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VI Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas

I International Symposium on Mortars Technology


Florianópolis, 23 a 25 de maio de 2005

CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DE ARGAMASSAS PELO


MÉTODO DE SQUEEZE-FLOW

CARDOSO, Fábio A. (1); PILEGGI, Rafael G. (2); JOHN, Vanderley M. (3)

(1) Eng. de Materiais. Doutorando PCC-EPUSP. Cx. Postal 61548. São Paulo-SP.CEP
05424-970. E-mail: fabio.alonso.cardoso@poli.usp.br
(2) Eng. de Materiais. Pesquisador Doutor Associado do Departamento de Engenharia de
Construção Civil, PCC-EPUSP. Cx. Postal 61548. São Paulo-SP.CEP 05424-970. E-
mail: rafael.pileggi@poli.usp.br
(3) Eng. Civil. Professor Doutor Associado do Departamento de Engenharia de Construção
Civil, PCC-EPUSP. Cx. Postal 61548. São Paulo-SP.CEP 05424-970. E-mail
vanderley.john@poli.usp.br

RESUMO
O comportamento reológico das argamassas é complexo, pois estas apresentam uma
natureza bifásica (agregados e pasta) e reativa, características variáveis dependendo da
finalidade (revestimento ou colante) e, ainda, são submetidas a diversas solicitações nas
etapas de mistura, aplicação e acabamento. A consistência é geralmente caracterizada
por ensaios de mesa de fluidez, de dropping-ball e também por penetrômetros. Estes são
ensaios de baixo custo e de fácil execução em obras, mas insuficientes para efetuar uma
avaliação mais completa desses materiais no estado fresco. O presente trabalho propõe a
utilização da técnica de squeeze-flow para avaliação reológica de argamassas e outros
materiais de construção. O método consiste em medir o esforço necessário para
comprimir o material entre duas placas paralelas gerando deformações por cisalhamento
e elongação no mesmo. São apresentadas diferentes configurações de ensaio
desenvolvidas para materiais com características de fluidez inicial distintas. Os efeitos
da consolidação pela ação do cimento, da variação do teor de água e da presença de
incorporador de ar em argamassas industrializadas são avaliados através do squeeze-
flow e comparados aos resultados obtidos por testes de mesa de consistência e dropping-
ball. É discutida a influência da taxa de deslocamento nos resultados obtidos por
squeeze-flow.

ABSTRACT
The consistency of fresh mortar is generally evaluated by slump and dropping-ball tests.
Although these are simple and cheap tests, they are not able to provide a more complete
rheological characterization of cement-based mortars. The rheological behavior of
mortars tend to be complex not only due to the biphasic characteristic and reactive
nature of the material, but also as a consequence of the diverse strain solicitations that
the material is submitted to during the mixture, application and finishing steps. This
paper presents an adaptation of the Squeeze-flow technique to the rheological
characterization of mortars and other building materials. The method measures the load
required to squeeze the material, accordingly to a pre-determined displacement
schedule, between two parallel plates resulting in shear and elongation strains. Diverse
test configurations developed for materials with different characteristics are shown. The

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effects of water content, surfactant additive and the set of cement in a commercial
mortar composition were determined through the squeeze-flow method as well as by
slump and dropping-ball tests. The influence of the displacement rate on the squeeze-
flow results is discussed.

Palavras-chave: argamassa, estado fresco, comportamento reológico, squeeze-flow.

Keywords: fresh mortar, rheological behavior, squeeze-flow.

1. INTRODUÇÃO
Os principais requisitos de desempenho dos revestimentos estão relacionados a
propriedades finais no estado endurecido, como a porosidade, a resistência de aderência,
a resistência à tração, o módulo elástico e a permeabilidade, parâmetros importantes
para promover uma durabilidade maior das edificações. As argamassas são aplicadas no
estado fluido e, apesar de ser uma etapa intermediária do processo, o comportamento
destas no estado fresco é de fundamental importância para possibilitar uma moldagem
fácil e isenta de defeitos, minimizando a ocorrência de patologia nos revestimentos após
endurecimento (fissuras, descolamento e manchas), as quais podem ser decorrentes de
um comportamento reológico inadequado para a aplicação.

Conceitos Básicos de Reologia


Reologia (rheos = fluir, logos = estudo) é a ciência que estuda o fluxo e a deformação
da matéria, avaliando as relações entre a tensão de cisalhamento aplicada, e a
deformação em determinado período de tempo [Glatthor e Schweizer, 1994]. Assim, o
comportamento reológico dos materiais é representado por relações entre o fluxo ou
deformação com as forças a que são submetidos.
A viscosidade de um fluido é uma constante que relaciona a taxa com a tensão de
cisalhamento, conforme segue:
.
τ = F/A = η γ (Equação 1)
F= força;
A = área;
τ = tensão de cisalhamento (N/m2 = Pa);
.
γ = taxa de cisalhamento (s-1);
η = viscosidade (Pa.s).

No caso da reologia de suspensões, as partículas sólidas no meio de um fluido


perturbam as linhas de fluxo aumentando a resistência do sistema ao escoamento, ou
seja, elevando a viscosidade [Oliveira et al., 2000]. As características reológicas das
suspensões são afetadas por diversos fatores, entre eles: concentração volumétrica de
sólidos, características do meio líquido, temperatura, tempo decorrido desde o início da
mistura (especialmente no caso de suspensões reativas), características físicas das
partículas (distribuição granulométrica, densidade, morfologia, área superficial e
rugosidade) e tipo de interação das partículas no meio (estado de dispersão). [Oliveira et
al., 2000]
Como resultado, em composições com altas concentrações de partículas, como no caso
das argamassas, estas passam a interagir mais intensamente, fazendo que a reologia do
sistema desvie do modelo ideal de Newton para comportamentos não-lineares, como:

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Pseudoplástico - a viscosidade da suspensão diminui com o aumento da taxa (ou tensão)
de cisalhamento;
Dilatante - aumento da viscosidade do sistema com a taxa de cisalhamento. É um
comportamento típico de suspensões concentradas;
Adicionalmente, as suspensões podem apresentar uma tensão mínima necessária para
que se inicie o fluxo, ou seja, uma tensão de escoamento. Quando solicitados por
tensões abaixo da de escoamento, os materiais comportam-se como sólidos rígidos
[Glatthor e Schweizer, 1994; Oliveira et al., 2000; Pileggi, 2002]. Os materiais que
apresentam pseudoplasticidade ou dilatância com tensão de escoamento são
denominados fluidos de Bingham. Ainda, o comportamento dos materiais pode
depender da história ou tempo de cisalhamento, apresentando tixotropia (redução da
viscosidade aparente em função do tempo quando a suspensão está sob cisalhamento
constante) ou reopexia (aumento da viscosidade em função do tempo de cisalhamento).

