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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
Departamento de Engenharia Mecânica

SISTEMAS TÉRMICOS

MÓDULO 1 - TROCADORES DE CALOR


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 1

1.1. INTRODUÇÃO

A aplicação dos princípios de transferência de calor no projeto de equipamentos para


desempenhar uma determinada função no campo da engenharia é de extrema importância
principalmente quando estamos interessados em um produto econômico. O projeto de trocadores
de calor não envolve somente a determinação da taxa de transferência de calor nas superfícies de
transferência, mas também o cálculo da potência necessária para promover os dois escoamentos,
a escolha do arranjo geométrico dos escoamentos, a maneira de construção do equipamento de
modo a permitir sua desmontagem (para realização de limpezas periódicas), entre outros.

1.2. DEFINIÇÃO

Trocador de calor é o dispositivo usado para promover a transferência de calor entre duas ou
mais substâncias que apresentam temperaturas diferentes (na maioria dos casos a transferência de
calor ocorre entre dois fluidos). Este processo é comum em muitas aplicações da Engenharia.
Podemos utilizá-lo no aquecimento e resfriamento de ambientes, no condicionamento de ar, na
produção de energia, na recuperação de calor e no processo químico. Em virtude das muitas
aplicações importantes, a pesquisa e o desenvolvimento dos trocadores de calor têm uma longa
história, mas ainda hoje se busca aperfeiçoar o projeto e o desempenho de trocadores, baseada na
crescente preocupação pela conservação de energia. A Figura 1.1 mostra fotos de trocadores de
calor casco tubo.

FIGURA 1.1 – Trocadores de calor casco tubo

Profa. Elisângela Martins Leal


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1.3. CLASSIFICAÇÃO DOS TROCADORES DE CALOR

Existem muitos tipos de trocadores de calor e por consequência existe mais de um modo de
classificá-los. Podemos considerar a classificação de acordo com: (1) o processo de transferência, (2)
o fator de compactação, (3) o tipo de construção, (4) as disposições das correntes e (5) o mecanismo
da transferência de calor.
Na disciplina são abordadas duas classificações: aquela que divide os trocadores entre aqueles
que utilizam o contato direto e os de contato indireto e outra que os classifica em função das suas
características de construção.

1.3.1. Classificação pelo processo de transferência

Na classificação pelo processo de transferência têm-se os trocadores de calor de contato


direto e de contato indireto.

TROCADORES DE CALOR

CONTATO DIRETO CONTATO INDIRETO

Fluidos Líquido/ Líquido/ Transferência Transferência Leito


Imiscíveis Gás Vapor Direta Indireta Fluidizado

Maior parte das Monofásico


aplicações de
T.C. Multifásico

No trocador de calor de contato direto, a transferência de calor ocorre entre dois fluidos
imiscíveis, como um gás e um líquido, que entram em contato direto. Aplicações comuns de um
trocador de contato direto envolvem transferência de massa além de transferência de calor;
aplicações que envolvem só transferência de calor são raras. Comparado a recuperadores de
contato indireto e regeneradores, são alcançadas taxas de transferência de calor muito altas. Sua

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construção é relativamente barata. As aplicações são limitadas aos casos onde um contato direto
de dois fluxos fluidos é permissível. As torres de resfriamento, condensadores com nebulização
para vapor de água e outros vapores utilizando pulverizadores de água são exemplos típicos de
trocadores de calor por contato direto. A Figura 1.2 mostra um esquema de um trocador de calor
de contato direto.
No trocador de calor de contato indireto, como os radiadores de automóveis, os fluidos
quente e frio são separados por uma superfície impermeável e recebem o nome de trocadores de
superfície. Não há mistura dos dois fluidos. Os trocadores de contato indireto classificam-se em:
trocadores de transferência direta e de armazenamento.

FIGURA 1.2 – Diagrama esquemático de um trocador de calor de contato direto

No trocador de calor de contato indireto de transferência direta há um fluxo contínuo de


calor do fluido quente ao frio através de uma parede que os separa. Não há mistura entre eles, pois
cada corrente permanece em passagens separadas. Este trocador é designado como um trocador de
calor de recuperação, ou simplesmente como um recuperador. Alguns exemplos de trocadores de
transferência direta são trocadores de placa, tubulares e de superfície estendida. Recuperadores
constituem a vasta maioria de todos os trocadores de calor. A Figura 1.3a mostra uma foto de um
trocador de calor de transferência direta.
Já o trocador de armazenamento, ambos os fluidos percorrem alternativamente as mesmas
passagens de troca de calor. A superfície de transferência de calor geralmente é de uma estrutura
chamada matriz. Em caso de aquecimento, o fluido quente atravessa a superfície de transferência
de calor e a energia térmica é armazenada na matriz. Posteriormente, quando o fluido frio passa
pelas mesmas passagens, a matriz “libera” a energia térmica. Este trocador também é chamado
regenerador. A Figura 1.3b mostra um diagrama de um trocador de calor de armazenamento.

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(a) contato indireto de transferência direta (trocador de calor casco tubo)

(b) contato indireto de armazenamento


FIGURA 1.3 – Foto de trocadores de calor de contato indireto (a)

1.3.2. Classificação pelo tipo de construção


Os trocadores de calor também podem ser classificados de acordo com as características
construtivas. Neste caso, existe o trocador tubular, de placas, aletados e regenerativos.

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TROCADORES DE CALOR

TUBULAR PLACAS ALETADOS REGENERATIVOS

Duplo Tubo Placa-armação Tubo aleta Matriz Rotativa


Casco Tubo Soldado Placa aleta Matriz Fixa

Espiral Espiral

Casco Espiral “Platecoil”

1.3.2.1. Trocador de calor tubular


O trocador de calor tubular é geralmente construído com tubos circulares, existindo uma
variação de acordo com o fabricante. São usados para aplicações de transferência de calor
líquido/líquido (uma ou duas fases). Eles trabalham de maneira adequada em aplicações de
transferência de calor gás/gás, principalmente quando as pressões e/ou temperaturas operacionais
são muito altas, a ponto de nenhum outro tipo de trocador poder operar. A facilidade de fabricação
e o custo relativamente baixo constituem a principal razão para seu emprego disseminado nas
aplicações de engenharia. Estes trocadores podem ser classificados como casco e tubo, tubo duplo
e serpentina.

A. Trocadores de casco e tubo: Este trocador é construído com tubos e um casco. Um dos fluidos
passa por dentro dos tubos, e o outro pelo espaço entre o casco e os tubos. Os principais
componentes deste tipo de trocador de calor são o feixe de tubos, o casco, os cabeçotes e as
chicanas. As chicanas sustentam os tubos, dirigem a corrente do fluido na direção normal aos tubos
e aumentam a turbulência do fluido no casco. Há vários tipos de chicanas e a escolha do tipo de
chicana, da geometria e do espaçamento depende da vazão, da perda de carga permitida no lado
do casco, das exigências da sustentação dos tubos e das vibrações induzidas pelo escoamento. A
Figura 1.4 ilustra as principais partes de um trocador de calor tipo casco e tubo.

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Saída do lado
do tubo Saída do lado
do casco Cabeçote
Chicana

Tubos Carcaça (casco)


Entrada do lado
Cabeçote
do casco Entrada do lado
do tubo

FIGURA 1.4 – Trocador de calor casco e tubo; um passe no casco e um passe no tubo.

Existe uma variedade de construções diferentes desses trocadores dependendo da


transferência de calor desejada, do desempenho, da queda de pressão e dos métodos usados para
reduzir tensões térmicas, prevenir vazamentos, facilidade de limpeza, para conter pressões
operacionais e temperaturas altas, controlar corrosão, entre outros.
Trocadores de casco e tubo são os mais usados para quaisquer capacidades e condições
operacionais, tais como pressões e temperaturas altas, atmosferas altamente corrosivas, fluidos
muito viscosos, misturas de multicomponentes, etc. Estes trocadores são muito versáteis, feitos de
uma variedade de materiais e tamanhos e são extensivamente usados em processos industriais.

B. Trocador tubo duplo: O trocador de tubo duplo consiste de dois tubos concêntricos. Um dos
fluidos escoa pelo tubo interno e o outro pela parte anular entre tubos, em uma direção de
contracorrente (Figura 1.5a) ou em direção paralela (Figura 1.5b). Este é talvez o mais simples de
todos os tipos de trocador de calor pela fácil manutenção envolvida. É geralmente usado em
aplicações de pequenas capacidades.

Tf.e
Tf.s

Tq.e Tq.s Tq.e Tq.s

Tf.s Tf.e
(a) Contracorrente (b) Correntes paralelas
FIGURA 1.5 – Trocador de calor tubo duplo.

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C. Trocador de calor em serpentina: Este tipo de trocador consiste em uma ou mais serpentinas
(de tubos circulares) ordenadas em um casco. A transferência de calor associada a um tubo espiral
é mais alta que para um tubo duplo. Além disto, uma grande superfície pode ser acomodada em
um determinado espaço utilizando as serpentinas. As expansões térmicas não são problema, mas
a limpeza é muito problemática. A Figura 1.6 mostra um trocador de calor de serpentina.

FIGURA 1.6 – Trocador de calor de serpentina.

1.3.2.2. Trocadores de calor tipo placa


Este tipo de trocador é construído com placas planas lisas ou com alguma forma de
ondulações. Geralmente, este trocador não suporta pressões muito altas, se comparado ao trocador
tubular equivalente. O fator de compactação nos trocadores de placas se situa entre 120 e 230
m2/m3. A Figura 1.7 mostra um trocador de calor de placas.

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FIGURA 1.7 – Trocador de calor de placas.

1.3.2.3. Trocadores de calor aletados

A. Placa aleta
O fator de compactação deste tipo de trocador de calor pode ser aumentado
significativamente (até cerca de 6.000 m2/m3). As aletas planas ou onduladas são separadas por
chapas planas. A Figura 1.8 mostra este tipo de trocador de calor. Correntes cruzadas,
contracorrente ou correntes paralelas são arranjos que podem ser obtidos com facilidade mediante
orientação conveniente das aletas em cada lado da placa. Os trocadores tipo placa aleta são
geralmente empregados nas trocas de gás para gás, porém em aplicações de baixa pressão (que
não ultrapassem cerca de 10 atm). As temperaturas máximas de operação estão limitadas a cerca
de 800ºC.

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FIGURA 1.8 – Trocador de calor tipo placa aleta.

B. Tubo aleta
Os trocadores de calor tipo tubo aleta podem ser utilizados em um largo domínio de pressão
do fluido nos tubos (não ultrapassando cerca de 30 atm) e operam em temperaturas que vão desde
as baixas (nas aplicações criogênicas) até cerca de 870ºC. A densidade máxima de compactação é
cerca de 330 m2/m3, menor que a dos trocadores de calor tipo placa aleta. Os trocadores de calor
tipo tubo aleta são empregados em turbinas a gás, em reatores nucleares, em automóveis e
aeroplanos, em bombas de calor, em refrigeração, em eletrônica, criogenia, em condicionadores
de ar e muitas outras aplicações. A Figura 1.9 mostra este tipo de trocador.

FIGURA 1.9 – Trocador de calor tipo tubo aleta.

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1.3.2.5. Trocadores de calor regenerativo


Os trocadores de calor regenerativos podem ser estáticos ou dinâmicos. O tipo estático não
tem partes móveis e consiste em uma massa porosa (por exemplo, bolas, seixos, pós) através da
qual passam alternadamente fluidos quentes e frios. Uma válvula alternadora regula o escoamento
periódico dos dois fluidos. Durante o escoamento do fluido quente, o calor é transferido do fluido
quente para o miolo do trocador regenerativo. Depois, o escoamento do fluido quente é
interrompido e principia o escoamento do fluido frio. Durante a passagem do fluido frio, transfere-
se calor do miolo para o fluido frio. Os regeneradores do tipo estático podem ser pouco compactos,
para o uso em alta temperatura (900 a 1.500°C), como nos pré-aquecedores de ar, na fabricação
de coque e nos tanques de fusão de vidro. Podem, porém, ser regeneradores compactos para uso
em refrigeração, no motor Stirling, por exemplo.

Nos regeneradores do tipo dinâmico, o miolo tem a forma de um tambor que gira em torno de
um eixo de modo que uma parte qualquer passa periodicamente através da corrente quente e, em
seguida, através da corrente fria. O calor armazenado no miolo durante o contato com o gás quente é
transferido para o gás frio durante o contato com a corrente fria. Os regeneradores rotativos podem
operar em temperaturas convenientes para troca de calor de gás para gás, pois somente com gases a
capacidade calorífica do miolo que transfere calor é muito maior do que a capacidade calorífica do gás
escoante. Não é conveniente para a transferência de calor líquido-líquido.

1.4. NORMAS TEMA

Os trocadores de calor casco-tubo são os mais comumente utilizados na indústria, contando


com aproximadamente 60% de todos trocadores de calor usados (Hewitt, Shires, Bott, 1994).
Devido a este fato, os tipos e arranjos de trocadores de calor casco-tubo são convencionalmente
classificados de acordo com a nomenclatura da Tubular Exchanger Manufacturer’s Association
(TEMA). A nomenclatura usada pela TEMA estabelece a prática recomendada para designação
dos trocadores de calor casco-tubo mediante números e letras. A designação do tipo deve ser feita
por letras indicando a natureza do cabeçote frontal, do casco e do cabeçote posterior. Na
nomenclatura TEMA a primeira letra descreve os tipos de cabeçotes frontais, a segunda letra trata
do tipo de casco e a terceira letra fala sobre os tipos de cabeçotes posteriores.

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Os diferentes tipos de cascos estão ilustrados na Figura 1.10. O mais simples é o tipo TEMA
E. O tipo TEMA F possui dois passes no casco devido a uma chicana longitudinal existente. O
tipo TEMA G é o chamado tipo fluxo dividido com uma chicana longitudinal. O tipo TEMA J é
o chamado tipo fluxo dividido com uma entrada e duas saídas. Alguns tipos de trocadores de calor
são mostrados na Figura 1.11 para exemplificação do emprego das normas TEMA.
O esquema do feixe de tubos é uma importante característica do projeto térmico e hidráulico
do trocador. O projeto mecânico do feixe de tubos envolve uma cuidadosa consideração da
expansão térmica dos tubos e sua acomodação dentro do casco. Dentre as alternativas destacam-
se: Tipo tubo fixo, tipo tubo em U e tipo cabeçote flutuante.
As considerações térmicas e hidráulicas favorecem a redução de diâmetro dos tubos devido
a maior superfície de transferência de calor com um dado casco. As práticas de limpeza dos tubos
limitam os diâmetros dos tubos a um mínimo de aproximadamente 20 mm (diâmetro externo). Em
geral, quanto maiores os tubos, menor o custo do trocador para uma dada área, entretanto, tubos
muito longos pode aumentar a dificuldade do projeto do casco. Pode-se também tornar difícil
arranjar suficientes chicanas para fornecer adequado suporte aos tubos. A Figura 1.12a ilustra os
principais arranjos de tubos empregados nos trocadores casco-tubo. A Figura 1.12b mostra alguns
diferentes tipos de chicanas.
Emprega-se o layout quadrado quando há a necessidade de uma limpeza mecânica externa
do arranjo de tubos. Neste layout, o espaçamento entre centros de tubos fica em torno de 6,35 mm.
O arranjo triangular permite que mais tubos sejam colocados em um dado espaço. O espaçamento
entre os centros de tubos é o menor no arranjo triangular.

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FIGURA 1.10 – Nomenclatura das configurações dos trocadores de calor casco-tubo,


adaptado das normas da Tubular Exchangers Manufacturers Association.

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FIGURA 1.11 – Tipos de trocadores de calor casco-tubo, segundo normas TEMA.

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Lpp

qtp = 30º
q tp Ltp = 0,5 Ltp Lpp
Ltp Lpp = 0,866 Ltp qtp = 45º
Lpn L pt Ltp = 0,707 Ltp
Lpp = 0,707 Ltp
q tp

q tp Lpn
Ltp qtp = 90º
= Ltp = Ltp
Lpn Lpp = Ltp
1,44 Lpt

Lpp

(a) arranjos de tubos (triangular 30º e 60º, quadrado e quadrado rotacionado).

Casco

perfuração

Casco
Casco

Disco
perfuração
Arruela

Casco

Disco
Arruela

(b) diferentes tipos de chicanas.

FIGURA 1.12. Alguns exemplos de arranjos de tubos e diferentes tipos de chicanas,


segundo normas TEMA.

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1.5. DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NOS TROCADORES DE CALOR

Nos trocadores de calor estacionários, a transferência de calor do fluido quente para o fluido
frio provoca variação da temperatura de um ou de ambos os fluidos que passam através do
trocador. A Figura 1.13 ilustra como a temperatura do fluido varia ao longo do percurso no
trocador de calor, para trocadores de calor com um passe. Em cada instante, a distribuição de
temperatura é plotada em função da área ou em função da distância de entrada do fluido frio no
trocador de calor. Nas configurações de escoamento multipasse e cruzado, a distribuição de
temperatura, no trocador de calor, exibe padrão mais complicado.

DT2
Escoamento contracorrente DT1
Temperatura

DT1 DT2
O fluido frio evapora

O fluido quente condensa


DT2
Temperatura

DT1 Escoamento paralelo DT2 DT1

Área (ou comprimento) Área (ou comprimento)

FIGURA 1.13 – Perfis de temperatura para trocadores de calor de passe único.

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1.6. O COEFICIENTE GLOBAL DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Em transferência de calor é apresentado o conceito do Coeficiente Global de Transferência


de Calor (U) como uma maneira de sistematizar as diferentes resistências térmicas equivalentes
existentes num processo de troca de calor entre duas correntes de fluido, por exemplo. Com as
hipóteses de regime permanente e ausência de fontes geradoras de calor, utiliza-se o conceito das
resistências térmicas equivalentes para o cálculo do coeficiente global de transferência de calor.
Desta forma, considere a parede plana mostrada na Figura 1.14a e seu circuito equivalente
mostrado na Figura 1.14b.

TA
Fluido A (quente)

Fluido B (frio)

q
T1 TA T1 T2 TB
h1
T2 1 Dx 1
q h2
h1A kA h 2A

TB

(a) (b) Circuito equivalente


FIGURA 1.14 – Transferência de calor através de uma parede plana.

O calor transferido através da parede plana da Figura 1.14a é dado por (Holman, 1983):
𝑇𝐴 − 𝑇𝐵
𝑞̇ =
1 ∆𝑥 1 (1.1)
+ +
ℎ1 𝐴 𝑘𝐴 ℎ2 𝐴

Sendo TA e TB as temperaturas dos fluidos em cada lado da parede. O coeficiente global de


transferência de calor é definido pela relação (Holman, 1983):

Q  U A DTtotal (1.2)

Do ponto de vista do projeto de trocadores de calor, a parede plana não é de utilização muito
freqüente; um caso mais importante a ser considerado é o trocador de calor de tubo duplo, mostrado
na Figura 1.5. Nesta aplicação, um dos fluidos escoa pelo interior do tubo interno enquanto o outro

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fluido escoa pelo espaço anular entre os dois tubos. A relação para o calor transferido neste caso é
dada pela equação (1.3).

