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IX Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental (REGEO 2019)

VIII Congresso Brasileiro de Geossintéticos (Geossintéticos 2019)


São Carlos, São Paulo, Brasil © IGS-Brasil/ABMS, 2019

Avaliação de Características de Resistência e Durabilidade de


Misturas Compactadas de Rejeito de Mineração de Bauxita e
Cimento
Helena Paula Nierwinski
Universidade Federal de Santa Catarina, Joinville, Brasil, helena.paula@ufsc.br

Marcelo Heidemann
Universidade Federal de Santa Catarina, Joinville, Brasil, marcelo.heidemann@ufsc.br

Ana Carolina de Souza Martins


Universidade Federal de Santa Catarina, Joinville, Brasil, ana.carolina-rila@outlook.com

Amanda Reus
Universidade Federal de Santa Catarina, Joinville, Brasil, amandareus@hotmail.com

RESUMO: Alternativas de melhoramento de propriedades do solos com a adição de materiais


estabilizantes como cimento e cal, vêm ganhando destaque em pesquisas, principalmente com o
intuito de dar uso a solos, muitas vezes, considerados de baixa qualidade geotécnica. Neste contexto,
o presente trabalho tem por objetivo investigar o impacto da adição de cimento em propriedades de
resistência e durabilidade de corpos de prova compactados de rejeito de mineração de bauxita. São
analisadas misturas de rejeito de mineração de bauxita com cimento, variando-se a densidade da
amostra e os teores de cimento adicionado. A quantidade de cimento adicionada ao corpo de prova
foi em substituição em peso de uma pequena parcela de rejeito. As características de resistência foram
avaliadas por meio de ensaios de compressão simples, em corpos de prova com dimensões de 5 x 10
cm. Já a durabilidade foi analisada através de 12 ciclos de umedecimento e secagem, seguindo-se as
diretrizes da ASTM D559, em corpos de prova de 10 x 12,7 cm. Foi possível se correlacionar a
resistência à compressão simples com a densidade e teores de cimento e, também, a porcentagem de
perda de massa acumulada em cada ciclo de secagem e umedecimento, para a condição mais crítica
de cimentação, com as diferentes densidades.

PALAVRAS-CHAVE: Rejeito de mineração, Cimento Portland, Resistência à compressão,


Durabilidade.

ABSTRACT: Alternatives to improve soil properties with the addition of stabilizing materials such
as cement and lime is bringing the attention of researches, mainly with the intention of giving use to
soils often considered of low geotechnical quality. In this context, this work has the aim of
investigating the impact of cement addition on properties of strength and durability of bauxite mining
tailings compacted specimens. Mixtures of bauxite mining tailings with cement are analyzed by
varying the sample density and cement content. The amount of cement added to the specimen was
defined by replacing a small amount of tailings. The strength characteristics were evaluated by simple
compression tests conducted in 5 x 10 cm specimens. The durability was analyzed through 12 cycles
of wetting and drying, following ASTM D559, in 10 x 12,7 cm specimens. It was possible to correlate
the strength to simple compression with the density and cement contents and, as well as the percentage
of loss accumulated mass in each cycle of drying and wetting, for the most critical cementation
condition, for different densities.

KEY WORDS: Mining tailing, Portland Cement, Compression strength, Durability.

REGEO/Geossintéticos 2019, São Carlos/SP, Brasil.


