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ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TIPO DE CIMENTO NO

COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE ARGAMASSAS DE


REVESTIMENTO

Alécio Mattana Júnior(1), Marienne do Rocio de Mello Maron da Costa(2)

Universidade Federal do Paraná


(1) Graduando, Iniciação Cientifica – UFPR/TN, Curitiba-PR, alehcio@gmail.com
(2) Engenheira Civil, Professora Doutora do Departamento de Construção Civil,
Curitiba-PR, mariennecosta@uol.com.br

RESUMO

O estudo do comportamento reológico de argamassas de revestimento no


estado fresco vem se desenvolvendo ao longo dos últimos anos, tendo em vista a
sua importância para a prática de obra, pois as argamassas são aplicadas no estado
fluido sendo portanto fundamental a avaliação do seu desempenho reológico para
possibilitar a avaliação da sua facilidade de aplicação. As argamassas de
revestimento, por sua vez, são formadas pela mistura de cimento e areia, porventura
aditivos e cal hidratada. O objetivo deste trabalho é analisar a influência de três tipos
de cimento (CP-II-F-32, CP-II-Z-32 e CP-IV) no comportamento reológico de
argamassas através do ensaio reológico Squeeze Flow, tendo em vista a
variabilidade de tipos de cimento fornecidos pelas empresas fabricantes no Brasil.
As argamassas foram preparadas com o método de mistura “água no pó” (1) para
minimização dos grumos. Também foram realizados os ensaios de ar-incorporado
das argamassas e reometria das pastas cimento, para relacioná-los com os
resultados de Squeeze Flow das argamassas. Os resultados mostraram que o
cimento influencia comportamento reológico das argamassas e que o Ensaio
Squeeze Flow teve sensibilidade para mostrar essa influência.

Palavras-chave: cimento Portland, argamassa de revestimento, reologia, squeeze


flow.
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ABSTRACT

STUDY ON THE INFLUENCE OF CEMENT TYPE ON THE RHEOLOGICAL


BEHAVIOR OF RENDERING MORTARS

The study on the rheological behavior of mortar coating in fresh state has
been developed over the past few years due to its importance to practical work,
because mortars are applied in fluid state; it is thus essential to assess their
rheological performance to allow the assessment of the ease of application. The
mortar coating, in turn, is formed by mixing cement and sand, perhaps additives and
hydrated lime. The purpose of this study is to analyze the influence of three types of
cement (PC-II-F-32, CP-II-Z-32 and CP-IV) in the rheological behavior of mortars
through the Rheological Squeeze Flow, due to the variability in the types of cement
supplied by manufacturers in Brazil. The mortar was prepared with the “water to
powder” mixing method (ANTUNES, 2005) to minimize the lumps. Tests of air
incorporated to mortar and rheometry of cement pastes were conducted, to relate
them to the results of mortars Squeeze Flow . The results showed that the cement
influences the behavior of mortars and that the Squeeze Flow essay presented
sensitivity to show that influence.

Keywords: Portland cement, coating mortar , Rheology, Squeeze Flow.

INTRODUÇÃO

A necessidade de uma maior produtividade aliada a um melhor acabamento


devido à exigência do atual mercado vem fazendo com que os estudos em reologia
de argamassas se tornem cada vez mais importantes. Tendo-se em vista que a
qualidade do estado endurecido é fundamental para a avaliação de uma boa
argamassa, o estudo do estado fresco exprime grande importância para aumentar a
produtividade e evitar futuras e freqüentes patologias. O investimento tecnológico
das argamassas no estado fresco prevenirá problemas futuros no estado
endurecido. Essa produtividade é, principalmente, associada à trabalhabilidade da
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argamassa, e essa trabalhabilidade está vinculada às propriedades reológicas do


estado fresco.