Modelo Microestrutural – Reológico de Argamassas


Sob esta ótica as argamassas podem ser descritas, de modo simplificado, como
suspensões bifásicas concentradas compostas por uma fração “grossa” inerte (areia),
com partículas entre 100µm e 2mm aproximadamente, e uma pasta reativa de água e
“finos”, geralmente, cimento e cal, conforme a ilustração na Figura 1.
Em condições de cisalhamento no estado fresco, a fração das partículas grosseiras é
predominantemente sujeita a fenômenos mássicos (atrito e impacto), enquanto a fração
fina (<100µm) é afetada por fenômenos de superfície e reações de hidratação. Devido,
principalmente, à reação do cimento com a água, e também à secagem, as argamassas
passam de um estado fluido para o de sólido elástico (estado endurecido). Durante este
período o comportamento reológico do material se modifica em função dos diversos
fenômenos envolvidos, como dissolução, aglomeração, precipitação de fases hidratadas
ligantes, alterações no pH e ação de eventuais aditivos (dispersantes, retardadores, etc).
Assim, uma argamassa pode ser definida como um material cujas propriedades são
determinadas pela interação do conjunto de grãos grossos imersos na matriz fluida.

Agregados > 100µm

Finos < 100µm

Água

reativos
Pasta
inertes

Figura 1 – Ilustração esquemática descrevendo a macro e também a microestrutura de


uma argamassa.
Através de uma abordagem mais detalhada, verifica-se que as argamassas são, de fato,
produtos com características multifásicas, pois muitas formulações apresentam
pozolanas, filler (finos inertes), fibras (naturais ou sintéticas) e teores consideráveis de
ar incorporado. Deste modo, tendem a apresentar comportamento reológico complexo

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não somente devido à natureza multifásica e reativa, mas também devido às diversas
solicitações a que são submetidas nas etapas de preparo (mistura) e aplicação
(lançamento e acabamento).
A adequação das características reológicas do material à finalidade (revestimento,
colante ou assentamento), às condições ambientais (temperatura, umidade relativa,
exposição ao vento) e aos tipos de lançamento (manual ou mecânico) e acabamento
favorece o máximo aproveitamento do potencial das propriedades finais da argamassa, o
qual é determinado pelas características intrínsecas da formulação (químicas, físicas,
granulométricas, proporção dos constituintes, teor de água).
Idealmente uma argamassa deve apresentar um comportamento pseudoplástico para
facilitar espalhamento, nivelamento e acabamento, bem como uma considerável tensão
de escoamento para manter-se estável após as etapas citadas. Contudo, a generalização
do comportamento ideal para argamassas é limitada considerando que cada método de
aplicação e finalidade podem requerer características particulares do material.

Técnicas de Caracterização Reológica


Em contraste à complexidade dos comportamentos reológicos que as argamassas podem
apresentar, estas são tradicionalmente caracterizadas por ensaios simples como a mesa
de fluidez, o método do dropping-ball e os penetrômetros. Estes ensaios avaliam a
consistência do material de acordo com o conceito de trabalhabilidade, havendo níveis
de consistência pré-estabelecidos que permitem a aplicação.
O American Concrete Institute (ACI 116R-00, 73) define a trabalhabilidade como: “a
propriedade de um concreto ou argamassa no estado fresco que determina a facilidade
com que estes podem ser misturados, aplicados, consolidados e acabados a uma
condição homogênea”. Outras entidades ainda incluem o grau de resistência à
segregação das fases do sistema [Koehler, et al., 2003]. O conceito de trabalhabilidade é
de certa forma relativo, pois depende não somente das propriedades do material
(argamassa ou concreto), mas também da forma de aplicação e do método de avaliação.
Os testes reológicos podem ser classificados como estáticos e dinâmicos[Koehler, et al.,
2003]. Nos testes dinâmicos a energia é fornecida ao material através de ações como
vibração, impacto ou cisalhamento. Já os testes estáticos, baseiam-se apenas no fluxo do
material sobre seu próprio peso. A classificação dos testes também pode ser realizada
em virtude do tipo de fluxo produzido durante o ensaio, conforme a Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação proposta pelo NIST para testes de caracterização reológica de


concretos [Koehler, et al., 2003].
Categoria Definição
O material flui sob o seu próprio peso ou sob ação de pressão
Testes de fluxo
aplicada, sendo forçado a passar por um orifício. Ex.:
confinado
Viscosímetro capilar.
O material flui sob seu peso sem confinamento ou um objeto
Testes de fluxo
penetra na massa por gravidade. Ex.: abatimento, dropping-ball,
livre
penetrômetros.
O material flui sob a influência de vibração. Ex.: mesa de
Testes vibratórios
fluidez.
O material é cisalhado entre duas superfícies paralelas, onde
Reômetros
uma delas ou ambas estão em rotação. Ex.: Viscosímetro
rotacionais
Brookfield, Vane, cilindros concêntricos.

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• Dropping-ball
Este método de caracterização é baseado na queda livre de uma esfera (onde o tamanho
e peso da esfera e a altura da queda são padronizados) sobre uma argamassa moldada
em um cilindro metálico. Os resultados são expressos na forma de índice de penetração,
não utilizando unidades fundamentais. É um ensaio geralmente relacionado à tensão de
escoamento do material, mas deve-se levar em conta que existe a influência do impacto
da bola no material e que a densidade da argamassa ou concreto influi bastante na
medida (como no caso de materiais com ar incorporado). Norma relacionada: Inglaterra
– BS 4551 (1998).

• Mesa de Consistência (Flow-table)


O teste consiste em medir o espalhamento horizontal de uma argamassa moldada na
forma de um cone padrão, onde o material é submetido a sucessivos impactos após a
retirada do cone. Existem algumas variações do teste, mudando principalmente o
número e freqüência de impactos. O método apresenta a vantagem de ser dinâmico,
assim, considerando também a viscosidade do sistema e não só a tensão de escoamento;
além disso, avalia qualitativamente a tendência à segregação de fases no sistema, em
decorrência da aplicação de energia (impactos). Entretanto, os resultados obtidos não
dissociam a contribuição de cada um dos parâmetros reológicos (viscosidade e tensão de
escoamento), e são apresentados quantitativamente na forma de índice de consistência
ou porcentagem de espalhamento e não em termos de unidades reológicas fundamentais
[Koehler, et al., 2003]. Outra desvantagem do método quando utilizado para
caracterização de argamassas é que não reproduz as condições de aplicação práticas do
material (lançamento com alto impacto seguido de espalhamento sob intenso
cisalhamento). Normas relacionadas: Alemanha - DIN 1048, Europa – EN 12350-5,
NBR – 13276.
Os referidos ensaios são de baixo custo e de fácil execução. Mas, considerando a natureza
multifásica e reativa das argamassas, as limitações dos ensaios e as solicitações extremas
de cisalhamento em situações práticas a que estas são submetidas, estes métodos são
insuficientes para efetuar uma avaliação mais completa da natureza reológica das
mesmas. Não é possível que o comportamento complexo de um material seja descrito por
um único valor de medida, mas sim por um perfil reológico medido com precisão e,
preferencialmente, simulando as solicitações práticas reais, visto que o comportamento
pode variar em função das características da solicitação, como tensão e taxa de
cisalhamento e restrição do material.
Observa-se como práticas usuais que a quantidade de água adicionada nas argamassas
seja ajustada pelo pedreiro de acordo com avaliação visual e baseada na experiência, ou
que seja definida por uma faixa de consistência padronizada que o material deve
apresentar. Neste último caso, a água é adicionada até que a consistência padrão
(definida pela mesa de fluidez) seja atingida [Selmo, 1989; Gomes e Neves, 2002]. A
carência de água pode prejudicar a homogeneização e a moldabilidade da argamassa,
assim gerando defeitos no revestimento. Por outro lado, a adição em excesso pode levar
à separação de fases por sedimentação, resultando em um material sujeito a grandes
retrações e com microestrutura heterogênea e altos níveis de porosidade após
endurecimento. Portanto, a utilização de teores de água determinados através de
métodos de caracterização não adequados pode causar uma ocorrência maior de
patologia nos revestimentos no estado endurecido.
Entretanto, apesar das limitações conceituais e de não refletirem adequadamente o
comportamento reológico, os testes de mesa de consistência e de dropping-ball
continuam sendo bastante utilizados para avaliação de argamassas no estado fluido.

