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Universidade Federal de

Alagoas Campus do Sertão


Eixo de Tecnologia

Materiais de Construção 2
Aula 6 – Propriedades do Concreto
Prof. Alexandre Nascimento de Lima
Delmiro Gouveia, maio de 2022
Introduçã
o
Amplo uso do concreto:
▣ combinação de fatores tecnológicos/
destacandoa natureza fluida inicial
econômicos,
e o
endurecimento; subsequente
▣ Os principais testes são simples e baratos;

▣ A evolução tecnológica dos processos de aplicação: auto


adensáveis, bombeáveis, de projeção, compactados com
rolo tem se tornado uma prática frequente nos dias de hoje.
Estado
As características
Fresco
reológicas dos concretos em função do
tempo (trabalhabilidade) determinam a eficiência de sua
aplicação e o desempenho final das peças.
▣ Desperdício de materiais, baixa produtividade e falhas de
dosagem ou de moldagem são problemas em concretos
(estado fresco);
▣ A necessidade de adequação da consistência, usualmente
obtida aumentando consumo de água e cimento, provoca
desajustes secundários (fissuração, retração diferenciada,
permeabilidade elevada, alteração no E).
Conceitos Básicos de Reologia
Reologia = Rheos (Fluir) + Logos (Estudo)
Reologia é a ciência da deformação e do fluxo da
matéria.
Estuda relações fundamentais entre forças e deformações
nos materiais
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Conceitos Básicos de Reologia – Viscosidade
Trabalhabilidade
É a facilidade com que um dado conjunto de materiais
pode ser misturado para formar o concreto e,
posteriormente, ser transportado e colocado com um
mínimo de perda de homogeneidade” (Blancks, Vidal,
Pieca e Russel).

Depende de:
▣ qualidades próprias dos materiais;
▣ condições de mistura, transporte, lançamento
e adensamento;
▣ dimensões, forma e armadura das peças.
Consistênc
ia
Consistência: propriedade de se deformar sob a ação de seu
próprio peso. Está relacionado a características do próprio
concreto e está mais relacionado com a mobilidade da massa
e a coesão entre seus componentes.

A relação entre a água e os materiais secos é o principal


fator que influencia a consistência.

𝒂/𝒄
𝑯% = , onde m = massa agregados secos (a + b)
𝟏+𝒎
Consistência
LEI DE LYSE
▣ Para se produzir concretos com uma dada consistência, a
percentagem de água/materiais secos é praticamente a
mesma, independente do traço, considerando o emprego
dos mesmos materiais e a mesma distribuição
granulométrica.

H% cte → Consistência cte


Consistência
DEPENDE:
▣ Traço;
▣ Granulometria e forma dos grãos;
▣ Aditivos;
▣ Tempo;
▣ Temperatura.

INFLUENCIADA POR:
▣ Mistura (manual ou mecânica);
▣ Transporte (vertical ou horizontal);
▣ Tipo de lançamento;
▣ Adensamento (manual ou mecânica);
▣ Dimensões e armadura da peça.
Consistência
Massa específica

▣ Concretos comuns ME ± 2.400 kg/m3

▣ Concretos com agregados leves ME ± 1.700 kg/m3

▣ Concretos com agregados pesados ME ± 2.800


kg/m3
Ar incorporado
Concretos comuns: % ar = 1 a 2 % do volume
total

Vazios com ar são incorporados devido a:


▣ Mistura na betoneira – “ar aprisionado”

▣ Aditivos incorporadores de ar (IA)


Segregaç
ão
Tendência dos agregados graúdos se separarem da argamassa,
deixando o concreto não homogêneo cheio de vazios,
reduzindo a resistência mecânica.
Causas:
▣ Falta de argamassa;
▣ Excesso de adensamento;
▣ Traço ruim;
▣ Excesso de água ou aditivos plastificantes;
▣ Arremessar com pá o concreto a distância;
▣ Queda sobre as formas altura superior a 2,5 m.
Segregação
Exsudação
É a tendência da água de amassamento vir a superfície do
concreto recém lançado, devido a sua densidade ser menor
que a dos agregados.
Exsudação
Causas principais:
• Carência de finos nos agregados miúdos
• Excesso de água
• Excesso de aditivo plastificante