𝑇𝐴 − 𝑇𝐵
𝑞̇ =
1 𝑙𝑛(𝑟𝑒 ⁄𝑟𝑖 ) 1 (1.3)
+ +
ℎ𝑖 𝐴𝑖 2𝜋𝑘𝐿 ℎ𝑒 𝐴𝑒

Os índices i e e referem-se às superfícies interna e externa do tubo de menor diâmetro e r é


o raio desse tubo. O coeficiente global de transferência de calor pode ser baseado tanto na área
interna quanto na área externa. Desta forma (Holman, 1983):

1
Ui 
1 A i ln(re /ri ) A i 1 (1.4a)
 
hi 2kL Ae h e
1
Ue 
A e 1 A e ln(re /ri ) 1 (1.4b)
 
Ai h i 2kL he

Embora os projetos finais de trocadores de calor sejam feitos com base em cálculos
cuidadosos de U, é conveniente dispor-se de uma relação de valores do coeficiente global de
transferência de calor para diversas situações que possam ser encontradas na prática. A Tabela 1
apresenta uma relação resumida dos valores de U. Outras tabelas com valores de U podem ser
encontradas em apêndices de livros de transferência de calor. Em muitos casos, o valor de U é
controlado por apenas um dos coeficientes de transferência de calor por convecção. Na maioria
dos problemas práticos a resistência térmica de condução é pequena se comparada com as
resistências de convecção. Desta forma, se um valor de h for significativamente menor que o outro
valor, a tendência é que este valor seja dominante na equação de U.

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TABELA 1 – Valores aproximados dos coeficientes globais de transferência de calor


(Holman, 1983).
Situação física U [W/m2 °C]

Parede com superfície externa de tijolo aparente, revestida


2,55
internamente de gesso e não isolada.
Parede estrutural, revestida internamente de gesso:
Não isolada 1,42
Isolada com lã de rocha 0,4
Janela de vidro simples. 6,2
Janela de vidro duplo. 2,3
Condensador de vapor. 1100-5600
Aquecedor de água de alimentação. 1000-8500
Condensador de Freon-12 resfriado com água. 280-850
Trocador de calor água-água. 850-1700
Trocador de calor tipo tubo aleta, água nos tubos, ar fora dos tubos. 25-55
Trocador de calor água-óleo. 100-350
Vapor - óleo combustível leve. 170-340
Vapor - óleo combustível pesado. 56-170
Vapor - querosene ou gasolina. 280-1140
Trocador de calor tipo tubo aleta, vapor nos tubos, ar fora dos tubos
28-280
(lado ar).
Trocador de calor tipo tubo aleta, vapor nos tubos, ar fora dos tubos
400-4000
(lado vapor).
Condensador de amônia, água nos tubos. 850-1400
Condensador de álcool, água nos tubos. 255-680
Trocador de calor gás-gás. 10-40

Exemplo 1:
Um tubo de 10 cm de diâmetro, contendo vapor de água em seu interior, cuja temperatura
superficial externa é de 110°C, passa por uma zona aberta que não está protegida contra o vento.
Determine a razão de perda de calor do tubo por unidade de comprimento, quando o ar está a 1
atm e a 10°C e o vento sopra através do tubo a uma velocidade de 8 m/s.

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Hipóteses: (1) Existem condições estacionárias de operação; (2) Os efeitos de radiação são
desprezíveis; (3) O ar é um gás ideal.

As propriedades do ar na temperatura de filme Tf [Tf = (110 + 10)/2 = 60] de 60°C e pressão de 1


atm são (Tabela A-15 Çengel): k = 0,02808 [W/m.K]; Pr = 0,7202; = 1,896×105 [m2/s]
𝑣⃗ 𝐷ℎ (8 𝑚/𝑠)(0,10 𝑚)
𝑅𝑒 = = = 42190 (𝑟𝑒𝑔𝑖𝑚𝑒 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜)
𝜈 (1,896.10−5 𝑚2 /𝑠)

O número de Nusselt pode ser determinado a partir da equação de Sieder Tate (considerando a
viscosidade na parede do lado de fora, w, como sendo a viscosidade do ar a 110ºC – Tabela A.15
do Çengel):
1/3 𝜇 0,14
𝑁𝑢 = 0,027𝑅𝑒𝐷0,8 𝑃𝑟 ( )
𝜇𝑤
0,14
2,008.10−5
𝑁𝑢 = 0,027 × (42190)0,8 (0,7202)1/3 ( )
2,2225.10−5
𝑁𝑢 = 119,63
𝑘 0,02808
ℎ = 𝑁𝑢 = 119,63 × ( )
𝐷 0,10
𝑊
ℎ = 33,59
𝑚2 º𝐶

Assim, a razão da transferência de calor por metro de tubo será:


𝐴𝑒 = 𝜋𝐷𝐿 = 𝜋(0,1 𝑚)(1 𝑚) = 0,314 𝑚2
𝑄̇ = ℎ 𝐴 (𝑇𝑤 − 𝑇∞ ) = 33,59 × 0,314 × (110 − 10) = 1055,34 𝑊

Exemplo 2:
Óleo quente deve ser resfriado em um trocador de calor duplo tubo em contracorrente. Os tubos
de cobre internos têm um diâmetro de 2 cm e espessura desprezível. O diâmetro interno do tubo
externo (casco) é de 3 cm. A água escoa através do tubo a uma taxa de 0,5 kg/s e o óleo, através
do casco, a uma taxa de 0,8 kg/s. Considerando as temperaturas médias da água e do óleo 45ºC e
80ºC, respectivamente, determinar o coeficiente global de transferência de calor deste trocador.

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Hipóteses:
• A resistência térmica do tubo interno é desprezível, uma vez que o material do tubo
é altamente condutor e a sua espessura é desprezível.
• Tanto o escoamento do óleo quanto o escoamento da água são completamente
desenvolvidos.
• As propriedades do óleo e da água são constantes.

As propriedades da água a 45ºC são (Tabela A-9 do Çengel):


 = 990,1 kg/m3 Pr = 3,91 k = 0,637 W/m.ºC  = /  = 0,602×10-6 m2/s

As propriedades do óleo a 80ºC são (Tabela A-13 do Çengel):


 = 852 kg/m3 Pr = 499,3 k = 0,138 W/m.ºC  = /  = 3,794×10-5 m2/s

O coeficiente global de transferência de calor (U) pode ser determinado a partir de:
1 1 1
 
U hi ho
Sendo: hi e ho os coeficientes de transferência de calor por convecção dentro e fora do tubo,
respectivamente, que devem ser determinados usando as relações de convecção forçada.
O diâmetro hidráulico para um tubo circular é o próprio diâmetro do tubo (Dh = 0,02 m). A
velocidade média (umed,tubo) da água no tubo e o número de Reynolds são:
𝑚̇ 𝑚̇ 0,5 𝑚
𝑢𝑚𝑒𝑑,𝑡𝑢𝑏𝑜 = = 2
= 2
= 1,61
𝜌 𝐴𝑡 𝜌 0,25 𝜋 𝐷 990,1 × 0,25 × 𝜋 × 0,02 𝑠

𝑢𝑚𝑒𝑑,𝑡𝑢𝑏𝑜 𝐷ℎ 1,61 (𝑚/𝑠) × 0,02(𝑚)


𝑅𝑒 = = = 53490
𝜈 0,602. 10−6 (𝑚2 /𝑠)

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O número de Reynolds é superior a 10000, o que implica que o escoamento da água no


interior do tubo é turbulento. Considerando o escoamento plenamente desenvolvido, o número de
Nusselt pode ser determinado a partir de:
ℎ 𝐷ℎ
𝑁𝑢 = = 0,023 𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟 0,4 = 0,023 × (53490)0,8 × (3,91)0,4 = 240,6
𝑘
𝑘 0,637 (𝑊/𝑚. 𝐾) 𝑊
ℎ𝑖 = 𝑁𝑢 = × 240,6 = 7663 2
𝐷ℎ 0,02 𝑚 𝑚 .𝐾

Agora, repete-se a análise acima para o óleo. As propriedades do óleo a 80ºC são:
 = 852 kg/m3 ; k = 0,138 W/(m.ºC) ;  = / = 3,794 x 10-5 m2/s; Pr = 499,3

O diâmetro hidráulico no espaço anular é: 𝐷ℎ = 𝐷0 − 𝐷𝑖 = 0,03 − 0,02 = 0,01 𝑚

A velocidade média (umed,anel) e o número de Reynolds são:


𝑚̇ 𝑚̇ 0,8 𝑚
𝑢𝑚𝑒𝑑,𝑎𝑛𝑒𝑙 = = = = 2,39
𝜌 𝐴𝑎𝑛𝑒𝑙 𝜌 0,25 𝜋 (𝐷02 − 𝐷𝑖2 ) 852 × 0,25 × 𝜋 × (0,032 − 0,022 ) 𝑠

𝑢𝑚𝑒𝑑,𝑎𝑛𝑒𝑙 𝐷ℎ 2,39 (𝑚/𝑠) × 0,01(𝑚)


𝑅𝑒 = = = 630
𝜈 3,794. 10−5 (𝑚2 /𝑠)

O número de Reynolds para o escoamento do óleo é inferior a 2300, o que implica que o
escoamento é laminar. Considerando o escoamento plenamente desenvolvido, o número de
Nusselt no espaço anular (Nu0), que corresponde a (Di/Do = 0,02/0,03 = 0,667) pode ser
determinado a partir da Tabela a seguir por interpolação como Nu = 4,574.

Tabela: Número de Nusselt para escoamento laminar completamente desenvolvido em anel circular com uma
superfície isolada e outra isotérmica (Kays and Perkins).

Di/Do Nui Nuo


0,00 -- 3,66
0,05 17,46 4,06
0,10 11,56 4,11
0,25 7,37 4,23
0,50 5,74 4,43
1,00 4,86 4,86

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 22

𝑘 0,138 (𝑊/𝑚. 𝐾) 𝑊
ℎ0 = 𝑁𝑢 = × 4,574 = 63,12 2
𝐷ℎ 0,01 𝑚 𝑚 .𝐾

O coeficiente global de transferência de calor para este trocador será:


1 1 𝑊
𝑈= = = 62,60
1 1 1 1 𝑚2 . 𝐾
+
ℎ𝑖 ℎ0 7663 + 63,12

Note que U  ho, uma vez que hi  ho. Quando a diferença de valores entre os coeficientes
de convecção é grande, o valor do coeficiente global de transferência de calor aproxima-se do
menor valor.

1.6.1. Fator de incrustação

Depois de um período de operação, as superfícies de transferência de calor de um trocador


de calor podem ficar cobertas por partículas presentes nos escoamentos ou sofrer um processo de
corrosão resultante das interações entre os fluidos e o material utilizado na construção do trocador
de calor. Neste caso, a resistência térmica aumenta, o que reduz a taxa de transferência de calor.
O dano econômico das incrustações pode ser atribuído: (1) ao maior dispêndio de capital em
virtude de unidades superdimensionadas; (2) às perdas de energia devidas à baixa eficiência
térmica; (3) aos custos associados à limpeza periódica dos trocadores de calor; (4) à perda de
produção durante o desmonte para a limpeza.

Epstein (apud Özisik, 1985) delineou as seis seguintes categorias de incrustação:

1. Incrustação por precipitação: cristalização da substância dissolvida na solução sobre a


superfície de transferência de calor.

2. Incrustação por sedimentação: acúmulo de sólidos finamente divididos, suspensos no fluido do


processo sobre a superfície de transferência de calor.

3. Incrustação por reação química: a formação de depósitos sobre a superfície de transferência de


calor, por reação química.

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 23

4. Incrustação por corrosão: o acúmulo de produtos de corrosão sobre a superfície de transferência


de calor.

5. Incrustação biológica: o depósito de microrganismos na superfície de transferência de calor.

6. Incrustação por solidificação: a cristalização de um líquido puro ou de um componente de fase


líquida sobre a superfície de transferência de calor sub-resfriada.

O mecanismo de incrustação é muito complicado. Baseada na experiência dos fabricantes e


dos usuários, a Tubular Exchangers Manufacturers Association (TEMA) preparou tabelas de
fatores de incrustação como guia nos cálculos da transferência de calor. A Tabela 2 apresenta os
valores recomendados de fatores de incrustação para alguns fluidos. Outros fatores de incrustação
podem ser encontrados nos apêndices de livros, tais como o livro “Processos de Transmissão de
Calor” do autor Kern.

TABELA 2 – Fatores de incrustação (Holman, 1983).


Tipo de fluido Fator de incrustação [m2°C/W]

Água destilada, água do mar, águas fluviais, água de


0,0001
alimentação de caldeiras (abaixo de 50°C)
Água destilada, água do mar, águas fluviais, água de
0,0002
alimentação de caldeiras (acima de 50°C)
Óleo combustível 0,0009
Vapor (livre de óleo) 0,0001
Refrigerantes (líquido) 0,0002
Refrigerantes (vapor) 0,0004
Vapores de álcool 0,0001
Ar industrial 0,0004

Exemplo 3:
Um trocador de calor de tubo duplo é construído com um tubo interno de aço inoxidável (k = 15,1
W/m.K) de diâmetro interno (Di,i) de 15 mm e diâmetro externo (Di,o) de 19 mm e um casco externo
de diâmetro interno (Di,e) de 32 mm. O coeficiente de transferência de calor por convecção (hi) é
800 W/m2.K sobre a superfície interna do tubo e (ho) 1200 W/m2.K sobre a superfície externa do
tubo. Para um fator de incrustação (Rf,i) de 0,0004 m2.K/W no lado do tubo e (Rf,o) 0,0001 m2.K/W

Profa. Elisângela Martins Leal


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no lado do casco, determinar (a) a resistência térmica do trocador de calor por unidade de
comprimento e (b) os coeficientes globais de transferência de calor (Ui e Uo) baseados nas
superfícies interna e externa do tubo, respectivamente.

A resistência térmica de um trocador de calor com incrustação em ambas as superfícies de


transferência de calor pode ser dada por:
1 𝑅𝑓𝑖 𝑙𝑛(𝐷0 ⁄𝐷𝑖 ) 𝑅𝑓0 1
𝑅= + + + +
ℎ𝑖 𝐴𝑖 𝐴𝑖 2𝜋𝑘𝐿 𝐴0 ℎ0 𝐴0
Sendo:
𝐴𝑖 = 𝜋𝐷𝑖 𝐿 = 𝜋(0,015 𝑚)(1 𝑚) = 0,0471 𝑚2
𝐴0 = 𝜋𝐷0 𝐿 = 𝜋(0,019 𝑚)(1 𝑚) = 0,0597 𝑚2
Substituindo na equação de resistência térmica total, tem-se:
1 0,0004 𝑙𝑛(0,019⁄0,015) 0,0001 1
𝑅= + + + +
800 × 0,0471 0,0471 2𝜋 × 15,1 × 1 0,0597 1200 × 0,0597

A resistência térmica total será: R = 0,0532 ºC/W


Note que cerca de 19% da resistência térmica total é devido as incrustações, neste caso, e
cerca de 5% é devido ao tubo de aço que separa os dois fluidos. O restante (76%) é devido às
resistências de convecção.
b) Conhecendo a resistência térmica total e as superfícies de transferência de calor, os
coeficientes globais de transferência baseados nas superfícies interna e externa do tubo são:
1 1 𝑊
𝑈𝑖 = = = 399 2
𝑅 𝐴𝑖 0,0532 × 0,0471 𝑚 º𝐶
1 1 𝑊
𝑈0 = = = 315 2
𝑅 𝐴0 0,0532 × 0,0597 𝑚 º𝐶

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 25

1.7. DIFERENÇA MÉDIA LOGARÍTMICA DE TEMPERATURA (DTLM)

Na análise térmica dos trocadores de calor, a taxa total de transferência de calor (Q) através
do trocador é uma quantidade de interesse primordial. Concentrando a atenção nos trocadores de
calor de passe único, que têm a configuração de escoamento do tipo ilustrado na Figura 1.15
(observar o trocador de correntes paralelas ilustrado na Figura 1.5b). Como hipótese de trabalho,
vamos considerar fluido quente no tubo central e fluido frio no espaço anular entre tubo central e
casco. O fluido quente entra à temperatura Tq,e e sai à temperatura Tq,s. Por outro lado, o fluido frio
entra à temperatura Tf,e e sai à Tf,s. O comprimento do trocador é L e a área de troca é A. Neste
estudo, considera-se uma área elementar (dA) de troca de calor e depois integra-se os elementos
para abranger toda a área.

Temperatura

Tq,e
mq
-dTq
Tq,s
dQ
DT1 DT2

Tf,s
mf +dTf

Tf,e
dA

Área (ou comprimento) do TC


FIGURA 1.15 – Nomenclatura para a dedução da diferença de temperatura média
logarítmica DTLM.

A taxa de transferência de calor (dQ) do fluido quente para o frio, através de uma área
elementar (dA) é dada por:
𝑑𝑄 = 𝑈 𝑑𝐴 (𝑇𝑞 − 𝑇𝑓 ) (1.5)

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Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica para relacionar as quantidades de troca de calor:


Fluido quente: 𝑑𝑄̇ = −𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 𝑑𝑇𝑞 (1.6a)
Fluido frio: 𝑑𝑄̇ = −𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 𝑑𝑇𝑓 (1.6b)
Sendo: Cpq e Cpf os calores específicos a pressão constante do fluido quente e do fluido frio,
respectivamente, e dTq e dTf as variações das temperaturas dos fluidos frio e quente,
respectivamente. O sinal negativo foi utilizado pois sabe-se de antemão que se uma corrente se
esfria, a outra se esquenta. Isto é, necessariamente os sinais de dTq e dTf devem ser opostos.
As equações (1.6a) e (1.6b) podem ser escritas na forma:
Fluido quente: 𝑑𝑄
𝑑𝑇𝑞 = − (1.7a)
𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞
Fluido frio: 𝑑𝑄
𝑑𝑇𝑓 = (1.7b)
𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓
Notando que dQ no fluido quente e dQ no fluido frio são iguais, pode-se escrever que:
1 1
𝑑(𝑇𝑞 − 𝑇𝑓 ) = − ( + ) 𝑑𝑄 (1.8)
𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓
Substituindo a equação (1.5) na equação (1.8), tem-se:
1 1
𝑑(𝑇𝑞 − 𝑇𝑓 ) = − ( + ) 𝑈 𝑑𝐴 (𝑇𝑞 − 𝑇𝑓 ) (1.9)
𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓
Para resolução da equação (1.9), deve-se considerar as seguintes hipóteses: (i) regime
permanente; (ii) calores específicos não são funções da temperatura (se a faixa de variação for
muito grande, valores médios devem ser usados); (iii) escoamento totalmente desenvolvido,
implicando que os coeficientes de troca de calor por convecção, h, e o coeficiente global, U, são
constantes ao longo do trocador.
Percebe-se que a última hipótese (iii) é realmente a mais séria e supõe um trocador muito
longo. Normalmente, os coeficientes de troca de calor por convecção são muito elevados nas
regiões de entrada dos trocadores. Na prática, isto pode dificultar o projeto de um trocador novo
ou mascarar a análise do desempenho do trocador real comparado ao teórico. De toda forma, esta
hipótese é importante para uma análise teórica como a que se pretende realizar aqui.
Separando as variáveis na equação (1.9) e integrando a equação, desde A = 0 até A = A,
obedecendo às condições de contorno:
Área Fluido Quente Fluido Frio Diferença
Entrada: A=0 Tq,e Tf,e Tq,e - Tf,e
Saída: A=A Tq,s Tf,s Tq,s - Tf,s

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 27

Isto resulta em:


𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑠 1 1
𝑙𝑛 ( ) = −( + )𝑈 𝐴 (1.10)
𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓
Lembrando as expressões da 1a Lei da Termodinâmica para cada uma das correntes:
𝑄̇𝑞 = 𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 ) (1.11a)
𝑄̇𝑓 = 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 ) (1.11b)
Entretanto, é claro que 𝑄̇𝑞 = 𝑄̇𝑓 , chamando simplesmente de Q. Assim:
1 1 [(𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 ) + (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 )]𝑈 𝐴
( + )= (1.12)
𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 𝑄̇
Substituindo a equação (1.12) na equação (1.10), que relaciona U, obtém-se:
𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑠 [(𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 ) + (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 )]𝑈 𝐴
𝑙𝑛 ( )=− (1.13)
𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 𝑄̇
Ou seja:

[(𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 ) + (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 )]


𝑄̇ = 𝑈 𝐴 (1.14)
𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑠
−𝑙𝑛 (𝑇 − 𝑇 )
{ 𝑞,𝑒 𝑓,𝑒 }
A relação (1.14) é do tipo Q = U A DT. O termo entre chaves é conhecido como a diferença
média logarítmica de temperaturas (DTLM). Operando neste termo, pode-se escrevê-lo de forma
ligeiramente diferente, mais usual:
∆𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − ∆𝑇𝑠𝑎í𝑑𝑎
∆𝑇𝐿𝑀 = (1.15)
𝑙𝑛(∆𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 ⁄∆𝑇𝑠𝑎í𝑑𝑎 )
Com as seguintes definições: (∆𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 ) e (∆𝑇𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 𝑇𝑞,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑠 ) . Para um
trocador de calor de correntes paralelas, a entrada e a saída são óbvias. Entretanto, para trocadores
de correntes opostas ou cruzadas, a situação é um pouco mais complexa. Por isto, é comum alterar
a definição dada pela equação (1.15) para:
∆𝑇𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 − ∆𝑇𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎
∆𝑇𝐿𝑀 = (1.16)
𝑙𝑛(∆𝑇𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 ⁄∆𝑇𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 )
Naturalmente, há uma diferença entre os dois cálculos, normalmente muito pequena.
Exemplos de como exercitar o conceito de diferença média de temperatura podem ser encontrados
em vários livros textos de transferência de calor.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 28

1.7.1. Diferença média de temperatura corrigida

O conceito da diferença média logarítmica de temperaturas foi desenvolvido para um


trocador de tubo concêntrico, bastante simples. Entretanto, há situações mais sofisticadas como
aquelas envolvendo trocadores de passes múltiplos cujos tratamentos matemáticos são bastante
complexos. Consequentemente é usual utilizar um procedimento corretivo simples para facilitar
os cálculos:
𝑄̇ = 𝑈 𝐴(𝐹 ∆𝑇𝐿𝑀 ) (1.17)
Sendo: F o fator de correção, que é determinado a partir de gráficos como os das Figuras
1.16 a 1.20 para diversas configurações. Nestes gráficos, F é função de dois parâmetros
adimensionais, P e R, que são:

T1  T2  Tq, e  Tq,s 


R 
t1  t 2  Tf , e  Tf , s 
(1.18a)

t 2  t1  Tf , s  Tf , e 
P 
T1  t1  Tq, e  Tf , e  (1.18b)

FIGURA 1.16 – Fator de correção (F) para trocador de calor casco-tubo com um passe no casco e
dois (ou um múltiplo de dois) passes no tubo (Bejan, 1996).

