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I. C. Bigno1 , P. F. Castro2
1
Departamento de Pós Graduação em Ciência dos Materiais, IME (Instituto Militar de
Engenharia), 22290-270, Rio de Janeiro, Brasil
2
Departamento de Pós Graduação em Engenharia Civil, UFF (Universidade Federal
Fluminense), 22240–240, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil
RESUMO
PALAVRAS–CHAVE
Resíduo, resíduos industriais, resíduo de corte de rocha, rochas ornamentais, carga, compósito
polimérico.
INTRODUÇÃO
Este artigo apresenta um estudo da utilização do RCRO como carga para adição em
compósitos de matriz polimérica. A influência deste resíduo nos compósitos foi avaliada por
meio de ensaios de resistência mecânica e de durabilidade em elementos pré-moldados.
MATERIAIS
Caracterização
As massas unitária e específica do RCRO foram determinadas por meio da NBR 7251
(ABNT, 1982b) e da NBR NM 23 (ABNT, 2001) respectivamente e os valores determinados
foram 1,39g/cm3 e 2,90g/cm3.
O espectro de difração de raios X da amostra foi coletado pelo método do pó. O difratograma
de raios X (DRX) indicou a presença de quartzo, feldspatos e mica, além de anfibólio e de
calcita. Aspecto do difratograma pode ser observado na Figura 5.
Ensaios de solubilização NBR 10006 (ABNT,1987c) e lixiviação NBR 10005 (1987b) foram
realizados para verificar a presença de fluoretos no RCRO. Os resultados dos ensaios
mostraram teores inferiores aos limites máximos estabelecidos pela NBR 10004 (ABNT,
1987a). Por esta razão, o resíduo foi considerado inerte, inserindo-se na classe III da referida
norma.
Composto % em Peso
Al2O3 8,56
SiO2 45,96
K2O 4,75
BaO -
Fe2O3 13,06
CuO 3,14
ZnO 19,29
CaO 5,28
RCRO
Contagens
Energia (KeV)
A resina utilizada foi de poliéster tereftálica, indicada para processos simples de laminação.
As constantes da resina líquida RPC 750 fornecidas pelo fabricante, encontram-se
relacionadas na Tabela 2.
Lin (Contagens)
2-Theta - scale
Temperatura (ºC)
A fôrma utilizada para a confecção das placas foi composta por uma base metálica, com
laterais fixadas por parafusos. Para uniformizar a textura da superfície das placas, o fundo da
fôrma recebeu uma placa de acrílico. Na seqüência de confecção da placa a face superior
recebeu uma placa de acrílico para garantir o nivelamento, isto é a espessura constante do
corpo de prova. O detalhamento da fôrma pode ser observado na Figura 7.
O programa experimental ensaiou misturas com diversos traços em volume. Entretanto, não
foi usado solvente para a resina com o intuito de reduzir sua viscosidade. Por esta razão, o
teor máximo de carga que permitiu manter uma trabalhabilidade adequada para moldar as
placas foi de 50% em volume (1:1).
Embora as misturas tenham sido projetadas em volume, o processo de execução das placas
para ensaio utilizou pesagem dos materiais. Portanto, o preparo do compósito polimérico
consistiu na seguinte seqüência de procedimentos:
• pesagem do RCRO e da resina separadamente;
• colocação do RCRO sobre a resina;
• homogeneização inicial com haste (1 minuto);
• mistura mecânica inicial em baixa rotação (1minuto);
• adição do catalisador;
• mistura mecânica final em baixa rotação (1 minuto);
•
As placas foram moldadas à temperatura ambiente. O processo de moldagem consistiu em
verter a mistura homogeneizada sobre a placa de acrílico, previamente polida colocada no
fundo da forma metálica. A uniformização da mistura sobre a superfície da placa no fundo da
fôrma foi executada com o auxílio de uma espátula distribuindo o material do centro para as
extremidades. Uma placa de acrílico polida foi colocada sobre a mistura após seu
espalhamento na fôrma. Uma carga uniformemente distribuída foi colocada sobre a placa de
acrílico com o objetivo de eliminar bolhas de ar e garantir o nivelamento da superfície.
Três horas após o lançamento da mistura foi realizada a desmoldagem. O processo de cura
limitou-se a armazenagem da placa em temperatura ambiente por 14 dias.
Ensaios
O teste hipótese mostra que não há diferença significativa, ao nível de 5%, entre os resultados
da velocidade do pulso ultra-sônico (t 0 < t α ) de cada placa. Além disso, o teste de hipótese
de Fischer, ao nível de 5%, mostrou que, para cada placa, as velocidades do pulso ultra-
sônico, não apresentam variações internas significativas. Portanto, pode-se afirmar que a
mistura de cada placa é homogênea.
O processo de execução das placas foi verificado por meio da análise da homogeneidade das
séries de corpos de prova utilizando o método da análise fatorial, com um fator controlado.
Não foi detectada diferença significativa entre as séries de placas ao nível de 5% de risco.
Portanto, o processo laboratorial de execução das placas é confiável na produção de
elementos homogêneos.