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• Reômetros
Os reômetros são equipamentos dedicados à avaliação de propriedades reológicas de
fluidos, suspensões, argamassas e concretos. Determinam parâmetros como viscosidade
e tensão de escoamento através de dois princípios básicos de funcionamento: (1)
aplicação de torque ao fluido ou suspensão e medida do cisalhamento resultante ou (2) o
cisalhamento aplicado é controlado sendo avaliado o torque necessário para tal [Pileggi,
2002].
Contudo, os reômetros de precisão atuam em faixas limitadas de torque, sendo
incapazes de medir os elevados esforços requeridos para o cisalhamento de materiais
como concretos e argamassas em taxas extremas.
A reometria rotacional foi pioneiramente aplicada em concretos na década de 60
[Powers, 1968], utilizando o conceito de cilindros concêntricos para aplicação de
cisalhamento ao material. A importância crescente da utilização da reometria rotacional
para caracterização de concretos em nível internacional é ilustrada por publicações do
NIST (National Institute of Standards and Technology) [Ferraris e Brower, 2001;
Ferraris, 1999], que propõe a utilização desta técnica para avaliação reológica de
concretos auto-adensáveis de alto desempenho.
Acrescenta-se que, os rêometros rotacionais para concretos e argamassas além de
determinar o comportamento reológico dos materiais, apresentam geometrias mais
adequadas para avaliar as formulações durante as etapas de mistura e transporte, por
simularem condições de escoamento turbulento.
Entretanto, as geometrias de ensaio usualmente empregadas neste tipo de reômetro
(cilindros concêntricos ou placa-placa) eventualmente podem não satisfazer um
requisito fundamental dos ensaios reológicos, que é o não deslizamento entre o fluido e
a superfície dos elementos de cisalhamento [Pileggi, 2002]. No caso da caracterização
de argamassas essa é uma questão bastante relevante, pois devido à sua natureza
plástica, podem ocorrer problemas de deslizamento e perda de contato entre a massa e a
ferramenta que aplica o cisalhamento, comprometendo a avaliação. Ainda, as
solicitações impostas por esse tipo de equipamento não são semelhantes às condições de
aplicação das argamassas (que consistem em cisalhamento em elevadas taxas
juntamente com elongação para espalhamento do material sobre o substrato).
Considerando o cenário delineado, a avaliação do comportamento reológico das
argamassas faz-se necessária para o desenvolvimento de formulações que apresentem
características no estado fresco adequadas para aplicação e que não comprometam o
desempenho do material no estado endurecido. Para isso o presente trabalho consiste em
adaptação e desenvolvimento da técnica de squeeze-flow para a caracterização reológica
de argamassas e suas pastas.

2. SQUEEZE-FLOW
Técnica amplamente utilizada para a caracterização dos mais diversos tipos de pastas
incluindo alimentos, cosméticos, materiais cerâmicos e compósitos poliméricos [Öskan
et al., 1999]. Estudo pioneiro em materiais de construção foi publicado por Min et al.
[Min et al., 1994] utilizando squeeze-flow para a caracterização de uma pasta de
cimento, verificando as alterações reológicas decorrentes da consolidação do ligante.
Entretanto, a utilização do método para a caracterização de argamassas é inovadora.
Este baseia-se na medida do esforço necessário para a compressão uniaxial de uma
amostra cilíndrica do material entre duas placas paralelas, conforme a Figura 2, e pode
ser facilmente realizado em equipamentos do tipo máquina universal de ensaios. A

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deformação efetiva do material ocorre por cisalhamento radial quando a razão entre o
diâmetro e a espessura da amostra for elevada (D/h>>5) [Meeten, 2000; Meeten, 2004;
Min et al., 1994; Öskan et al., 1999]. As condições de contorno nas interfaces do
material com as placas alteram o perfil de deformação no interior da amostra e a área de
contato entre placas e amostra. Solicitações do material predominantemente de
deformação elongacional ocorrem no caso do deslizamento (ou atrito nulo) e a
deformação por cisalhamento é mais acentuada quando o atrito entre as placas e a pasta
é elevado (escorregamento nulo), de acordo com a ilustração da Figura 3 [Meeten,
2000; Meeten, 2004; 1994; Öskan et al., 1999]. Na prática, geralmente, verifica-se nos
experimentos uma situação intermediária, com ambos os tipos de deformação presentes.

Compressão

punção

D = 50,8 mm
amostra h0 = 10 mm h < 10 mm

base início do ensaio final do ensaio

Figura 2 – Representação esquemática do ensaio reológico de squeeze-flow


identificando a condição de início e final de ensaio. D = diâmetro do punção (placa
superior) = diâmetro da amostra; h0 = distância inicial entre o punção e a base (placa
inferior) = altura inicial da amostra; h = altura da amostra variável em função do
deslocamento do punção superior.

compressão

escorregamento nulo escorregamento livre

Figura 3 – Ilustração esquemática das linhas de fluxo geradas para as duas condições de
contorno básicas de ensaio de squeeze-flow - escorregamento nulo (atrito infinito) e
escorregamento livre (atrito nulo).
Existe outra configuração de ensaio também bastante utilizada, onde as duas placas
(punção e base) são de mesmo tamanho, fazendo com que a área de contato entre ambas
as placas e o material permaneça constante ao longo do ensaio. Desta maneira o
material deformado é descartado da área de atuação das placas. Esta é uma condição
ideal para a simulação, por exemplo, do comportamento de argamassas de assentamento
durante a aplicação.
Entretanto, como na maioria das aplicações o material deve ser espalhado sobre uma
superfície, foi escolhida para este estudo a configuração de ensaio ilustrada na Figura 2.
A área sob carregamento permanece constante, mas a área submetida aos fenômenos de
escorregamento e atrito entre a base e a amostra é variável. Esta é, portanto, uma
configuração versátil que permite avaliar o comportamento dos materiais frente a
diferentes solicitações.

