ - OPERAÇÕES UNITÁRIAS III

TROCADORES DE CALOR BITUBULARES

ALUNA: NATALI BENVENUTI DE ABREU

DEZEMBO DE 2021
1) DEFINIÇÃO

Trocadores de calor são definidos como equipamentos que efetuam a transferência de


energia térmica na forma de calor de um fluido para outro, uma vez que os fluidos estão
a temperaturas diferentes. O calor é transferido do fluido quente para o fluido frio. Assim,
um trocador de calor desempenha uma função dupla de aquecer um fluido frio e resfriar
um fluido quente, de forma que pouco ou nenhum calor seja normalmente perdido. No
caso de mudanças de fase troca-se calor sensível ou latente.

Existem diferentes tipos de trocadores de calor, como trocador de calor de superfície


raspada, trocador de calor de casco e tubos, tocador de calor de placas. Contudo, o foco
do presente estudo são os trocadores bitubulares, também chamados de trocadores de
duplo tubo ou trocadores de tubos concêntricos.

Nos trocadores bitubulares assim como na maioria dos trocadores, não há contato
direto entre as correntes dos fluídos, ou seja, a troca térmica acontece de maneira indireta.
Os fluidos fluem através do interior do tubo interno ou através do anular, de modo que
duas configurações distintas possam ser assumidas: paralela, quando os fluidos frio e
quente entram pelo mesmo lado e escoam no mesmo sentido; e contracorrente, quando os
fluidos entram e escoam em sentidos opostos, como representado na Figura 1.

Figura 1: Arranjo de escoamento em paralelo (figura de cima) e em contracorrente (figura de


baixo). (Fonte: INCROPERA et al., 6ª edição).
Como pode ser observado pela comparação entre as Figuras 2A e 2B, o escoamento
paralelo tem uma limitação termodinâmica, a temperatura de saída do fluido frio não pode
ser maior a de saída do fluido quente. Para um trocador bitubular hipotético com
comprimento infinito, os fluidos sairiam do equipamento em equilíbrio térmico, na
mesma temperatura. Porém, o arranjo em contracorrente não tem essa limitação, pois
existe uma força motriz favorável e ao longo de todo trocador, o que permite o fluido
frio sair mais quente do que a saída do fluido quente

A) B)

Figura 2: Perfil de temperatura em um trocador bitubular no estado estacionário. A) Arranjo


contracorrente. B) Arranjo em paralelo. (FONTE: PAIVA, 2019)

2) ESTRUTURAS E COMPONENTES

O trocador de calor de duplo tubo é um dos tipos mais simples. Ele consiste em dois
tubos concêntricos, dois tês de conexão (T's), uma cabeça de retorno, uma alimentação
de retorno, e válvulas de vedação que suportam o tubo interno dentro do tubo externo.
Quando dois tubos são conectados em uma configuração "U" por uma curva de retorno,
a curva é conhecida como grampo. O uso de tubos em ‘U’ (grampos) torna possível o
arranjo do trocador em um espaço mais reduzido. Além disso, também existem os bocais,
flanges e roscas que auxiliam nas conexões.
Figura 3: Estrtura e componentes do trocador bitubular. (Adaptado: KERN, 2ª edição)

Nos T’s acontece a entrada e saída dos fluídos quentes. Geralmente, é mais
econômico (eficiente) para o fluido quente fluir através do tubo interno e o fluido frio
através do anular, reduzindo assim as perdas de calor para os arredores.

A Figura 4 ilustra o processo de transferência de calor num trocador bitubular, À


medida que o fluído vermelho (quente) perde calor, sua tonalidade torna-se mais clara,
assim como o fluído (azul) torna-se “menos azul” quando recebe calor.

Figura 4: Esquemático trocador de calor bitubular. (Fonte: KERN, 2ª edição)


Cabe destacar ainda que outros tipos de tubos podem ser utilizados nos trocadores
de duplo tubo:

• Tubos Simples: são usados quando o potencial de corrosão em qualquer


um dos tubos é aproximadamente igual;

• Tubos Duplex: Têm paredes de dois metais distintos e são empregados


quando é impossível encontrar um único metal que possa lidar
adequadamente com a corrosão em ambos os lados do trocador;

• Tubos com aletas: São geralmente utilizados para transferência de calor


para gases, na qual os coeficientes de convecção do filme são muito
baixos.

Os tubos podem ser feitos de diversos materiais, sendo os mais comuns: aço
carbono, aços de liga de carbono, aços inoxidáveis, latão e ligas, cupro-níquel, níquel,
monel, vidro, plástico de fibra de vidro reforçado (RFP), entre outros.

Um dado importante a ser discutido sobre trocadores bitubulares é seu


comprimento efetivo. O comprimento efetivo é a distância em cada ramo sobre o qual
ocorre transferência de calor, excluído a saída do tubo além da seção trocada.
Normalmente, os comprimentos efetivos empregados são 12, 15 ou 20 pés. Quando é
utilizado grampos de 40 pés lineares efetivos do tubo duplo ou mais, o tubo interno tende
a se encurvar e tocar o tubo externo, ocasionando uma má distribuição de fluxo na parte
anular. Ademais, comprimentos efetivos superiores a 20 pés demandaria um maior espaço
físico para alocação do equipamento o que resultaria num aumento considerável do custo
do projeto.