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 29

FIGURA 1.17 – Fator de correção (F) para trocador de calor casco-tubo com dois passes no casco e
quatro (ou múltiplo de quatro) passes no tubo (Bejan, 1996).

FIGURA 1.18 – Fator de correção (F) para trocador de calor com correntes cruzadas, com os dois
escoamentos não misturados e com passes únicos (Bejan, 1996).

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 30

FIGURA 1.19 – Fator de correção (F) para trocador de calor com correntes cruzadas, com um
escoamento não misturado, outro misturado, e com passes únicos (Bejan, 1996).

FIGURA 1.20 – Fator de correção (F) para trocador de calor com correntes cruzadas, com os dois
escoamentos misturados e com passes únicos (Bejan, 1996).

Exemplo 4:
Água entra em um tubo fino de cobre de 2,5 cm de diâmetro interno de um trocador de calor a
15ºC, a uma taxa de 0,3 kg/s e é aquecida pela condensação de vapor a 120ºC do lado de fora. Se
o coeficiente médio de transferência de calor é de 800 W/m2K, determinar o comprimento do tubo
necessário para aquecer a água até 115ºC.

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 31

HIPÓTESES: (i) existem condições operacionais permanentes; (ii) as propriedades do fluido


são constantes; (iii) o coeficiente de transferência de calor por convecção é constante; (iv) a
resistência de condução de calor pelo cobre é desprezível, de forma que a temperatura da superfície
interna do tubo é igual a temperatura de condensação do vapor.
O calor específico da água na temperatura média do fluxo (Tm = (15+115)/2 = 65ºC) é de
4187 J/kg.K. O calor latente de condensação da água a 120ºC é de 2203 kJ/kg. Conhecendo as
temperaturas de entrada e saída da água, a taxa de transferência de calor pode ser determinada por:
𝑄̇ = 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 𝐶𝑝á𝑔𝑢𝑎 (𝑇𝑒 − 𝑇𝑠 ) = 0,3 × 4187 × (115 − 15) = 125610 𝑊
A diferença média logarítmica de temperaturas será:

∆𝑇𝑚á𝑥 − ∆𝑇𝑚í𝑛 105 − 5


∆𝑇𝐿𝑀 = = = 32,85º𝐶
∆𝑇𝑚á𝑥 105
𝑙𝑛 ( ∆𝑇 ) 𝑙𝑛 ( )
𝑚í𝑛 5

A superfície de transferência de calor será:


𝑄̇ 125610
𝐴𝑠𝑢𝑝 = = = 4,78 𝑚2
𝑈 × ∆𝑇𝐿𝑀 800 × 32,85
O comprimento do tubo será:
𝐴𝑠𝑢𝑝 4,78
𝐿= = = 61 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠
𝜋𝐷 𝜋 × 0,025

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 32

A temperatura média da água durante o processo de aquecimento é de 65ºC, e a diferença


média aritmética de temperatura é de 55ºC (DTm = 120 – 65). Usando esse valor ao invés da
diferença média logarítmica de temperaturas, o comprimento do tubo seria de 36 metros. Um erro
de 25 m. Isso nos mostra a importância de usar a diferença média logarítmica de temperaturas.

Exemplo 5:
Um trocador de calor, casco e tubos, deve ser projetado para aquecer 2,5 kg/s de água de 15 a
85ºC. O aquecimento deve ser feito utilizando óleo de motor, que está disponível a 160ºC,
escoando ao longo do casco do trocador. O óleo é capaz de prover um coeficiente médio de troca
de calor por convecção de he = 400 W/m2.K no lado exterior dos tubos. Considera-se que 10 tubos
conduzam a água. Cada tubo, de paredes finas, tem diâmetro igual a 25 mm, e passam 8 vezes
através do casco. Se o óleo deixar o trocador a 100ºC, qual é a sua vazão? Qual deve ser o
comprimento dos tubos para que o aquecimento se verifique? (Considere o Cp do óleo a 130ºC
igual a 2350 J/kg.K)
SOLUÇÃO
O primeiro passo será listar de forma mais organizada as informações passadas pelo enunciado.
Portanto:
Fluido Tentrada Tsaída Vazão Mássica
Quente: óleo 160ºC 100ºC ?
Frio: água 15ºC 85ºC 2,5 kg/s

Outras informações:
• hext: 400 W/m2.K;  Casco e Tubos;
• 10 Tubos, D = 25 mm, 8 passes;  1 passe no casco;
• calor trocado: ?  DTLM: ?
• Área: ?

Propriedades Óleo (Tm = 130ºC) Água (Tm = 50ºC)


Cp [J/kg.K] 2350 4181
 [N.s/m2] 547.10-6
k [W/m.K] 0,643
Pr 3,56

Inicialmente determina-se o calor trocado por aplicação direta do balanço de energia:


Q  m f C f Tf ,e  Tf ,s   2,5  4181 85  15  731675 W

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 33

Por outro lado, o mesmo balanço de energia indica que:


 
Q  m q C q Tq ,e  Tq ,s  m f C f Tf ,e  Tf ,s 

Assim, pode-se determinar a vazão mássica de óleo:


731675 𝑘𝑔
𝑚̇ó𝑙𝑒𝑜 = = 5,19
2350 × (160 − 100) 𝑠
Comprimento necessário: Q = U A (F DTLM). Em primeiro lugar, determina-se U. Conforme
mencionado, os tubos têm paredes finas. Logo, têm-se duas únicas resistências térmicas
equivalentes: uma devida à convecção interna e a outra à convecção externa. Como he é dado do
problema (400 W/m2.K), precisa-se determinar hi. Para isto, há a necessidade de conhecer o
número de Reynolds para o fluido no interior do tubo:
𝜌 𝑢𝑚𝑒𝑑 𝐷ℎ 4 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎
𝑅𝑒 = =
𝜇 𝜋𝐷𝜇
A vazão mássica de água foi dada como sendo 2,5 kg/s. Entretanto, o valor que interessa aqui é a
vazão mássica que passa em um tubo e não em 10 tubos. Assim, considerando uma divisão
uniforme entre os dez tubos, em cada tubo irá passar 0,25 kg/s de água. O número de Reynolds
será:
4 𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 4 × 0,25
𝑅𝑒 = = = 23276,77 (𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜)
𝜋𝐷𝜇 𝜋 × 0,025 × 547. 10−6

O valor indicado pelo número de Reynolds mostra um fluxo turbulento da água no tubo. Assim,
determina-se o número de Nusselt e o coeficiente de troca de calor por convecção a partir da
correlação de Sieder Tate. Para isso, será adotada a temperatura média do outro fluido (130ºC)
como a temperatura na parede, para determinação da viscosidade na parede - w):
1
𝑁𝑢 = 0,027𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟 3 (𝜇 ⁄𝜇𝑤 )0,14

𝑁𝑢 = 0,027 × (23276,77)0,8 × (3,56)1/3 (547. 10−6 ⁄213. 10−6 )0,14 = 146,58

𝑘 0,643 (𝑊/𝑚. 𝐾) 𝑊
ℎ𝑖 = 𝑁𝑢 = × 146,58 = 3769,94 2
𝐷ℎ 0,025 𝑚 𝑚 .𝐾

O coeficiente global de transferência de calor para este trocador será:


1 1 𝑊
𝑈= = = 361,63
1 1 1 1 𝑚2 . 𝐾
+
ℎ𝑖 ℎ0 3769,94 + 400

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 34

A determinação do fator F é feita através da Figura a seguir (um passe na carcaça e 8 nos
tubos). Para isto, determinam-se os valores de R e de P:
• Valor de R = (160 - 100) / (85 - 15) = 0,86
• Valor de P = (85 - 15) / (160 - 15) = 0,48

No gráfico, encontramos o valor de F = 0,87 (aproximadamente). A diferença média


logarítmica de temperaturas é encontrada supondo que o trocador de calor está em fluxo
contracorrente. Logo:
(100 − 15) − (160 − 85)
∆𝑇𝐿𝑀 = = 79,9º𝐶
100 − 15
𝑙𝑛 ( )
160 − 85
Assim, para 10 tubos:
𝑄̇ 731675
𝐿= = = 𝟑𝟕, 𝟎𝟔 𝒎
𝑈 (𝑁𝜋𝐷)𝐹 ∆𝑇𝐿𝑀 361,63 × (10 × 𝜋 × 0,025) × 0,87 × 79,90

Observações finais: (a) A hipótese que U seja constante ao longo do tubo deve ser verificada. (b)
Como há 8 passes nos tubos, o comprimento do casco será 37,06/8 = 4,63 metros. Ou seja, o
comprimento será de 5 metros, considerando o espaço para acomodação dos espelhos e chicanas.

1.8. MÉTODO DE ANÁLISE DA EFETIVIDADE – NUT

Analisar o trocador de calor a partir da diferença média logarítmica (DMLT) é simples


quando as temperaturas de entrada dos fluidos são conhecidas e as temperaturas de saídas são
especificadas ou quando podem ser facilmente determinadas pelo balanço de energia. O valor da
média logarítmica do fluxo de troca de calor e do coeficiente global de troca de calor (U)
possibilitam a determinação da superfície de troca necessária que é, em geral, o objetivo a ser

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 35

alcançado. Entretanto, em inúmeras situações, o uso do método DTLM requer um procedimento


iterativo. Nestas situações, o uso de uma alternativa, chamada de método da efetividade (-NUT),
é desejável.
Para definir a efetividade de um trocador de calor, deve-se primeiro definir a máxima taxa
de troca de calor para o trocador em estudo (Qmax). Considere as distribuições de temperatura em
um trocador de calor com correntes contrárias (mostrado na Figura 1.13, escoamento
contracorrente) A taxa de transferência de calor real (Q) pode ser escrita como Cq(Tq,e – Tq,s) ou
como Cf(Tf,s – Tf,e).
Considere agora um aumento no tamanho trocador de calor, com o objetivo de aumentar Q,
enquanto mantêm-se as duas temperaturas de alimentação fixas (Tq,e e Tf,e). Deste modo, as
diferenças locais de temperatura decrescem ao longo do trocador de calor (as duas curvas se
aproximam). Em outras palavras, Tf,s migra para Tq,e e Tq,s migra para Tf,e. Durante o processo de
“aumento do tamanho do trocador de calor”, a primeira temperatura de descarga a se tornar igual
a outra temperatura de alimentação é da corrente com Cmin, ou seja, Tf,s = Tq,e. A partir deste ponto,
a temperatura de descarga do escoamento frio (Tf,s) permanece igual a Tq,e não importando qual
seja o aumento do trocador de calor (se isto acontecesse, violar-se-ia a Segunda Lei da
Termodinâmica).
Resumindo, como a taxa de transferência de calor é Cmin(Tf,s – Tf,e), Tf,e é fixo e levando em
consideração que Tf,s não pode exceder a Tq,e, o valor máximo de Q é dado por:
𝑄̇𝑚𝑎𝑥 = 𝐶𝑚𝑖𝑛 (𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒 ) (1.19)
Pode-se definir então a efetividade como sendo a razão entre a troca de calor efetivamente
conseguida pela máxima troca de calor possível, em igualdades de condições. Isto é:
𝑄̇𝑒𝑓
𝜀= (1.20)
𝑄̇𝑚𝑎𝑥
Ou seja, o calor efetivamente trocado pode ser expresso como:
𝑄̇𝑒𝑓 = 𝑄̇ = 𝜀 𝐶𝑚𝑖𝑛 (𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒 ) (1.21)
Segue-se que:
𝐶𝑞 (𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑞𝑠 )
𝜀= (1.21a)
𝐶𝑚𝑖𝑛 (𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒 )
𝐶𝑓 (𝑇𝑓𝑠 − 𝑇𝑓𝑒 )
𝜀= (1.21b)
𝐶𝑚𝑖𝑛 (𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒 )
Segue agora dois casos básicos: trocadores de correntes paralelas e de correntes opostas
(conforme visto na Figura 1.5).

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 36

1.8.1. Correntes paralelas

A efetividade de um trocador de correntes paralelas para o caso do fluido quente ter a menor
capacitância é dada pela equação (1.22).
𝑄𝑒𝑓𝑒𝑡 (𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 )(𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 ) (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 )
𝜀= = = (1.22)
𝑄𝑚𝑎𝑥 (𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 )(𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 ) (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 )
Para o trocador de calor de correntes opostas nas mesmas condições, a expressão é a mesma,
como pode ser visto facilmente. Para o caso em que o fluido frio seja o de menor capacitância, a
dedução irá mostrar um resultado análogo, permitindo escrever as relações:
Tf ,s  Tf , e 
 mff 
Tq, e  Tf , e  (1.23a)

 mfq 
Tq, e  Tq,s 
Tq, e  Tf , e  (1.23b)

Sendo que os subscritos mff e mfq indicam “mínimo fluido frio” e “mínimo fluido quente”.
Como visto na dedução da temperatura média logarítmica, a relação (1.24) é verdadeira para
um trocador de correntes paralelas:

 Tq, s  Tf , s
ln 
   1  1 

 Tq, e  Tf , e   Cmin Cmax  (1.24)

Define-se Z como a razão entre a mínima e a máxima capacitância, ou seja:


C min
Z (1.25)
C max
Substituindo a relação (1.25) na equação (1.24) e rearranjando:
 
 Tq, s  Tf , s   1  Z 
ln  
  
 Tq, e  Tf , e   C min 
(1.26)

Substituindo a equação (1.26) na equação (1.10), obtém-se:



ln 
Tq,s  Tf ,s    U. A  . 1  Z 
 Tq, e  Tf , e   Cmin  (1.27)

Com as mesmas hipóteses anteriores (regime permanente, calores específicos independentes


da temperatura e escoamento totalmente desenvolvido para que U, o coeficiente global de troca de
calor não seja função da posição), pode-se considerar o termo [(U.A)/Cmin] como constante.
Definindo NUT como:

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 37

 U. A 
NUT    (1.28)
 C min 
Sendo: NUT o número de unidades de transferências (NTU em inglês). Deve ser observado
que NUT é uma grandeza adimensional. Com isto, a equação (1.26) pode ser escrita como:

 Tq, s  Tf , s  
   exp NUT . 1  Z 
 
 Tq, e  Tf , e 
(1.29)

Um balanço de energia entre as duas correntes de fluido irá indicar que:


 
Cq Tq,e  Tq,s  Cf Tf,s  Tf,e  (1.30)
Se Z for igual a (Cf/Cq), condição em que o fluido frio é o de capacitância mínima, então
tem-se que:
Tq,e  Tq,s   Z Tf,s  Tf,e  (1.31)
Que pode ser escrita (após alguma manipulação algébrica) como:
 Tq,s  Tf ,s   1  1  Z  . Tf , e  Tf ,s 

 Tq, e  Tf , e   
 Tq, e  Tf , e 
(1.32)

Ou:

 Tq, s  Tf , s   1  1  Z  .


 Tq, e  Tf , e  mff (1.33)

Combinando as equações (1.33) e (1.29), chega-se à:


1  exp  NUT . 1  Z 
 mff  (1.34)
1 Z
Embora considera-se que Z = Cf/Cq na presente análise, rigorosamente o mesmo resultado
será encontrado se Z = Cq/Cf. Com isto, pode-se escrever que:
 mff   mfq   CP

Na qual CP indica a efetividade do trocador de correntes paralelas. A Figura 1.21 mostra a
relação da efetividade com NUT graficamente, para valores de Z de 0 a 1.
Rearranjando a equação (1.34) é possível produzir uma equação adequada para calcular o
NUTCP numa aplicação onde a efetividade e Z são conhecidas:
ln1   CP 1  Z 
NUTCP  (1.35)
1 Z
Dois casos limites da relação (1.34) são interessantes. Quando Cmin = Cmax (Z = 1), a equação
reduz-se a:

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 38

 CP 
1
1  exp  2NUT (1.36)
2
O outro caso limite é aquele em que (Cmin/Cmax)  0. Nestes casos uma das correntes que
escoa no trocador apresenta mudança de fase a pressão constante e a efetividade é dada por:
 CP  1  exp  NUT (1.37)
A Figura 1.21 mostra o gráfico da efetividade de um trocador de calor de correntes paralelas
em função do número de unidades de transferência (NUT).

Efetividade (correntes paralelas)


100
90
80
Efetividade [%]

70
60
50
40
30
20
10
0
0,1 1 10
Número de unidades de transferência (NUT)

Z=0 Z = 0,2 Z = 0,4 Z = 0,6 Z = 0,8 Z = 1,0

FIGURA 1.21 – Efetividade para trocador de calor com correntes paralelas

1.8.2. Correntes contrárias ou opostas

Para um trocador de correntes contrárias ou opostas, uma análise pode ser feita, embora de
forma muito mais elaborada. Os resultados podem ser resumidos da forma:
1  exp NUT . 1  Z 
 CO 
Z  exp NUT . 1  Z 
(1.38)

1  Z .  CO 
ln  
 1   CO  (1.39)
NUTCO 
1 Z
Estas relações estão apresentadas graficamente na Figura 1.22. Deve ser observado que a
situação Z = 1 faz com que a efetividade fique indeterminada. Pela aplicação da regra de L'Hopital,
esta indeterminação é levantada e obtém-se:

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 39

NUT
 CO  (1.40)
1  NUT
Já no caso em que Z  0 (mudança de fase a pressão constante), tem-se:
 CO  1  exp  NUT (1.41)
Note que a equação da efetividade para o segundo caso limite (equação 1.41) é exatamente
igual à relativa a trocadores de calor com correntes paralelas (equação 1.37). Isto ocorre porque a
temperatura ao longo da superfície de transferência de calor e os sentidos os escoamentos perdem
totalmente o significado. A Figura 1.22 mostra a efetividade de um trocador de correntes opostas
em função do número de unidades de transferência.