Reologia e a ciência que estuda o fluxo e a deformação dos materiais quando


submetidos a uma determinada tensão ou solicitação mecânica externa (2). O
comportamento reológico dos materiais pode ser representado por relações entre
deformação com as forças a que são submetidos (3). Como as argamassas são
aplicadas no estado fluido, o seu desempenho reológico é fundamental para
possibilitar a sua facilidade de aplicação.
Existem diferentes tipos de cimento fornecidos pelo mercado. Os principais
tipos para o uso na construção “convencional” são o CP-II-F-32 e o CP-II-Z-32. A
escolha depende da disponibilidade da região ou do preço. Apesar de serem
tratados como equivalentes no seu uso, podem existir diferenças em suas
propriedades que podem influenciar a produtividade e qualidade. Tendo como
parâmetro essa variabilidade de tipos de cimento fornecidos pelas empresas no
Brasil, o objetivo desse trabalho é analisar a influência dos cimentos CP-II-F-32, CP-
II-Z-32 e CP-IV no comportamento reológico de argamassas.

Atualmente vem sendo utilizado o ensaio de Squeeze Flow, que é amplamente


aplicado para a caracterização dos mais diversos tipos de pastas incluindo
alimentos, cosméticos, materiais cerâmicos e compósitos poliméricos. Estudo
pioneiro em materiais de construção utilizando Squeeze Flow para a caracterização
de uma pasta de cimento, verificando as alterações reológicas decorrentes da
consolidação do ligante. No Brasil, há pouco tempo esse ensaio vem sendo
realizado para caracterização reológica das argamassas, mas tem fornecido
resultados satisfatórios, sensíveis e versáteis. Isso possibilita verificar minuciosas
influências entre as diferentes matérias primas presente nas argamassas.
Este ensaio, esquematizado na Figura 1, analisa o escoamento do material
decorrente da aplicação de uma carga de compressão sobre a amostra no estado
fresco, a qual ocasiona deslocamentos no seu interior devido aos esforços de
cisalhamento radiais originados durante o fluxo, como mostra a figura abaixo. Os
resultados desse ensaio evidenciam a consistência do material, mostrando a
aplicabilidade no canteiro de obra, ou mesmo na comparação entre argamassas.
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Figura 1 – Esquematização do ensaio “Squeeze Flow”

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram analisadas três argamassas com três tipos de cimentos Portland CP-II-
F-32, CP-II-Z-32 e CP-IV-32, e um tipo de areia natural , conforme detalhado abaixo.
Os dados das adições dos cimentos foram fornecidos pela empresa fabricante.

• Cimento: CP-II-F-32 (adição de fíler calcário, 10%);


• Cimento CP-II-Z-32 (10% de filer calcário e 14% de cinza volante
(pozolana));
• Cimento CP-IV-32 (5% de filer calcário e 35% de cinza volante
(pozolana));
• Areia: natural classificada como fina, tendo com diâmetro máximo 0,6 mm
proveniente da região metropolitana de Curitiba; esta areia foi seca em
estufa antes de ser utilizada para a preparação das argamassas;
• Água: destilada.

Foi utilizado o traço em volume de 1:2,5 (cimento:areia), mas quantificado em


massa. A quantidade de água foi determinada pela análise da consistência da
argamassa base (com cimento CP-II-F-32) pelo ensaio da Mesa de Fluidez (4). Foi
estabelecida uma consistência de 250 mm ± 10 que resultou numa quantidade de
água adotada para as três argamassas e, consequentemente, na relação
água/materiais secos de 0,162.

O procedimento da seqüência de mistura adotado foi a “água no pó” (1). A


seqüência de mistura “água no pó” consiste em adicionar a água de amassamento
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fracionadamente à argamassa anidra vertida previamente na cuba da


argamassadeira (Figura 2). A água foi adicionada com a argamassadeira ligada. Na
primeira adição foi colocada metade da água durante 37 segundos. Completados os
50 segundos desligava-se a argamassadeira e verificava-se com a espátula se ainda
havia argamassa anidra. Em seguida ligava-se novamente a argamassadeira e
complementava-se a quantidade de água de amassamento em 37 segundos. A
argamassadeira permanecia em operação até completarem-se os 60 segundos. A
Figura 3 esquematiza o procedimento.

Figura 2 – Argamassadeira empregada na mistura das argamassas (marca EMIC, modelo AG 5)

Figura 3 – Procedimento de mistura da argamassa em função do tempo: “água no pó”.

