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VI Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas

I International Symposium on Mortars Technology


Florianópolis, 23 a 25 de maio de 2005

INFLUÊNCIA DA QUANTIDADE DE CAL E DA


GRANULOMETRIA NAS PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS
MISTAS DE ASSENTAMENTO DE BLOCOS DE CONCRETO DE
ALVENARIA ESTRUTURAL

CASALI, Juliana Machado (1); PRUDÊNCIO JR., Luiz Roberto (2)

(1) Enga. Civil. Doutoranda PPGEC-UFSC. Av. Desembargador Vitor Lima, 594 apto
501 Florianópolis-SC CEP: 88040-400 E-mail: jucasali@ig.com.br
(2) Eng. Civil. Professor do Departamento de Engenharia Civil - UFSC, Florianópolis –
SC CEP 88040-900 E-mail: ecv1lrp@ecv.ufsc.br

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo avaliar a influência das variações da quantidade de cal
e da granulometria do agregado miúdo, dentro dos limites usualmente estabelecidos, nas
propriedades no estado fresco e endurecido das argamassas mistas para assentamento de
blocos de concreto de alvenaria estrutural. Foram avaliadas no estado fresco: retenção
de água, consistência (flow table), teor de ar incorporado e trabalhabilidade (Gtec
Teste). No estado endurecido foram avaliadas a resistência a compressão e o módulo de
elasticidade em argamassas e prismas de blocos de concreto. Com os resultados obtidos
pode-se concluir que a trabalhabilidade foi influenciada, tanto pela granulometria da
areia quanto pelo efeito da quantidade de cal. A quantidade de cal influenciou na
retenção de água das argamassas. No estado endurecido, o maior fator de eficiência
encontrado foi de 0,86 para argamassa Mi (areia média e quantidade de cal
intermediária). Cabe salientar que a argamassa Mi apresentou um dos menores valores
de resistência à compressão, demonstrando a importância e a necessidade de estudar o
desempenho das argamassas como junta de assentamento.

ABSTRACT
This work aims at evaluating the influence of variations in lime content and particle size
distribution of sand, within usual standardized limits, in both plastic and hardened state
of cement-lime based mortars for structural concrete block masonry. Properties studied
in plastic state were: water retention, consistency, entrained-air content and workability
(GTec Test). In hardened state, compressive strength and modulus of elasticity were
analyzed in both mortar specimens and masonry prisms of concrete block. Results had
shown that workability is influenced by both particle size distribution and lime content.
Lime content also influenced water retention of mortars. In hardened state, the higher
efficiency factor found was 0.86 for mortar Mi (average grading sand and average lime
content) in spite of this, mortar Mi presented a lower compressive strength. Such fact
confirms the importance and the need of further research on bedding mortars
performance of structural masonry.

Palavras-chave: argamassa de assentamento, alvenaria estrutural, blocos de concreto,


cal, granulometria.

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Keywords: bedding mortar, structural masonry, concrete block, lime, particle size
distribution.