Efetividade (correntes contrárias)


100
90
80
Efetividade [%]

70
60
50
40
30
20
10
0
0,1 1 10
Número de unidades de transferência (NUT)

Z=0 Z = 0,2 Z = 0,4 Z = 0,6 Z = 0,8 Z = 1,0

FIGURA 1.22 – Efetividade para trocador de calor com correntes opostas.

1.8.3. Outros arranjos de escoamentos

As Figuras 1.23 a 1.27 mostram as curvas de efetividade – NUT para cinco arranjos de
escoamentos. Note que estas figuras se aplicam aos mesmos arranjos para os quais as Figuras 1.14
a 1.16 foram construídas. Nas figuras é possível observar que a efetividade é função do número de
unidades de transferência (NUT), da relação entre os produtos (𝑚̇𝐶𝑝) e do arranjo dos
escoamentos.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 40

FIGURA 1.23 – Efetividade para trocador de calor com correntes cruzadas (passe único) e não
misturadas (Bejan, 1996).

FIGURA 1.24 – Efetividade para trocador de calor com correntes cruzadas (passe único) e com um
escoamento misturado (Bejan, 1996).

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 41

FIGURA 1.25 – Efetividade para trocador de calor com correntes cruzadas (passe único) e
misturadas (Bejan, 1996).

FIGURA 1.26 – Efetividade para trocador de calor casco-tubo com um passe no casco e dois (ou
múltiplo de dois) passes nos tubos (Bejan, 1996).

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 42

FIGURA 1.27 – Efetividade para trocador de calor trocador de calor casco-tubo com dois passes no
casco e quatro (ou múltiplo de quatro) passes nos tubos (Bejan, 1996).

1.9. PERDA DE PRESSÃO

1.9.1. Potência utilizada na movimentação do fluido

Um item importante na descrição dos trocadores de calor é a potência mecânica necessária


para promover cada um dos escoamentos nos trocadores de calor. Esta consideração leva ao
cálculo da perda de pressão total (DP) que ocorre em cada escoamento. Por exemplo, a potência
necessária para operar uma bomba adiabática que promove um escoamento de um líquido
modelado como incompressível é:
1 𝑚̇
𝑊̇𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 = ∆𝑃 (1.43)
𝜂𝑏 𝜌
Sendo: DP o aumento da pressão provocado pela bomba,  a massa específica do líquido e
b a eficiência isentrópica da bomba.
Do mesmo modo, quando o fluido que escoa pode ser modelado como um gás perfeito (com
R e Cp constantes), a relação entre a potência necessária para operar o compressor e o aumento de
pressão no escoamento é dada por:

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 43

𝑅
1 𝑃𝑠 𝐶𝑝
𝑊̇𝑐𝑜𝑚𝑝 = 𝑚̇ 𝐶𝑝 𝑇𝑒 [( ) − 1] (1.44)
𝜂𝑐 𝑃𝑒

Os subscritos e e s representam, respectivamente, as condições de entrada e saída e a


temperatura Te deve estar expressa em Kelvin. A equação (1.44) se refere a um compressor de
único estágio e que apresenta uma eficiência isentrópica c.
A perda de pressão nos escoamentos através das passagens (canais) dos trocadores de calor
depende dos parâmetros do escoamento e da geometria das passagens. A perda de pressão em um
trecho reto e suficientemente longo de uma passagem (DPS) pode ser avaliada como (desde que a
pressão não varie muito ao longo do escoamento):
4L 1
DPs  f  um
2
(1.45)
Dh 2
Sendo: L o comprimento da passagem, Dh o diâmetro hidráulico, um a velocidade média do
escoamento e f o fator de atrito. Quando  não é constante, a expressão para DPS inclui uma
correção para a diferença de pressão necessária para acelerar o escoamento dentro do trocador de
calor.
A perda de pressão total no escoamento (DP) consiste na soma de DPS com as perdas de
pressões relativas às singularidades existentes na passagem (contrações e expansões abruptas,
curvas, etc).

1.9.2. Contrações e expansões abruptas

Considere o escoamento na contração mostrada na Figura 1.28a e a expansão mostrada na


Figura 1.28b.
Separação Separação

Aa Ad

ua ub uc ud

b c Ac
Ab

a d

(a) contração (b) expansão


FIGURA 1.28 – Escoamentos bidimensionais numa contração/expansão abrupta (Bejan, 1996).

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 44

No caso de uma contração abrupta, a área da seção transversal de alimentação é Aa e a de


descarga é Ab. Esta mudança brusca de seção transversal pode provocar a separação do escoamento
nas regiões a jusante e a montante da contração. Quando a irreversibilidade não está presente, a
pressão total (P + 0,5u2) é preservada no escoamento de a para b. Entretanto, esta quantidade
decresce no caso mostrado e a relação (1.46) se torna válida:
 1 2  1 2 1 2
 Pa   a u a    Pb  b ub   K c b ub (1.46)
 2   2  2
Sendo Kc o coeficiente de perda de pressão na contração. Se o escoamento é incompressível,
a aplicação da equação de conservação da massa fornece (uaAa = ubAb). Nestas condições, a
equação (1.46) pode ser escrita como:

Pa  Pb  
1   2a - b
 bub2   K bub2  (1.47)
c
2 2
Sendo que a-b representa a razão de contração:
A área da seção de escoamento
a -b  b  (1.48)
Aa área frontal
O coeficiente de perda de pressão para o escoamento que entre num banco de tubos paralelos
ou canais formados por placas estão representados pelas linhas tracejadas da Figura 1.29a e 1.29b.
O parâmetro das abscissas destas figuras é a relação de contração definida pela equação (1.48). O
número de Reynolds é baseado no diâmetro hidráulico de um tubo ou canal e na velocidade média
encontrada na menor seção de escoamento.
Analogamente, o escoamento irreversível numa expansão abrupta é caracterizado pelo
escoamento de perda localizada na expansão, Ke. A razão de expansão c-d é definida por:
Ac
c - d  (1.49)
Ad
As Figuras 1.29 e 1.30 também fornecem os valores de Ke (linhas contínuas) para
escoamento nas expansões abruptas encontradas nos trocadores de calor.
No caso em que a massa específica do fluido é constante e a razão de contração e expansão
é igual a de expansão (a-b = c-d), a perda de pressão total será:

u 2 u 2
DPT  K c  DPs  K e (1.50)
2 2
Os três componentes de DPT representam, respectivamente, a perda na contração, no trecho
reto e na expansão.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 45

FIGURA 1.29 – Coeficientes de perda de pressão para escoamentos em contrações e expansões


encontradas no corpo dos trocadores de calor multitubulares (Bejan, 1996).

FIGURA 1.30 – Coeficientes de perda de pressão para escoamentos em contrações e expansões


encontradas no corpo dos trocadores de calor multitubulares (Bejan, 1996).

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 46

1.9.3. Escoamentos perpendiculares a feixes de tubos

Considere um escoamento cruzado num feixe de cilindros (tubos com escoamentos internos)
que constitui o corpo de um trocador de calor com correntes cruzadas. A perda de pressão
associada ao escoamento cruzado é proporcional ao número de fileiras de tubos contadas na
direção do escoamento (n1):
2
u max (1.51)
DP  n1 f X
2
A Figura 1.31 fornece os valores dos adimensionais f e X para feixes de tubos arranjados em
paralelo. Qualquer feixe deste tipo pode ser descrito pelo passo longitudinal (Xl) e pelo transversal
(Xt), ou pelos seguintes adimensionais:
Xl X
X l*  X t*  t (1.52)
D D
Sendo: D o diâmetro externo dos tubos. As curvas mostradas na Figura 1.28 correspondem
a um arranjo quadrado (Xl = Xt). O fator de correção X deve ser utilizado nos arranjos Xl  Xt). O
número de Reynolds é baseado na velocidade média máxima (que ocorre na seção de escoamento
mínima).
A Figura 1.32 fornece os valores dos adimensionais f e X para feixes de tubos arranjados em
quincôncio. As curvas de f foram construídas para o arranjo de triângulo eqüilátero (Xt = Xd ou Xl
= 0,8660Xt). O fator de correção (X) deve ser utilizado nos casos onde os centros dos tubos não
formam triângulos eqüiláteros. O número de Reynolds também é baseado na velocidade média
máxima.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 47

FIGURA 1.31 – Banco de tubos com arranjo paralelo: coeficientes f e  para o cálculo da perda de
pressão (Bejan, 1996).

FIGURA 1.32 – Banco de tubos com arranjo paralelo: coeficientes f e  para o cálculo da perda de
pressão (Hewitt, Shires, Bott, 1994).

A equação (1.51) e as Figuras 1.31 e 1.32 são válidas quando n1 > 9 e elas foram construídas
a partir de resultados experimentais obtidos com ar, água e vários óleos.

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 48

1.9.4. Superfícies de trocadores de calor compactos

A perda de pressão e a transferência de calor em passagens com geometria mais complexas


tem sido medidas e os resultados experimentais catalogados de forma adimensional. A Figura 1.33
é uma amostra destes resultados e é referente a passagens formadas pelos feixes de tubos com
aletas.

Diâmetro externo dos tubos =


10,7 mm.
343 aletas por metro de tubo.
Diâmetro hidráulico de seção de
escoamento = 4,43 mm.
Espessura da aleta = 0,48 mm,
cobre.
Área de escoamento livre/área
frontal () = 0,494.
Área de transferência de calor /
volume total () = 446 m2/m3.
Área da aleta / área total (Aa/A)
= 0,876.

FIGURA 1.33 – perda de pressão e dados sobre a transferência de calor em feixes de tubos aletados
montados em quincôncio (Bejan, 1996).

1.10. DIMENSIONAMENTO DE TROCADORES DE CALOR

O dimensionamento de trocadores de calor é necessário no momento em que se precisa


determinar as dimensões do trocador de calor, que consiste na seleção do tipo mais apropriado e a
determinação de seu tamanho de modo a atender às temperaturas de entrada e saída do fluido frio
e do fluido quente, fluxos mássicos e quedas de pressão.
Por exemplo, se as temperaturas de entrada e o fluxo mássico são conhecidos e o objetivo
é projetar um trocador de calor que fornecerá um valor desejado de temperatura de saída para um
dos fluidos, o método da diferença média logarítmica de temperaturas pode ser usado para
resolver este problema com os seguintes passos:
1. Calcule Q a partir da Primeira Lei da Termodinâmica aplicada nos dois fluidos e determine a

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 49

temperatura de saída desconhecida.


2. Calcule a DTLM a partir da equação (1.16) e obtenha o fator de correção (F) se necessário.
3. Calcule o coeficiente de transferência de calor global (U).
4. Determine a área (A) do trocador de calor
O método da efetividade (-NUT) pode também ser usado para problemas de
dimensionamento e o procedimento pode ser:
1. Conhecendo as temperaturas de entrada e saída, calcule  a partir da equação:



Cq Tq, e  Tq, s  
Cf Tf , s  Tf , e 

Cmin Tq, e  Tf , e  
Cmin Tq, e  Tf , e  (1.53)

2. Calcule a razão entre as capacitâncias térmicas [𝑍 = (𝐶𝑚𝑖𝑛 ⁄𝐶𝑚𝑎𝑥 )].


3. Calcule o coeficiente global de transferência de calor (U).
4. Conhecendo , Z e o arranjo do fluxo, determine NUT a partir dos gráficos que relacionam a
efetividade e o número de unidades de transferência.
5. Conhecendo NUT, calcule a área superficial de troca de calor (A) a partir da equação (1.28):
𝑈𝐴
𝑁𝑈𝑇 =
𝐶𝑚𝑖𝑛

1.10.1. Trocador de calor duplo tubo

Nesta seção, as relações gerais derivadas nas seções anteriores (principalmente as seções 1.7
e 1.8) serão aplicadas em um trocador de calor de duplo tubo. A expressão geral para a taxa de
calor transferido (Q) de um fluido para o outro é dada pela equação (1.14). Lembrando:
𝑄̇ = 𝑈 𝐴 ∆𝑇𝐿𝑀 (1.14)

[∆𝑇𝑚𝑎𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛 ]
∆𝑇𝐿𝑀 = (1.54)
𝑙𝑛(∆𝑇𝑚𝑎𝑥 ⁄∆𝑇𝑚𝑖𝑛 )
O coeficiente de transferência de calor global (U) é dado pela equação:
1 𝐷𝑒 1 𝐷𝑒 𝑙𝑛(𝐷𝑒 ⁄𝐷𝑖 ) 1
= ( ) ( + 𝑅𝑖 ) + + ( + 𝑅𝑒 ) (1.55)
𝑈𝑒 𝐷𝑖 ℎ𝑖 2𝑘 ℎ𝑒
Sendo: Re a resistência térmica da camada de incrustação no lado externo do tubo e Ri a
resistência térmica da camada de incrustação no lado interno do tubo.
Os valores dos coeficientes de transferência de calor (he e hi) são calculados empregando as
equações apropriadas. Quando o fluxo é turbulento, o diâmetro equivalente (Deq) a ser usado é
quatro vezes a área da seção transversal dividido pelo perímetro molhado, he é baseado no diâmetro

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 50

hidráulico médio do anel (Diâmetro interno do casco – Diâmetro externo do tubo) e hi é baseado
no diâmetro interno do tubo (Di).
Tendo calculado DTLM a partir da equação (1.54) e U a partir da equação (1.55), esses valores
podem ser inseridos na equação (1.14) para fornecer a área superficial requerida. Note que devido
ao cálculo de U ser baseado no diâmetro externo do tubo, a área calculada é a área externa do tubo
interno.

1.10.1.1. Trocador de calor duplo tubo em série/paralelo


Existem outras equações que correlacionam o cálculo da área requerida, comprimento, entre
outros, de mais de um trocador de calor em série/paralelo para trocadores de calor duplo-tubo.
Estas equações podem ser sintetizadas como:

1° Caso: Para n trocadores de calor com o fluido frio em paralelo e o fluido quente em série:
𝑄̇ = 𝑈 𝐴 ∆𝑇𝐿𝑀 𝜃 (1.58)
Sendo:
𝑃(𝑅 ⁄𝑛 − 1)
𝜃= 1
𝑅 ⁄𝑛 − 1 1 𝑛 1 (1.59)
𝑙𝑛 {[ ] [1 − 𝑃𝑅 ] + }
(𝑅 ⁄𝑛) (𝑅 ⁄𝑛)

n
Tq, ent  Tq, sai Tf , sai  Tc, ent i
 Tf , sai
R P
Tf , sai  Tf , ent Tq, ent  Tf , ent Tf , sai  i 1
n

2° Caso: Para n trocadores de calor com o fluido quente em paralelo e o fluido frio em série:
Utiliza-se também a equação (1.58), sendo que:
P1 - nR  / n
q
  1 
1/n 
 
ln 1 - nR 
(1.60)
  nR 

  1 - P  

As equações que definem P e R são as mesmas que no 1° caso.

1.10.2. Trocador de calor casco e tubo

Os cálculos de transferência de calor e perda de pressão nos tubos é relativamente simples e


os métodos de cálculo foram dados nas seções anteriores. Entretanto, devido às condições

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 51

complexas do fluxo, os cálculos de transferência de calor e perda de pressão no casco não é tão
simples. As primeiras tentativas de métodos para este cálculo foram desenvolvidas baseadas em
dados experimentais para um trocador de calor típico. Um exemplo é o método de Kern (1950),
que foi uma tentativa de correlacionar dados para um trocador padrão utilizando as equações
análogas do lado tubo. Porém este método está restrito a chicanas fixas (cortadas de 25%) e não
leva em consideração vazamentos entre casco/chicanas ou tubos/chicanas. O próximo estágio de
desenvolvimento foi comumente descrito como método de Bell-Delaware. Esse método é
largamente usado e é a base da abordagem recomendada, por exemplo, no Heat Exchanger Design
Handbook.

1.10.2.1. Método Kern


Baseado nos dados de operação de trocadores de calor comerciais com uma chicana fixa
cortada de 25%, Kern forneceu a equação (Hewitt, Shires, Bott, 1994):
0,14
ℎ0 𝐷𝑒𝑞 𝐷𝑒 𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 0,55 𝜇 𝐶𝑝 0,33 𝑘
= 0,36 ( ) ( ) ( ) (1.61)
𝑘 𝜇 𝑘 𝑘𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒
Sendo: 𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 a vazão mássica no lado do casco, que é baseada no fluxo mássico total
(𝑚̇𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ) dividido pela área da seção transversal do casco (Acasco). Ou seja:
𝑚̇𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 = (1.62)
𝐴𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜
Seja Dcasco o diâmetro interno do casco (m), C1 o espaço livre entre os tubos (m), Lb o espaço
entre as chicanas adjacentes e PT o afastamento dos tubos (m). Em um determinado diâmetro o
número de tubos (NT), fornecido pela equação (1.63), a área de fluxo associada com cada tubo
entre as chicanas é dada pela equação (1.64).
D 
N T   casco  (1.63)
 PT 

D  1
Afluxo   casco C Lb (1.64)
 PT 
O diâmetro equivalente (Deq) é definido como:
4 . Afluxo
Deq  (1.65)
perímetro molhado
Mas a área de fluxo é definida como mostrado na Figura 1.34. Para o arranjo quadrado e
triangular tem-se, respectivamente:

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 52

 2 D02 
4 .  PT  
 4  (1.66)
Deq   
D0
 D02 
4 .  0,43. PT2 
 8 
Deq  
(1.67)
0,5 . D0

Sendo D0 o diâmetro externo dos tubos. Kern mostrou uma correlação para a queda de
pressão no lado do casco como:
4 𝑓 (𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 )2 𝐷𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 (𝑁 + 1)
∆𝑃𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 = 0,14 (1.68)
2 𝜌 𝐷𝑒𝑞 (𝑘⁄𝑘𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 )𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜

Sendo: Dcasco o diâmetro do casco; f o fator de atrito, N o número de chicanas (ou seja, N +
1 passes do fluido através do arranjo dos tubos. Isto não leva em consideração os efeitos de
vazamentos entre as chicanas).

PT
C1
PT
C1

(a) quadrado (b) triangular


FIGURA 1.34 – Definição da área de fluxo para o método Kern (Hewitt, Shires, Bott, 1994).

Deve-se notar que o método de Kern leva em consideração o fator de atrito de Moody, que
é quatro vezes o fator de atrito de Fanning. A Figura 1.35 fornece f como função do número de
Reynolds no lado do casco e foi re-plotado a partir do original para levar em consideração
mudanças nas unidades na definição de f.

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 53

FIGURA 1.35 – Fator de atrito f em função do número de Reynolds no lado do casco


(Hewitt, Shires, Bott, 1994).

