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DEFEITOS CRISTALINOS

DEFEITO CRISTALINO
- é uma irregularidade na rede cristalina
- é qualquer característica que rompe com a simetria (translacional/rotacional) do cristal
- é uma imperfeição estrutural que representa uma perda da perfeição cristalina

- esses defeitos cristalinos causam impactos/efeitos diretos em algumas propriedades dos materiais

DEFEITOS PONTUAIS (dimensão 0)


- defeitos associados a uma ou duas posições atômicas
- imperfeições estruturais resultantes da agitação térmica

1) Vacância / Vazio / Lacuna


- “ausência de um átomo da matriz”
- ausência de um átomo em uma posição da rede cristalina que deveria estar ocupado
- sítio atômico não ocupado na estrutura do cristal

- pode ser formada:


- por um empacotamento imperfeito durante a solidificação do
cristal
- durante a deformação plástica
- como resultado das vibrações térmicas dos átomos em
temperatura elevada

- a presença de lacunas é explicada considerando os princípios da


termodinâmica; essencialmente, a presença das lacunas aumenta a
entropia (isto é, a aleatoriedade) do cristal

- o número de lacunas em equilíbrio Nl para uma dada quantidade de


material depende da temperatura e aumenta exponencialmente em
função desse parâmetro de acordo com:

 Nl: nº de lacunas
 N: nº total de sítios/posições atômicas
 Ql: energia de ativação necessária para a formação de uma lacuna
 k: cte de Boltzmann (cte dos gases)
 T: temperatura absoluta (em Kelvin)

2) Autointersticial / Interstício / Intersticialidade


- “presença de um átomo da matriz localizado em uma posição incorreta”
- é quando um átomo ocupa um sítio intersticial (pequeno espaço vazio que normalmente não é ocupado) da rede
cristalina

- causa distorções relativamente grandes em sua vizinhança na


rede cristalina, já que o átomo geralmente é maior que a posição
intersticial onde ele está localizado

3) Impurezas (átomos diferentes) nos sólidos


- “presença de um átomo de impureza (substitucional ou
intersticial)
- é impossível existir um metal puro, constituído apenas por um
só tipo de átomo
- impurezas estarão sempre presentes e alguns são definidos
como defeitos pontuais
- os metais mais conhecidos são ligas (substância metálica composta por 2 ou mais elementos) aonde átomos de
impurezas foram adicionados intencionalmente para conferir características específicas ao material, como por
exemplo:
- aumentar a resistência mecânica
- aumentar a resistência à corrosão
- aumentar a condutividade elétrica

SOLUÇÃO SÓLIDA
- material sólido formado quando a adição de átomos do SOLUTO (elemento ou composto que está em menor
concentração) não modifica a estrutura cristalina do material e nenhuma nova estrutura é formada
- consiste em uma fase cristalina homogênea (os átomos estão distribuídos aleatoriamente e uniformemente) que
contém 2 ou mais componentes/átomos diferentes

- os defeitos pontuais devido à presença de impurezas nas soluções sólidas podem ser de 2 tipos:
A) defeito (impureza) substitucional
- os átomos de impureza (de soluto) substituem os átomos hospedeiros (de SOLVENTE/originais)

B) defeito (impureza) intersticial


- os átomos de impureza (de soluto) ocupam os interstícios existentes entre os átomos hospedeiros

REGRAS DE HUME-ROTHERY (para soluções sólidas)


- características dos átomos de soluto e solvente que determinam o quanto o primeiro se dissolve no segundo (grau de
solubilidade)
A) fator do tamanho atômico
- a diferença dos raios atômicos entre os dois tipos de átomos deve ser menor do que 15%

B) estrutura cristalina (iguais)


- devem ter a mesma estrutura cristalina

C) eletronegatividade
- devem ter eletronegatividades semelhantes

D) valências
- devem ter a mesma valência

4) Defeito de Frenkel
- combinação de vacância – interstício

5) Defeito de Schottky
- par vacância catiônica – vacância aniônica

6) Di, tri – vacâncias


- grupo de vacâncias condensadas

ESPECIFICAÇÃO DA COMPOSIÇÃO
- com frequência é necessário expressar a composição (ou concentração) de uma liga em termos dos seus elementos
constituintes. As duas maneiras para especificar a composição são:

1) PORCENTAGEM EM PESO/MASSA (%p)


- é o peso de um elemento específico em relação ao peso total da liga
- a concentração do átomo 1 em %p é:

2) PORCENTAGEM ATÔMICA (%a)


- é o número de mols de um elemento em relação ao número total de mols de todos os elementos na liga
- a concentração do átomo 1 em %a é:

- nm1: nº de mols em uma dada massa de um elemento hipotético 1


- m1’: massa do elemento 1
- A1: peso atômico do elemento 1

 Conversões entre composições


- conversão de porcentagem em peso para porcentagem atômica (para uma liga com 2 elementos)

- conversão de porcentagem atômica para porcentagem em peso (para uma liga com 2 elementos)

OBS:

- conversão de porcentagem em peso para massa por unidade de volume [kg/m3] (para uma liga com 2 elementos)

- cálculo da massa específica (para uma liga metálica com 2 elementos)

- cálculo do peso atômico (para uma liga metálica com 2 elementos)


DEFEITOS DE LINHA/LINEARES - DISCORDÂNCIAS (dimensão 1)
- defeito no qual alguns átomos estão desalinhados
- imperfeições unidimensionais associados à deformação mecânica
- a presença desse defeito é a responsável pela deformação, falha e ruptura dos materiais
- possui impacto grande nas propriedades de deformação plástica

- linha de discordância: fronteira entre a parte do cristal que deslizou e a parte que não deslizou. Delimita as regiões
cisalhada e não-cisalhada

1) Em cunha / Aresta
- defeito provocado pela adição de um semiplano extra de átomos,
cuja aresta termina no interior do cristal
- a linha de discordância corre ao longo da aresta do plano extra de
átomos
- a região ao redor da linha de discordância fica com distorções
locais
- nos átomos acima da linha de discordância, ocorre compressão
entre os átomos
- nos átomos abaixo da linha de discordância, ocorre tração entre
os átomos

2) Em hélice / Espiral
- decorrente de tensões de cisalhamento
- ocorre quando uma região do cristal é deslocada de uma posição
atômica
- a região superior do cristal é deslocada uma distância atômica para a
direita em relação à região inferior

3) Mista
- mistura de discordâncias aresta e espiral

DEFEITOS INTERFACIAIS/PLANARES/DE SUPERFÍCIE (dimensão 2)


- defeitos bidimensionais (contornos) que separam regiões dos materiais que possuem diferentes estruturas cristalinas
e/ou diferentes direções cristalográficas
- alteração na orientação ou sequência de empilhamento dos planos atômicos

1) Superfícies externas
- superfície entre o cristal e o meio que o circunda
- na superfície, os átomos não estão completamente ligados ao nº máximo de vizinhos mais próximos e ficam,
portanto, com estado energético maior que os átomos nas posições interiores
- as ligações desses átomos na superfície que não estão completas originam uma energia de superfície
- para reduzir essa energia superficial, os materiais tendem a minimizar a área total de sua superfície

2) Contornos (limites) de grão


- contornos que separam grãos (cristais) com diferentes direções cristalográficas em materiais policristalinos
- no interior de cada grão, todos os átomos estão arranjados segundo um único modelo e uma única orientação,
caracterizada pela célula unitária
- contorno de alto ângulo: desalinhamento entre os grãos
adjacentes é grande (maior que 15º)
- contorno de pequeno ângulo: desalinhamento entre os grãos
adjacentes é pequeno (menor que 5º)
- ao longo de um contorno de grão, os átomos estão ligados
de maneira menos regular
- isso resulta em uma energia de contorno de grão (interfacial)
maior que no interior do grão
- sendo assim, os contornos de grão são quimicamente mais
reativos do que os grãos (logo, as impurezas se localizam
preferencialmente ao longo desses contornos)

3) Contornos (limites) de macla


- tipo especial de contorno de grão que separa dois grãos
com uma simetria tipo espelho

4) Falha de empilhamento

DEFEITOS DE VOLUME (dimensão 3)


- esses defeitos são normalmente introduzidos nos processos de fabricação e podem afetar fortemente as propriedades
dos materiais

1) Poros
- origina-se devido a presença ou formação de gases

2) Inclusões exógenas
- impurezas estranhas

3) Precipitados
- aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz

4) Fases
- forma-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando o limite de solubilidade é
ultrapassado)

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