Foram realizados ensaios preliminares de caracterização tanto da areia quanto


dos cimentos. Esses ensaios estão apresentados na Tabela 1.
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Tabela 1 – Ensaios de caracterização dos materiais.

CIMENTOS AREIA
Análise granulométrica a laser (Equipamento Análise granulométrica a laser (fração passante
marca: CILAS, mod.: 1064) na peneira de abertura 75 micra) ( Granulômetro
a Laser marca: CILAS, mod.: 1064)
Retenção de partículas maiores que 75 µm: Peneiramento conforme NBR NM248 (8)
peneira #200 conforme NBR 11579 (5)
Difração de Raios X (Difratômetro marca: Philips) Massa unitária conforme NBR NM45 (9)
Espectometria de Fluorescência de Raios X Massa específica conforme NBR NM52 (10)
(Equipamento marca: Philips, mod.: PW2400)
Superfície específica (Blaine) conforme NBR
NM76 (6)
Massa específica conforme NBR NM23 (7)

Para as argamassas foram realizados os ensaios de Ar Incorporado (11),


Retenção de Água (12), Módulo de Elasticidade Dinâmico (Projeto de Norma
18:400.04-008 Abril:2008), além do Squeeze Flow. A reometria da pasta de cimento
foi avaliada a partir do equipamento da marca Thermo modelo HAAKE Rheostress
600, para uma análise comparativa e complementar ao ensaio de Squeeze Flow das
argamassas.

O ensaio Squeeze Flow foi realizado em uma máquina universal de ensaios


comumente existente nos laboratórios de materiais de construção para a aplicação
de carga em corpos-de-prova, da marca EMIC modelo D.L. 10.000, utilizando célula
de carga de 1000 N, à uma taxa de cisalhamento de 0,1mm/s. Foram adaptadas à
máquina algumas ferramentas utilizadas no ensaio: uma base rígida de aço inox,
punção de aço inox de 100 mm de diâmetro, moldes de PVC de 100 mm de
diâmetro e 10 mm de altura e um gabarito para auxiliar na moldagem. A Figura 4
mostra os componentes deste ensaio.
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Espátula
Molde de
PVC

Gabarito

Figura 4 – Acessórios de moldagem do ensaio Squeeze Flow

Imediatamente após a mistura, foi adotado o seguinte procedimento de ensaio


(Figuras 5 e 6):

• Posicionou-se o molde de PVC de 100 mm no centro da base de aço inox


com o auxílio de um gabarito;
• Preencheu-se o molde de PVC com argamassa com auxílio de uma
espátula, procurando adensar a argamassa e eliminar possíveis vazios;
• Rasou-se o molde com argamassa do meio para a extremidade;
• Retirou-se o molde e posicionou-se a base na máquina e deu-se início o
ensaio.

Punção

Base

Figura 5 – Processo de moldagem Figura 6 – Ensaio Squeeze Flow em andamento

As pastas de cimento, por sua vez, foram submetidas ao ensaio de reometria


com uma relação a/c de 0,30. O reômetro empregado foi do tipo placa-placa, que
aplicou, através de um spindle (Figura 6), rotações variadas de acordo com taxas de
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cisalhamentos definidas (programação na Figura 7), ou seja, o cisalhamento


aplicado foi controlado e o torque foi avaliado. A partir do torque foi possível definir
as viscosidades das pastas relativas às taxas de cisalhamento estabelecidas.

Figura 7 – Programação do ensaio de reometria das pastas.

A Figura 8 mostra o equipamento utilizado para o ensaio de reometria. A


Figura 9 focaliza a base e o spindle do equipamento, caracterizando suas partes e o
movimento de rotação.

Spindle
Rotação

Amostra
Base

Figura 8 – Equipamento utilizado na reometria das Figura 9 – Ensaio de Reometria da pasta em


pastas. andamento.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O gráfico da Figura 10 mostra as curvas de distribuição granulométrica dos


cimentos.
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Figura 10 – Curvas de distribuição granulométrica dos cimentos obtidas a partir do


Granulômetro a Laser.