1.10.2.1. Método Bell-Delaware


Bell (1963, apud Hewitt, Shires, Bott, 1994) desenvolveu um método no qual fatores de
correção foram introduzidos para os seguintes elementos (Hewitt, Shires, Bott, 1994):
1. Vazamento através dos afastamentos entre os tubos e as chicanas e entre as chicanas e o
casco, respectivamente.
2. Passagem pelos contornos em torno dos afastamentos entre os tubos e as chicanas.
3. Efeito da configuração das chicanas (ou seja, reconhecimento do fato que apenas uma
fração dos tubos está em fluxo cruzado somente).
4. Efeito do gradiente de temperatura adversa no trocador de calor em fluxo laminar.

a) Cálculo da transferência de calor: o primeiro passo é calcular o coeficiente de transferência


de calor ideal para fluxo cruzado, O número de Reynolds para o fluxo cruzado é definido como:
 u máx D0
Re CR  (1.69)

Sendo:  a densidade do fluido,  a viscosidade dinâmica do fluido, D0 o diâmetro externo,
umax a velocidade máxima do fluido, que é definida como a velocidade entre os tubos próxima ao
centro do fluxo (equação 1.70).
𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜
𝑢𝑚𝑎𝑥 = (1.70)
𝜌 𝐴𝑐𝑓

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 54

Sendo: Acf a área próxima ao centro do fluxo. A definição de Bell para Acf reduz para a
seguinte forma:
 D  D0 
Arranjo quadrado: Acf  LC  Dcasco  D AT  AT PT  D0  (1.71)
 PT 

 D  D0 
Arranjo losango: Acf  LC  Dcasco  D AT  AT PT  D0  (1.72)
 0,707 PT 

 D  D0 
Arranjo triangular: Acf  LC  Dcasco  D AT  AT PT  D0  (1.73)
 PT 

 D  D0 
Arranjo quincôncio: Acf  LC  Dcasco  D AT  AT PT  D0  (1.74)
 0,5 PT 
Sendo: LC a distância entre chicanas, Dc o diâmetro do casco; DAT o diâmetro do arranjo de
tubos e PT o afastamento dos tubos. Para o uso das equações (1.72) a (1.74), as relações PT/D0 >
1,71 (para o arranjo em losango) e PT/D0 > 3,73 (para o arranjo em quincôncio) devem ser
satisfeitas.
O coeficiente de transferência de calor de fluxo cruzado é calculado a partir da equação
(1.76), que envolve a equação (1.75).
m
Nu  a Re CR Pr 0,34 F1 F2 (1.75)

Nu k
h (1.76)
D
Sendo: a e m constantes de correlação (vide Tabela 1.3), F1 e F2 fatores de correção para as
variações das propriedades físicas da superfície para o volume no fluido e o efeito do número de
tubos no arranjo, respectivamente.

TABELA 1.3 – Valores de a e m para o uso na equação (1.75)


Arranjo quadrado e triangular Arranjos em losango e quincôncio

Número de Reynolds a m a m
10 a 300 0,742 0,431 1,309 0,360
300 a 2.105 0,211 0,651 0,273 0,635
2.105 a 2.106 0,116 0,700 0,124 0,700
O próximo passo é calcular os fatores de correção. A correção para a configuração da chicana
(JC) é expressa como função da fração (FC) de tubos em fluxo cruzado. FC é calculado a partir da
expressão:

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 55

1
 2 Dcasco  2 LC   D  2 LC  D  2 LC 
FC    sen cos 1  casco   2 cos 1  casco  (1.77)

 D AT   D AT   D AT 

Sendo: LC a distância de corte da chicana. Note que LC = (BC . Dcasco)/100, sendo BC a
porcentagem do corte na chicana. Para 15 < BC < 45, a curva mostrada na Figura 1.36 está
correlacionada pela relação linear:
J C  0,55  0,72 FC (1.78)
O fator de correção para vazamentos (JV) está relacionado às áreas de vazamento entre casco
e chicana (AVcc) e tubo e chicana (AVtc). Essas áreas são calculadas por:
  2 LC 
AVcc  Dcasco Vcc   cos 1 1   (1.79)
  Dcasco 
AVtc  D0 Vtc N T 1  FC  / 2 (1.80)
Sendo: Vcc e Vtc o espaço livre radial entre a chicana e o casco e entre o tubo e a chicana,
respectivamente. JL está relacionado a (AVcc + AVtc)/Acf com AVcc /(AVcc + AVtc) como um parâmetro
(Figura 1.37).
Finalmente, a correção pelo fluxo de passagem pelos contornos em volta das aberturas dos
feixes (JB) é dado em função da fração da área de fluxo cruzado disponível na passagem (Fbp):
Dcasco  D AT LB
Fbp  (1.81)
Acf
Na Figura 1.38, o parâmetro é a razão dos números de pares de tiras de vedação (Nss) pelo
número de fileiras cruzadas (Nc). Nc pode ser estimado a partir de:
Dcasco 1  2 LC Dcasco 
Nc  (1.82)
PTP
Sendo: PTP o espaço entre o feixe de tubos na direção do fluxo. PTP é igual a PT para o arranjo
quadrado de tubos, 0,866 PT para arranjo triangular, 0,707 PT para arranjo em losango e 0,5 PT
para o arranjo em quincôncio.
O coeficiente de transferência de calor no lado do casco é dado por:
h0  hc J c J L J B (1.83)

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 56

FIGURA 1.36 – Fator de correção para configuração de chicanas utilizado no cálculo do


coeficiente de transferência de calor em trocadores casco-tubo (Hewitt, Shires, Bott, 1994).

FIGURA 1.37 – Fator de correção para o efeito de vazamentos entre casco-chicanas e tubos-
chicanas (Hewitt, Shires, Bott, 1994).

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 57

Ab/Acf

FIGURA 1.38 – Fator de correção para o efeito da passagem pelos contornos em volta das
aberturas dos feixes (Hewitt, Shires, Bott, 1994).

b) Cálculo da queda de pressão: O método Bell para queda de pressão segue modelo similar aos
dados para transferência de calor. A queda de pressão para um fluxo cruzado ideal é primeiramente
calculado e fatores de correção são aplicados par a influência dos vazamentos nas chicanas e fluxo
pelos contornos. A queda de pressão ideal do fluxo cruzado pode ser dada por:
1 2 
DPc  N c K f   u máx  (1.84)
2 
Sendo: umáx é dado pela equação (1.70), Nc é dado pela equação (1.82) e Kf é um parâmetro
(número de Euler) dado pelas Figuras 1.31 e 1.32. Para a queda de pressão ideal na zona de janela
(DPJ) pode ser calculada como:
26 𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 𝜇 𝑁𝐶𝐽 𝐿𝐶 (𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 )2 𝜇
Para Re  100 ∆𝑃𝐽 = [ + ]+ (1.85)
𝜌√𝐴𝑐𝑓 𝐴𝐽 𝑃𝑇 − 𝐷0 𝐷𝐽2 𝜌 𝐴𝑐𝑓 𝐴𝐽

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 58

(2 + 0,6 𝑁𝐽 )(𝑚̇𝑐𝑎𝑠𝑐𝑜 )2
Para Re > 100 ∆𝑃𝐽 = (1.86)
2 𝜌 𝐴𝑐𝑓 𝐴𝐽
Sendo: NJ o número efetivo de canais em fluxo cruzado na zona de janela (definido na
equação 1.87) e AJ é a área de fluxo na janela, definida na equação (1.88).
 0,8 LC 
N J    (1.87)
 PTP 
 2
2
Dcasco  1  Dcasco  2 LC   Dcasco  2 LC  D  2 LC   N T
AJ  cos    1  casco   1  FC D02 (1.88)
4   Dcasco  
  Dcasco 
 
 Dcasco 
 
8
 
Sendo: NT o número total de tubos. O diâmetro equivalente na zona de janela (DJ) é dado por:
4 AJ
DJ  (1.89)
 2N T 1  FC D0  Dcasco  b
Com b dado por:
D  2 LC 
 b  2 cos 1  casco  (1.90)
 Dcasco 
A queda de pressão através do casco é dada por:
 N 
DPcasco  N  1DPc RB  NDPJ RL  2 DPc RB 1  CJ  (1.90)
 NC 

Sendo: RB e RL fatores de correção mostrados na Figura 1.39. O número de chicanas (N) é


calculado por N = {[Lcasco/(LC+tC)] – 1}, sendo Lcasco o comprimento do casco, LC o espaço entre
chicanas e tC a espessura das chicanas.

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A Vcc
rcasco 
A Vcc  A Vtc

AVtc
(todo vazamento
casco-chicana)

AVcc  AVtc
Acf
FIGURA 1.39 – Fator de correção para a influência do vazamento entre casco-chicanas e tubos-
chicanas na queda de pressão (Hewitt, Shires, Bott, 1994).

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 60

1.11. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

Alguns exercícios resolvidos utilizam as Tabelas do livro “Transferência de Calor e Massa” do


Çengel, que estão a seguir.

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EXERCÍCIO RESOLVIDO 1)
Uma corrente de água, à temperatura média de 80°C e à velocidade média de 0,15 m/s, flui no
interior de um tubo de cobre de paredes delgadas, com diâmetro interno de 2,5 cm. Uma corrente
de ar atmosférico, com temperatura de 20°C e velocidade média de 10 m/s flui transversalmente
ao tubo. Desprezando a resistência da parede do tubo, calcule o coeficiente de transferência de
calor global e a taxa de perda de calor por metro de tubo.

Água

Corrente de ar

SOLUÇÃO: As propriedades físicas da água a 80°C são (Tabela A-9):


𝑘𝑔 𝑊 𝑘𝑔
𝜌 = 971,8 3
; 𝑘 = 0,670 ; 𝜇 = 0,355.10−3 ; Pr = 2,22
𝑚 𝑚. 𝐾 𝑚. 𝑠

O número de Reynolds da corrente de água é:


𝑘𝑔
𝜌𝑣⃗𝐷 971,8 (𝑚3 ) × 0,15(𝑚/𝑠) × 0,025(𝑚)
𝑅𝑒 = = = 10265,49 (𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜 𝑡𝑢𝑟𝑏𝑢𝑙𝑒𝑛𝑡𝑜)
𝜇 0,355.10−3 (𝑘𝑔/𝑚. 𝑠)

Empregamos a equação de Dittus-Boelter para determinar o coeficiente de convecção interno


(interno ao tubo de cobre - hi ) na corrente de água:
𝑁𝑢 = 0,023 𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟 𝑛
Como a água está se resfriando (n = 0,3), logo:
𝑁𝑢 = 0,023 𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟 0,3
𝑁𝑢 = 0,023 (10265,49)0,8 (2,22)0,3 = 47,29
𝑘 0,670 𝑊
ℎ𝑖 = 𝑁𝑢 = 47,29 × = 1267,28 2
𝐷 0,025 𝑚 .𝐾

Para estimar as propriedades físicas do ar na temperatura de filme (Tf), a melhor aproximação


seria:
80 + 20
𝑇𝑓 = = 50º𝐶
2

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 64

Logo (Tabela A-15):


𝑘𝑔 𝑊 −5
𝑘𝑔 −5
𝑚2
𝜌 = 1,092 ; 𝑘 = 0,02735 ; 𝜇 = 1,963.10 ; 𝜈 = 1,798.10 ; Pr = 0,7228
𝑚3 𝑚. 𝐾 𝑚. 𝑠 𝑠

O número de Reynolds na corrente de ar fica:


𝑣⃗𝐷ℎ 10 (𝑚/𝑠) × 0,025 (𝑚)
𝑅𝑒 = = = 13904,34
𝜈 1,798.10−5 (𝑚2 /𝑠)
O número de Nusselt na corrente de ar pode ser determinado pela equação de Churchill e
Bernstein:
4
5 5
0,5 1/3
0,62 𝑅𝑒 𝑃𝑟 𝑅𝑒 8
𝑁𝑢 = 0,3 + 0,25 [1 + ( ) ]
2 282000
[1 + (0,4/𝑃𝑟)3 ]
4
5 5
0,62 (13904,34)0,5 (0,7228)1/3 13904,34 8
𝑁𝑢 = 0,3 + [1 + ( ) ]
2 0,25 282000
[1 + (0,4/0,7228)3 ]

𝑁𝑢 = 64,91
𝑘 0,02735 𝑊
ℎ𝑒 = 𝑁𝑢 = 64,91 × = 71,02 2
𝐷𝑒 0,025 𝑚 .𝐾
Neste caso, pode-se também usar a correlação do número de Nusselt sobre cilindros circulares,
fornecidas por Zukauskas (1972) e Jakob (1949), apud Çengel (2009):
Fluido Faixa de Re Número de Nusselt
0,4 a 4 Nu = 0,989 Re0,330 Pr1/3
4 a 40 Nu = 0,911 Re0,385 Pr1/3
Gás ou líquido 40 a 4000 Nu = 0,683 Re0,466 Pr1/3
4000 a 40000 Nu = 0,193 Re0,618 Pr1/3
40000 a 400000 Nu = 0,027 Re0,805 Pr1/3

Como o número de Reynolds calculado foi de 13904,34, o número de Nusselt e o coeficiente de


transferência de calor por convecção externo (he) serão:
1 1
𝑁𝑢 = 0,193 𝑅𝑒 0,618 𝑃𝑟 3 = 0,193 × (13904,34)0,618 (0,7228)3 = 62,96
𝑘 0,02735 𝑊
ℎ𝑒 = 𝑁𝑢 = 62,96 × = 68,87 2
𝐷𝑒 0,025 𝑚 .𝐾
Usando a relação mais simples para o número de Nusselt, o coeficiente de convecção (he) é 3%
menor do que utilizando a equação de Churchill e Bernstein (mais acurada para a situação).

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 65

Desprezando a resistência da parede do tubo ao fluxo de calor e o efeito da curvatura (isto é,


admitindo De  Di), o coeficiente de transferência de calor global fica:
1 1 𝑊
𝑈= = = 67,25 2
(1⁄ℎ𝑖 ) + (1⁄ℎ𝑒 ) (1/1267,28) + (1/71,02) 𝑚 .𝐾

A perda de calor por metro de comprimento do tubo é:


𝑄̇ = 𝑈 𝐴 ∆𝑇 = 67,25 × (𝜋 × 0,025 × 1) × (80 − 20)
𝑄̇ = 316,91 𝑊

EXERCÍCIO RESOLVIDO 2)
Considere um trocador de calor casco-tubos nos quais os tubos possuem 0,0254 m de diâmetro
externo e espessura desprezível. Este trocador é utilizado para resfriar uma solução de 95% de
álcool etílico (calor específico igual a 3810 J/kg.K) de 66ºC a 42ºC, escoando pelo casco a uma
vazão de 6,93 kg/s. O fluido de resfriamento é água disponível a 10ºC e 6,3 kg/s, escoando pelos
tubos. O trocador possui 22 tubos. Considerando que o coeficiente de convecção externo seja de
600 W/m2.K, calcule a área de troca e o comprimento do trocador para cada uma das seguintes
configurações: (a) Trocador com correntes em paralelo; (b) Trocador em contracorrente
SOLUÇÃO

HIPÓTESES: (i) o fluxo de água está completamente desenvolvido; (ii) as propriedades da água
são constantes e avaliadas na T média; (iii) o trocador de calor está limpo.

Taxa de calor trocado: 𝑄̇ = 𝑚̇𝑞 × 𝐶𝑝𝑞 × (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 )


𝑄̇ = 6,93 × 3810 × (66 − 42) = 633.679,2 𝑊
Temperatura de saída da água: 𝑄̇𝑞 = 𝑄̇𝑓
Admitindo que a temperatura de saída da água seja de 30ºC, a temperatura média será de
20ºC. Pela Tabela A-9, Cp = 4182 J/kg.K. Portanto:
𝑚̇𝑞 × 𝐶𝑝𝑞 × (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 ) = 𝑚̇𝑓 × 𝐶𝑝𝑓 × (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 )
𝑚̇𝑞 × 𝐶𝑝𝑞
𝑇𝑓,𝑠 = 𝑇𝑓,𝑒 + × (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 )
𝑚̇𝑓 × 𝐶𝑝𝑓
6,93 × 3810
𝑇𝑓,𝑠 = 10 + × (66 − 42) = 34,05º𝐶
6,3 × 4182
Agora admitindo que a temperatura de saída da água seja de 34ºC, a temperatura média será
de 22ºC. Pela Tabela A-9, Cp = 4181,2 J/kg.K. Portanto:

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 66

6,93 × 3810
𝑇𝑓,𝑠 = 10 + × (66 − 42) = 34,06º𝐶
6,3 × 4181,2
Portanto, admite-se que a temperatura de saída da água seja de 34ºC, a temperatura média é
de 22ºC e as propriedades da água nessa temperatura é dada pela Tabela A-9:
𝐽 𝑘𝑔 𝑊 𝑘𝑔
𝐶𝑝 = 4181,2 ; 𝜌 = 997,6 3 ; 𝑘 = 0,6016 ; 𝜇 = 0,9576.10−3 ; Pr = 6,662
𝑘𝑔. 𝐾 𝑚 𝑚. 𝐾 𝑚. 𝑠
Como o fluxo de água está completamente desenvolvido, admite-se que a água preencha
completamente os tubos. Assim, a vazão de água que atravessa um tubo será de 0,286 m/s. Logo,
o número de Reynolds será:
𝜌𝑣⃗𝐷ℎ 𝑚̇ 𝜋𝐷𝑖,𝑖 4𝑚̇
𝑅𝑒 = 𝑚̇ = 𝜌𝑣⃗𝐴 → = 𝜌𝑣⃗ → 𝐴 = → 𝜌𝑣⃗ =
𝜇 𝐴 4 𝜋𝐷𝑖,𝑖
Para o tubo com espessura desprezível: Dh = Di,i = D0,i = 0,0254 m. Logo, o número de
Reynolds será:
4𝑚̇ 4 × 0,286
𝑅𝑒 = = = 14971,26
𝜋𝜇𝐷𝑖,𝑖 𝜋 × 0,0254 × 0,9576.10−3
Para o fluxo turbulento, o número de Nusselt fornecido pela equação de Sieder Tate será
usado, admitindo que a temperatura da parede seja de 54ºC (T média do outro fluido):

0,8
1 𝜇 0,14
𝑁𝑢 = 0,027 × 𝑅𝑒 × 𝑃𝑟 3 ×( )
𝜇𝑤
Para a temperatura de 54ºC, pela tabela A-9, a viscosidade da água na parede (w) será de
0,5126.10-3 kg/m.s. Logo:
0,14
0,8
1 0,9576.10−3
𝑁𝑢 = 0,027 × 14971,26 × 6,6623 ×( ) = 121,37
0,5126.10−3
O coeficiente de convecção no interior do tubo será:
𝑘 0,6016 𝑊
ℎ𝑖 = 𝑁𝑢 × = 121,37 × = 2874,65 2
𝐷ℎ 0,0254 𝑚 .𝐾
Como o coeficiente de convecção externo foi dado e vale 600 W/m2.K e a espessura do tubo
é desprezível, o coeficiente global de transferência de calor será:
1 1 𝑙𝑛(𝐷0,𝑖 ⁄𝐷𝑖,𝑖 ) 1
= + +
𝑈0 𝐴0 ℎ𝑖 𝐴𝑖 2𝜋𝑘𝐿 ℎ0 𝐴0
1 1 1
= +
𝑈0 ℎ𝑖 ℎ0
1 𝑊
𝑈0 = = 496,39
1 1 𝑚2 . 𝐾
+ 600
2874,65

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 67

(a) Correntes paralelas


Cálculo da diferença média logarítmica de temperaturas:
(𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒 ) − (𝑇𝑞𝑠 − 𝑇𝑓𝑠 ) (66 − 10) − (42 − 34,06)
∆𝑇𝐿𝑀,𝑐𝑝 = = = 24,60º𝐶
𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑒 66 − 10
𝑙𝑛 [ 𝑇 − 𝑇 ] 𝑙𝑛 [42 − 34,06]
𝑞𝑠 𝑓𝑠

Cálculo da área de troca térmica:


𝑄̇ 633679,2
𝐴𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎 = = = 51,89 𝑚2
𝑈0 × ∆𝑇𝐿𝑀,𝑐𝑝 496,39 × 24,60
Comprimento do trocador:
𝐴𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎 51,89
𝐿𝑡𝑐 = = = 29,56 𝑚
𝜋 × 𝐷0 × 𝑛 𝜋 × 0,0254 × 22

(b) Correntes opostas


Cálculo da diferença média logarítmica de temperaturas:
(𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑠 ) − (𝑇𝑞𝑠 − 𝑇𝑓𝑒 ) (66 − 34,06) − (42 − 10)
∆𝑇𝐿𝑀,𝑐𝑝 = = = 32º𝐶
𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑓𝑠 66 − 34,06
𝑙𝑛 [𝑇 − 𝑇 ] 𝑙𝑛 [ 42 − 10 ]
𝑞𝑠 𝑓𝑒

Cálculo da área de troca térmica:


𝑄̇ 633679,2
𝐴𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎 = = = 39,89 𝑚2
𝑈0 × ∆𝑇𝐿𝑀,𝑐𝑝 496,39 × 32
Comprimento do trocador:
𝐴𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎 39,89
𝐿𝑡𝑐 = = = 22,72 𝑚
𝜋 × 𝐷0 × 𝑛 𝜋 × 0,0254 × 22

A diferença entre os tamanhos dos dois trocadores foi de:


29,56 − 22,72
∆= 100% = 30%
22,72
Ou seja, escolhendo de forma adequada a configuração dos fluxos, o trocador pode
apresentar uma diferença de tamanho de 30% para as condições de fluxo e fluidos apresentadas.