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O método permite a variação da taxa de cisalhamento e também da magnitude das
deformações. Compressão simples controlada por deslocamento, oscilação, compressão
por força controlada, aplicação de patamares de relaxação, são procedimentos de
squeeze-flow que podem ser utilizados para determinação de diversos parâmetros
reológicos e também para a simulação de situações práticas [Meeten, 2000; Meeten,
2004; Öskan et al., 1999]. No lançamento contra o substrato, por exemplo, a argamassa
é solicitada em altas taxas de cisalhamento e grandes deformações, enquanto as etapas
de desempeno e acabamento podem submetê-la a deformações e taxas de cisalhamento
bastante variáveis.
O perfil típico obtido de um ensaio de squeeze-flow com controle por deslocamento
expresso na forma de carga vs. deslocamento apresenta 3 regiões bem definidas [Min et
al. 1994], conforme demonstrado na Figura 4.
No primeiro estágio, em pequenas deformações, o material comporta-se como um
sólido, apresentando deformação elástica linear. Uma argamassa que apresente
comportamento com uma parcela significativa nesse estágio, possivelmente apresentará
problemas de fissuração ainda no estado fresco devido à recuperação elástica após a
retirada do esforço (após a passagem da desempenadeira).
No estágio seguinte, em deslocamentos intermediários, a compressão resulta em
deformação radial elongacional e de cisalhamento superando as forças que mantinham o
material sob comportamento elástico, e assim, o mesmo flui por deformação plástica
e/ou viscosa dependendo das suas características. Nesta etapa o material é capaz de
sofrer grandes deformações sem aumento significativo da força necessária para o
deslocamento, o que aparenta ser um comportamento apropriado para aplicação e
espalhamento de argamassas.
Já no terceiro estágio, no qual o material é submetido a grandes deformações, pode
ocorrer um aumento expressivo (exponencial) da carga necessária para o deslocamento
do mesmo. A aproximação das partículas ou de outros constituintes de um sistema
(fibras por exemplo) submetido a grandes deformações gera forças restritivas ao fluxo
devido à maior interação (embricamento ou entrelaçamento) das unidades móveis.
Provavelmente, este é um estágio de comportamento em que procedimentos de
aplicação e acabamento do material devem ser dificultados, devido às altas cargas
(tensões) necessárias para deformá-lo, possivelmente levando a um acabamento
defeituoso.

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Carga (N) I II III

Deformação (mm)

Figura 4 – Perfil típico de carga vs. deslocamento de um ensaio de squeeze-flow


realizado com deslocamento controlado. Estágio I: pequeno deslocamento - deformação
elástica; estágio II: deslocamento intermediário - deformação plástica e/ou fluxo
viscoso; estágio III: grande deslocamento - enrijecimento por deformação (strain
hardening).
É importante ressaltar que a faixa de deformação e a intensidade dos estágios podem
variar de acordo com a composição dos materiais (teor de água, dimensões mínima e
máxima das partículas, presença de aditivos) e também com a configuração de ensaio
utilizada.
Por fim, os ensaios de squeeze-flow podem gerar os parâmetros reológicos fundamentais
como viscosidade e tensão de escoamento. Através das equações 2 e 3 os parâmetros
reológicos fundamentais como a viscosidade e a tensão de escoamento podem ser
determinados:

η= 64Ft / 3π(h-2 - h0-2)D4 (Equação 2)


τ0 = 12hF / πD3 (Equação 3)

onde: F é a força de compressão (N), t é o tempo (s), h é a altura instantânea da amostra


(m), h0 é altura inicial (m), D o diâmetro da amostra (m), η a viscosidade (Pa.s) e τ0 é a
tensão de escoamento sob cisalhamento (Pa) [Meeten, 2000].
Existem diversos modelos já estabelecidos utilizados de acordo com a geometria e
condições de contorno do ensaio e, também, com o comportamento do material
[Meeten, 2000; Meeten, 2004; Min et al. 1994; Öskan et al., 1999; STEFFE, 1996]. As
equações 2 e 3 são adequadas para determinação dos parâmetros reológicos em
condições estacionárias como, por exemplo, após patamares de relaxação.
Contudo, os resultados das curvas de carga vs. deslocamento e carga vs. tempo são
suficientes para a compreensão da natureza reológica dos materiais, através,
principalmente, dos perfis das curvas e dos níveis de carga atingidos.
Além da versatilidade experimental apresentada pelo método, outro aspecto relevante
refere-se ao potencial da ampla utilização desta técnica para pesquisa e
desenvolvimento de materiais de construção civil nos mais diversos laboratórios e

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indústrias, visto que equipamentos do tipo máquina universal de ensaios são
tradicionalmente utilizados no cenário nacional.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
Com o intuito de ilustrar a versatilidade da técnica de squeeze-flow, neste trabalho
foram avaliados 4 tipos de materiais de construção. Uma composição comercial de
revestimento à base de gesso com teor de água indicado pelo fabricante, uma pasta de
cal CH I com relação água/cal igual a 0,83, uma argamassa colante de mercado com
teor de água indicado pelo fabricante e uma composição comercial de argamassa de
revestimento. Esta última foi preparada com adição de 13 e 15% em massa de água e,
também, com a adição de 1% em massa de aditivo incorporador de ar numa das
formulações com 15% de água.
As composições testadas foram preparadas em agitador mecânico de bancada para o
gesso e a pasta de cal, e argamassadeira EMIC para as argamassas por cerca de 5
minutos para garantir homogeneização. Logo após a mistura, as composições foram
vertidas em moldes de PVC com diferentes geometrias (descritas na Figura 5)
escolhidas de acordo com as características de cada suspensão. Independentemente da
geometria utilizada, as amostras foram razadas para garantir um bom acabamento
superficial, condição importante para a realização do teste de squeeze-flow, pois a
superfície do punção deve tocar perfeitamente o material.
A preparação das suspensões e a realização dos ensaios ocorreram em temperatura
ambiente em torno de 23 oC e umidade relativa de, aproximadamente, 60%.
Os ensaios de squeeze-flow foram realizados em uma máquina universal de ensaios
INSTRON (modelo 5569) utilizando células de carga de 10N e 1000N. As ferramentas
utilizadas para o ensaio foram: uma base rígida de aço inox, punções de aço inox com
25,4 e 50,8mm de diâmetro, anéis de PVC com 50,8mm de diâmetro e 10mm de altura
ou com 76,2mm de diâmetro e 5mm de altura utilizados como moldes juntamente com
placas quadradas de PVC com 5mm de espessura (utilizadas como base). Os dados de
carga, deslocamento e tempo foram coletados e registrados pelo software do
equipamento numa taxa de 4 pontos por segundo, ou seja, com intervalos de 0,25s.
Todos os ensaios foram realizados segundo o conceito de compressão simples
controlada por deslocamento. Entretanto, para cada material foram utilizados programas
de deslocamento distintos, variando as taxas de deslocamento, as deformações finais e a
presença de patamares de relaxação.
A repetibilidade do método foi verificada através de ensaios realizados com água como
material de teste, sendo que em 10 repetições não ocorreu variação nos resultados
obtidos (estudo ainda não publicado). Adicionalmente, é importante ressaltar que
possíveis variações nos valores obtidos por squeeze-flow são oriundos de variações no
material e na forma de preparação das amostras como demonstrado por Antunes et al.
[Antunes, 2005].
O endurecimento dos materiais em função do tempo foi avaliado através de ensaios
realizados em diferentes tempos após a mistura.
As argamassas de revestimento foram também submetidas aos ensaios de mesa de
consistência (de acordo com a norma NBR-13276) e de dropping-ball, este baseado na
norma britânica BS 4551, com o objetivo de comparar os resultados de squeeze-flow
com parâmetros obtidos segundo estes métodos tradicionais.