Procedimentos para evitar:


• Minimizar a quantidade de água usada no
concreto
• Uso de agregados não lamelares
• Aumentar a presença de finos no agregado miúdo
• Aumentar a consistência
Textura
A textura pode ser áspera ou plástica.
Plástica  liso Áspera  agregado em
excesso
Teor de argamassa (seca):
1+𝑎
𝖺=
1+𝑚

𝖺 varia entre 46% (0,46) e 52%


(0,52)
Fatores que afetam a qualidade do concreto
fresco
▣ Seleção cuidadosa dos materiais
componentes (uniformidade);
▣ Proporcionamento correto:
- Relação cimento/agregado;
- Divisão agregado miúdo e graúdo;
- Relação água/cimento.
▣ Mistura adequada:
- Cimento em contato com água;
- Distribuição uniforme pasta e agregados.
▣ Transporte, lançamento e adensamento
adequados.
▣ Cura (hidratação cimento).
Concreto Endurecido

•O concreto pode ser estudado como um material constituído de


partículas de agregado, englobadas por uma matriz porosa de pasta de
cimento, com uma zona de transição entre as duas fases, constituída de
características próprias.
•A conexão dessas três fases tem
importância significativa nas
propriedades do concreto.
Fase pasta
O cimento Portland é obtido por meio da moagem do clínquer
e da adição de sulfato de cálcio.
A pasta de cimento hidratada contem os sólidos que formarão
a micro e nanoestrutura do concreto.
▣ Silicato de cálcio hidratado (C-S-H) – 50% a 60% do
volume de sólidos em uma pasta de cimento
completamente hidratada e é a fase mais importante e
determinante das suas propriedades.
Em nível atômico o C-S-H é formado por camadas com
cadeias de SiO4, com possíveis substituições do Si por Al.
Fase pasta
Fase pasta
▣ Hidróxido de cálcio (CH)
Também chamados de portlandita, os cristais de CH
constituem 20%-25% do volume de sólidos na pasta
hidratada. Geralmente encontrado na forma de grandes
cristais prismáticos hexagonais.
Contribuem pouco na
resistência do
concreto.
Fase pasta

•▣ Sulfoaluminatos de cálcio
•Ocupam 15%-20% do volume de sólidos da pasta hidratada e
possuem apenas um papel secundário nas suas propriedades.
•Durante os estágios iniciais da hidratação, a relação
sulfato/alumina geralmente favorece a vulnerabilidade do
concreto ao
•ataque por sulfatos.
Zona de Transição
No concreto, a pasta de cimento está presente circundando
e separando grãos de areia e brita.
Em concretos convencionais, o espaço médio entre
grãos adjacentes de areia é somente da ordem de 100
μm.
As características da microestrutura da pasta na zona de
transição dependem de vários fatores, incluindo o tipo de
agregado, a água de amassamento, o efeito de aditivos e de
adições, a natureza e a quantidade de componentes menores
do material cimentício, etc.
Propriedades
1. Massa específica:
Valores usuais:
▣ 2.300 kg/m3 (concreto
simples)
▣ 2.500 kg/m3 (concreto
armado)