1. INTRODUÇÃO
Na opinião da maioria dos autores (SABBATINI, 1986; CINCOTTO, SILVA e
CARASEK, 1995; SOLÓRZANO, 1994; GALLEGOS, 1989; GREEN et al, 1999;
THOMSON e GODBEY, 2003a, 2003b), a granulometria da areia e a quantidade de cal
influenciam as propriedades das argamassas mistas para assentamento.
Com relação a granulometria da areia, segundo Gallegos (1989), há evidências de que
as areias grossas aumentam a resistência à compressão e produzem argamassas ásperas,
enquanto que as areias muito finas reduzem a resistência à aderência. Sabbatini (1986)
recomenda que a areia deve apresentar granulometria contínua e ser classificada como
média (módulo de finura entre 1,8 e 2,8).
De uma forma geral, o aumento da quantidade de cal, influencia positivamente na
trabalhabilidade, porém pode ocorrer uma diminuição da resistência à compressão pela
demanda excessiva de água (CINCOTTO, SILVA e CARASEK, 1995).
Com relação à normalização, não existe um consenso em relação ao traço que deveria
ser utilizado para argamassas de assentamento. A NBR 8798 - Execução e controle de
obras em alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto (1985) especifica que o
agregado deve atender às especificações da NBR 7211 - Agregado para concreto
(1987). A granulometria dos agregados deve estar dentro dos limites de somente uma
das quatro zonas, porém a referida norma não especifica em qual dessas zonas
especificadas a granulometria para argamassas de assentamento deve estar. As normas
britânica e americana, BS – 1200 e ASTM C – 144, também apresentam limites
especificamente recomendados para a granulometria das areias destinadas a argamassas
de assentamento. Entretanto, estes limites são muito abrangentes levando a
possibilidade de uso de areias com finuras muito distintas (módulos de finura entre 1,70
e 2,95).
A determinação das proporções dos materiais constituintes das argamassas de
assentamento, segundo a NBR 8798 (1985), deve atender exigências para algumas
propriedades. Entretanto, essa norma não sugere composições para argamassa de
assentamento tais como as normas britânicas e americanas. Devido a isso, normalmente
têm-se adotado traços típicos recomendados por estas duas normas estrangeiras.
A norma americana ASTM C 270-86b (1987) preconiza que as argamassas para
assentamento para alvenaria estrutural devem atender as especificações da ASTM C 91,
que as classifica em M, S, N e O conforme o traço. A quantidade de cal no traço varia
de 0 a 2, em volume, e a quantidade de agregado miúdo, de 2,25 a 3 vezes o volume de
cimento e cal. Adicionalmente impõe faixas de resistência à compressão, retenção de
água e ar incorporado.
A norma britânica BS 5628: Parte 1 (1992) especifica as classes de cada tipo de
argamassa (i, ii, iii e iv), as proporções (em volume) dos materiais, quantidade de cal no
traço variando de 0 a 2 e a quantidade de agregado miúdo entre 3 a 9 para argamassas
de assentamento para alvenaria estrutural.
Como pode ser observado, existem faixas de utilização recomendadas por diversas
normas. Porém, estas faixas são bastante amplas para poderem contemplar o uso de
materiais distintos encontrados regionalmente e ainda existem dúvidas sobre o real
desempenho das argamassas quando são variadas as quantidades de cal e as
granulometrias dentro dos limites usualmente estabelecidos. Além disso, existem
poucos trabalhos que tratam da influencia dessas variações nas propriedades do estado

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endurecido em prismas de blocos de concreto tais como fator de eficiência e módulo de
elasticidade.
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência das
variações da quantidade de cal e da granulometria do agregado miúdo, dentro dos
limites usualmente estabelecidos, nas propriedades no estado fresco e endurecido das
argamassas mistas (cimento, cal e areia) para assentamento de blocos de concreto de
alvenaria estrutural, visando estabelecer composições mais adequadas à otimização de
suas propriedades, tanto no estado fresco quanto endurecido.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais Empregados


As argamassas mistas foram confeccionadas com Cimento Portland Composto com
Filler, CP II – F – 32, com cal hidratada do tipo CH III. As propriedades desses
materiais constam nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1 - Características do cimento CP II-F 32


Análise física Análise química Análise mecânica
Teor Idade Resistência
Ensaio Ensaio Teor (%)
(%) (dias) (MPa)
Peneira # 0,075mm 2,45 Perda ao fogo 5,23 1 15,7
Peneira # 0,045mm 11,95 CaO livre 1,58 3 25,6
Água da pasta de Resíduo
27,4 1,31 7 30,4
consistência normal insolúvel
Massa específica (g/cm3) 3,04 Si2O2 18,20 28 38,4
3
Massa unitária (g/cm ) 1,13 AL2O3 4,33
2
Blaine (cm /g) 3.257 Fe2O3 2,50
Início de pega (min) 169 CaO 59,60
Fim de pega (min) 230 MgO 5,07
SO3 2,89