- 130 -
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Seleção da geometria de ensaio


A versatilidade do método de squeeze-flow permite que argamassas diferentes ou seus
materiais constituintes sejam avaliados da maneira mais adequada, de acordo com as
características do produto (argamassa) ou da pasta (ligante e água). Para cada tipo de
material ou de concentração pode-se escolher ou adaptar uma condição de ensaio que
seja mais apropriada em termos de facilidade de execução, requisitos básicos do ensaio
ou simulação da aplicação.
Para realizar a avaliação reológica de líquidos viscosos, suspensões diluídas ou pastas
com consistência inicial baixa, que apresentem pouca ou nenhuma tensão de
escoamento, não é possível utilizar a configuração tradicional do ensaio de Squeeze-
flow (Figura 2), visto que os fluidos citados não são capazes de manter a forma sem o
auxílio de um molde restritivo. Uma solução é o emprego de um anel de PVC utilizado
para evitar o escoamento do material e manter a geometria adequada para a realização
do ensaio, de acordo com a Figura 5A. É certo que a barreira imposta pelo molde exerce
influência durante a solicitação do material, entretanto, esse efeito é minimizado
utilizando amostra com diâmetro 3 vezes maior do que o diâmetro do punção que
comprime o material, conforme avaliado por Min et al.. Outro artifício é a utilização de
uma deformação pequena (compressão superficial), já que o método é bastante sensível
não necessitando de grandes deformações para detectar alterações decorrentes da
consolidação dos materiais ensaiados, ainda mais se tratando de suspensões diluídas ou
mesmo de pastas concentradas de partículas finas (> 100µm).
Vários materiais de interesse na área da construção civil podem ser avaliados de acordo
com essa configuração como: pastas de cimentos, cal ou gesso, caldas de injeção e
argamassas em geral. Os dados demonstrados na Figura 5B resultam da avaliação de
uma composição à base de gesso (gesso, cal, carbonato e aditivos) de acordo com a
configuração descrita na Figura 5A utilizando um deslocamento máximo de 0,3mm
numa taxa de 0,1mm/s, sendo que o deslocamento máximo é mantido em patamar por
30 segundos. As curvas de carga resultantes das amostras submetidas ao teste
imediatamente após a mistura e depois de 10 e 20 minutos, respectivamente, mostram a
capacidade do método em avaliar o aumento da consistência, isto é, da viscosidade e da
tensão de escoamento do material em decorrência da pega do gesso, através do aumento
na carga necessária para a compressão da pasta.

- 131 -
100
(i) 0 min B) Gesso
A) (ii) 10 min 0,3
80 (iii) 20 min
Punção

Deslocamento (mm)
Deslocamento
(25,4mm)

Carga (cN)
60
0,2

(iii)
5mm 40
(ii)
0,1

Molde rígido Amostra (76,2mm) 20 (i)

0 0,0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (s)

(i) 30 min 2,5


C) 150 (ii) 60 min
(iii) 90 min D) Pasta de Cal
Deslocamento 2,0

Deslocamento (mm)
(iii)

Carga (N)
100 1,5

Punção (50,8mm)
1,0
50
10mm
Amostra (50,8mm) (ii) 0,5
(i)
0 0,0
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (s)
5
E) (i) 10 min
F) Argamassa Colante
5
4 (ii) 30 min
4

Deslocamento (mm)
Deslocamento
Carga (N)

3
3
Punção (50,8mm)
2
(ii) 2
10mm
1 1
(i)
Molde partido Amostra (50,8mm) 0 0
0 50 100 150 200
Tempo (s)

Figura 5 – (A) Ilustração esquemática da geometria de ensaio utilizada em pastas de


baixa consistência inicial. Um molde rígido mantém o formato da amostra durante a
execução do ensaio. (B) Gráfico dos resultados de carga vs. tempo para uma
composição a base de gesso com diferentes tempos após a mistura, ensaiada de acordo
com a mesma geometria da Figura 5A. (C) Geometria de ensaio utilizada para materiais
que apresentam tensão de escoamento suficiente para manuseio e desmoldagem. A
amostra é desmoldada antes da realização do ensaio. (D) Resultados de squeeze-flow de
pasta concentrada de cal ensaiada de acordo com a geometria da Figura 5C. (E) O
esquema do ensaio utilizado para materiais com tensão de escoamento suficiente para
manuseio, mas que aderem à superfície do molde. Ensaio é realizado com auxílio de um
anel de PVC partido em 4 pedaços, que deslizam conforme o fluxo radial do material.
(F) Resultados da caracterização de uma argamassa colante de acordo com a
configuração da Figura 5E.
Os resultados são demonstrados em gráfico de carga vs. tempo, para explicitar a
possibilidade de se avaliar o comportamento de relaxação das composições, o que não é
possível quando plotados em curvas de carga vs. deslocamento. Resumidamente, um
perfil de relaxação com queda linear e instantânea da carga representa um
comportamento elástico, enquanto uma queda mais sutil e dependente do tempo está
associada ao comportamento viscoso. Neste caso, após a carga máxima ser atingida no