1 INTRODUÇÃO A bauxita é o minério a partir do qual se produz
a alumina, usada para a produção do alumínio
Os minerais por possuírem diversas finalidades metálico. Este, por sua vez, é aplicado em
importantes, seja na indústria do aço, indústria diversos setores da indústria, que vão desde bens
cerâmica, construção civil ou entre outras, sua de consumo à utilização na construção civil.
produção vem sendo cada vez mais requerida. Segundo Antunes (2012), o minério de bauxita é
No entanto, o processo de beneficiamento desses constituído essencialmente por hidróxidos de
minerais produz partículas sem valor comercial alumínio, óxidos e hidróxidos de ferro e outros
ou qualquer utilidade – nomeados rejeitos. Por elementos. A sua coloração pode variar entre o
questões ambientais, esses rejeitos necessitam vermelho, amarelo e branco (SANTOS, 1989).
ser devidamente descartados e armazenados em Para o refino da bauxita e produção de
locais próprios, sendo este depósito, alumina, utiliza-se o método denominado de
frequentemente, realizado por meio de barragens Processo Bayer, sendo uns de seus pontos
de rejeitos. essenciais, a dissolução da alumina e a separação
Relatos de rompimentos e instabilidades em dos resíduos insolúveis. De acordo com Bedin
barragens de rejeito tem sido recorrentes, (2010), a primeira etapa do processo constitui-se
envolvendo não só perdas econômicas, mas, na digestão, onde ocorre a moagem da bauxita e
também, possíveis perdas humanas (AGÊNCIA a mistura à uma solução cáustica de hidróxido de
BRASIL, 2015). Segundo o Ibama (2015), o sódio (NaOH). Em seguida ocorre a etapa de
recente episódio de rompimento da barragem de clarificação, ou seja, separação dos resíduos
rejeitos de ferro, localizada no distrito de insolúveis: rejeitos e precipitação parcial da
Mariana, no estado de Minas Gerais, resultou na alumina.
degradação da fauna e da flora, principalmente a A composição química dos rejeitos de
bacia do Rio Doce, além de ceifar vidas mineração de bauxita varia em relação às
humanas. impurezas existentes no mineral de origem e
Devido a essas catástrofes e incidentes, como foi o seu comportamento durante o ataque
métodos de aproveitamento ou recuperação de com a solução cáustica (SILVA, 2008).
rejeitos de mineração vem sendo estudadas,
além da investigação por métodos de melhoria 2.2 Melhoramento de Solos
da estabilidade dessas estruturas.
A alternativa de aproveitamento dos rejeitos De acordo com Tomasi (2018) para um
de mineração, poderia reduzir a quantidade de tratamento de melhoria de propriedades de um
material estocada por meio de barragens, solo, é de extrema importância a escolha correta
reduzindo alturas de alteamento e, com isso, do tipo de agente que será incorporado.
contribuindo com a estabilidades das mesmas. Mateos (1964) afirma que a maioria dos
Neste sentido, o presente trabalho tem como estudos com agentes cimentantes, utilizando o
objetivo avaliar a influência da adição de cimento o principal estabilizante da mistura,
cimento em propriedades de resistência e demonstraram bons resultados para diferentes
durabilidade de corpos de prova compactados de tipos de solos estudados. Uma das grandes
rejeito de mineração de bauxita. Através de vantagens da utilização do cimento, de acordo
ensaios experimentais busca-se averiguar a com o autor, seria um ganho rápido da resistência
possibilidade de uso do material tratado em máxima da mistura em um intervalo curto de
pequenas obras ou reforço das próprias tempo.
estruturas de contenção (barragens de rejeito). Rosa (2010) afirma que uma quantidade
moderada de testes laboratoriais são necessários
para se derterminar a melhor dosagem do
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA cimento, de tal forma, que sejam atendidas as
premissas de projeto.
2.1 Rejeito de Mineração de Bauxita
2.3 Durabilidade

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De acordo com Marcon (1977), a durabilidade 3.1 Resistência à Compressão Simples
pode ser definida como a maneira com que o
material se comporta, em termos de integridade Os corpos de prova utilizados no ensaio de
de sua estrutura, considerando as condições às resistência à compressão simples foram
quais é exposto. moldados com 5 cm de diâmetro e, 10 cm de
O ensaio de durabilidade é justamente uma altura. A dosagem do cimento foi realizada em
forma avaliativa, por meios laboratoriais, de substituição parcial de material seco, utilizando-
como o material se comporta quando submetido se diferentes porcentagens de subtituição por
a intempéries ou outros agentes que atuam no cimento e diferentes valores de densidade seca
meio, ao qual é exposto. As etapas e (d).
procedimentos para a realização do ensaio são Inicialmente, seguindo-se premissas
apresentados pela norma ASTM D559/2003. econômicas, foram definidos pelos autores, três
A norma prescreve o método para a valores iniciais de porcentagem de substituição
determinação de perda de massa, variação de de material por cimento, sendo eles: 3%, 5% e
umidade e variação de volume, produzidos por 7%.
ciclos de molhagem e secagem, de corpos-de- Após a elaboração das amostras para estas
prova, de misturas solo-cimento (NOVAES, dosagens específicas, evidenciou-se que para as
2016). misturas realizadas com 3% e 5% de substituição
por cimento, na etapa de saturação prévia à
2.4 Resistência à Compressão Simples ruptura por compressão, como é previsto em
norma, os corpos de prova, de todas as
O ensaio de resistência à compressão simples é densidades testadas, dissolveram-se
utilizado para averiguar o aumento da resistência completamente.
de um material quando incorporado um agente Devido à inviabilidade de realização do
cimentante. ensaio para os valores iniciais, previamente
Segundo Novaes (2016), alguns dos grandes definidos, foram estabelecidos novos valores de
pontos favoráveis da utilização desta porcentagem de substituição por cimento, sendo
metodologia, são a rapidez na execução, baixo eles: 7%, 9% e 11%. Tais valores permitiram que
custo, facilidade de realização das etapas; sem todo o processo previsto em norma fosse seguido
contar o grande número de pesquisas já de forma satisfatória, mantendo-se a integridade
realizadas, com materiais cimentados, que dos corpos de prova.
utilizaram esse tipo de ensaio. Por meio do ensaio de compactação, à energia
Para a realização do ensaio de compressão Proctor Normal, definiu-se a densidade seca
simples, segue-se a norma americana ASTM máxima (dmax) do rejeito de mineração de
D5102/1996, utilizando-se uma prensa bauxita, obtendo-se um valor de 1,32 g/cm³. A
automática, com um anel dinamométrico partir deste valor foram definidos três valores de
calibrado. densidade seca (γd) para as misturas de rejeito e
cimento, conforme apresentado pela Tabela 1.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Tabela 1. Dosagem definida para moldagem dos corpos
Os ensaios de resistência à compressão simples de prova
e durabilidade de misturas de rejeito de bauxita,
γd
com a inserção de cimento, foram realizados % de cimento
(g/cm3)
junto ao laboratório de Mecânica dos Solos da 1,20
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 7 1,25
do Centro Tecnológico de Joinville (CTJ). A 1,30
metodologia adotada e procedimentos 1,20
específicos de ensaios são apresentados nos itens 9 1,25
1,30
a seguir. 1,20
11 1,25
1,30