Tabela 2 - Características da cal hidratada CH III


Componente Teor (%)
CaO 37,87
MgO 25,49
Perda ao fogo (incluindo H2O e CO2) 26,55
Resíduo insolúvel 8,97
Massa unitária (g/cm3) 0,63
Massa específica (g/cm3) 2,46

Os agregados miúdos empregados na confecção das argamassas possuíam


granulometrias bem distintas, mas obedeciam aos limites recomendados pela BS 1200.
Uma encontrava-se no limite superior da BS 1200, areia grossa, outra no meio deste
intervalo, areia média, e a última no limite inferior, areia fina (Figura 1). Além disso, o
módulo de finura das areias está dentro do limite recomendado por Sabbatini (1986)
entre 1,8 a 2,8. As características dos agregados utilizados estão apresentadas na Tabela
3 e a distribuição granulométrica na Figura 1. A água utilizada era proveniente da rede
de abastecimento local.

- 416 -
Tabela 3 - Características dos agregados miúdos
Material Areia Fina Areia Média Areia Grossa
Módulo de finura 1,71 2,09 2,67
Massa específica (g/cm3) 2,63 2,63 2,63
Massa Unitária (g/ cm3) 1,333 1,335 1,335

10

20
%Acumulada Retida

30

40

50

60

70

80

90

100
Fundo 0,15 0,3 0,6 1,2 2,4 4,8 6,3 9,5
Abertura da peneiras (mm)
BS Superior BS Inferior Areia Média Areia Fina Areia Grossa

Figura 1 – Curvas granulométricas das areias utilizadas.

Para a confecção dos prismas de alvenaria, foram utilizados blocos de concreto de


dimensões nominais de 14x19x39cm, especificado pela NBR 6136 (1994). Os blocos de
concreto tinham resistência característica nominal de 6MPa. Para caracterização dos
blocos foram feitos ensaios de absorção, de acordo com a NBR 12118 (1991) e ensaio
de área líquida, cujos resultados constam na Tabela 4.

Tabela 4 – Características dos blocos de concreto


Dimensões Massa média Alíquida/Abruta – (%) Umidade (%) Absorção (%)
(cm) (Kg) – CV(%) – CV(%) – CV(%)
14,0x19,0x39,0 11,10 53,44 (1,16) 2,85 (5,69) 10,27 (9,95)

2.2 Dosagem das Argamassas


No estudo, foram utilizados cinco traços distintos. O traço base utilizado foi de 1:1:5
(cimento:cal:areia seca), em volume, por ser este corriqueiro em obras de alvenaria no
país e estar preconizado pela norma britânica BS 5628 – Parte 1 (1992). Para o traço
base foram estudadas três misturas variando-se a granulometria da areia: areia fina (Fi),
areia média (Mi) e areia grossa (Gi). Definido o traço base, foi fixado o cimento e a
areia, em volume, e se variou o conteúdo de cal, sendo a quantidade média de cal aquela
do traço base. Então, foi escolhido um traço mais magro (menos cal) de 1:0,7:5 e outro
mais gordo (mais cal) de 1:1,3:5. A areia utilizada nestes últimos traços foi a areia
média (Tabela 3).

2.3 Procedimento Experimental


As argamassas foram produzidas em betoneira intermitente de queda livre e eixo
inclinado com capacidade de 120 litros.

- 417 -
No dia anterior à produção das argamassas mistas, era feita a complementação da
maturação da cal através da mistura desta com areia úmida com teor de umidade de
10%.
Os materiais para as argamassas mistas eram colocados na betoneira da seguinte ordem:
primeiramente colocava-se a areia e a cal (já pré-misturadas), em seguida colocava-se o
cimento e por último adicionava-se a água até atingir a trabalhabilidade ideal para o
assentamento. O tempo de mistura era cerca de 7 minutos com repouso de
aproximadamente 1 minuto para raspagem do material retido nas paredes da betoneira.
A quantidade de material utilizada para a produção das argamassas está apresentada na
Tabela 5.

