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ISSN 1517-7076 artigos xxxxx, 2019

Influência do uso de adição de cinzas de casca de arroz em concretos


de agregados reciclados, produzidos por método de mistura
modificado

Influence of rice husk ash additions in recycled aggregate concretes,


produced by modified mixing method.

Guilherme Victor de Oliveira Alves 1, Flávia Spitale Jacques Poggiali ¹

1
Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil/PPGEC/CEFET-MG, Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais (Av. Amazonas, 7675), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
e-mail: guilhermevictoralves2@gmail.com

RESUMO
A escassez de aterros para disposição de resíduos e o aumento dos custos de descarte têm aumentado a
relevância do uso dos resíduos de construção e demolição (RCD). Em diversas economias desenvolvidas, os
RCD são considerados como alternativas para agregados em concretos com funções estruturais. Os RCD
contribuem negativamente para o desempenho mecânico e a durabilidade dos concretos em que são
incorporados. À porção graúda dos resíduos utilizados como agregados no concreto dá-se o nome de
agregados graúdos reciclados (AGR). Métodos de tratamento dos agregados reciclados, que tem como
princípio remover ou fortalecer a camada de argamassa a eles aderida são explorados na literatura, no intuito
de mitigar os efeitos negativos causados ao concreto. Modificações nos métodos de mistura de concreto e
adições de materiais pozolânicos são alternativas de custo relativo baixo que vem sendo exploradas na
literatura. A presente pesquisa buscou, por meio da adição de cinzas de casca de arroz (CCA) e do uso do
método de mistura em duas etapas modificado, mensurar e analisar os efeitos causados à resistência à
compressão, capacidade de absorção de água, microestrutura e trabalhabilidade do concreto de agregados
reciclados e agregados naturais. Foram executados ensaios de resistência à compressão, absorção de água,
abatimento de tronco de cone e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Para os resultados de resistência
à compressão axial e absorção de água foi realizada análise estatística com uso de análise de variância
ANOVA e teste de Tukey. O uso das cinzas de casca de arroz, aos 28 dias, não alterou a resistência à
compressão e aumentou a absorção de água do concreto. Aos 91 dias, as cinzas atuaram como pontos de
nucleação na matriz cimentícia, facilitando a formação de produtos de hidratação e contribuindo para redução
da capacidade de absorção de água. A trabalhabilidade e a resistência à compressão, aos 28 e 91 dias, foram
afetadas negativamente pelo uso de agregados reciclados.
Palavras-chave: Método de mistura em duas etapas, agregados reciclados, RCD, cinzas de casca de arroz

ABSTRACT
The scarcity of landfills for waste disposal and the increase in disposal costs have increased the relevance of
using construction and demolition waste (C&DW). Many economies consider the C&DW as alternative ma-
terials to serve as aggregates for structural concrete. The C&DW have negative impact in the mechanical per-
formance and durability of the concretes in which they are used. The coarse fraction of construction and de-
molition waste used as concrete aggregates is named recycled coarse aggregate (RCA). Treatment methods
for RAC, which consist of removing or strengthening the mortar adhered to them are explored by the acad-
emy. This research’s goal is to measure and assess the effects of the use of a modified mixing method and
rice husk ash (RHA) as pozzolanic addition to the compression strength, water absorption capacity, workabil-
ity and microstructure of recycled and natural aggregate concretes. Compression strength, water absorption
and workability tests, well as scanning electron microscopy were performed. The results of compressive
strength and water absorption testes were statistically analyzed by ANOVA and Tukey Significant Differ-

Autor Responsável: Guilherme Victor de Oliveira Alves Data de envio: Data de aceite:
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ence. The use of RHA, after 28 days of curing, had no effect in the concrete’s compression strength and in-
creased the water absorption capacity. After 91 days of curing the RHA acted as points of nucleation for the
formation of hydration products, contributing to reduce the water absorption capacity. The concrete 28-day
compressive strength, 91-day compressive strength and workability were negatively affected by the use of re-
cycled coarse aggregates.
Keywords: Two-Stage Mixing Method, recycled aggregates, C&DW, rice husk ash

