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APOSTILA DE CONCRETO

ARMADO I

Criado por Eng. Civil Professor Giuseppe Andrighi


Editado por Monitora Sarah de Sousa Cardoso

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1. Propriedades Mecânicas do Concreto

1.1. Resistência à Compressão:


 Agregado Graúdo (brita ou seixo rolado):
É encontrado na natureza (fundo dos rios) e possuem a superfície arredondada. A
brita possui arestas, apresentando assim um travamento melhor, porém sendo
mais difícil de serem adensadas.

O seixo está sujeito a planos de clivagem. A brita depende da rocha da qual ela é
extraída. Podemos usar também a argila expandida e minério de ferro.

 Agregado Miúdo (areia);


 Brita (23kN/m³ a 24kN/m³);
 Seixo (23kN/m³ a 24kN/m³);
 Argila Expandida (17kN/m³ a 18kN/m³):
São pelotas que vão à um forno e assim se formam. São muito leves.

 Agregado Miúdo – Areia:


 Granulometria (adequado para manter a harmonia).
A granulometria da areia deve ser adequada para que haja uma harmonia entre os
grãos maiores e menores.

 Impurezas: argila (em excesso causa a plasticidade do concreto),


matéria orgânica.
Areia é sílica pura. As impurezas podem atrapalhar a reação água/cimento.

 Areia + Ácido muriático + Água (análise colorimétrica):


Areia clara: pouca matéria orgânica.

Areia escura: muita matéria orgânica.

A análise colorimétrica é o método onde há uma tira de cores na qual se compara


a solução para verificar a quantidade de matéria orgânica.

 Traço: (areia + brita + pasta):


É a proporção estabelecida entre cimento, areia, brita, sendo água + cimento a
pasta, e é especificada, por exemplo, 1:2:4 (1 volume de cimento, 2 volumes de
agregado miúdo e 4 volumes de agregado graúdo).

 Fator água/cimento:

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Os concretos mais resistentes são os que não possuem vazios. Os vazios devem
ser preenchidos pela pasta. A água tem que estar em proporção ao cimento. Se
adicionarmos menos quantidade de água, diminuiremos a resistência do concreto,
e se adicionarmos maior quantidade de água do que a necessária, também
diminuiremos a resistência do concreto.

Quanto maior a quantidade de água, maior será a porosidade, e muitas vezes é


necessário fazer isso para aumentar a trabalhabilidade. Não se pode dar uma
regra fixa sobre a quantidade de água na elaboração do concreto, isso devido ao
estado de umidade dos agregados.

A dosagem de água geralmente é de 8% a 9,5% do volume aparente dos materiais


(cimento, agregado miúdo e agregado graúdo), para obter um concreto. Pode-se
usar, em caso de agregados naturalmente úmidos, em torno de 21 a 23 litros de
água em cada 50kg de cimento e 24 a 27 litros de água usando agregados secos.

Ex: Traço 1:2:4, onde temos 7 volumes (ou 1 litro de cimento + 2 litros de areia + 4
litros de brita). Considerando a dosagem de água à 8%, temos que:

Como 1 litro de água pesa 1,4kg, o fator água/cimento será:

Fluidez em função da
aplicação.
Para 01 saco de cimento de 50kg, temos:

Observações:
 Concreto Leve: areia, água, cimento e argila. Utilizado para rebocos,
nivelamento de pisos e lajes, proteção de terrenos inclinados.
 Concreto Pesado: areia, água, cimento e agregados naturais mais densos,
tais como hematita, magnetita. Utilizado em construção de anteparos
radioativos, lajes de subpressão, barragens e contrapesos de grandes
embarcações e pontes.
 Quanto mais água na composição do concreto, maior sua porosidade, o
que aumenta a trabalhabilidade do mesmo.

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Curva Característica de Resistência em Função do Fator Água/Cimento:

1.2. Consistência do Concreto:


Slump Test: Utilizado para dimensionar a trabalhabilidade do concreto.