- 132 -
ponto de máximo deslocamento, observa-se um comportamento predominantemente
viscoso de relaxação da composição de gesso.
Já os materiais que apresentam tensão de escoamento suficiente para manter a forma
durante o manuseio e desmoldagem, podem ser ensaiados de acordo com uma das
configurações descritas na literatura, ilustrada na Figura 2. Ou seja, compressão entre
duas placas com dimensões diferentes onde o volume de material é mantido constante e
a amostra não está confinada, pois não há a necessidade de manter o molde durante o
ensaio. Materiais de revestimento à base de cimento ou gesso e polímeros, massas
corridas, composições de fibrocimento e argamassas em geral podem ser testados de
acordo com a configuração da Figura 5C. Na Figura 5D são apresentados os resultados
do squeeze-flow de uma pasta concentrada de cal hidratada em função do tempo após a
mistura, comprimida até 2,5mm em taxa de 0,1mm/s. Pode-se notar que, apesar da pasta
de cal hidratada não sofrer reações imediatas que resultem na formação de fases ligantes
(visto que o processo de carbonatação não ocorre no período de 90 minutos em
temperatura e atmosfera ambientes), os fenômenos de coagulação e secagem são os
prováveis responsáveis pelas alterações no comportamento reológico deste material.
Com o passar do tempo ocorre o aumento das cargas registradas, refletindo o aumento
de viscosidade e da tensão de escoamento.
Adicionalmente, este ensaio ainda proporciona uma avaliação qualitativa da tendência à
segregação de fases da composição. Quando submetida a grandes deformações,
dependendo da capacidade de retenção de água do material (cal hidratada neste caso);
eventualmente pode ocorrer uma tendência maior ou menor à exsudação de água,
facilmente visualizada pelo operador.
Vale ressaltar que esta configuração de ensaio pode ser utilizada com outras dimensões
para atender determinadas situações. Dependendo das dimensões das maiores unidades
constituintes, geralmente agregados, ou do comprimento de fibras é indicado o aumento
das dimensões tanto das ferramentas quanto das amostras (altura pelo menos cinco
vezes maior que o diâmetro), minimizando questões de efeitos geométricos de parede.
Além disso, utilizando-se deste artifício a representatividade do ensaio é elevada. Por
outro lado, a utilização desta configuração com dimensões menores pode ser necessária
para se obter níveis de cargas compatíveis com o equipamento disponível e com a faixa
de precisão ótima e, também, visando uma logística factível em relação à quantidade de
material utilizado e praticidade na preparação, mistura e moldagem das amostras.
Dada a extensa gama de materiais utilizados na construção civil, existem alguns que
apresentam tensão de escoamento suficiente para o manuseio e desmoldagem, mas que
são altamente aderentes à superfície dos moldes, impedindo a desmoldagem adequada
das amostras para realização do ensaio de acordo com a configuração descrita na Figura
5C. Entretanto, os materiais com essas características, como é o caso das argamassas
colantes, podem ser ensaiados de acordo com a configuração ilustrada na Figura 5E, que
é uma adaptação da configuração representada na Figura 5C. Um molde de PVC rígido
partido em 4 pedaços é utilizado para a moldagem, mas a compressão do material
ocorre com a presença do mesmo. Como o anel de PVC é partido, seus pedaços
escorregam radialmente de acordo com o fluxo do material em resposta à compressão
exercida pelo punção metálico. Apesar do pouco peso e do fácil escorregamento dos
pedaços do molde sobre a base, certamente a sua presença em contato com o material
durante o teste aumenta a carga necessária para a deformação do material. Mas, este
efeito pode ser desconsiderado na prática visto que os ensaios são comparativos, sendo a
influência do molde igual em todos os ensaios.

- 133 -
Na Figura 5F são apresentados os resultados de squeeze-flow de uma argamassa colante
ensaiada de acordo com a configuração citada. Destaca-se que o programa utilizado
inclui diversos patamares de relaxação em diferentes níveis de deslocamento.

4.2 Avaliação de argamassas de revestimento


Os ensaios em argamassas de revestimento foram realizados visando avaliar a influência
de fatores intrínsecos do material (teor de água, ar incorporado e tempo de
consolidação) e extrínsecos, principalmente inerentes ao ensaio, como a taxa de
deslocamento. Uma argamassa industrializada do mercado com teores de água de 13 e
15% em massa foi submetida a deslocamento de 1,5mm em taxas de 0,01, 0,1 e 1mm/s
de acordo com configuração da Figura 5C. Numa das formulações com 15% de água foi
adicionado 1% em massa de incorporador de ar. Os resultados estão demonstrados em
gráficos carga vs. deslocamento para simplificar a análise e interpretação dos mesmos,
visto que a influência de diversas variáveis é avaliada (teor de água e ar incorporado,
tempo após a mistura e taxa de deslocamento).

Influência do teor de água e tempo após a mistura


Na Figura 6 são demonstrados os resultados da influência do teor de água e do tempo
após a mistura nas composições com 13% e 15% de água. Comparando-se o perfil da
curva da argamassa preparada com 13 % de água após 15 minutos (Figura 6A, curva i)
com o comportamento típico ilustrado na Figura 2, pode-se inferir que a região
secundária da curva é praticamente inexistente. Após o curto estágio inicial de
comportamento elástico a resistência ao fluxo imposta pelo material eleva-se
intensamente com o aumento do deslocamento, caracterizando a região de enrijecimento
por deformação (estágio III). Este comportamento pode ser explicado pelo atrito entre
as partículas do sistema, visto que a argamassa apresentou uma aparência seca,
refletindo falta de água para recobrir efetivamente todas as unidades da composição.
Assim, os agregados, que representam a maior parte do sistema, estavam relativamente
próximos e, ainda, separados por uma pasta aparentemente viscosa, incapaz de facilitar
o fluxo entre eles e manter a coesão do material.
No período de 60 minutos após a mistura, há aumento da viscosidade da pasta e
conseqüente redução da sua capacidade plástica de manter a coesão do material e de
lubrificação entre os agregados. Há progressiva redução das cargas necessárias para
deformação do material decorrentes do rompimento do mesmo (devido à perda de
coesão). Neste período a pasta provavelmente sofre fenômenos de coagulação devido à
ocorrência das reações iniciais da pega do cimento, como dissolução do material anidro,
aumento de pH, aumento da força iônica do meio e precipitação de Etringita e formação
do gel de C-S-H, não havendo tempo suficiente para uma considerável formação de
fases hidratadas ligantes [Oliveira, et al.; Flatt e Bowen, 2003; Scrivener, 1984].

- 134 -
700
A) 13% água
(i) 15 min
600 (ii) 30 min
(iii) 45 min
500 (iv) 60 min
(i)

Carga (N) 400


(ii)

300
(iii)
200

100 (iv)

0
700
B) 15% água
(i) 15 min
600 (ii) 30 min
(iii) 45 min
500 (iv) 60 min
Carga (N)

400

300
(iv)

200 (iii)

(ii)
100
(i)

0
0 0,5 1 1,5
Deslocamento (mm)

Figura 6 – Resultados de carga vs. deslocamento das composições de argamassa com A)