1. INTRODUÇÃO
O crescimento populacional, o contínuo desenvolvimento industrial e a demanda por mais infraestrutura
tendem a aumentar a pressão por recursos naturais e também a geração de resíduos, especialmente aqueles
ligados à construção e demolição [1, 2, 3].
A indústria da construção civil é responsável por grande parte dos resíduos destinados a aterros. Os
resíduos de construção e demolição (RCD), originados por atividades produtivas do setor, tem sua maior
parte destinada a aterros, ou disposta de maneira ilegal. A gestão desses resíduos tem se tornado um assunto
de alta relevância, especialmente frente à escassez de terrenos para aterros e ao aumento da demanda por
materiais virgens [4, 5].
Uma solução que pode ser adotada para o aumento da pressão sobre recursos naturais e para o
problema de disposição dos RCD é a sua reciclagem como agregados em concretos, após processo de
britagem, peneiramento e remoção de impurezas, apesar dos resíduos influenciarem, de maneira negativa, o
comportamento do concreto. Nomeia-se a fração graúda dos RCD utilizados como agregados em concretos
como agregados graúdos reciclados (AGR) [1, 6, 7].
Alguns países como Japão, Espanha, Austrália, Alemanha e Coréia do Sul já possuem normas para
utilização dos resíduos de construção e demolição como agregados em concretos estruturais, adotando
critérios como a origem dos resíduos, sua constituição, densidade e absorção de água [8]. A NBR 15116 [9]
que trata de resíduos de sólidos da construção civil no Brasil ainda não permite o uso dos materiais em
aplicações estruturais, sendo utilizados apenas em camadas de pavimentação e concretos sem função
estrutural.
Os agregados reciclados, quando comparados aos agregados graúdos naturais (AGN), são mal
graduados, porosos e irregulares, com resistência ao impacto e à abrasão inferiores. Sua característica de
maior destaque são a camada de argamassa a eles aderida e a fraca zona de transição interfacial (ZTI),
presente entre agregado original e velha camada de argamassa [7, 10, 11, 12, 13]. A antiga ZTI é porosa e
contém fissuras contínuas, sendo um dos fatores que prejudicam o desempenho de concretos produzidos com
AGR [14, 15, 16]. O concreto de agregados reciclados possui então, duas zonas de transição interfacial, uma
delas (antiga) entre agregado original e antiga camada aderida de argamassa ao AGR e outra entre a nova
matriz cimentícia do concreto e agregado reciclado, chamada de nova ZTI [7, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24].
Pesquisadores tem desenvolvido métodos para melhorias das propriedades dos AGR, dividindo-se em:
métodos que buscam remover a camada aderida de argamassa ao AGR e métodos utilizados para
fortalecimento da camada de argamassa [13, 25].
O uso de adições pozolânicas e de métodos de mistura de concreto são alternativas de baixo custo
associado, que buscam fortalecer a camada aderida de argamassa dos AGR, em especial quando tem-se por
princípio o encapsulamento dos agregados reciclados em pastas compostas por materiais pozolânicos. [26]. O
uso de sílica ativa, cinzas volantes e escória de alto forno no concreto de agregados reciclados, junto a
métodos de mistura modificados tem sido abordado por diferentes pesquisadores [27, 28, 29, 30, 31, 32, 33].
TAM et al. [30] propuseram um método de mistura de concretos de agregados reciclados em duas
etapas, denominado Two-Stage Mixing Approach (TSMA). O método divide a água de mistura do concreto,
obtendo níveis de melhora de resistência à compressão, para concretos de agregados reciclados, de
aproximadamente 21%. Variações do método foram elaboradas por TAM, GAO e TAM [31] e TAM e TAM
[32], onde os autores alcançaram melhoras de aproximadamente 20% de resistência à compressão. Os
agregados, em tais métodos, foram encapsulados com uso de cimento e sílica ativa, dividindo a água de
mistura como no TSMA, em método de mistura com o nome de TSMASC.
LI et al. [29] obitveram uma melhora de cerca de 31% na resistência à compressão de concretos de
agregados reciclados. Os autores utilizaram como tratamento a combinação de 10% de sílica ativa e 10% de
cinzas volantes em susbtituição ao cimento em peso, em processo de pré-mistura dos agregados reciclados.
RAJHANS et al.[34] e KONG et al. [35] elaboraram métodos de mistura de concretos com diferentes
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divisões da água de mistura, comparando-se ao TSMA. Os autores partiram do princípio de imergir os