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(Standard Test Methods for Wetting and Drying
De acordo com a NBR 5738 (ABNT, 2015), Compactes Soil-Cement), utilizando-se corpos
para cada dosagem definida é necessária a de prova com 10 cm de diâmetro e 12,7 cm de
moldagem de três corpos de prova, para uma altura.
melhor confiabilidade dos resultados. Sendo Como a propriedade de durabilidade visa
assim, para satisfazer a dosagem apresentada na avaliar a influência do meio na degradação do
Tabela 1, foi necessária a moldagem de 45 solo melhorado, para este estudo a propriedade
(quarenta e cinco) corpos de prova. de durabilidade foi avaliada apenas para os
As etapas de moldagem dos corpos de prova corpos de prova com o menor teor de cimento,
seguiram as premissas da norma NBR 5738 ou seja, 7%. As três densidades diferentes foram
(ABNT, 2015). Para a realização da moldagem avaliadas.
das amostras foi utilizado um molde bipartido, Após a moldagem, os corpos de prova foram
confeccionado em alumínio, especialmente para deixados em umidade constante para cura
esta pesquisa, conforme apresentado pela Figura durante 7 dias, antes de se iniciar as etapas do
1. As duas partes independentes que compõe o ensaio de durabilidade propriamente dito.
molde auxiliam a desmoldagem do corpo de De acordo com a ASTM D559/2003, para a
prova final. realização do ensaio de durabilidade é necessária
a realização de 12 ciclos de secagem e
umedecimento, com duração de 48 (quarenta e
oito) horas cada ciclo. As etapas que constituem
cada ciclo de secagem e umedecimento são
apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Etapas constituintes dos ciclos de secagem e


umedecimento

Duração
Etapa
(h)
Imersão dos corpos de prova em água 5,0
Secagem em estufa (71° C) 42,0
Intervalo para escovação e pesagem 1,0

Conforme apresentado na Tabela 2, após


umedecimento e secagem do corpo de prova,
Figura 4. Molde bipartido utilizado para moldagem dos segue a etapa de escovação e pesagem do corpo
corpos de prova
de prova. A escovação é feita por meio de uma
escova com cerdas metálicas, imprimindo uma
Finalizada a etapa de moldagem, os corpos de
pressão constante, de acordo com as indicações
prova foram deixados em ambiente úmido para a
previstas em norma, em todo o faceamento
cura, conforme é determinado pela NBR 5738
externo do corpo de prova, conforme demonstra
(ABNT, 2015), durante um período de 7 dias.
a Figura 2. Nesta etapa é possível se determinar
Decorrido o tempo de cura, durante as 24
a quantidade de material perdida pelo corpo de
horas antecedentes ao ensaio de resistência, os
prova em cada um dos ciclos.
corpos de prova foram deixados em imersão em
água, para completa saturação dos mesmos. Em
sequência, os corpos de prova foram rompidos
4 RESULTADOS
com o auxílio de uma prensa automática.
4.1 Ensaio Compressão Simples
3.2 Ensaio de Durabilidade
Após ruptura dos corpos de prova, foi possível se
Para a realização do ensaio de durabilidade da
determinar a resistência máxima à compressão
mistura de rejeito e cimento, seguiram-se as
simples (qu) para cada um deles. A Figura 3
premissas da norma D559 (ASTM, 2003)