Tabela 5 – Quantidade de material utilizado para a produção das argamassas


H (água/ materiais
Arg Traço Cimento (Kg) Cal (Kg) Areia (Kg) a/c
secos - %)
Mm 1:0,7:5 4,60 1,80 27,05 1,44 19,8
Fi 5,36 3,11 31,52 1,73 23,2
Mi 1:1:5 4,46 2,59 26,26 1,49 20,0
Gi 4,46 2,59 26,26 1,34 18,0
Mg 1:1,3:5 4,37 3,15 25,70 1,42 18,7

A quantidade de água utilizada em cada traço (Tabela 5) foi determinada utilizando-se o


GTec Teste. Este ensaio avalia a deformação inicial sofrida por um filete de argamassa
quando submetido ao mesmo peso por unidade de comprimento de um bloco de
concreto, além da deformação complementar quando são aplicados impactos
provocados pela queda de uma massa padronizada, similarmente ao que ocorre durante
o assentamento da alvenaria. A escolha desse método de ensaio se deu pela sua
comprovada eficácia (CASALI et al., 2002; CASALI, 2003). Uma descrição detalhada
pode ser encontrada em (CASALI et al., 2002; PRUDÊNCIO et al., 2002; CASALI,
2003).
Além da trabalhabilidade, no estado fresco foram avaliadas as seguintes propriedades:
retenção de água (NBR 9287), consistência através do flow table (NBR 7215) e teor de
ar incorporado (NBR 13278).
Foram moldados corpos-de-prova cilíndricos (5x10cm) para a verificação das
propriedades no estado endurecido (resistência à compressão e módulo de elasticidade)
das argamassas, além de terem sido confeccionados prismas de alvenaria de blocos de
concreto para avaliação do fator de eficiência e do módulo de elasticidade. Os módulos
de elasticidade foram obtido utilizando a metodologia utilizada por Calçada (1998).
Para que os corpos-de-prova de argamassa fossem submetidos às mesmas condições das
juntas de argamassa do prisma até o momento do ensaio, estes foram curados ao ar, ao
lado dos prismas.
Todos os corpos-de-prova foram ensaiados à compressão à idade de 28 dias juntamente
com a ruptura dos prismas nos quais as respectivas argamassas foram empregadas. Os
corpos-de-prova cilíndricos eram capeados com pasta de cimento e enxofre para a
regularização da superfície.
Os blocos de concreto empregados foram ensaiados à compressão para sua
caracterização, conforme a NBR 7184 (1992), na data de ruptura dos prismas para que
se pudesse estabelecer uma relação entre a resistência do prisma e a resistência do bloco
no prisma ensaiado (fator de eficiência). Para realização deste ensaio, os blocos foram
capeados com pasta de cimento.

- 418 -
2.4 Confecção e Ensaio à Compressão dos Prismas
No ensaio de prisma, eram confeccionados, segundo a NBR 8215 (1983), quatro
prismas (com três unidades de altura) para cada tipo de argamassa. Estes prismas foram
destinados ao ensaio de resistência à compressão axial e módulo de elasticidade, cujo
objetivo era avaliar a influência no fator de eficiência, mecanismo de ruptura das
alvenarias e deformação das diferentes argamassas utilizadas. Os ensaios eram
realizados aos 28 dias de idade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Propriedades do Estado Fresco


Na Tabela 6 apresenta as propriedades do estado fresco para as argamassas estudadas.

Tabela 6 – Propriedades do estado fresco das argamassas estudadas.