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Abaixamento Consistência
2 cm Seca
2cm a 5 cm Rija
5 cm a 12cm Plástica
12cm a 20cm Úmida
20cm a 25cm Fluida

Emprego
Concreto Armado de Grandes Massas Vibrado
Concreto Armado em Estruturas Correntes Vibrado
Concreto Armado em Estruturas Correntes Adensado Manualmente
Concreto Armado em Estruturas de Grandes Concreto Sem Grande
Responsabilidades Resposta

 Mistura:
 Manual (Enxada);
 Mecânica (Betoneira).

 Adensamento:
 Manual;
 Mecânico (Vibrador).
No uso do vibrador, deve-se ter cuidado para evitar que a brita vá toda para o
fundo e que a argila expandida venha para cima.
Outro fator que influi na consistência do concreto é a medida dos constituintes.

1.3. Medida dos constituintes na elaboração do concreto de acordo com a


NBR-12.655 e NBR-8.953 (Classificação por grupo de resistência).

Classificação por C10 a C80 C10 a C25 C10 a C15


Grupo
Tipos Condição “A” Condição “B” Condição “C”
Cimentos Peso Peso Peso
Agregados Peso Volume Volume
Água Umidade Medida Umidade Medida Umidade
Estimada
NBR-6118 Controle Controle Controle Regular
Rigoroso Razoável

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A melhor forma de se medir os agregados é a peso. Isto só é possível em obras de
grande porte, com laboratório técnico de concreto, pois só neste caso se justifica.

 Concreto:
Aglomerante + Água + Agregado Miúdo + Agregado Graúdo

Pasta

Argamassa
Durante as primeiras horas (dias) do concreto, há uma grande tendência de
evaporação, portanto, devemos manter o concreto sempre úmido. Deve-se molhar
a estrutura nos três ou quatro primeiros dias (Cura).

 Classificação das Peças Estruturais por Critério Geométrico:


a) Blocos (3 dimensões proporcionais – bloco de fundação):
L1~L2~L3

b) Barras (2 dimensões proporcionais – vigas, pilares):


L1~L2<L3

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c) Peças Laminares (2 dimensões proporcionais, uma terceira muito
maior):
L1~L2>L3

d) Placas (cargas normais ao plano médio – lajes):

e) Chapas (cargas no plano médio – vigas-parede e paredes estruturais):

f) Cascas (superfícies média curva).

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2. ELD – Estados Limites de Desempenho
Estados que definem impropriedades para uso da estrutura, por razões de
segurança, funcionalidade ou estética, desempenho fora dos padrões
especificados para sua utilização normal ou interrupção de funcionamento em
razão da ruína de um ou mais de seus componentes.

 Estados Limites: Segurança, funcionalidade e durabilidade.


 Estado Limite Último (E.L.U) – NBR-6118:3.2.1: Máxima capacidade
resistente.
“Estado limite relacionado ao colapso, ou qualquer outra forma de ruína estrutural
que determine a paralização do uso da estrutura.”

Portanto, é alcançado quando o edifício tem seu uso interrompido por um colapso
parcial ou total da estrutura.

Ex.: Um pilar mal dimensionado provoca a ruína de um prédio; uma laje mal
dimensionada vem abaixo assim que o escoramento é retirado.

Trata-se de uma condição última, indesejável para todo engenheiro. Diversos


coeficientes de segurança são definidos ao longo do projeto estrutural de tal forma
a evitar esse tipo de situação, logo, um E.L.U está relacionado à resistência da
estrutura.

 Estado Limite de Serviço (E.L.S) – NBR-6118:10.4: Máxima capacidade de


serviço – funcionalidade, estética e durabilidade (utilização).
“São aqueles relacionados à durabilidade das estruturas, aparência, conforto do
usuário e à boa utilização funcional das mesmas, seja em relação aos usuários,
seja em relação às máquinas e aos equipamentos utilizados.”

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Portanto, é alcançado quando o edifício deixa de ter seu uso pleno e adequado em
função do mau comportamento da estrutura, que não seja a ruída da mesma
propriamente dita.

Ex.: Fissuras visíveis em uma viga causam a sensação de desconforto; as


alvenarias trincam como consequência de um deslocamento excessivo do prédio;
uma janela deixa de abrir devido a deformação excessiva de uma viga.

Assim, um E.L.S está relacionado ao funcionamento da estrutura. É bom lembrar,


que não basta o engenheiro de preocupar principalmente em garantir a segurança
quanto ao E.L.U, afinal de contas, essa condição retrata uma situação de
catástrofe, sendo obrigatório também verificar o comportamento da estrutura em
relação à E.L.S.