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ilustra os valores de qu relacionados aos três teores de cimento de 7%, atingindo cerca de 130
teores de cimento ensaiados, bem como, em kPa para 9% de cimento e em torno de 350 kPa
relação às três diferentes densidades. para teores de cimento de 11%. Neste caso o
aumento do teor de cimento teve papel
fundamental no incremento da resistência.
Por fim, para a densidade de 1,30 g/cm³, o
comportamento de crescimento da resistência
em função dos teores de cimento foi similar ao
observado para os corpos de prova com
densidade de 1,25 g/cm³, embora se verifiquem
valores superiores de resistência para cada teor,
consequência do aumento da densidade. Para o
teor de cimento de 7% foi obtida uma resistência
em torno de 100 kPa, para 9% em torno de 290
kPa e para 11% atingindo uma resistência média
em torno de 570 kPa.
Em análise à Figura 3 verifica-se que, embora
sejam necessários teores mais elevados de
Figura 2. Etapa de Escovação e Pesagem do Corpo de cimento, em densidades próximas à densidade
prova. máxima do material, a resistência do rejeito de
mineração de bauxita é consideravelmente
A partir dos valores pontuais de resistência, melhorada com a adição de cimento.
obtidos através dos ensaios, foi possível se
determinar uma tendência linear de crescimento
da resistência de acordo com o teor de cimento,
para todas as densidades avaliadas. Entretanto,
observa-se que o crescimento de resistência em
função do aumento do teor de cimento é bem
mais pronunciado para os valores de d de 1,25 e
1,30 g/cm³. Possivelmente nas dosagens com
densidades maiores houve uma maiores iteração
entre a partícula de rejeito e o cimento,
acarretando num aumento de resistência.
Observa-se, ainda, que a porcentagem de 7%
de cimento parece não fornecer um
melhoramento adequado das propriedades de
resistência, uma vez que, o aumento da Figura 3. Relação entre resistência à compressão simples
densidade parece não contribuir para o aumento (qu) e teor de cimento (%) para cada valor de densidade
da resistência como ocorre nos demais teores de (γd) avaliada
cimento avaliados.
De um modo geral, verifica-se que o aumento 4.2 Durabilidade
da densidade, por menor que seja, contribui para
o aumento da resistência, considerando os teores Durante o ensaio de durabilidade, os corpos de
de cimento a partir de 9%. prova foram submetidos a ciclos de imersão total
Os valores de resistência obtidos para as do corpo de prova em água e, em seguida levados
misturas com densidade de 1,20 g/cm³ estão em a estufa para secagem dos mesmos. Após cada
torno de 130 kPa, sendo identificada pouca uma destas etapas, os corpos de prova foram
influência do teor do cimento no acréscimo pesados e submetidos à escovação, na qual foi
destes valores. possível se determinar a perda de massa em cada
Para a densidade de 1,25 g/cm³ observaram- ciclo.
se valores de resistência inferiores a 50 kPa, para A perda de massa acumulada ao longo de cada

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um dos ciclos, para cada um dos corpos de prova último ciclo, foi cerca de 0,32%, ou seja, em
ensaiados, com teores de cimentação mais crítico torno de 30 vezes menor que aquele medida no
(7%) e diferentes densidades, é apresentada na corpo de prova com γd =1,2 g/cm³. Tal situação
Figura 4. pode ser justificada pela densidade próxima à
densidade máxima do material tornar o corpo de
prova mais rígido.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O armazenamento de rejeitos de mineração por