▣ Com agregados leves  1.800 kg/m3


▣ Com agregados pesados  3.700 kg/m3
Propriedades
2. Resistência à compressão:
Historicamente, é o parâmetro mais empregado para se
avaliar a qualidade do material.
É fundamental para o projeto de estruturas.
Parâmetro de referência para outras propriedades:
2/3 1/2
𝑓𝑐 ,𝑡 𝑚 𝑐 𝑘 = 0,3𝑓 e 𝐸𝑐 𝑖 = 𝛼𝐸 5600𝑓
1/3
(até
𝑓 C50)
𝑐,𝑡𝑚 = 2,12𝑙𝑛OU
1 𝑐+𝑘0,11𝑓𝑐𝑘 e 𝐸𝑐 = 21,5 ∙ 103𝛼𝐸 10 + 1,25
𝑐𝑘 𝑓
(C55 a
𝑖 C90)
𝛼𝐸 depende da origem da brita
Propriedades
Propriedades
Fatores Principais:
▣ Qualidade e quantidade de materiais;
▣ Granulometria e tamanho dos
agregados;
▣ Compactação e ar incorporado;
▣ Condição de cura;
▣ Tipo de cimento;
▣ Idade;
▣ Uso de adições e aditivos;
𝐴
Relação água/cimento (a/c)
𝑓� =
▣ => Lei de
𝐵 𝑎 /𝑐
� Abrams
Propriedades
Propriedades
3. Resistência à tração:

Pequena, em relação à de
compressão.
2/3
𝑓𝑐,𝑡𝑚 = 0,3𝑓𝑐 (até C50) OU
𝑘
𝑓𝑐,𝑡𝑚 = 2,12𝑙𝑛 1 + 0,11𝑓𝑐𝑘 (C55 a C90)

Em torno de 10%, em concretos convencionais.


Propriedades
4. Fadiga:
Quando o concreto é submetido à ação de uma carga
repetida, o esforço máximo a que é capaz de resistir se
reduz, a medida que aumenta o número de vezes que a carga
atua.
Propriedades
5. Permeabilidade:

Esta ligada à porosidade do

concreto. É influenciada por:


▣ Relação água/cimento;
▣ Grau de hidratação do cimento
(idade e cura);
▣ Agressão química (cloretos e
sulfatos);
▣ Retração hidráulica.
Propriedades
6. Aderência entre o concreto e a armadura
O concreto armado combina o baixo custo do concreto e
sua resistência à compressão com as propriedades
benéficas do aço, como a resistência à tração, flexão
e torção. Porém, é essencial que o
concreto e o aço trabalhem unidos,
com mútua transferência de esforços.
Propriedades
Propriedades
7. Deformações:
Diversos fatores influenciam na deformação do
concreto:
▣ hidratação do cimento;

▣ solicitação mecânica;

▣ variações higrométricas e térmicas.


Propriedades
7. 1. Retração:
É a diminuição de volume do concreto desde o fim da cura
até atingir um estado de equilíbrio compatível com as
condições ambientes (εcs).
Propriedades
7. 2. Deformação imediata:
É aquela observada por ocasião da aplicação da carga (εco).

7.3. Deformação lenta


É o acréscimo de deformação que ocorre no concreto se a
solicitação for mantida, e com a manutenção da carga ao
longo do tempo (εcc).
Propriedades
Propriedades
8. Propriedades Térmicas
Em grandes volumes de concreto, a temperatura
desenvolvida durante a hidratação torna-se um problema.
O efeito do aumento de temperatura no concreto é o seguinte:
Temperatura (oC) Tração (%) Compressão (%)
Ambiente 100 100
100 80 90
200 70 85
300 40 70
400 30 60
500 20 50
Propriedades
9. Propriedades Acústicas
O coeficiente de redução de ruído é de 0,27 para
concretos comuns e 0,45 para concretos leves.

10. Abrasão
Muito importante em pavimentos (pisos especiais,
aeroportos e rodovias) e tubulações.
Propriedades
11. Coeficiente de Poisson
Toda a força ou tensão provoca, ao mesmo tempo,
deformação no seu sentido de aplicação e também uma
deformação no sentido transversal. A relação entre os valores
absolutos da deformação transversal e longitudinal é o
coeficiente de Poisson (ν) .
A experiência tem demonstrado que o coeficiente de Poisson
do concreto varia entre 0,11 a 0,21. A NBR 6118:2014
admite ν = 0,2 (deformações elásticas).
FIM
•alexandre.lima@ctec.
ufal.br

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