3. Projeto Estrutural
De uma forma geral, um bom projeto deve atender simultaneamente a todos os
Estados Limites:
I. Análise:

II. E.L.V:

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III. E.L.S:

 Ações:
No cálculo de um edifício, devem ser considerados todas as ações que irão
produzir efeitos significativos na sua estrutura.

Na NBR-6118/2003, esse assunto é inteiramente elaborado na seção 11 – Ações.


Para mais detalhes, é aconselhável consultar a NBR-8681/2003.

 Ação Permanente Entra e Fica.


São aquelas que acompanham a utilização do edifício desde o início ao fim.

Ex.: peso próprio da estrutura; peso de elementos construtivos empuxos


permanentes; retração do concreto; etc.

Direta: Peso Próprio e empuxo;


Indireta: Retração, fluência, recalque, imperfeição.

 Ação Variável Entra e Sai.

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 Retração do Concreto:
É a redução do volume do concreto pela perda de água. A água que fica no interior
do concreto forma veios, e com a perda de água, os veios tendem a se retrair, e
assim provoca surgimento de deformações e esforços adicionais na estrutura.
Essas deformações podem ser classificadas em dois grupos:

Próprias ou Autógenos: ocorrem mesmo antes da retirada do


escoamento da estrutura e de sua entrada em carga; é o caso da
retração e deformação térmica.

Deformações Sob Carga: produzidos após a retirada do


escoramento da estrutura e sua entrada em carga, compreendendo:
 Deformações Imediatas;
 Deformações Lentas (Fluência).

 Representação Gráfica:

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 Diagrama de evolução da retração do concreto com a idade:

 Deformação lenta do concreto ou Fluência:

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 Lei de Hooke:

 Imperfeições Geométricas (NBR-6118:2014 item 11.3.34):


Todo edifício, na sua execução, está sujeito ao aparecimento de desvios
geométricos. Essas “falhas” de construção são chamadas de imperfeições
geométricas, sendo praticamente inevitáveis e aleatórias.

 Ações Variáveis: são aquelas que atuam somente durante um período de


vida do edifício, ou seja, elas “entram e depois saem”.
Ex.: cargas acidentais de uso; vento; ações dinâmicas; água; variações de
temperatura.

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Valores Característicos:
“Valor característico de uma grandeza de interesse estrutural é um valor fixado
com certa probabilidade de não ser ultrapassado no sentido desfavorável para
segurança.”

Os valores característicos são adotados por critérios estatísticos e normativos,


com a finalidade de viabilizar o cálculo estrutural em face do caráter aleatório das
ações das solicitações e das resistências dos materiais.

Critérios Estatísticos e Normativos;


Face de caráter aleatório das ações, solicitações e resistência dos
materiais.

 Resistência Característica dos Materiais (NBR-6118 item 12.2):


De acordo com a NBR-6118, item 12.2:

“Os valores característicos do fk das resistências são os que em um lote de


material tem uma determinada probabilidade de serem ultrapassados no sentido
mais desfavorável para segurança.”

Sendo assim, temos:

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4. Propriedades Mecânicas dos Concretos

 Resistência Característica do Concreto à Compressão:


De acordo com a NBR-12.655, temos:

 Dosagem Empírica (não experimental);


 Dosagem Experimental.

 Dosagem empírica (item 6.4.3):

fcj= resistência média de dosagem “j” dias;


fck= resistência característica
Sd= desvio padrão (≥2,0 Mpa)

 Quando não se determina “Sd” a partir dos ensaios:


 Condição “A”: Sd=4,0 Mpa
 Condição “B”: Sd=5,5 Mpa
 Condição “C”: Sd=7,0 Mpa

 Unidades no S.I.:
 Força (N);
 Comprimento (m);
 Tensão (N/m²).

Ex.: Transformar 150kg/cm² no S.I.:

( ) ( ) ( )

 A idade padrão (resistência final) é de 28 dias.