EXERCÍCIO RESOLVIDO 3)
Água a uma temperatura média de 110ºC e uma velocidade média de 3,5 m/s escoa através de um
tubo de aço inoxidável (k = 14,2 W/m.K) de 5 m de comprimento em uma caldeira. Os diâmetros
interno e externo do tubo são Di = 1,0 cm e D0 = 1,4 cm, respectivamente. Considerando que o
coeficiente de transferência de calor por convecção da superfície externa do tubo onde ocorre a

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 68

ebulição é h0 = 7200 W/m2.K, determine o coeficiente global de transferência de calor (U) dessa
caldeira, com base na superfície interna do tubo.
SOLUÇÃO
Hipóteses: (i) O fluxo de água está completamente desenvolvido; (ii) as propriedades da
água são constantes.

As propriedades da água a 110ºC são (Tabela A-9):


 = 950,6 kg/m3 k = 0,682 W/m.K  = 0,255.10-3 kg/m.s Pr = 1,58
O número de Reynolds será:
𝜌𝑣⃗𝐷ℎ 950,6 × 3,5 × 0,01
𝑅𝑒 = = = 130474,51
𝜇 0,255. 10−3

Que é maior que 10.000. Portanto, o fluxo é turbulento. Como uma das hipóteses é de fluxo
completamente desenvolvido, tem-se:
𝑁𝑢 = 0,023 𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟 𝑛 = 0,023 × (130474,51)0,8 (1,58)0,4 = 341,67
𝑘 0,682 𝑊
ℎ𝑖 = 𝑁𝑢 × = 341,67 × = 23301,89 2
𝐷ℎ 0,01 𝑚 .𝐾
A resistência total deste trocador de calor será determinada a partir de:
1 𝑙𝑛(𝐷0 ⁄𝐷𝑖 ) 1
𝑅 = 𝑅𝑖 + 𝑅𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 + 𝑅0 = + +
ℎ𝑖 𝐴𝑖 2𝜋𝑘𝐿 ℎ0 𝐴0
1 𝑙𝑛(1,4⁄1,0) 1 𝐾
𝑅= + + = 0,001569
23301,89 × (𝜋 × 0,01 × 5) 2𝜋 × 14,2 × 5 8400 × (𝜋 × 0,014 × 5) 𝑊
1 1 1 𝑊
𝑅= → 𝑈𝑖 = = = 4055 2
𝑈𝑖 𝐴𝑖 𝑅𝐴𝑖 0,001569 × 𝜋 × 0,01 × 5 𝑚 .𝐾

EXERCÍCIO RESOLVIDO 4)
Um trocador de calor de tubo duplo de dimensões mostradas na figura é empregado para aquecer
5 kg/s de Dowtherm A de 15°C para 65°C usando água quente a 95°C (no processo a água se esfria
até 75°C). Os fluxos são: água quente no tubo interno em contracorrente ao fluxo de Dowtherm, o
qual flui no anel (Dowtherm possui alta viscosidade, por isso está localizado na seção transversal
maior, de modo a evitar excessiva queda de pressão). Qual o comprimento total do trocador de
calor. O diâmetro interno do tubo interno (Di,i) é de 40,94 mm, o diâmetro externo do tubo interno
(Di,0) é de 48,30 mm, o diâmetro interno do tubo externo (D0,i) é de 75 mm, e o diâmetro externo
do tubo externo (D0,0) é de 89 mm.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 69

95°C Tq
75°C
65°C

Água, T q
Tf

Dowtherm, T f 15°C

Comprimento = ?

SOLUÇÃO:
A área da seção transversal interna do tubo interno é:
2
𝜋 𝐷𝑖,𝑖 𝜋 (0,04094)2
𝐴𝑖 = = = 0,001316 𝑚2
4 4
O diâmetro hidráulico será: 𝐷ℎ,𝑖 = 𝐷𝑖,𝑖 = 0,04094 𝑚
A área da seção transversal anelar:
2 2
𝜋 (𝐷0,𝑖 − 𝐷𝑖,0 ) 𝜋 (0,0752 − 0,04832 )
𝐴0 = = = 0,002586 𝑚2
4 4
O diâmetro hidráulico será: 𝐷ℎ,0 = 𝐷0,𝑖 − 𝐷𝑖,0 = 0,075 − 0,0483 = 0,0267 𝑚

PROPRIEDADES DOS FLUIDOS: Propriedades a Dowtherm A a temperatura média de 40°C e


da água à pressão atmosférica e temperatura média de 85°C (Tabela A-9).
Dowtherm A (a 40°C) Água (a 85°)

Massa específica  [kg/m3] 1044 968,1


Calor específico Cp [J/(kg.K)] 1622 4201
Condutividade k [W/(m.K)] 0,138 0,673
Viscosidade dinâmica  [(N.s)/m2] 2,70.10-3 3,33.10-4
Pr 31,7 2,08

A taxa total de calor transferido pode ser calculada a partir de:


𝑄̇ = 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 (𝑇𝑓𝑠 − 𝑇𝑓𝑒 ) = 5 × 1622 × (65 − 15) = 405500 𝑊
A vazão mássica de água requerida será:
𝑄̇ 405500 𝑘𝑔
𝑚̇á𝑔𝑢𝑎 = = = 4,83
𝐶𝑝á𝑔 (𝑇𝑞𝑒 − 𝑇𝑞𝑠 ) 4201 × (95 − 75) 𝑠

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 70

O coeficiente de transferência de calor global (U) baseado no lado externo do tubo será:
1 1 𝐷𝑒 𝑙𝑛(𝐷𝑒 ⁄𝐷𝑖 ) 𝐷𝑒 1
= + +( )( )
𝑈𝑒 ℎ𝑒 2𝑘 𝐷𝑖 ℎ𝑖

Neste exemplo, assume-se que superfícies estão limpas. Note que as propriedades dos fluidos estão
baseadas na temperatura média da entrada e saída dos fluidos.
Para determinar os coeficientes de transferência de calor por convecção (h), é necessário
calcular o número de Reynolds de cada escoamento. Para o fluxo de Dowtherm, a velocidade
média e o número de Reynolds (Ref) são:
𝑚̇𝑓 5,0 𝑚
𝑢𝑓 = = −3
= 1,85
𝐴0 𝜌𝑓 2,586. 10 × 1044 𝑠
𝑢𝑓 𝐷ℎ,0 1,85 × 0,0267
𝑅𝑒𝑓 = = = 19294,2
𝜈𝑓 2,56. 10−6
O número de Nusselt (Nuf) e o coeficiente de transferência de calor (hf) fica (usando a
equação de Dittus-Boelter pois não tem como saber o valor de  da parede do Dowtherm – não
tem a tabela correspondente):
𝑁𝑢𝑓 = 0,023 𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟 𝑛
Como o Dowtherm está se aquecendo (n = 0,4), logo:
𝑁𝑢𝑓 = 0,023 (19294,2)0,8 (31,7)0,4 = 245,75
𝑘𝑓 0,138 𝑾
ℎ𝑓 = 𝑁𝑢𝑓 = 245,75 × = 𝟏𝟐𝟕𝟎, 𝟏𝟕 𝟐
𝐷ℎ,0 0,0267 𝒎 .𝑲

Similarmente, para o fluxo de água, a velocidade média, o número de Reynolds, o número


de Nusselt e o coeficiente de transferência de calor (hq), são, respectivamente:
𝑚̇𝑞 4,83 𝑚
𝑢𝑞 = = −3
= 3,79
𝐴𝑖 𝜌𝑞 1,316. 10 × 968,1 𝑠
𝜌 𝑢̅𝑞 𝐷ℎ,𝑖 968,1 × 3,79 × 0,04094
𝑅𝑒𝑞 = = = 451089,83
𝜇𝑞 3,33.10−4
Usando a equação de Sieder Tate, assumindo que a temperatura da parede esteja na
temperatura média do outro fluido (40ºC) usando a Tabela A-9 (w = 0,653.10-3 kg/m.s)
𝜇 0,14
𝑁𝑢𝑞 = 0,027𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟1/3 ( )
𝜇𝑤

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 71

0,14
0,8 (2,08)1/3
3,33.10−4
𝑁𝑢𝑞 = 0,027(451089,83) ( ) = 1046,77
6,53.10−4
𝑘𝑞 0,673 𝑾
ℎ𝑞 = 𝑁𝑢𝑞 = 1046,77 × = 𝟏𝟕𝟐𝟎𝟕, 𝟒𝟔 𝟐
𝐷ℎ,𝑖 0,04094 𝒎 .𝑲

Este valor é muito maior do que o normalmente encontrado para trocadores de calor duplo
tubo. Ele está associado a alta velocidade do fluido deliberadamente escolhido para este exemplo
com o propósito de ilustrar as melhorias atingíveis com os arranjos em série/paralelo.
Assumindo que o trocador é construído de aço [k = 60 W/(m.K)], o coeficiente de
transferência de calor global (Ue) será:
1 1 𝐷𝑒 𝑙𝑛(𝐷𝑒 ⁄𝐷𝑖 ) 𝐷𝑒 1
= + +( )( )
𝑈𝑒 ℎ𝑒 2𝑘 𝐷𝑖 ℎ𝑖
1 1 0,0483 × 𝑙𝑛(0,0483⁄0,04094) 0,0483 1
= + +( )( )
𝑈𝑒 1270,17 2 × 60 0,04094 17207,46

𝑊
𝑈𝑒 = 1084,13
𝑚2 . 𝐾

Note que quase todas as resistências térmicas ocorrem na camada limite do Dowtherm. Isto
significa que a parede do tubo está próxima à parede no fluxo de água quente. A diferença média
de temperatura (DTLM) será:
(95 − 65) − (75 − 15)
∆𝑇𝐿𝑀 = = 43,3 𝐾
95 − 65
𝑙𝑛 ( )
75 − 15
O interessante a observar neste ponto é que a DTLM forneceu um valor próximo a diferença
entre os valores médios das temperaturas (Tq – Tf) = 45 K. Substituindo os valores calculados de
U e DTLM, obtém-se:
𝑄̇ 405500
𝐴= = = 8,64 𝑚2
𝑈 ∆𝑇𝐿𝑀 1084,13 × 43,3
𝐴 8,64
𝐿= = = 56,93 𝑚
𝜋 𝐷0,𝑖 𝜋 × 0,0483

Este comprimento não pode ser acomodado em uma unidade; pode ser necessário juntar
muitos trocadores de calor em série.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 72

A queda de pressão no lado da água (fluido quente) pode ser calculada pela equação (1.45):
𝐿 𝜌𝑞 𝑢𝑞2
∆𝑃𝑞 = 4𝑓
𝐷ℎ,𝑖 2
O fator f para um tubo liso é dado por:
−1/5
𝑓 = 0,046𝑅𝑒𝑞 = 0,046 × (451089,83)−1/5 = 0,0034
Logo:
56,93 968,1 × 3,792
∆𝑃𝑞 = 4 × (0,0034) × × = 131621,61 𝑃𝑎
0,04094 2
Sabendo que a pressão atmosférica é de 101,325 kPa, esta pressão (131,62 kPa) é 1,30 atm.
Este valor deve ser somado as outras contribuições de perdas de pressão na entrada e saída dos
tubos. A queda de pressão total, mesmo para tubos lisos, é portanto aproximadamente 1,50 atm.
Para tubos rugosos, este valor pode ser muito mais alto. Isso significa que há a necessidade de
trabalhar neste trocador de calor para reduzir a perda de pressão.

EXERCÍCIO RESOLVIDO 5)
Um trocador de calor de correntes paralelas tem fluido quente entrando a 120ºC e saindo a 65ºC,
enquanto fluido frio entra a 26ºC e sai a 49ºC. Calcule a diferença média de temperaturas e a
diferença média logarítmica de temperaturas.

SOLUÇÃO:
Fluido Quente Fluido Frio DT
Entrada 120ºC 26ºC 94ºC (max)
Saída 65ºC 49ºC 16ºC (min)

A diferença média logarítmica de temperatura será:

DTLM 
T
q ,e 
 Tf ,s   Tq ,s  Tf ,e 
DTLM 
94  16  44o C
 T  Tf ,s   94 
ln q ,e  ln 
16 
 Tq ,s  Tf ,e 

Considerando as temperaturas médias, tem-se:


 Tquente = (120 + 65) / 2 = 92,5ºC
 Tfrio = (26 + 49) / 2 = 37,5ºC

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 73

Assim, a diferença média será de 92,5 - 37,5 = 55ºC. O mesmo resultado poderia ser obtido pela
operação:
(DTmax + DTmin ) / 2 = (94 + 16) / 2 = 55ºC

Deve-se observar que o uso de diferenças médias de temperaturas apresenta resultados muito ruins
se comparados com a DTLM.

EXERCÍCIO RESOLVIDO 6)
Um trocador de calor de correntes contrárias tem fluido quente entrando a 120ºC e saindo a 82ºC,
enquanto fluido frio entra a 15ºC e sai a 110ºC. Calcule a diferença média de temperaturas e a
diferença média logarítmica de temperaturas.

SOLUÇÃO: A tabela abaixo indica as temperaturas:


Fluido Quente Fluido Frio
Entrada 120ºC 15ºC
Saída 82ºC 110ºC

Assim, tem-se: DTmax = 82 – 15 = 67ºC e DTmin = 120 – 110 = 10ºC. A diferença média logarítmica
de temperaturas será:

DTLM 
T
q ,e 
 Tf ,s   Tq ,s  Tf ,e 
DTLM 
67  10  30o C
 T  Tf ,s   67 
ln q ,e  ln 
 10 
 Tq ,s  Tf ,e 

Considerando as temperaturas médias, tem-se:


 Tquente = (120 + 82) / 2 = 101ºC
 Tfrio = (15 + 110) / 2 = 62,5ºC

Assim, a diferença média será de 101 - 62,5 = 38,5ºC. O mesmo resultado poderia ser obtido pela
operação (DTmax +DTmin)/2 = (67 + 10) / 2 = 38,5ºC

Deve-se observar que o uso de diferenças médias de temperaturas novamente apresenta resultados
muito ruins se comparados com a DTLM.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 74

EXERCÍCIO RESOLVIDO 7)
Benzeno é obtido a partir de uma coluna de fracionamento na condição de vapor saturado a 80ºC.
Determine a área de troca de calor necessária para condensar e subresfriar cerca de 3630 kg/h de
benzeno até 46ºC se o fluido refrigerante for água, escoando com o fluxo de massa igual a 18140
kg/h, disponível à 13ºC. Compare as áreas supondo escoamento em correntes opostas e correntes
paralelas. Um coeficiente global de troca de calor de 1135 W/m2. K pode ser considerado.

O primeiro passo será listar de forma mais organizada a lista de informações passadas pelo
enunciado. Portanto:
Tentrada Tsaída Fluxo de massa:
Fluido quente: benzeno 80ºC 46ºC 3630 kg/h
Fluido frio: água 13ºC ? 18140 kg/h

Outras informações:
 Condensação do benzeno e algum sub-resfriamento;
 Coeficiente Global (U): 1135 W/m2. K;
 Escoamento: Correntes paralelas e opostas;
 Calor trocado: ?
 DTLM: ?
 Área: ?

Como se tem a condensação do benzeno é necessário saber a entalpia de vaporização do mesmo.


Uma consulta às tabelas de propriedades termodinâmicas indica o valor de hfg = 394,5 kJ/kg.
Precisa-se também do calor específico para o benzeno (suposto constante nesta faixa de
temperaturas), que é igual a 1758,5 J/kg. Há a necessidade também das propriedades da água
(suposta líquido sub-resfriado). Observando ainda a condensação, há a necessidade de determinar
as áreas do condensador e da região do sub-resfriamento.

Trocador de Correntes Paralelas


Nesta situação, ocorrerá primeiramente a condensação com a água. Ao terminar a condensação, a
água, que está mais aquecida, troca calor na região do sub-resfriamento do benzeno. O calor
liberado na região de condensação vale:
3630
𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑑 = × 394,5 = 398 𝑘𝑊
3600

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 75

É necessário indicar a temperatura da água na saída do condensador, pois isto irá determinar as
condições de entrada na seção de sub-resfriamento. Um balanço de energia fornece:
18140
𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑑 = 398000 = × 4186,9 × (𝑇𝑠𝑎𝑖 − 𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎 )
3600
Após os cálculos, tomando cuidado com as unidades, obtém-se que a temperatura da água na saída
do condensador será de 31,9ºC. Com esses dados, pode-se calcular a diferença média logarítmica
de temperaturas desta região:
Tentrada Tsaída
Fluido quente: benzeno 80ºC 80ºC
Fluido frio: água 13ºC 31,9ºC

DTLM 
80  13  80  31,9  57 ,03o C
 80  13 
ln 
 80  31,9 
Pela definição do calor trocado, segue finalmente que ( Q  U A DTLM ):

Q 398000
A   6 ,15 m 2
U DTLM 1135  57 ,03
Na região de sub-resfriamento, o benzeno entrará a 80ºC e sairá a 46ºC, especificado pelo
projeto. Portanto:
3630
𝑄̇𝑠𝑢𝑏 = × 1758,5 × (80 − 46) = 60,3 𝑘𝑊
3600
Tentrada Tsaída
Fluido quente: benzeno 80ºC 46ºC
Fluido frio: água 31,9ºC ?ºC

Nota-se que o primeiro passo é a determinação da temperatura de saída da água desta seção. Pelo
balanço de energia:
18140
𝑄̇𝑠𝑢𝑏 = 60300 = × 4186,9 × (𝑇𝑠𝑎𝑖 − 31,9) = 60,3 𝑘𝑊
3600
Com isto segue imediatamente que Tsai = 34,7ºC. A tabela de dados para esta região fica:
Tentrada Tsaída
Fluido quente: benzeno 80ºC 46ºC
Fluido frio: água 31,9ºC 34,7ºC

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 76

A diferença média logarítmica de temperaturas será:

DTLM 
80  31,9  46  34 ,7  25,41o C
 80  31,9 
ln 
 46  34 ,7 
Pela definição do calor trocado, segue finalmente que:
Q 60300
A   2 ,09 m 2
U DTLM 1135  25 ,41
Nesta situação, a área total vale 6,15 (condensador) + 2,09 (sub-resfriamento) = 8,2 m2.