Consistência Teor de ar Retenção GTec Teste
Arg. (flow table) incorporado de água Li
N IP Coesão
(mm) (%) (%) (cm)
Mm 260,3 9,40 39,87 1,85 19 -4,44 Sim
Fi 291,6 6,97 48,66 1,75 11 -6,67 Sim
Mi 250,6 7,93 52,89 1,90 24 -3,48 Sim
Gi 250,5 8,16 53,65 1,95 25 -3,18 Sim
Mg 250,1 7,15 57,16 1,75 13 -6,15 Sim
N – número de golpes IP – Índice de plasticidade (mm/J) Li – Leitura inicial

Observando-se a Tabela 6, pode-se notar que existe uma variação do valor do índice de
consistência (flow table) nas argamassas estudadas para a obtenção de uma argamassa
trabalhável pela opinião do assentador e medidos pelo GTec Teste. Um exemplo disso
são as argamassas Fi e Mg que, apesar de possuírem uma trabalhabilidade similar tanto
no Gtec Teste quanto pela avaliação subjetiva do assentador, apresentaram índices de
consistência (flow table) bastantes distintos.
Na Figura 2 pode ser observada a espessura do filete conforme a aplicação da energia
para a obtenção da junta de 1cm para as argamassas estudadas. Esta figura permite
analisar a plasticidade destas argamassas, que influencia diretamente na sua
trabalhabilidade (ver descrição CASALI et al., 2003; CASALI, 2003).

2 2
Fi Mm
Espessura do Filete (cm)

Espessura do Filete (cm)

1,8 Mi 1,8 Mi
Gi Mg
1,6 1,6
1,4 1,4
1,2 1,2
1 1
0,8 0,8
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Energia (J) Energia (J)

(a) (b)
Figura 2 – Espessura do filete (cm) versus energia (J): (a) argamassas com granulometrias
diferentes e (b) argamassas com diferentes teores de cal.

- 419 -
Dentro das faixas de variação estudadas, a granulometria do agregado utilizado
influenciou a trabalhabilidade de uma forma coerente. Quanto maior a finura, menor a
energia utilizada para obter a espessura da junta de 1cm (Figura 2a) e maior o índice de
plasticidade em módulo (Tabela 6). Deve ser salientado que a variação da
trabalhabilidade entre as argamassas com areia média e grossa foi muito pequena. Com
relação à cal, para a argamassa com o maior teor, menor também a energia para obter a
espessura de 1cm (Figura 2b) e maior o índice de plasticidade em módulo (Tabela 6).
Porém, entre as argamassas com teor de cal intermediário e magro o comportamento
não manteve a mesma tendência.
Cabe salientar que, no momento da realização do programa experimental, a diferença na
trabalhabilidade das argamassas com as distintas granulometrias foi detectada
subjetivamente pelo assentador, porém o mesmo não aconteceu com relação ao teor de
cal.
Já os valores de retenção de água encontrados para as argamassas estudadas
apresentaram uma sensível diferença com a variação da quantidade de cal (Tabela 6).
Os teores de ar incorporado foram influenciados tanto pela granulometria do agregado,
quanto pelos teores de cal. Quanto menor o teor de cal e menor a finura da areia, maior
o teor de ar incorporado.

3.2 Propriedades do Estado Endurecido


A Tabela 7 apresenta os resultados obtidos de resistência à compressão das argamassas
em corpos-de-prova cilíndricos 5x10 cm, dos blocos de concreto e dos prismas
juntamente com o fator de eficiência, para cada argamassa estudada. Além disso, mostra
os módulos de elasticidade da argamassa e prisma (conjunto bloco-argamassa) obtidos
através dos gráficos tensão versus deformação específica apresentados nas Figuras 3 e
4.

Tabela 7 – Propriedades no estado endurecido


Resistência à compressão (MPa)+ –
Módulo de elasticidade (MPa)
Arg CV(%) FE*
Argamassa Bloco Prisma Argamassa Prisma**
Mm 7,72 (7,21) 7,10 (3,92) 5,79 (5,90) 0,82 7461 10726
Fi 4,64 (8,99) 7,10 (3,92) 5,69 (2,84) 0,80 3733 15554
Mi 5,56 (1,68) 7,10 (3,92) 6,13 (4,26) 0,86 5653 12914
Gi 8,46 (3,56) 7,10 (3,92) 5,81 (9,11) 0,82 6673 15080
Mg 6,42 (2,12) 7,10 (3,92) 5,95 (3,81) 0,84 6299 11382
+
- Valores Médios * - Fator de eficiência ** - Em área líquida