Determinação das propriedades de flexão
Resistência à tração
Placa
na flexão (MPa)
07 33,24
08 35,15
09 24,10
10 21,59
11 24,89
12 31,13
Média 28,35
Desvio Padrão 5,54
to 1,23
tα 2,57
Erro Padrão 2,26
Limite superior
32,78
(média + 1,96 EP)
Limite inferior
23,92
(média - 1,96 EP)
O intervalo de confiança contém o valor de resistência à tração na flexão das barras, com
probabilidade de 95%. Sendo a média estatística de 28,35MPa um parâmetro aceitável de
referência.
Após o rompimento das barras, foram observados aspectos da superfície da fratura por meio
de microscopia eletrônica de varredura (MEV) em alto vácuo. Conforme pode ser observado
na Figura 8 a superfície apresentava-se compacta, mas irregular, devido à presença dos
inertes. Havia a presença de marcas de bolhas de ar e de inertes arrancados.
FIGURA 8. MICROGRAFIA DA SUPERFÍCIE DA FRATURA DA BARRA EM COMPÓSITO DE MATRIZ
POLIMÉRICA (MEV -100 X)
A determinação do desgaste por abrasão das placas de compósito polimérico foi realizada
com base na NBR 12042 (ABNT, 1992b). Foram ensaiados quatro corpos de prova com
dimensões de 70 x 70 x 4mm, colados a um paralelepípedo de argamassa de mesma área de
base e com espessura média de 30mm.
Os corpos de prova foram avaliados quanto ao desgaste à abrasão e a perda de brilho após 500
e 1000m de percurso sobre a superfície de um anel de ferro fundido continuamente abastecido
com material abrasivo.
O valor de desgaste médio de 1,0mm obtido a 1000m de percurso foi comparado com os
índices de desgastes da NBR 11801 (ABNT, 1992a) para argamassas de alta resistência
mecânica para pisos. Nesse caso, verificou-se que, com esse desgaste, a placa de compósito
pode ser classificada no Grupo B (Solicitação predominante por abrasão, causada pelo arraste
e rolar de cargas médias, tráfego de veículos de rodas rígidas, tráfego intenso de pedestre e
impacto de pequena intensidade).
Resistência ao manchamento
A resistência ao manchamento foi determinada com base em método de ensaio existente para
outros materiais. O ensaio consistiu na aplicação de agentes manchantes em corpos de prova
(placas). A solução para o agente manchante vermelho foi preparada contendo 15 partes em
peso de óleo leve (óleo de soja) e 10 partes em peso de Fe2O3 (óxido férrico). A solução para
o agente manchante preto recebeu a mesma quantidade de óleo leve e 10 partes em peso de
Fe3O4 (óxido salino de ferro).
A aplicação dos agentes manchantes consistiu no espalhamento de quatro gotas de cada uma
das soluções na face superior dos corpos de prova (placas) previamente limpos com água e
secos, delimitado seu contorno com tinta não removível e cobertos com vidro de relógio
convexo, mantendo-o por 24 horas.
As placas em compósito polimérico elaboradas com adição de RCRO apresentaram facilidade
de limpeza, sendo necessária à utilização de esponja macia e produto de limpeza fraco para a
total remoção do agente manchante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises e conclusões estão fundamentadas nos resultados dos ensaios obtidos no programa
experimental desenvolvido, que foi limitado pela quantidade de misturas, materiais, amostras
e procedimento empregado. Portanto, as conclusões são específicas para o programa
experimental apresentado nesse artigo.
A mistura utilizada na elaboração individual das placas, com teor máximo de adição de 50%
em volume (1 de resina : 1 de RCRO), foi considerada homogênea. A homogeneidade da
mistura de cada placa foi verificada por meio de teste estatístico com resultados de ensaio de
velocidade do pulso ultra-sônico, que não apresentou valores discrepantes para o intervalo de
confiança do teste de hipótese. Além disso, o teste de hipótese utilizando a distribuição de
Fischer mostrou que para cada placa, as velocidades do pulso ultra-sônico, não apresentam
variações internas significativas.
Em geral, tempo de mistura e a temperatura de cura são parâmetros que podem influenciar no
processo de execução. Por esta razão, o processo de execução das placas foi verificado por
meio de análise estatística (ANOVA). Nesse caso, foi realizada uma análise fatorial, com um
fator controlado, utilizando os resultados da velocidade do pulso ultra-sônico. Essa análise
indicou não haver influência do processo de execução das placas nos resultados dos ensaios
do programa experimental realizado.
As cargas são utilizadas nos laminados poliméricos para reduzir custos do produto. Além
disso, as cargas podem reduzir a translucidez, o empenamento, a dilatação térmica e retardar
as chamas.
Portanto, o Resíduo de Corte de Rochas Ornamentais é mais uma opção para uso como carga
na produção de laminados poliméricos. O estudo, aqui apresentado, indica que o
aproveitamento de RCRO, como carga mineral para produtos em matriz polimérica, é
tecnicamente viável.
REFERÊNCIAS
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Itapemirim, 86f