Trocador de Correntes Opostas


Neste caso, a água de resfriamento “encontra” primeiro a região do sub-resfriamento do benzeno,
onde tem um primeiro aquecimento. Só após isto é que a água entra na região de condensação. O
calor liberado na região de subresfriamento vale:
3630
𝑄̇𝑠𝑢𝑏 = × 1758,5 × (80 − 46) = 60,3 𝑘𝑊
3600
Determinado pelas condições de entrada e saída do benzeno desta seção. É o mesmo valor, pois as
condições limites do problema não foram alteradas. Assim, é preciso calcular a temperatura de
saída da água desta região. O balanço de energia indica:
18140
𝑄̇𝑠𝑢𝑏 = 60300 = × 4186,9 × (𝑇𝑠𝑎𝑖 − 13) → 𝑻𝒔𝒂𝒊 = 𝟏𝟓, 𝟗º𝑪
3600

Logo, a diferença média logarítmica de temperatura será:


Entrada Saída
Fluido quente: benzeno 80ºC 46ºC
Fluido frio: água 13ºC 15,9ºC

DTLM 
80  13  46  15,9  46 ,1o C
 80  13 
ln 
 46  15 ,9 

Pela definição do calor trocado, segue finalmente que:


Q 60300
A   1,1 m 2
U DTLM 1135  46 ,1

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 77

Na região de condensação, o benzeno estará sempre na mesma temperatura e a água irá se aquecer.
São os dados:
Entrada Saída
fluido quente: benzeno 80ºC 80ºC
fluido frio: água 15,9ºC ?ºC

O primeiro passo é a determinação da temperatura de saída da água desta seção. Pelo balanço de
energia, segue:
18140
𝑄̇𝑐𝑜𝑛𝑑 = 398000 = × 4186,9 × (𝑇𝑠𝑎𝑖 − 15,9) → 𝑻𝒔𝒂𝒊 = 𝟑𝟒, 𝟖º𝑪
3600
Logo:
Entrada Saída
fluido quente: benzeno 80ºC 80ºC
fluido frio: água 15,9ºC 34,8ºC

DTLM 
80  15,9  80  34 ,8  54 ,1o C
 80  15 ,9 
ln 
 80  34 ,8 
Q 398000
Pela definição do calor trocado: A    6 ,5 m 2
U DTLM 1135  54 ,1

Nesta situação, a área total vale 6,5 (condensador) + 1,1 (sub-resfriamento) = 7,6 m2.

Observação final: Note que a área necessária para efetivar a troca de calor nas condições
especificadas de troca é menor para o caso do trocador de correntes opostas. Embora a diferença
seja pequena, cerca de 8%, isto é certamente um ganho interessante.

EXERCÍCIO RESOLVIDO 8)
Água quente a 116ºC entra em um trocador e sai a 49ºC. Ela é usada para aquecer água escoando
a 2,5 kg/s de 21ºC até 55ºC, utilizando um trocador de calor casco e tubos com um passe na carcaça
e dois passes no tubo. A área superficial externa dos tubos é de 9,5 m2. Determine a diferença
média logarítmica de temperaturas e o coeficiente global de troca de calor. Determine também a
diferença média logarítmica de temperaturas para um regenerador de dois passes no casco e quatro
passes nos tubos.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 78

RESOLUÇÃO
O primeiro passo será listar de forma mais organizada a lista de informações passadas pelo
enunciado. Portanto:
Tentrada Tsaída Fluxo de massa:
Fluido quente: água 116ºC 49ºC ?
Fluido frio: água 21ºC 55ºC 2,5 kg/s

Outras informações:
 Coeficiente Global - U: ? W/m2.K - desconhecido;
 Trocador de carcaça e tubos, N passes na carcaça e 2N passes nos tubos;
 Número de tubos = ?
 calor trocado: ?
 DT: ?
 Área de troca: 9,5 m2 externa
Pelos dados do problema, pode-se calcular diretamente o calor trocado utilizando os dados da água
fria:
q  C f Tf ,s  Tf ,e   2 ,5  4186 ,9  55  21  355.886 ,5 W

Com isto, pode-se determinar o fluxo de massa da água quente:


355.886 ,5 kg
Cq   1,27
4186 ,9  116  49 s
Pelo método da diferença média logarítmica, tem-se que:
Q  U i  A i  F  DTLMTD  U o  A o  F  DTLMTD

Sendo: os índices i e o dizem respeito às áreas interna e externa, respectivamente.


A determinação do fator F é feita através da Figura 1.16 e 1.17. Para isto, determinam-se os valores
de R e de P (mostradas a seguir):
 Valor de R = (116 - 49) / (55 - 21) = 1,97
 Valor de P = (55 - 21) / (116 - 21) = 0,358

Logo:
 F = 0,75 para o regenerador de um passe no casco.
 F = 0,95 para o regenerador de dois passes no casco.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 79

Com isto, obtém-se:


 Regenerador com 1 passe na carcaça: F x DTLM = 0,75 x 43,9 = 32,9ºC.
 Regenerador com 2 passes na carcaça: F x DTLM = 0,95 x 43,9 = 41,7ºC.

Observando os dois resultados, pode-se concluir que o trocador de 2 passes é mais eficiente pois
a diferença de temperatura média é mais elevada. Finalmente obtém-se:

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 80

355.886,5 W
Uo   1137 ,8 2
9,5  0,75  43,9 m K

355.886,5 W
Uo   898 ,3 2
9,5  0,95  43,9 m K

EXERCÍCIO RESOLVIDO 9)
Um trocador de calor, casco e tubos, com um passe no casco e quatro passes nos tubos, tem 4,8
m2 de área de troca. O coeficiente global de troca de calor desta unidade é estimado em 312 W/m2
K. O trocador foi projetado para uso com água e benzeno, mas pretende-se usá-lo agora para
resfriar uma corrente de óleo (Cp = 2219 J/kg.K) a 122ºC, escoando a 5443 kg/h, com água de
resfriamento, disponível a 12,8ºC e com um fluxo de massa igual a 2268 kg/h. Nesta nova
aplicação, determine as temperaturas de saída das duas correntes de fluido.

O primeiro passo será listar de forma mais organizada a lista de informações passadas pelo
enunciado. Portanto:
Cp [J/kg.K] Tentrada Tsaída Fluxo de massa:
fluido quente: óleo 2219 122ºC ? 5443 kg/h
fluido frio: água 4186,9 12,8ºC ? 2268 kg/h

Outras informações:
 Coeficiente Global (U): 312 W/m2.K;
 Trocador de casco e tubos, 1 passe na carcaça e 4 passes nos tubos;
 Número de tubos = ?
 calor trocado: ?
 DTLM = ?
 Área de troca: 4,8 m2
 NTU: ?
 =?

Há poucas informações diretas neste problema que devem ser complementadas com as equações.
Por exemplo:

Calor Trocado (água): q  C f Tf ,s  Tf ,e    4186,9  Tf ,s  12 ,8


2268
3600

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 81

Calor Trocado (óleo): q  C q Tq ,e  Tq ,s    2219  122  Tq ,s 


5443
3600
Calor Trocado: 𝑄 = 𝑈𝐴𝐹∆𝑇𝐿𝑀 = 312 × 4,8 × 1 × ∆𝑇𝐿𝑀
DTLM depende das duas temperaturas de saída, neste momento, desconhecidas.

Calor Trocado: q    C min  Tq ,e  Tf ,e     


 2268 
 4186 ,9   122  12 ,8 .
 3600 
q    288041,97
A obtenção das incógnitas, Tq,s e Tf,s é simples: basta resolver um conjunto de 3 equações,
escolhidas entre as 4. Se as três primeiras forem escolhidas, ocorrerá um problema iterativo, o que
demandará um grande esforço. Entretanto, se a equação com o termo de efetividade for escolhida,
o grau de dificuldade diminui consideravelmente.
Pela análise do problema, pode-se concluir:
2268 W
 C min  C água   4186,9  2637
3600 K
5443 W
 C max  C óleo   2219  3355
3600 K
C min 2637
 Z   0 ,786
C max 3355
U A 312  4 ,8
 NTU    0 ,568
C min 2637

Consultando um gráfico, obtém-se que  = 0,4 aproximadamente. Com isto, pode-se determinar
os outros dados:
 Calor Trocado:
q    288041,91  0 ,4  288041,91  115.216 ,76 W ou 115,2 kW .

 4186,9  Tf ,s  12 ,8  Tf,s = 56,5ºC


2268
 Calor Trocado (água): q 
3600

 2219  122  Tq ,s   Tq,s = 87,7ºC


5443
 Calor Trocado (óleo): q 
3600

EXERCÍCIO RESOLVIDO 10)


Um trocador de calor de duplo tubo é usado para condensar fluido refrigerante R-134a com água,
que entra a 20ºC. Este trocador de calor possui o diâmetro interno do tubo interno de 10 mm e do
casco de 25 mm. O tubo interno tem paredes delgadas. O fluido refrigerante escoa através do tubo
interno com coeficiente de transferência de calor por convecção de 4,1 kW/m2.K. A água escoa

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 82

através do anel a uma vazão de 0,3 kg/s. Determine o coeficiente global de transferência de calor
desse trocador.

RESOLUÇÃO:

HIPÓTESES: (i) A resistência térmica devido a condução no tubo interno será desprezada uma
vez que o material do tubo é altamente condutor e a espessura é desprezível; (ii) ambos os fluidos
estão com o fluxo completamente desenvolvido; (iii) as propriedades dos fluidos são constantes
ao longo do trocador de calor.

As propriedades da água a 20ºC são (Tabela A-9, Çengel):


𝑘𝑔 𝑊 −3
𝑘𝑔
𝜌 = 998 ; 𝑘 = 0,598 ; 𝜇 = 1,002.10 ; 𝑃𝑟 = 7,01
𝑚3 𝑚. 𝐾 𝑚. 𝑠
A área do anel (escoamento da água) será:
𝜋 𝜋
𝐴𝑎 = (𝐷02 − 𝐷𝑖2 ) = (0,0252 − 0,0102 ) = 4,123. 10−4 𝑚2
4 4
O diâmetro hidráulico do anel será:
𝐷ℎ = 𝐷0 − 𝐷𝑖 = 0,025 − 0,010 = 0,015 𝑚
A velocidade de escoamento da água será:
𝑚̇ 0,3 𝑚
𝑣⃗ = = −4
= 0,729
𝜌𝐴𝑎 998 × 4,123. 10 𝑠
O número de Reynolds será:
𝜌 × 𝑣⃗ × 𝐷ℎ 998 × 0,729 × 0,015
𝑅𝑒 = = = 10891,35
𝜇 1,002. 10−3
Como admite-se que o fluxo da água é completamente desenvolvido, utilizando a equação de
Dittus-Boelter:
𝑁𝑢 = 0,023 𝑅𝑒 0,8 𝑃𝑟 0,4 = 0,023 × (10891,35)0,8 × (7,01)0,4 = 85,05
𝑘 0,598 𝑊
ℎ0 = 𝑁𝑢 = 85,05 = 3390,66 2
𝐷ℎ 0,015 𝑚 𝐾
A equação que define o coeficiente global de transferência de calor é:
1 1 𝑅𝑖𝑛𝑐,𝑖 𝑙𝑛(𝐷0 ⁄𝐷𝑖 ) 𝑅𝑖𝑛𝑐,𝑜 1
= + + + +
𝑈 ℎ𝑖 𝐴𝑖 𝐴𝑖 2𝜋𝑘𝐿 𝐴0 ℎ0 𝐴0
Para o tubo com espessura desprezível e um trocador de calor com superfícies limpas, tem-se:
1 1 1 1 1
≅ + = +
𝑈 ℎ𝑖 ℎ0 4100 3390,66

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 83

𝑊
𝑈 = 1855,87
𝑚2 𝐾

EXERCÍCIO RESOLVIDO 11)


Considere um trocador de calor de duplo tubo de escoamento paralelo e comprimento L. Os diâmetros
interno e externo do tubo interno são D1 e D2, respectivamente, e o diâmetro interno do tubo externo é D3.
Explicar como você poderia determinar as duas superfícies de transferência de calor A 1 e A0. Quando é
razoável presumir A1  A0  As?
RESOLUÇÃO:
A área de troca térmica do trocador de calor duplo tubo diz respeito a área da casca cilíndrica do tubo interno. Assim,
as áreas de troca térmica A0 e A1 serão:
𝐴1 = 𝜋𝐷1 𝐿 𝑒 𝐴0 = 𝜋𝐷2 𝐿
É razoável admitir que A1  A0 quando a espessura do tubo interno for muito pequena e quando o material do tubo
tiver alta condutividade térmica.

EXERCÍCIO RESOLVIDO 12)


Um trocador de calor de duplo tubo é construído com um tubo interno de cobre (k = 380 W/m.K) de diâmetro
interno (Di) de 1,2 cm e diâmetro externo (D0) de 1,6 cm e um tubo externo de 3,0 cm de diâmetro interno.
O coeficiente de transferência de calor por convecção é relatado como hi = 700 W/m2.K sobre a superfície
interna do tubo e h0 = 1400 W/m2.K em sua superfície externa. Para um fator de incrustação Rf,i = 0,0005
m2.K/W no lado do tubo e Rf,0 = 0,0002 m2.K/W no lado do casco, determinar (a) a resistência térmica do
trocador de calor por unidade de comprimento e (b) os coeficientes globais de transferência de calor Ui e
U0 baseados nas superfícies interna e externa do tubo, respectivamente.
RESOLUÇÃO:

HIPÓTESES: os coeficientes de transferência de calor e os fatores de incrustação são constantes e uniformes.

A resistência total do trocador de calor por comprimento unitário (L = 1m) é:


1 𝑅𝑖𝑛𝑐,𝑖 𝑙𝑛(𝐷0 ⁄𝐷𝑖 ) 𝑅𝑖𝑛𝑐,0 1
𝑅= + + + +
ℎ𝑖 𝐴𝑖 𝐴𝑖 2𝜋𝑘𝐿 𝐴0 ℎ0 𝐴0
1 0,0005 𝑙𝑛(0,016⁄0,012) 0,0002 1
𝑅= + + + +
700 . 𝜋 . 0,012 . 1 𝜋 . 0,012 . 1 2. 𝜋. 380.1 𝜋 . 0,016 . 1 1400 . 𝜋 . 0,016 . 1
𝑅 = 0,0695 𝐾/𝑊
O coeficiente global de transferência de calor baseado na superfície interna (U i) e externa (U0) será:
1 1 𝑊
𝑈𝑖 = = = 381,85 2
𝑅 𝐴𝑖 0,0695 . (𝜋 . 0,012.1) 𝑚 .𝐾
1 1 𝑊
𝑈0 = = = 286,39 2
𝑅 𝐴0 0,0695 . (𝜋 . 0,016.1) 𝑚 .𝐾

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 84

EXERCÍCIO RESOLVIDO 13)


Repensar o exercício resolvido 12. Usando o Excel (ou outro programa de cálculo), investigar os efeitos
da condutividade térmica do tubo e dos coeficientes de transferência de calor sobre a resistência térmica
do trocador de calor. Deixar a condutividade térmica variar de 50 W/m.K a 400 W/m.K (de 50 em 50), o
coeficiente de transferência de calor por convecção de 500 W/m 2.K a 1500 W/m2.K (de 500 em 500) na
superfície interna e de 1000 W/m2.K a 2000 W/m2.K (de 500 em 500) na superfície externa. Traçar a
resistência térmica do trocador de calor como funções de condutividade térmica e dos coeficientes de
transferência de calor e discutir os resultados.

0,0745
0,0740
RESISTÊNCIA TÉRMICA [K/W]

0,0735
0,0730
0,0725
0,0720
0,0715
0,0710
0,0705
0,0700
0,0695
0,0690
0 50 100 150 200 250 300 350 400
CONDUTIVIDADE TÉRMICA [W/M.K]

0,0900

hi [W/m2.K] h0 [W/m2.K]

0,0800
RESISTÊNCIA TÉRMICA [K/W]

0,0700

0,0600

0,0500

0,0400
500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000
COEFICIENTE DE CONVECÇÃO [W/M2.K]

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 85

EXERCÍCIO RESOLVIDO 14)


Um trocador de calor de tubo duplo de escoamento paralelo deve aquecer água de 25ºC a 60ºC com uma
vazão de 0,2 kg/s. O aquecimento deve ser assegurado por água disponível a 140ºC, com uma vazão
mássica de 0,3 kg/s. O tubo interno é ele parede fina e tem um diâmetro de 0,8 cm. Determine o coeficiente
global de transferência de calor e o comprimento do tubo necessário para alcançar o aquecimento
desejado.
RESOLUÇÃO
HIPÓTESES: (i) Fluidos com fluxo completamente desenvolvido; (ii) propriedades dos fluidos constantes ao longo
do trocador de calor e avaliadas na temperatura média; (iii) como o trocador de calor possui paredes finas, a resistência
devido a condução de calor será desprezada.

Organizando as informações do problema:


Fluido Frio: água (tubos) Fluido quente: água (anel) Trocador
Te = 25ºC Te = 140ºC
Ts = 60ºC Ts = ?ºC (117ºC – calculado no
Di = 0,8 cm = 0,008 m
Tm = 42,5ºC balanço de energia)
Tm = 128,5ºC
𝑚̇𝑓 = 0,2 𝑘𝑔/𝑠 𝑚̇𝑞 = 0,3 𝑘𝑔/𝑠 D0 = 3 cm = 0,03 m
Cpf = 4179,5 J/kg.K Cpq = 4260,15 J/kg.K U=?
f = 991,1 kg/m3 q = 935,92 kg/m3 L=?
kf = 0,634 W/m.K kq = 0,6839 W/m.K
f = 0,0006245 kg/m.s q = 0,00021585 kg/m.s
Prf = 4,115 Prq = 1,3465

A taxa de transferência de calor no fluido frio será:


𝑄̇ = 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 ∆𝑇 = 0,2 . 4179,5 . (60 − 25) = 29256,5 𝑊

A temperatura de saída do fluido quente será (admitindo Tm = 140ºC  Cp = 4286 J/kg.K):


𝑄̇ = 29256,5 = 𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 ∆𝑇 = 0,3 . 4286 . (140 − 𝑇𝑞,𝑠 ) → 𝑇𝑞,𝑠 = 117,25º𝐶

Admitindo que temperatura de saída do fluido quente seja de 117ºC (admitindo T m = 128,5ºC  Cp = 4286 J/kg.K)
𝑄̇ = 29256,5 = 𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 ∆𝑇 = 0,3 . 4260,15 . (140 − 𝑇𝑞,𝑠 ) → 𝑇𝑞,𝑠 = 117,25º𝐶
Cálculo do DTLM:
∆𝑇𝑚á𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛
∆𝑇𝐿𝑀 =
𝑙𝑛(∆𝑇𝑚á𝑥 ⁄∆𝑇𝑚𝑖𝑛 )
O trocador está em escoamento paralelo. Assim:
∆𝑇1 = 140 − 25 = 115º𝐶 (𝑚á𝑥)
∆𝑇2 = 117 − 60 = 57º𝐶 (𝑚𝑖𝑛)
115 − 57
∆𝑇𝐿𝑀 = = 82,64º𝐶
𝑙𝑛(115⁄57)

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 86

A equação que rege a transferência de calor no trocador será: 𝑄̇ = 𝑈 . 𝐴 . ∆𝑇𝐿𝑀 . Assim, haverá a necessidade de
calcular o U. Para isso, será necessário calcular os coeficientes interno e externo de transferência de calor por
convecção:
1 1 1
≅ +
𝑈 ℎ𝑖 ℎ0
Cálculo do coeficiente de convecção interno (hi):
𝜌𝑣⃗𝐷 4. 𝑚̇ 4 . 0,2
𝑅𝑒 = = = = 50970,36
𝜇 𝜋𝐷𝜇 𝜋 . 0,008 .0,0006245