As dimensões nominais usuais para trocadores bitubulares estão disponíveis na


Tabela 1.
3) VANTAGENS E DESVANTAGENS

A principal desvantagem dos trocadores de duplo tubo é a pequena área de troca


térmica que pode ser obtida com um único grampo. Assim, alguns processos industrias,
demandam um número elevado de trocadores de calor bitubulares, o que
consequentemente exige um espaço físico grande. Portanto, esse tipo de trocador torna-
se inviável em processos que requerem grande superfície de transferência térmica, sendo
preferível, nesses casos, trocadores mais compactos. Além disso, o tempo e o gasto para
desmontagem e limpeza também são proibitivos em comparação com outros
equipamentos. Todavia os trocadores de calor são largamente empregados quando a
superfície para transferência de calor é pequena, entre 100 pés² e 200 pés². Outras
desvantagens dos trocadores bitubulares são: probabilidade elevada de vazamentos, já
que possui muitas conexões, e dificuldade de suportar vazões baixas.

Quanto as vantagens, destacam-se: facilidade de operação por não exigir reparos


constantes, operação a altas pressões, troca térmica eficaz devido a proximidade dos
fluidos, baixo custo e construção simples o que permite um ajuste da área de troca térmica
através de associações em série ou paralelo.

4) APLICAÇÃO DE REATORES BITUBULARES

Os trocadores bitubulares são aplicados em diversos processos industrias nas etapas


de refrigeração ou aquecimento de fluidos, podendo apresentar escoamento separado
líquido-líquido, gás-líquido e gás- gás, sendo o escoamento líquido-líquido o mais usual
na indústria química. Alguns exemplos de sua utilização em processos industriais são
listados abaixo.

• Resfriamento de óleo lubrificante em motores de turbinas;


• Resfriamento de óleo e determinados reagentes utilizando a água como fluído
frio;
• Aquecimento de oleodutos, evitando formação de parafinas (causa interrupção
na produção de petróleo);
• Lavagem e higienização de embalagens, tanques de armazenamento e
equipamentos, através do aquecimento da água por um fluido quente;
• Aquecimento ou resfriamento do ar, como alternativa aos equipamentos de ar
condicionado e aquecedores elétricos;
• Pasteurização de fluidos com média ou alta viscosidade, na indústria
alimentícia;
• Tratamento térmico de alimentos;
• Refrigeração de fluidos na indústria de alimentos e bebidas.

No presente estudo, será detalhado a aplicabilidade do reator de duplo tubo no


processo de tratamentos térmicos na indústria alimentícia.

Na indústria de alimentos, o tratamento térmico tem por objetivo a eliminação de


micro-organismos e enzimas, de forma que possa tornar o produto mais seguro para o
consumo com um maior tempo de prateleira. O tratamento térmico é dividido em três
etapas: um estágio de aquecimento, onde o alimento é aquecido até a temperatura de
interesse (temperatura do processo), um estágio de retenção à temperatura de processo
por tempo suficiente para que o nível de esterilização requirido tenha sido obtido, e um
estágio de resfriamento. Os trocadores de calor bitubulares participam justamente das
etapas de aquecimento e resfriamento do processo. A troca de calor é obtida de maneira
rápida e o esquema pode ser observado na Figura 5

Figura 5: Esquema de tratamento térmico contínuo. (FONTE: FERRÃO, 2012)


Referências Bibliográficas

FERRÃO, Ewerton Shimara Pires. Modelagem e validação da transferência de calor e da


distribuição de temperatura no processo térmico contínuo de alimentos líquidos em
trocadores bitubulares. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

INCROPERA, Frank P. et al. Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. 6. ed.


Rio de Janeiro: Ltc, 2008.

KERN, Donald Q. Processos de Transmissão de Calor, 2. ed., 2019

PAIVA, José Luís, Fenômenos de transporte II, Apostila 3: Introdução aos trocadores
de calor. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5039243/mod_resource/content/1/PQI3301%2
0FT2%20Apostila%203%20Trocadores.pdf. Acesso em: 04 dez 2021

Projeto térmico de trocadores de calor tipo duplo tubo. Disponível em:


https://essel.com.br/cursos/material/03/CAP4.pdf. Acesso em: 04 dez 2021.

SANTIM, Christiano, Operações unitárias II. Disponível em: http://cm-kls-


content.s3.amazonaws.com/201801/INTERATIVAS_2_0/OPERACOES_UNITARIAS
_II/U1/LIVRO_UNICO.pdf. Acesso em: 04 dez 2021

TOSSI, Milena M., Operações Unitárias II, AULA 3: trocadores de calor.


Dimensionamento de trocador bitubular e tubo e carcaça. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3078270/mod_resource/content/0/Aula03.Tro
cadores_Calor_tubular.pdf>. Acesso em: 06 out 2020. Acesso em: 04 dez 2021.

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