meio de barragens de mineração é um grande
desafio para a Engenharia Geotécnica, uma vez
que, diversos episódios de instabilidade já foram
relatados nestes locais. Neste trabalho
investigou-se a possibilidade de melhoramento
de propriedades de resistência e durabilidade de
corpos de prova compactados de rejeito de
mineração de bauxita, com a adição de cimento.
Por meio de ensaios de compressão simples,
verificou-se que acréscimos significativos de
Figura 4. Número de Ciclos versus % de Perda de Massa
resistência somente são obtidos para teores de
acumulada.
cimento a partir de 9%. Também ficou evidente
a influência da densidade nos valores de
Em análise à Figura 4, observa-se que a perda
resistência obtidos. Para valores de γd= 1,2
de massa acumulada é crescente ao longo dos
g/cm³, a densidade afeta tanto a resistência do
ciclos, conforme esperado e observa-se que a
material, que nem o aumento do teor de cimento
densidade tem papel fundamental na quantidade
é capaz de aumentar a resistência. Para valores
de material perdido durante os ciclos, sendo a
de densidade mais próximos aos valores de
perda tanto menor quanto mais denso o corpo de
densidade máxima do material, os valores de
prova.
resistência aumentam com a densidade e com o
Analisando-se os resultados obtidos,
teor de cimento.
verificou-se que para o corpo de prova com γd
Através dos ensaios de durabilidade também
=1,2 g/cm³, ocorreu a maior perda percentual de
material, justamente devido ao maior índice de se observou grande influência da densidade dos
vazios presente nesta mistura. A perda de corpos de prova, sendo que quanto mais denso o
material atingiu cerca de 13,6% no último ciclo, material menor a perda de material acumulada ao
considerando a massa inicial do corpo de prova. longo dos ciclos. A proximidade da densidade do
Para o corpo de prova com γd= 1,25 g/cm³, corpo de prova de γd= 1,3 g/cm³, em relação à
ocorreu uma porcentagem de perda similar ao do densidade máxima do material, fez com que o
corpo de prova com γd =1,2 g/cm³ nos dois percentual de perda de massa acumulado ao
primeiros ciclos de secagem e umedecimento, longo dos ciclos fosse inferior a 0,5%.
reduzindo a perda nos próximos ciclos. Para este Diante dos resultados obtidos neste estudo,
corpo de prova observou-se uma perda de pode-se afirmar que a adição de cimento em
material em torno de 9,8% no último ciclo, rejeitos de mineração de bauxita contribui para o
considerando a massa inicial do corpo de prova. melhoramento de propriedades de resistência e
Por fim, para um γd= 1,3 g/cm³ verificou-se a durabilidade, embora sejam necessários teores
menor perda de percentual de massa, de cimento de pelo menos 9% para que se tenha
observando-se uma redução significativa quando uma contribuição mais significante. Evidencia-
comparada ao corpo de prova com γd =1,25 se a grande influência da densidade nos
g/cm³. A porcentagem de perda de material em resultados do trabalho, sendo que quanto mais
relação à massa inicial do corpo de prova, no próximas as densidades estiverem em relação à

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densidade máxima seca do material, eficientes Tomasi, L. F. (2018). Comportamento mecânico de
serão as alternativas de melhoramento neste tipo resíduo de mineração estabilizado com cimento.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil,
de material. Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil,
Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

REFERÊNCIAS

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acidente mundial com barragens em 100 anos. Notícia
disponível em:
http//:agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-
01/desastre-em-mariana-e-o-maior-acidente-mundial-
com-barragens-em-100-anos.
American Society For Testing and Materials (ASTM).
ASTM D 5102 (1996). Standard Test Method for
Unconfined Compressive Strength of Compacted Soil-
Lime Mixtures. Philadelphia.
American Society For Testing and Materials (ASTM).
ASTM D 559 (2003). Standard test methods for
wetting and drying compacted soil-cement mixtures.
Philadelphia.
Antunes, M. L. P.; Conceição, F. T.; Toledo, S. P. (2012).
Kiyohara, P.K. Bauxita e seu resíduo, Caracterização
e estudo por microscopia eletrônica.
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
(2015). NBR 5738: Concreto - Procedimento para
moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro,
ABNT.
Bedin, J. Estudo do comportamento geomecânico de
resíduos de mineração. (2010). Tese (Doutorado) -
Curso de Engenharia Civil, Programa de Pós
Graduação em Engenharia Civil, Universidade do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre.
Ibama – Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (2015). Relatório de
Gestão.
Marcon, A. F. (1977). Durabilidade e Módulo de
Elasticidade de Misturas de Areia-cal-cinza volante.
Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Mateos, M. (1964). Soil Lime Research at Iowa State
University. Journal of Soil Mechanics and
Foundations Divisions, ASCE, New York, v. 90, p.
127-123.
Novaes, J. F. (2016). Misturas cinza volante – cal de
carbureto: durabilidade, resistência à tração e
compressão. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Civil, Programa de Pós Graduação em
Engenharia Civil, Universidade do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre.
Rosa, D. A. (2010). Validação da relação vazios/cimento
na estimativa da resistência à compressão simples do
Caulim artificialmente cimentado. TCC (Graduação) -
Curso de Engenharia Civil, Universidade do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre,
Santos, P. S. (1989). Ciência e Tecnologia das Argilas -
vol 1, 2a ed., Ed. Edgard Blücher Ltda.
Silva, C. L.; Souza, H. R.; Souza, J. P.; Silva, M. L. C.;
Gomes, W. F. (2008). Pesquisa Experimental.
Universidade Federal do Pará.

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