Como o número de Reynolds é maior que 4000, portanto o escoamento do fluido frio dentro do tubo é turbulento.
Assim, haverá a necessidade de calcular o Número de Nusselt por Sieder Tate:
𝜇 0,14
𝑁𝑢 = 0,027. 𝑅𝑒 0,8 . 𝑃𝑟 1/3 ( )
𝜇𝑤
0,14
6,245.10−4
𝑁𝑢 = 0,027. (50970,36)0,8 . (4,115)1/3 ( ) = 292,82
2,1585.10−4
𝐷 𝑘 0,634 𝑊
𝑁𝑢 = ℎ𝑖 . → ℎ𝑖 = 𝑁𝑢. = 292,82. = 23206,01 2
𝑘 𝐷 0,008 𝑚 .𝐾

Cálculo do coeficiente de convecção externo (h0):


𝑚̇ 0,3 𝑘𝑔
𝑚̇ = 𝜌𝑣⃗𝐴 → 𝜌𝑣⃗ = = = 456,90
𝐴 (𝜋⁄4). (0,03 − 0,008 )
2 2 𝑠. 𝑚2

𝜌𝑣⃗𝐷ℎ 456,90. (0,03 − 0,008)


𝑅𝑒 = = = 46568,87
𝜇 0,00021585
Como o número de Reynolds é maior que 10000, portanto o escoamento do fluido quente no anel é turbulento. Assim,
haverá a necessidade de calcular o Número de Nusselt por Sieder Tate.
𝜇 0,14
𝑁𝑢 = 0,027. 𝑅𝑒 0,8 . 𝑃𝑟 1/3 ( )
𝜇𝑤
0,14
2,1585.10−4
𝑁𝑢 = 0,027. (46568,87)0,8 . (1,3465)1/3 ( ) = 139,42
6,245.10−4
𝐷ℎ 𝑘 0,6839 𝑊
𝑁𝑢 = ℎ0 . → ℎ0 = 𝑁𝑢. = 139,42. = 4333,97 2
𝑘 𝐷ℎ (0,03 − 0,008) 𝑚 .𝐾

Cálculo do coeficiente global de transferência de calor:


1 1 1 1 1 𝑊
= + → 𝑈0 = = = 3651,93
𝑈 ℎ𝑖 ℎ0 1 1 1 1 𝑚2 . 𝐾
+ +
ℎ𝑖 ℎ0 23206,01 4333,97
Cálculo da área de troca térmica:
𝑄̇ 29256,5
𝑄̇ = 𝑈 . 𝐴 . ∆𝑇𝐿𝑀 → 𝐴= = = 0,0969 𝑚2
𝑈. ∆𝑇𝐿𝑀 3651,93 . 82,64
𝐴 0,0969
𝐴 = 𝜋𝐷𝐿 → 𝐿= = = 3,86 𝑚
𝜋𝐷 𝜋. 0,008

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 87

EXERCÍCIO RESOLVIDO 15)


Repensar o exercício resolvido 14. Usando o Excel (ou outro programa de cálculo) investigar os efeitos da
temperatura e da vazão mássica de água quente sobre o comprimento do tubo. Deixar a temperatura
variar de 100ºC a 200ºC (50 em 50) e a vazão mássica de 0,1 kg/s até 0,5 kg/s (de 0,1 em 0,1). Traçar o
comprimento do tubo como função da temperatura e da vazão mássica e discutir os resultados.

20
18 Tq,e = 100ºC

16 Tq,e = 150ºC
Comprimento do TC (m)

14 Tq,e = 200ºC
12
10
8
6
4
2
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Vazão mássica do fluido quente (kg/s)

EXERCÍCIO RESOLVIDO 16)


Um trocador de calor de tubo duplo de parede fina em contracorrente deve ser utilizado para resfriar óleo
(Cp = 2200 J/kg.K) de 150ºC a 40ºC com uma taxa de 2 kg/s por água (Cp = 4180 J/kg.K) que entra a
22ºC com uma taxa de 1,5 kg/s. O diâmetro do tubo é de 2,5 cm e o seu comprimento é de 6 m. Determinar
o coeficiente global de transferência de calor deste trocador de calor.
RESOLUÇÃO
HIPÓTESES: (i) fluidos com fluxo completamente desenvolvido, (ii) propriedades dos fluidos constantes ao longo
do trocador de calor e avaliadas na temperatura média.

Organizando as informações do problema.


Tentrada Tsaída Vazão mássica (kg/s) Cp
Fluido frio: água 22ºC ? 1,5 4180 J/kg.K
Fluido quente: óleo 150ºC 40ºC 2,0 2200 J/kg.K
Trocador de calor: escoamento em contracorrente, paredes finas, Di = 2,5 cm (0,025 m), comprimento = 6 m.

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Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 88

A taxa de transferência de calor é:


𝑄̇ = 𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑞,𝑠 ) = 2 . 2200 . (150 − 40) = 484000 𝑊

𝑄̇ 484000
𝑄̇ = 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 ) → 𝑇𝑓,𝑠 = + 𝑇𝑓,𝑒 = + 22 → 𝑇𝑓,𝑠 = 99,2º𝐶
𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 1,5 . 4180

𝑄̇ = 𝑈 . 𝐴 . ∆𝑇𝐿𝑀
A área de troca térmica é:
𝐴 = 𝜋. 𝐷. 𝐿 = 𝜋. (0,025 𝑚). (6 𝑚) = 0,471 𝑚2

Cálculo do DTLM:
∆𝑇𝑚á𝑥 − ∆𝑇𝑚𝑖𝑛
∆𝑇𝐿𝑀 =
𝑙𝑛(∆𝑇𝑚á𝑥 ⁄∆𝑇𝑚𝑖𝑛 )
O trocador está em escoamento paralelo. Assim:
∆𝑇1 = 150 − 99,2 = 50,8º𝐶 (𝑚á𝑥)
∆𝑇2 = 40 − 22 = 18º𝐶 (𝑚𝑖𝑛)
50,8 − 18
∆𝑇𝐿𝑀 = = 31,61º𝐶
𝑙𝑛(50,8⁄18)

𝑄̇ 484000 𝑊
𝑈= = = 32488,4 2
𝐴 . ∆𝑇𝐿𝑀 0,471 . 31,61 𝑚 .𝐾

EXERCÍCIO RESOLVIDO 17)


Repensar exercício resolvido 16. Usando o Excel (ou outro programa de cálculo), investigar os efeitos da
temperatura de saída do óleo e da temperatura de entrada da água sobre o coeficiente global de
transferência de calor do trocador de calor. Deixar a temperatura de saída do óleo variar de 30ºC a 70ºC
e a temperatura de entrada da água variar de 5ºC a 25ºC. Traçar o coeficiente global de transferência de
calor como funções das duas temperaturas e discutir os resultados

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 89

55000
Óleo
50000
Água
45000
Coeficiente Global [W/m2.K]

40000

35000

30000

25000

20000

15000

10000

5000

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Temperatura [ºC]

EXERCÍCIO RESOLVIDO 18)


O radiador em um automóvel é um trocador de calor de escoamento cruzado (U.As = 10 kW/K) que utiliza
ar (Cp = 1,00 kJ/kg.K) para resfriar o fluido refrigerante do motor (Cp = 4,00 kJ/kg.K). O ventilador do motor
movimenta o ar a 30ºC através deste radiador, com uma taxa de 10 kg/s, enquanto a bomba de
resfriamento do motor circula o refrigerante a uma taxa de 5 kg/s. O refrigerante entra no radiador a 80°C.
Sob estas condições, a efetividade do radiador é 0,4. Determinar (a) a temperatura de saída do ar e (b) a
taxa de transferência de calor entre os dois fluidos.

SOLUÇÃO:
Fluido frio: Ar Cp = 1 kJ/kg.K Te = 30ºC Vazão = 10 kg/s
Fluido quente: óleo Cp = 4 kJ/kg.K Te = 80ºC Vazão = 5 kg/s
Trocador de calor Escoamento cruzado UAs = 10 kW/K  = 0,4

𝐶ℎ = 𝑚̇ℎ 𝐶𝑝ℎ = 5(𝑘𝑔/𝑠). 4(𝑘𝐽/𝑘𝑔. 𝐾) = 20 𝑘𝑊/𝐾


𝐶𝑐 = 𝑚̇𝑐 𝐶𝑝𝑐 = 10(𝑘𝑔/𝑠). 1(𝑘𝐽/𝑘𝑔. 𝐾) = 10 𝑘𝑊/𝐾

𝑄̇𝑚á𝑥 = 𝐶𝑚𝑖𝑛 (𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 ) = 10. (80 − 30) = 500 𝑘𝑊


𝑄̇ = 𝜀. 𝑄̇𝑚á𝑥 = 0,4 . 500 = 200 𝑘𝑊

𝑄̇ = 200 = 𝑚̇𝑐 𝐶𝑝𝑐 ∆𝑇𝑐 = 10 . 1 . (𝑇𝑓,𝑠 − 30) → 𝑇𝑓,𝑠 = 50º𝐶


𝑄̇ = 200 = 𝑚̇ℎ 𝐶𝑝ℎ ∆𝑇ℎ = 5 . 4 . (80 − 𝑇ℎ,𝑠 ) → 𝑇ℎ,𝑠 = 70º𝐶

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 90

EXERCÍCIO RESOLVIDO 19)


Um trocador de calor de tubo duplo com parede fina e escoamento paralelo é utilizado para aquecer um
produto químico cujo calor específico é 1800 J/kg.K com água quente (Cp = 4180 J/kg.K). O produto
químico entra a 20ºC com uma vazão mássica de 3 kg/s, enquanto a água entra a 110ºC com uma vazão
mássica de 2 kg/s. A superfície de transferência de calor do trocador de calor é de 7 m 2 e o coeficiente
global de transferência de calor é 1200 W/m 2.K. Determinar as temperaturas de saída do produto químico
e da água.

Fluido frio: produto químico Cp = 1800 J/kg.K Te = 20ºC Vazão = 3 kg/s


Fluido quente: água quente Cp = 4180 J/kg.K Te = 110ºC Vazão = 2 kg/s
Trocador de calor Escoamento paralelo As = 7 m2 U = 1200 W/m2.K

As capacidades térmicas dos fluidos quente e frio são:


𝑊
𝐶ℎ = 𝑚̇ℎ 𝐶𝑝ℎ = 2(𝑘𝑔/𝑠). 4180(𝐽/𝑘𝑔. 𝐾) = 8360 (𝑚á𝑥)
𝐾
𝑊
𝐶𝑐 = 𝑚̇𝑐 𝐶𝑝𝑐 = 3(𝑘𝑔/𝑠). 1800(𝑘𝐽/𝑘𝑔. 𝐾) = 5400 (𝑚𝑖𝑛)
𝐾

O calor máximo trocado neste trocador é:


𝑄̇𝑚á𝑥 = 𝐶𝑚𝑖𝑛 (𝑇ℎ,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 ) = 5400. (110 − 20) = 486000 𝑊

O produto U.As do trocador é: 𝑈. 𝐴𝑠 = 1200 . 7 = 8400 𝑊/𝐾

O número de unidades de transferência (NUT) será:


𝑈. 𝐴𝑠 8400
𝑁𝑈𝑇 = = = 1,556
𝐶𝑚𝑖𝑛 5400

A relação em a capacidade mínima e a capacidade máxima (Z) será:


𝐶𝑚𝑖𝑛 5400
𝑍= = = 0,646
𝐶𝑚á𝑥 8360

A efetividade para um trocador de calor em fluxo paralelo é dada pela expressão:


1 − 𝑒𝑥𝑝[−𝑁𝑈𝑇(1 + 𝑍)] 1 − 𝑒𝑥𝑝[−1,556. (1 + 0,646)]
𝜀= = = 0,56
1+𝑍 1 + 0,646

A taxa de transferência de calor real (calor efetivo) será:


𝑄̇ = 𝜀. 𝑄̇𝑚á𝑥 = 0,56 . 486 = 272,2 𝑘𝑊
𝑄̇ = 272,2 = 𝑚̇𝑐 𝐶𝑝𝑐 ∆𝑇𝑐 = 3 . 1,8 . (𝑇𝑓,𝑠 − 20) → 𝑇𝑓,𝑠 = 70,4º𝐶
𝑄̇ = 272,2 = 𝑚̇ℎ 𝐶𝑝ℎ ∆𝑇ℎ = 2 . 4,18 . (110 − 𝑇ℎ,𝑠 ) → 𝑇ℎ,𝑠 = 77,4º𝐶

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 91

EXERCÍCIO RESOLVIDO 20)


Considere um trocador de calor duplo tubo água-água em contracorrente em que água quente entra a
95°C, enquanto a água fria entra a 20°C. A temperatura de saída de água quente é 15ºC superior à da
água fria e a vazão mássica de água quente é 50% maior do que da água fria. O produto da superfície de
transferência de calor e do coeficiente global de transferência de calor é de 1400 W/ºC. Considerando o
calor específico da água fria e quente como Cp = 4180 J/kg°C, determinar (a) a temperatura de saída da
água fria, (b) a efetividade do trocador de calor, (c) a vazão mássica da água fria e (d) a taxa de
transferência de calor.

HIPÓTESES: (1) regime permanente. (2) o trocador de calor está bem isolado, portanto, a perda de calor para a
vizinhança é desprezível e a transferência de calor do fluido quente é igual a transferência de calor para o fluido frio.
(3) as mudanças de energia cinética e potencial dos fluxos são desprezíveis. (4) o coeficiente global de transferência
de calor é constante e uniforme.
As capacidades térmicas dos fluidos quente e frio são:
𝑊
𝐶𝑞 = 𝑚̇𝑞 𝐶𝑝𝑞 = 1,5𝑚̇𝑓 .4180(𝐽/𝑘𝑔. 𝐾) = 6270 𝑚̇𝑓 (𝑚á𝑥)
𝐾
𝑊
𝐶𝑓 = 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 = 𝑚̇𝑓 . 4180(𝐽/𝑘𝑔. 𝐾) = 4180 𝑚̇𝑓 (𝑚𝑖𝑛)
𝐾
A relação em a capacidade mínima e a capacidade máxima (Z) será:
𝐶𝑚𝑖𝑛 4180 𝑚̇𝑓
𝑍= = = 0,667
𝐶𝑚á𝑥 6270 𝑚̇𝑓
A taxa de transferência de calor neste trocador pode ser escrita como:
𝑄̇ = 𝐶𝑓 ∆𝑇𝑓 = 4180 𝑚̇𝑓 . (𝑇𝑓,𝑠 − 20)

𝑄̇ = 𝐶𝑞 ∆𝑇𝑞 = 6270 𝑚̇𝑓 . (95 − (𝑇𝑓,𝑠 + 15)) = 6270 𝑚̇𝑓 . (80 − 𝑇𝑓,𝑠 )

Igualando as duas equações, obtém-se:


4180 𝑚̇𝑓 . (𝑇𝑓,𝑠 − 20) = 6270 𝑚̇𝑓 . (80 − 𝑇𝑓,𝑠 ) → 𝑻𝒇,𝒔 = 𝟓𝟔º𝑪
Calculando a efetividade:
𝑄̇ 𝐶𝑓 (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 ) 4180 𝑚̇𝑓 . (56 − 20)
𝜀= = = = 0,48
𝑄̇𝑚á𝑥 𝐶𝑓 (𝑇𝑞,𝑒 − 𝑇𝑓,𝑒 ) 4180 𝑚̇𝑓 . (95 − 20)

O número de unidades de transferência (NUT) será:


1 𝜀−1 1 0,48 − 1
𝑁𝑈𝑇 = ( ) 𝑙𝑛 ( )=( ) 𝑙𝑛 ( ) = 0,805
𝑍−1 𝜀𝑍 − 1 0,667 − 1 0,48 . 0,667 − 1

A partir da definição de NUT, obtém-se a vazão mássica do fluido frio:


𝑈. 𝐴𝑠 1400 𝒌𝒈
𝑁𝑈𝑇 = 0,805 = = → 𝒎̇𝒇 = 𝟎, 𝟒𝟏𝟔
𝐶𝑚𝑖𝑛 4180 𝑚̇𝑓 𝒔

A taxa de transferência de calor é determinada por:


𝑄̇ = 𝑚̇𝑓 𝐶𝑝𝑓 (𝑇𝑓,𝑠 − 𝑇𝑓,𝑒 ) = 0,416 . 4180 . (56 − 20) = 𝟔𝟐𝟓𝟗𝟗, 𝟔𝟖 𝑾 𝒐𝒖 𝟔𝟐𝟔𝟎𝟎 𝑾

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 92

EXERCÍCIO RESOLVIDO 21)


Um aquecedor de processo casco e tubo deve ser selecionado para aquecer água (Cp = 4190 J/kg.K) de
20°C a 90°C com vapor escoando no lado do casco. A taxa de transferência de calor do aquecedor é de
600 kW. Se o diâmetro dos tubos é de 1 cm e o valor da velocidade da água não deve ser superior a 3 m/s
(velocidade econômica), determinar quantos tubos devem ser utilizados no trocador de calor.

RESOLUÇÃO:
A partir do valor da taxa de transferência de calor, pode-se calcular a vazão mássica de água:
𝑄̇ = 𝑚̇𝑎 𝐶𝑝𝑎 (𝑇𝑠,𝑎 − 𝑇𝑒,𝑎 )
𝑄̇ 600000 𝑘𝑔
𝑚̇𝑎 = = = 2,046
𝐶𝑝𝑎 (𝑇𝑠,𝑎 − 𝑇𝑒,𝑎 ) 4190 × (90 − 20) 𝑠

A temperatura média da água fria é 𝑇𝑚 = ((90 + 20)⁄2) = 55º𝐶. Nesta temperatura a massa específica é igual a
985,2 kg/m3. Usando a velocidade média de 3 m/s, tem-se:
2,046
𝑚̇𝑎 = 𝜌𝑣⃗𝐴 → 𝐴𝑣 = = 0,00069224 𝑚2
985,2 × 3

A área de passagem do fluido em um tubo é:


𝐴𝑡 = 𝜋𝑟 2 = 𝜋 × (0,5/100)2 = 0,00007854 𝑚2

Assim, o número de tubos para a passagem do fluido será:


𝐴𝑣 0,00069224
𝑁𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠 = = = 8,81 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠
𝐴𝑡 0,00007854

Ou seja, para ter uma velocidade menor que 3 m/s, o trocador de calor precisará de 9 tubos com um passe.

EXERCÍCIO RESOLVIDO 22)


Repensar o exercício resolvido 21. Usando o Excel (ou outro programa), traçar o número de passes no
tubo em função da velocidade da água, variando de 1 m/s a 8 m/s e discutir os resultados.

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 93

30

25
Número de tubos

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Velocidade [m/s]

1-passe 2-passes 3-passes 4-passes

Profa. Elisângela Martins Leal


Sistemas Térmicos (Módulo 1: Trocadores de Calor) 94

1.12. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E REFERENCIADA

BEJAN, A. Transferência de calor.São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda. 1996. 540 p.

HEWITT, G.F.; SHIRES, G.L., BOTT, T.R. Process Heat Transfer. Florida: CRC Press. 1993.
1042 p.
HOLMAN, J. P. Transferência de calor. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. 629p.

KAKAÇ, S. Boilers, evaporators and condensers. New York: John Wiley & Sons, Inc., 1991,
835p.

ÖZIŞIK, M. N. Transferência de calor: um texto básico. Rio de Janeiro: Editora Guanabara


Koogan S.A. 1990. 661p.

Recursos disponíveis via internet:

Trocadores de Calor: http://venus.rdc.puc-rio.br/wbraga/

Trocadores de Calor: Página de trocadores de calor construída pelos alunos da UFMG.


http://www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema003/trocador/index.htm

Profa. Elisângela Martins Leal

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