13% e B) 15% de água em função do tempo após a mistura. As amostras foram
submetidas à deformação de 1,5mm em taxa de 0,01mm/s.
O aumento do teor de água para 15% inverteu o comportamento da composição, visto que
a pasta resultante propiciou uma distância interpartículas maior tornando-se menos
viscosa e facilitando o escorregamento relativo dos agregados. O atrito entre os agregados
neste caso é menor, pois o aumento da quantidade de água não só altera as características
da pasta, como também fornece mais líquido para recobrir a superfície dos agregados
elevando a distância de separação entre os mesmos. Como resultado, as curvas verificadas
na Figura 6B apresentaram estágio de deformação plástica e fluxo viscoso considerável.
Em maiores deformações o enrijecimento típico do terceiro estágio é bem menos intenso
do que o observado para a composição com 13% de água, resultando em cargas finais
bastante inferiores. O aumento de 2% no teor de água reduziu 10 vezes a carga necessária
para a mesma deformação de 1,5mm. Esse resultado permite concluir que o
comportamento reológico do material é, segundo este ensaio, bastante suscetível ao teor
de água utilizado.
A simples variação no teor de água alterou as características reológicas do material
radicalmente, pois não só o perfil das curvas foi modificado, mas também o
comportamento da pasta decorrente da sua reatividade em função do tempo.
Contrariamente ao observado para a composição com 13% de água na Figura 6A, a
argamassa com maior teor de água sofreu um real aumento da consistência (viscosidade

- 135 -
e tensão de escoamento) devido à ação do cimento, conforme ilustrado na Figura 6B.
Em pequenas deformações as diferenças nas cargas medidas pelo equipamento não
foram muito significativas entre as amostras ensaiadas com até 1 hora, em intervalos de
15 minutos (curvas i, ii, iii e iv, respectivamente). Em deformações intermediárias e,
principalmente grandes, as diferenças tornam-se mais marcantes. Com o passar do
tempo o material tornou-se mais coeso, resultado das alterações sofridas pela pasta.
Em situações práticas, os comportamentos observados das formulações com teores
distintos de água causam diferenças extremas na facilidade e qualidade da aplicação. A
argamassa com 13% de água provavelmente apresentaria dificuldades na aderência e no
espalhamento após lançamento, pois apresenta estágio II (deformação plástica/fluxo
viscoso) quase inexistente e enrijecimento por deformação (estágio III) bastante intenso.
Essas características fazem que a composição com esse teor de água seja propícia à
fissuração e falhas de aderência, causando um desempenho do revestimento em uso
insuficiente. Por outro lado, a argamassa com 15% de água apresenta um
comportamento bastante plástico (estágio II extenso) e com enrijecimento pouco
intenso, sendo muito provavelmente mais adequada à aplicação, resultando em
revestimento com poucos defeitos e boa aderência.

Influência do teor de ar incorporado


As argamassas, tanto tradicionais quanto as industrializadas, geralmente apresentam
considerável teor de ar incorporado no estado fresco, seja pela ação mecânica da mistura
em altas velocidades durante a preparação ou pela utilização de aditivos tensoativos
com a finalidade específica de incorporar ar. A presença de ar faz que o comportamento
das argamassas no estado fluido seja ainda mais complexo, pois além da sua natureza
reativa, o sistema nesta situação apresenta uma fase a mais. Agregados inertes imersos
numa matriz fina que contém uma fase com densidade reduzida (devido à incorporação
de ar) e que, praticamente, não causa restrição ao fluxo das outras unidades.
A Figura 7 mostra a influência do elevado teor de ar incorporado na argamassa com
15% de água medido por squeeze-flow. São demonstrados os resultados das amostras
ensaiadas 15 e 60 minutos após a mistura, sem e com o aditivo incorporador de ar
(siglas SI e CI, respectivamente). Fica claro que a incorporação de ar altera o
comportamento reológico da argamassa, pois o perfil das curvas obtidas é bastante
modificado, principalmente em relação aos estágios II e III. A presença de ar no sistema
faz que o enrijecimento por deformação seja discreto ou quase inexistente, reduzindo
drasticamente as cargas necessárias para deformação do material. Assim, a argamassa
com alto teor de ar apresenta comportamento predominantemente plástico para os níveis
de deformação impostos. As bolhas de ar aumentam o volume ocupado pela pasta e
reduzem sua resistência, promovendo facilidade do fluxo da própria pasta e, também, do
escorregamento dos grãos.
Esse comportamento resulta em produtos que os profissionais pedreiros consideram de
boa trabalhabilidade [Cavani et al., 1997]. Cavani et al. demonstraram que a
trabalhabilidade das argamassas depende do teor de ar incorporado e não apenas do
valor de consistência em si.

- 136 -
100

90 (i) 15 min_SI
(ii) 60 min_SI
80
(iii) 15 min_CI
70 (iv) 60 min_CI (ii)

Carga (N)
60

50

40

30 (i)

20
(iv)
10
(iii)
0
0 0,5 1 1,5
Deslocamento (mm)

Figura 7 – Curvas de carga vs. deslocamento obtidas por squeeze-flow das argamassas
com 15% de água, sem e com a adição de 1% de incorporador de ar. As amostras com
15 e 60 minutos após mistura foram submetidas à deformação de 1,5mm em taxa de
0,01mm/s.
Influência da taxa de deslocamento
Além dos fatores intrínsecos já discutidos como o teor de água, tempo de consolidação e
teor de ar incorporado, também foi avaliada a influência de um fator extrínseco, a taxa
de deslocamento. A Figura 8 mostra o efeito da variação da taxa de deslocamento em
0,01, 0,1 e 1 mm/s nas argamassas com 13% e 15% de água sem aditivo incorporador
de ar. As amostras foram ensaiadas 60 minutos após a mistura. Observa-se que a
tendência das curvas de carga vs. deslocamento com a utilização de diferentes taxas é
oposta nas argamassas com teores de água distintos. Enquanto na composição com 13%
de água as cargas necessárias para efetuar a deformação do material aumentam com a
taxa utilizada, na argamassa com teor de água de 15% ocorre o inverso, ou seja, as
cargas diminuem com o aumento da taxa.

- 137 -
700
A) 13% água
(i) 0,01 mm/s
600 (ii) 0,1 mm/s
(iii) 1 mm/s
500
(iii)
Carga (N) 400
(ii)

300

200

100
(i)

0
700
B) 15% água
(i) 0,01 mm/s
600
(ii) 0,1 mm/s
500 (iii) 1 mm/s
Carga (N)

400

300
(i)

200
(ii)
100
(iii)
0
0 0,5 1 1,5
Deslocamento (mm)

Figura 8 – Curvas de carga vs. deslocamento obtidas por squeeze-flow em argamassas


com A) 13% e B) 15% de água com 60 minutos após a mistura. As amostras foram
submetidas a uma deformação máxima de 1,5mm em taxas de deslocamento de 0,01,
0,1 e 1 mm/s.
Devido à menor distância de separação dos agregados e da maior viscosidade da pasta é
coerente que a composição com menor teor de água apresente este comportamento
dilatante. Sob esta ótica, a argamassa com 15% de água mostrou um comportamento
pseudoplástico, possivelmente resultante das características do sistema (maior
quantidade de água para separar e lubrificar os agregados e uma pasta menos viscosa).
Entretanto, atenção especial deve ser despendida para analisar este resultado, pois
apesar do comportamento pseudoplástico ser coerente com as características desta
composição, o cumprimento dos requisitos básicos do ensaio de squeeze-flow precisam
ser considerados. Como o teor de água desta argamassa é maior, pode ocorrer que as
condições de contorno do teste sejam diferentes das do ensaio com a argamassa com
13% de água. Uma condição mais lubrificada (com menos atrito entre placas e material)
pode estar ocorrendo, sendo mais perceptível com a aplicação de deformações em taxas
mais elevadas. Desta maneira é possível que ocorra um significativo escorregamento da
massa em relação às placas, alterando o tipo de solicitação interna do material, passando
da predominância de deformação por cisalhamento para a elongação. Portanto, as
condições de contorno para a avaliação de argamassas com características distintas
ainda precisam ser estudadas para que conclusões equivocadas não ocorram.