A caracterização granulométrica mostra que o cimento CP-IV possui uma maior


quantidade de finos (faixa de grãos entre 0,2 μm e 10 μm), seguido pelo CP-II-Z e
pelo CP-II-F, provavelmente devido ao tipo e quantidade de adição presente em
cada um. Por outro lado, observa-se que na faixa de grãos com dimensões entre 40
e 100 μm (grãos grossos), o cimento CP-II-F possui maior freqüência,
acompanhado pelo CP-II-Z e pelo CP-IV, em menores quantidades.

Os cimentos CP-IV e CP-II-Z possuem o fíler calcário e a pozolana (cinza


volante), respectivamente, como adição, (dados do fabricante: CP-II-Z-32 – 10% de
fíler calcário e 14% de cinza volante; CP-IV-32 – 5% de fíler calcário e 35% de cinza
volante), o CP-II-F-32 possui somente o fíler calcário como adição (10%). Pelo
resultado da granulometria a laser dos cimentos, pode ser verificado que o cimento
com adição de cinza volante é mais fino do que o que possui adição de fíler calcário,
e quanto maior essa adição, maior será a quantidade de finos no cimento. A
diferença da finura das adições é basicamente resultante do processo de produção
que a originaram, já que a cinza volante é um material finamente particulado
proveniente da queima de carvão pulverizado em usinas termoelétricas (13), e o fíler
calcário é obtido através de moagem de rocha. Cabe destacar que a finura das
adições pode ainda sofrer influência do processo de moagem após sua mistura com
o clínquer, por exemplo, o fíler tornar-se ainda fino ao compor o cimento.
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No que se refere à morfologia das partículas, a cinza volante apresenta


partículas tipicamente esféricas (13) (14), já as partículas de fíler calcário, por serem
resultado de moagem de rocha, apresentam grãos mais rugosos e angulosos. É
importante destacar que grãos mais rugosos e angulosos tendem a determinar
misturas com comportamento reológico menos adequado relativamente à misturas
com grãos mais esféricos e lisos.

As curvas carga versus deslocamento obtidas no ensaio Squeeze Flow das


argamassas estão apresentadas na Figura 11.

Figura 11 – Representação das curvas carga versus deslocamentos resultantes do ensaio Squeeze Flow

As curvas obtidas no ensaio Squeeze Flow são diferentes entre si, mostrando o
impacto do tipo de cimento no comportamento reológico da argamassa, já que o tipo
de areia e a relação água/materiais secos foram mantidos constantes. Podem-se
observar diferentes cargas máximas para um mesmo deslocamento, caracterizando
diferenças nas características da argamassa, representadas na prática por maior ou
menor facilidade de aplicação. O ensaio Squeeze-flow foi programado para um
deslocamento máximo de 5 mm, sendo que em nenhuma das três argamassas foi
possível atingi-lo, pois o limite da célula de carga (1000 N) foi anteriormente vencido,
demonstrando o imbricamento entre as partículas das misturas.

A argamassa com o cimento CP-IV apresentou uma faixa maior de


deslocamento (aproximado de 3,5 mm), seguido do cimento CP-II-Z e por último do
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cimento CP-II-F. A justificativa para esta diferença de comportamento reológico pode


ser devido à diferença de granulometria e morfologia dos grãos de cimento, mais
especificamente do tipo e teor de suas adições, já que os cimentos apresentam o
mesmo clínquer como material base.

O cimento CP-II-F apresentou grãos maiores (pela adição de fíler) que


provavelmente facilitaram a aproximação entre os mesmos, ou seja, a argamassa
atingiu a fase de embricamento dos grãos mais rapidamente, logo maior
necessidade de força para a deformação imposta no ensaio. Aliada à granulometria,
encontra-se a morfologia dos grãos, que também pode ter influenciado o
comportamento reológico da pasta, já que o fíler calcário possui partículas mais
rugosas e angulosas do que a cinza volante, por ser resultado de moagem de rocha.