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 Para concreto de baixa resistência:
Para fck≤15Mpa:
Idade 7 dias 28 dias 3 meses 6 meses 1 ano 2 anos 5 anos
fck 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25

Para concretos de alta resistência pelo C.E.B.:

Idade 3 dias 7 dias 28 dias 90 dias 360 dias


fck 0,55 0,75 1,00 1,15 1,25

 Formas do corpo de prova:


O fator que influi aparentemente na resistência do concreto é a forma do corpo de
prova. A resistência aparente do concreto vai depender da forma do corpo de
prova. A resistência medida do corpo de prova é apenas a resistência aparente. A
resistência diminui quando aumenta a altura em relação ao diâmetro.

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 Velocidade de Ensaio:

A resistência medida em um ensaio de curta duração é ligeiramente maior que a


realizada no ensaio de longa duração.

 O corpo é frágil quando rompe com pequena deformação;


 O corpo é dúctil quando rompe com grande deformação.

 Resistência Característica do concreto à Tração:


Na falta de ensaios, NBR-6118 (item 8.2.5):


 fctkinf = 0,7* fctm
 fctksup = 1,3* fctm

 Diagrama Tensão-Deformação do concreto:

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Diagrama Tensão-Deformação idealizado, para análises no Estado Limite Último

(E.L.U.).

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 Módulo de elasticidade do concreto:
Para o cálculo das deformações:

Ex.: Flecha:

 NBR-6118:

 N.E.L.S:

 Variação de temperatura:
Pela NBR-6118:1979, desprezava-se a variação de temperatura para
comprimentos contínuos de 30m e em estruturas permanentemente envolvidos por
terra e água. A NBR-6118:2003, prescreve que não seja desprezada variação de
temperatura, e considera uma variação de ±10ºC a 15ºC.

 Coeficiente de Dilatação: /ºC

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 Valores de Cálculo:
 Coeficiente : o valor característico de uma ação (fk). Seja ela permanente
ou variável, é transformado para o seu respectivo valor de cálculo (fd)
externo por meio do coeficiente ponderador yf, continuamente chamado de
coeficiente de segurança.

fk (Valores Característicos) fd (Valores de Cálculo)

É muito comum definirmos o valor desse coeficiente igual a 1,4. No entanto, para
que as explicações seguintes sejam plenamente compreendidas, é necessário
entender que esse valor (1,4) é o resultado final da multiplicação de três fatores:

Sendo:

= considere a variabilidade das ações (ex: ação do vento);

= considere a simultaneidade das ações (ex: peso próprio + ação do vento);

= considere as aproximações do projeto.

 Materiais: Deve ser introduzida a minoração (NBR-6118, itens 12.3.1) nas


resistências características prevendo a possibilidade de ocorrerem
resistências ainda inferiores ao fk.
 Ações: devem ser previstas majorações para levar em conta as
probabilidades de ocorrência de valores de esforços maiores que os
obtidos em análise estrutural.

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 Concreto:
À compressão:

À tração:
Nos casos de edificações usuais, os valores mais comuns dos coeficientes de
minoração das resistências dos materiais são:

Aço:
Concreto:

1) Supondo que um engenheiro foi contratado para executar um projeto


estrutural, e que recebeu a resistência de dosagem do concreto sendo
, de um traço já elaborado. Qual deve ser a resistência
característica ( ) para os três tipos de concreto estabelecidos por Norma?
Solução:

 Condição “A”: Sd = 4,0 Mpa

 Condição “B”: Sd = 5,5 Mpa

 Condição “C”: Sd = 7,0 Mpa

2) Supondo que um engenheiro foi contratado para executar uma estrutura de


concreto armado, recebendo as plantas do projeto estrutural, cuja
resistência característica do concreto constando no projeto é
, e que o concreto será elaborado na obra utilizando apenas uma
tabela de traços já elaborada em seu laboratório, determinar, utilizando a
“Condição “B””, de acordo com a NBR-12.655:
a. As padiolas a serem utilizadas:

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Pela tabela, é o traço nº3, e tirando os valores dela:

Areia: 45,0 x 35,0 x 28,7

Brita: 45,0 x 35,0 x 28,1

b. O traço:
Pela tabela:

 01 saco de cimente;
 02 padiolas de areia;
 01 padiola de brita nº1;
 01 padiola de brita nº2.

c. A quantidade de cimento, areia e brita para volume=128,0m³:


 Cimento: 7,5 sacos por m³;
 Areia: (528+676)/2 = 0,602m³ = 602 litros por m³;
 Britas: 330 litros = 0,330m³ (Brita nº1 e Brita nº2).