- 138 -
Independentemente da ressalva apontada, a diferença de comportamento das
argamassas, observada na simulação com condições distintas de aplicação pela variação
da taxa de deslocamento, indica que diferentes métodos de instalação (manual ou
projeção) necessitam de materiais com comportamento reológico especificamente
adequados para as características de aplicação. Problemas como fissuração, desperdício
de material por rebote e baixo rendimento da mão-de-obra durante aplicação podem ser
minimizados ou evitados através da determinação precisa do comportamento das
argamassas frente à variação na velocidade de solicitação.

Squeeze-flow vs. métodos tradicionais


As discussões dos resultados obtidos em ensaios de squeeze-flow demonstram que o
método é simples, versátil e bastante sensível, além de possibilitar um conjunto de
análises que identificam os diferentes comportamentos das argamassas no estado fluido.
As vantagens do método proposto ficam evidentes quando são comparados os
resultados obtidos por squeeze-flow com os de dropping-ball e mesa de consistência,
Figura 9A e 9B respectivamente. Os métodos tradicionais expressam os resultados
através de valores pontuais, sendo incapazes de refletir o comportamento reológico das
argamassas submetidas a diferentes solicitações como no squeeze-flow.
As grandes diferenças reológicas entre as composições, verificadas através do squeeze-
flow, não foram detectadas pelos métodos tradicionalmente utilizados. Por exemplo, a
argamassa com 13% de água sem incorporador de ar, que apresentou perda de coesão
com o decorrer do tempo após a mistura e comportamento dilatante com a variação da
taxa, não conseguiu ser avaliada pelo dropping-ball e pelo ensaio de consistência, visto
que em ambos os casos os índices obtidos estão próximos de zero.

- 139 -
20
13%_SI A) Dropping - Ball
15%_SI
13%_CI
15 15%_CI

Índice de Penetração (mm)


10

0
80
B) Mesa de Consistência
Índice de Consistência (mm)

60
13%_SI
15%_SI
13%_CI
15%_CI
40

20

0
0 15 30 45 60
Tempo (min)

Figura 9 – Resultados obtidos pelos ensaios de dropping-ball (A) e mesa de


consistência (B) nas argamassas com 13% e 15% em peso de água, com e sem a
presença do aditivo incorporador de ar (siglas CI e SI respectivamente).
Em relação ao efeito da incorporação de ar nas argamassas, o teste de dropping-ball
ainda que limitado conseguiu determinar coerentemente (no tempo de 15 minutos) que
as composições com aditivo incorporador de ar apresentam-se mais plásticas,
requerendo menos esforço para seu fluxo (de acordo com o squeeze-flow). Já o ensaio
de mesa de consistência apresentou resultado equivocado, indicando que a argamassa
com 15% de água seja mais fluida e menos consistente do que as composições com teor
elevado de ar incorporado.
A grande diferença de sensibilidade entre o squeeze-flow e a mesa de consistência fica
mais evidente através da análise da Tabela 2. Nela são apresentados os valores de
variação percentual em função do tempo das medidas realizadas por ambas as técnicas
(squeeze-flow e mesa de consistência) em relação aos valores obtidos com 15 minutos.
No caso do squeeze-flow foram avaliadas as cargas máximas resultantes na deformação
de 1,5mm, como observado nas Figuras 6A e B. Enquanto para a mesa de consistência
são analisados os valores apresentados na Figura 9B.
A argamassa com 13% de água sem aditivo incorporador de ar após 15 minutos
apresentou como carga máxima 662,8N, sendo que, devido à perda de coesão com o
decorrer do tempo, as cargas obtidas reduziram-se de 28,6, 54,5 e 92% após 30, 45 e 60

- 140 -
minutos respectivamente. Paralelamente, no mesmo período de tempo, os resultados
obtidos pela mesa de consistência para a mesma argamassa foram todos zero
(espalhamento nulo), resultando em uma variação percentual nula conforme observado
na Tabela 2.

Tabela 2 – Variação percentual dos parâmetros medidos por squeeze-flow (carga) e pela
mesa de consistência (espalhamento) em função do tempo após a mistura em relação
aos valores obtidos para as amostras com 15 minutos.

13% de água * 15% de água *


Squeeze-flow Mesa de consistência Squeeze-flow Mesa de consistência
Tempo Variação da Variação do Variação da Variação do
(min) carga (%) espalhamento (%) carga (%) espalhamento (%)
30 -28,6 0 167,3 -8,2
45 -54,5 0 377,6 -17,2
60 -92,0 0 645,4 -14,9

(*) Argamassas sem aditivo incorporador de ar

As diferenças na variação percentual dos valores medidos por cada técnica ficam ainda
mais expressivas quando se analisa a argamassa com 15% de água sem incorporador de
ar. O ensaio de squeeze-flow da amostra com 15 minutos resultou em carga máxima de
49,6N. Com o decorrer do tempo os valores medidos aumentaram de 167,3% após 30
minutos, chegando até 645,4% depois de uma hora. A avaliação da mesma argamassa
realizada através da mesa de consistência indica, para o mesmo período de tempo, uma
variação de apenas 14,9% no índice de consistência.
Esses resultados comprovam a superior sensibilidade do squeeze-flow em relação aos
ensaios tradicionais e, ainda, corroboram a observação feita por Nakakura [Nakakura,
2003]. Este autor sugere o abandono da determinação do teor de água de amassamento
com base no índice de consistência pela mesa de espalhamento, em virtude da falta de
capacidade da técnica em diferenciar argamassas com características bastante distintas.

5. CONCLUSÃO
A técnica de squeeze-flow para a avaliação reológica de argamassas e outros materiais
de construção mostrou-se bastante sensível e versátil, possibilitando a adequação da
geometria de ensaio para materiais com características de consistência inicial e de
aderência distintas. O teste é capaz de detectar pequenas alterações nas características
reológicas dos materiais e, ao contrário dos ensaios tradicionais, fornece não apenas um
valor medido, mas um perfil de comportamento de acordo com as solicitações impostas.
Além da versatilidade em relação à geometria de ensaio, o squeeze-flow possibilita a
aplicação de níveis de deformação distintos em taxas também variáveis, fornecendo
condições para que a simulação de diversas situações reais de aplicação dos materiais
seja realizada. Portanto, o método proposto exibe grande potencial para a pesquisa e
desenvolvimento em argamassas e, também, como ferramenta para o controle de
qualidade.

- 141 -
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