Cabe destacar ainda que apenas o cimento CP-II-F possui em sua produção
um aditivo de moagem (dados do fabricante: dietilenoglicol, 0,18 ml/kg cimento),cujo
impacto sobre a reologia da mistura não foi escopo nesse trabalho. A continuidade
dessa pesquisa poderá avançar em dados para a resposta dessa questão.

A cinza volante é um material reativo, por ser um material pozolânico definido


pela NBR 12653 (15) como um material silicoso ou sílico-aluminoso que por si só
possui pouca propriedade cimentícia, mas, quando na presença de umidade, reage
quimicamente com o hidróxido de cálcio para formar compostos com propriedades
cimentantes. No que se refere aos cimentos CP-II-Z e CP-IV que possuem essa
adição, cabe salientar que o impacto da reatividade da cinza volante no
comportamento reológico da argamassa não foi considerada nessa etapa do
trabalho, pois as argamassas foram submetidas ao ensaio Squeeze Flow logo após
a mistura, momento no qual as reações pozolânicas provavelmente ainda não foram
iniciadas.

Além do comportamento reológico da argamassa, foi determinado também o


comportamento reológico das respectivas pastas cimentícias, neste caso através de
reômetro específico para pastas. O resultado desse ensaio está apresentado na
Figura 12. Observa-se que a pasta de cimento CP-IV possui maior viscosidade, essa
seguida pela pasta de cimento CP-II-Z e CP-II-F. Esse comportamento se deve à
maior área específica do CP-IV seguido pelo CP-II-Z e o CP-II-F, tendo-se em vista
que a relação água/cimento foi mantida constante entre as pastas.
12

400

350

300
Viscosidade (Pas)

250

CP II F
200
CP II Z
150 CP IV

100

50

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Taxa de Cisalhamento (1/s)

Figura 12 – Resultados de ensaio de reometria das pastas de cimento.

Comparando-se ainda os resultados de reometria das pastas com os


comportamentos reológicos das respectivas argamassas, observa-se que as pastas
menos viscosas determinaram argamassas com menor deformabilidade no ensaio
de Squeeze Flow. Uma justificativa para este comportamento pode ser pelo fato que
a pasta preparada com cimento CP-II-F é mais fluída, essa supostamente tende a
ser primeiramente expulsa da argamassa, que por sua vez deixaria de agir no
contato entre os grãos de areia. As pastas de CP-II-Z e CP-IV sendo menos fluidas
devido ao maior teor de material fino (pozolana), permanecem por mais tempo na
argamassa durante o ensaio, envolvendo os grãos de areia e retardando com isso o
embricamento entre os mesmos.

Uma outra análise pode também ser feita a partir do teor de ar incorporado.
Uma argamassa mais fluida tende a permitir mais facilmente a entrada de ar durante
a mistura, confirmado pelo ensaio de teor ar incorporado (Figura 13), no qual a
argamassa preparada com cimento CP-II-F (pasta com menor viscosidade, ou seja,
mais fluida) , apresentou maior teor de ar incorporado.
13

Figura 13 – Classificação volumétrica dos constituintes presentes nas argamassas.

CONCLUSÃO

Pode-se verificar que o tipo de cimento interfere, mesmo que sucintamente,


nas propriedades reológicas das argamassas. A partir dos resultados obtidos no
experimento, essa interferência pode ser pela diferença na granulometria e
morfologia do cimento, mais especificamente das suas adições: o cimento CP-IV
possui maior freqüência de partículas finas (Figura 10), caracterizando um cimento
mais fino que os demais, seguido pelo CP-II-Z e pelo CP-II-F. Esta interfere na
consistência da pasta, pois intervém no arranjo entre os grãos (partículas) e na
quantidade de água absorvida devido a diferença na superfície específica. A maior
viscosidade da pasta com CP-IV foi um demonstrativo desse fato.
Considerando a análise visual da argamassa, pode-se supor que todas são
aplicáveis, apesar do fato de maiores cargas no ensaio Squeeze Flow representar
maior necessidade de força na aplicação da argamassa, logo maior dificuldade de
aplicação e acabamento. O ensaio Squeeze Flow apresentou sensibilidade para
mostrar a interferência do tipo de cimento no comportamento reológico das
argamassas.
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