Observando a Tabela 7, percebe-se que a resistência à compressão das argamassas


aumenta conforme diminui a finura da areia. Porém, quando se fixa a granulometria da
areia, não se consegue visualizar uma relação entre a quantidade de cal e a resistência à
compressão. Para todas as argamassas estudadas, conforme aumenta a relação
água/cimento a resistência à compressão diminui (Tabela 5).
Na Tabela 7, observa-se que o maior valor de fator de eficiência foi obtido com a
argamassa Mi (0,86). Cabe ressaltar que esta argamassa obteve um dos menores valores
de resistência à compressão.
Com relação ao módulo de elasticidade das argamassas, observa-se que seu valor
aumenta também com a diminuição da finura da areia. Para todas as argamassas,
observou-se que o módulo de elasticidade foi proporcional à sua resistência à

- 420 -
compressão. Entretanto, para o módulo de elasticidade de prismas com as argamassas
estudadas não foi possível visualizar nenhuma tendência com relação à granulometria
da areia, à quantidade de cal e nem a sua resistência. Isto pode ter sido conseqüência da
variação inerente do módulo de elasticidade entre os blocos utilizados nos prismas além
de pequenas variações na espessura das juntas de argamassa.
6,00

5,00

4,00
Tensão (MPa)

3,00

2,00

1,00

0,00
0,0000 0,0002 0,0004 0,0006 0,0008 0,0010 0,0012 0,0014
Deformação Específica
Mm Fi Mi Gi Mg

Figura 3 – Diagrama tensão x deformação específica das argamassas estudadas.

9,00

8,00

7,00

6,00
Tensão (MPa)

5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
0,0000 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008 0,0009 0,0010

Deformação Específica

Mm Fi Mi Gi Mg

Figura 4 – Diagrama tensão x deformação específica dos prismas.

4. CONCLUSÕES
Com os resultados obtidos nas propriedades do estado fresco pode se concluir que a
granulometria da areia influenciou a trabalhabilidade (medidas pelo GTec Teste) de
uma forma mais sistemática do que o teor de cal. Por outro lado, a retenção de água foi
influenciada pela quantidade de cal. Isto significa que o aumento no teor de cal das
argamassas pode não implementar a sua trabalhabilidade mas pode aumentar o tempo
em aberto destinado ao assentamento dos blocos.
Em relação às propriedades no estado endurecido, observou-se que a resistência à
compressão das argamassas foi influenciada principalmente pela relação água/cimento e
granulometria da areia. A quantidade de cal, nos teores estudados, não influenciou
significativamente os resultados de resistência à compressão. O módulo de elasticidade

- 421 -
encontrado nas argamassas apresentou o mesmo comportamento da resistência à
compressão e foram proporcionais. Porém, os módulos de elasticidade dos prismas não
foram influenciados pela granulometria, quantidade de cal e nem foram proporcionais a
sua resistência. Este fato mostra a importância de conhecer o real desempenho das
argamassas como junta de assentamento.
O maior fator de eficiência encontrado foi para argamassa Mi de 0,86. Cabe salientar
que a argamassa Mi apresentou trabalhabilidade adequada (GTec Teste) no estado
fresco e a resistência à compressão foi uma das menores encontradas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Efeito da incorporação de ar nas propriedades de uma argamassa industrializada para
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CINCOTTO, M. A.; SILVA, M. A. C.; CARASEK, H. Argamassa de revestimento:
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GALLEGOS, H. Albañileria Estrutural. Pontificia Universidade Católica do Peru. Lima,
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GRENN, K.M.; CARTER, M. A.; HOFF, W.D.; WILSON, M.A. The effects of lime
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Concrete Research 29, 1743-1747, 1999.
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Boletim Técnico da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1986.
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THOMSON, M. L.; GODBEY, R. J. Proportioning cement-lime masonry mortar mix
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mortar on physical properties. Ninth North American Masonry Conference, 1012-1021,
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