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Quantidades:

 Cimento: 128,0 x 7,5 = 960 sacos;


 Areia: 128,0 x 0,602 = 77,06m³;
 Brita nº1: 128,0 x 0,330 = 42,24m³
 Brita nº2: 128,0 x 0,330 = 42,24m³

5. Propriedades Mecânicas dos Aços


Minério de ferro + Carvão + fundente = ferro gusa + escória
Ferro gusa com redução de teor de carbono forma o aço. O ferro puro é macio
como o chumbo (Pb), e, à proporção que adicionamos carbono, há o aumento de
resistência.

NBR-7480 – Classificação:

 Barras: Bitola Φ ≥5,0mm (laminação à quente – aços doces, de alta


ductilidade);
 Categoria CA-25 (fyk = 250Mpa) e CA-50 (fyk = 500Mpa).
 Fios: Bitola Φ ≤10,0mm (trefilação, trabalhado à frio – Aço encruado,
ductilidade normal);
 Categoria CA-60 (fyk = 600Mpa).
 Fornecimento:
 CA-25: Lisa (fornecido em bitola de Φ5,0mm a 40,0mm);
 CA-50: Nervurada (fornecido em bitola de Φ5,0mm a 40,0mm);
 CA-60: Entalhada (bitola fina, de Φ2,4mm a ±10,0mm).
 Identificação:
 Para Φ ≥10mm, é feita por laminação em relevo ao longo da
superfície, indicada o fabricante e a classe do aço.
 Para Φ ≤10mm, é feita pela pintura de suas extremidades:

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CA-60: cor azul
CA-50: cor branca

 Diagrama de Cálculo:
Para aços CA-25, CA-50 e CA-60:

AÇO TIPO “A”:

COMPRESSÃO

Es = tang α

TRAÇÃO

Pilares suportam compressão de até 0,2%, acima disso, o concreto não absorve
mais carga e entra em escoamento.

Quanto ao emprego, o aço CA-50 é utilizado em todos os tipos de armaduras


(vigas); o aço CA-60 é empregado na armadura longitudinal de lajes e estribos;
enquanto o aço CA-25 é de emprego limitado apenas a pequenas obras.

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AÇO TIPO “B”:

Possui as mesmas características do “Aço tipo A”, porém quando submetido à um


procedimento mecânico, se torna um aço mais duro.

Em concreto armado, para todos os aços brasileiros valem as expressões:

A tabela abaixo corresponde às propriedades mecânicas dos aços para concreto


armado de interesse no projeto estrutural:

Aço Fyk (MPa) Fyd = (fyk/1,15) Eyd (%) Fy’d (MPa)


CA-25 250 217 0,1035 217
CA-50 500 435 0,2070 420
CA-60 600 522 0,2484 420

Para aços encruados (trabalhados a frio), não há patamar e tensão de


escoamento.

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6. Coeficiente de Aderência (Nb):
O grau de aderência entre o concreto e o aço é medido pelo coeficiente de
aderência, sendo determinada pela relação de um aço de superfície lisa e um aço
de superfície trabalhada.

Por definição, o coeficiente de aderência é a relação entre a média das distâncias


entre as fissuras do aço liso, pela média das distâncias entre as fissuras do aço:

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 CA-25 Liso Nb = 1,0;
 CA-50 Nervurado Nb = 2,25;
 CA-60 Entalhado Nb = 1,4.

Exemplo Comparativo:
Supondo duas vigas, uma com aderência zero, e outra com aderência normal:

6.1. Classe de Agressividade Ambiental – CAA

 CAA I  w ≤ 0,4mm
 CAA II, CAA III  CAA IV  w ≤ 0,3mm
A espessura máxima permitida é o menor valor das desigualdades.

Em fórmulas semi-empíricas, devemos adotar as bitolas menores possíveis para


aumentar o número de fissuras e assim diminuir suas aberturas.

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6.2. Cobrimento do Concreto
Risco de
Classes Agressividade Exemplo
Deterioração
Depósito de apartamento,
revestimentos com
CAA I Fraca Insignificante argamassa e pintura ou em
regiões de clima seco (u ≤
65%).
Ambientes úmidos,
concreto aparente,
ambientes em atmosfera
CAA II Moderada Pequeno marinha, revestimentos com
argamassa e pintura ou em
regiões de clima seco (u >
65%).
Ambientes em atmosfera
marinha: externos, internos
CAA III Forte Grande
úmidos ou concreto
aparente.
Edificações sujeitas a
respingos de maré ou em
CAA IV Muito forte Elevado
ambientes quimicamente
agressivos.

Classes de Agressividade Ambiental I II III IV


Cobrimento Nominal do Concreto 25 30 40 50

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Considerando:
 Aço CA-50
 Concreto fck 20MPa

6.3. Dimensionamento à Flexão

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Representação da Seção e Solicitação:
Z

Segmento de viga: a simbologia segue a convenção Internacional.

 Definição da Linha Neutra Fictícia:

Mas y=0,8x:

Fazendo Ky:

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 Equações de Equilíbrio:

 Classificação das Vigas quanto à Ruptura:

 Viga Balanceada ou Normalmente Armada: a armadura atinge o


escoamento simultaneamente com a ruptura do concreto. Não apresenta
fissuras e o rompimento é brusco e sem aviso prévio.
 Viga Subarmada ou fracamente armada: a armadura atinge o
escoamento (tensão máxima) antes de atingir a ruptura do concreto,
apresentando fissuras visíveis. Antes de romper, o aço escoa, aparecem
grandes deformações e trincas. É preferível devido o aviso prévio da
ruptura.
 Viga Superarmada ou fortemente armada: a armadura não atinge o
escoamento e o concreto atinge a ruptura nno bordo comprimido, antes do
escoamento do aço. A ruptura ocorre sem nenhum sintoma de instabilidade
(ocorre sem aviso prévio).

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5.4. Dimensionamento à Flexão: Verificação da Estabilidade

 Valores de Referência para Classificação das Vigas quanto à Ruptura:


Os valores de referência são definidos para viga balanceada, que corresponde ao
concreto e o aço, aos valores de pico, tensões máximas ou deformação máxima a
ruptura.

 Aço “A”: normalmente laminado, mais utilizado

 Coluna I:
 Coluna II:
 Coluna III:

Aço Fyd (Mpa) Eyd (%) Ky


CA-25 217,4 0,104 0,67
CA-32 278,3 0,132 0,58
CA-40 A 347,8 0,166 0,54
CA-50 A 434,8 0,207 0,50
CA-60 A 521,7 0,248 0,47

 Verificação da Estabilidade:

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 Simbologia dos Momentos:
 M  Momento Solicitante ou Momento de Serviço (proveniente da
Estática);
 Mu  Momento Último resistido por uma viga;
 Md  Momento de Cálculo.

 Relação entre Momentos:

 Condição de Estabilidade:

1) Determinar o eixo Neutro (posição):


Fck = 15 MPa V = 20/50
CA-50 Fyk = 500 MPa
As = 5 Φ12,5mm = 6,14cm² M = 72,5 kN.m

a) Tensões Admissíveis:

Supondo a viga subarmada, temos o valor máximo do aço fyd.

b) Da equação I:

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Como Ky < Kyd, a viga é subarmada.
c) Cálculo do Momento Fletor Último:

( )

( )

Como Mu>Md, a viga é estável.

7. Dimensionamento à Flexão: Coeficientes Tabeláveis

 Equações de Equilíbrio:

a) Determinação da Posição do Eixo Neutro (Ky):


Da equação tirada do Diagrama de Deformação:

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Da equação (3), tirando o valor de deformação do aço ( :

( )

b) Determinação de z:

( )

c) Determinação da Altura Útil em uma viga (d):


Da equação (2):

( )

( )

( )

( )

(√ )
( )

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d) Cálculo do Momento (Mu) resistido por uma seção (km) da equação (4):
( )

( )

km

e) Cálculo da Armadura de Tração (As) da equação (2):

Mu=Md
z=Kz*d

OBS.: Devido a viga balanceada de ruptura de característica brusca imediata, se


rompe sem dar aviso. A Norma Americana define um 4º tipo de viga, denominada
“Viga Dútil”, que corresponde a 0,75 do momento da viga balanceada.

Exemplo:

km do CA-50:
(balanceada)

(dútil)

Prescrições da NBR 6118:

 Armadura Longitudinal Máxima – Item 17.3, 5.2.4:

 Armadura Longitudinal Mínima:

Simplificando:
 Para CA-25;
 Para CA-50.

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 Distribuição Transversal das Armaduras – Item 18.3.2.2:

Ainda de acordo com a NBR-6118 (Item 18.3.2.3)

 Distribuição Longitudinal das Armaduras:

Ex:
1º caso: Altura Livre
Dados:

 M= 80kN.m
 Bw= 20 cm
 Fck= 15 MPa
 CA-50
 ¥5,0mm
Interior de edifícios revestidas: c=1,5cm
Deseja-se viga dútil. Determinar d, As e h:

 Modelo Estático da viga:

25,6 kN/m

64kN
64kN

 As barras de tração poderão não ser dobradas;

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 As barras de tração podem ser dobradas à 45°em um comprimento mínimo
ao comprimento de ancoragem;
 As barras de tração podem ser combinadas ou não para resistir ao esforço
cortante.
Solução:
1º passo: retirar da tabela os valores do limite do CA-50 dútil:
o kd = 2,42;
o kz = 0,93
o fsd = 435 Mpa
2º passo: calcular a altura útil:

3º passo: calcular a armadura:

4º passo: adotando Φ12,5mm, calcular a quantidade de ferros:


o 6Φ12,5mm = 7,36cm²
5º passo: calcular o valor de “h”:

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6º passo: Encontrar o centro de gravidade da viga:

a = c = 1,5cm......................1,50
1¥5,0mm.......................0,50
½ Ø12,5........................0,60
y’...................................0,54
3,14cm
7º passo: Calcular h:

Conclui-se que a viga é 20/50.

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8. Dimensionamento à Flexão e Detalhamento das Armaduras:

2º caso: Altura da viga limitada


Dados:

 M = 162kN.m
 bw = 20cm e h = 60cm
 fck = 25MPa
 CA-50
 Considerar estribos ¥5,0mm
 Interior de edifícios revestida: c = 1,5cm
Pede-se:
a) Classificar a viga:

36,0 kN/m

108kN 108kN

Arbitrando a = 4,0cm

Kd = 2,63  Viga dútil, Kz = 0,86, fsd = 435 MPa (CA-50)

b) Calcular as armaduras:

Adotando Ø16,0mm, temos: 6Ø16 = 12,06cm².

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c) Detalhar a armadura:

a = c = 1,5cm......................1,50
1¥5,0mm.......................0,50
½ Ø16,0........................0,80
y’...................................0,60
3,40cm
Arbitrado = 4,0cm; calculado = 3,4cm. Verificado erro a favor = 0,6cm.
d) Diagrama decalado:

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Exemplo 2:
Dados:

 M = 176kN.m
 bw = 20cm e h = 60cm
 d = 55cm
 fck = 25MPa
 CA-50
 Considerar estribos ¥5,0mm
 Interior de edifícios revestida: c = 1,5cm

a) Calcular as armaduras:

Kd = 2,477  Viga dútil, Kz = 0,84, fsd = 435 MPa (CA-50)

 Ø12,5  10Ø12,5 (12,27cm²)


 Ø16,0  7Ø16,0 (14,07cm²)
Para ferros dotados de Ø12,5:

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a = c = 1,5cm......................1,50
1¥5,0mm.......................0,50
½ Ø12,5........................0,60
y’...................................1,60
4,20cm
Arbitrado = 5,0cm; calculado = 4,2cm. Verificado erro a favor = 0,8cm.

Para ferros adotados de Ø16,0 (14,07cm²)

a = c = 1,5cm......................1,50
1¥5,0mm.......................0,50
½ Ø16,0........................0,80
y’...................................1,10

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3,80cm
Arbitrado = 5,0cm; calculado = 3,8cm. Verificado erro a favor = 1,1cm.

Sendo número ímpar, necessário 3 ferros até o apoio.

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