agreagados reciclados em pozolanas. Os primeiros utilizaram como adição a sílica ativa e os últimos fizeram
uso de cinzas volantes e escória de alto forno, subsitiuindo 20% do cimento em peso.
Ainda são poucos os estudos avaliando o uso de cinzas de casca de arroz (CCA) em substituição ao
cimento em concretos de agregados reciclados [36]. Dentre as referências avaliadas, não foram encontrados
estudos abordando diferentes métodos de mistura de concreto de agregados reciclados e o uso de cinzas de
casca de arroz.
O presente estudo tratou do uso de resíduos de construção e demolição utilizados como agregados
graúdos na fabricação de novos concretos, com adições de cinzas de casca de arroz. Foram produzidos traços
de concreto com 100% de agregados graúdos reciclados e traços com 100% de agregados naturais, com uso
do método modificado de mistura em duas etapas (TSMA SC) em forma adaptada do estudo de TAM e TAM
[32]. O artigo buscou mensurar e analisar os efeitos na resistência à compressão, trabalhabilidade, capacidade
de absorção de água e microestrutura, decorrentes do uso de cinzas de casca de arroz em concretos de
agregados reciclados, utilizadas de modo a encapsular os agregados reciclados, com uso de método de
mistura em duas etapas modificado.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais utilizados e caracterização


Foram utilizados para composição dos concretos ensaiados nesta pesquisa: cimento CPV-ARI [37]; cinzas de
casca de arroz; areia natural lavada média; brita gnaisse nº 1 (utilizada como agregado graúdo natural, ou
AGN); resíduos de construção e demolição britados (utilizados como agregados graúdos reciclados, ou
AGR), obtidos da Estação de Reciclagem de Entulho de Belo Horizonte, MG e aditivo superplastificante.
O aditivo superplastificante utilizado neste estudo foi o Fluxer 7350. Suas características estão
expostas na Tabela 1.

Tabela 1: Propriedades do aditivo superplastificante utilizado.

PROPRIEDADE VALOR/ESPECIFICAÇÃO
Nome FLUXER RMX 7350
Natureza química Solução aquosa de policarboxilato modificado
Aspecto a 25°C Líquido castanho claro
pH 4,5 a 6,5
Ponto de ebulição acima de 100°C
Densidade (25°C) 1,080 a 1,120 g/cm³
Dosagem sugerida 0,5% a 1,1%

O cimento utilizado possui massa específica de 3,085 g/cm³, determinada segundo a norma NBR NM
23:2001 [38]. A cinza de casca de arroz apresentou massa específica de 2,481 g/cm³ e área superficial de
11,203 m²/kg, obtida por adsorção de nitrogênio, com a metodologia BET. A curva granulométrica do
cimento e das cinzas de casca de arroz foi obtida por meio de difração a laser, com uso do equipamento
CILAS Particle Size Analyzer 1064 e está ilustrada na Figura 1.
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100.00%

Porcentagem passante (%)


90.00%
80.00%
CCA
Ci- 70.00%
men 60.00%
to 50.00%
40.00%
30.00%
20.00%
10.00%
0.00%
0.1 1 10 100
Tamanho das partículas (µm)

Figura 1: Curva granulométrica do cimento e das cinzas de casca de arroz utilizados na pesquisa.

Os agregados miúdos foram caracterizados segundo: massa específica, conforme a norma NBR 9776
[39]; massa unitária e volume de vazios, segundo a norma NM 45 [40]; granulometria, de acordo com a
norma NM 248 [41]. Os resíduos de construção e demolição britados foram utilizados no concreto como
agregados Os agregados graúdos reciclados, após realizada sua limpeza e os agregados graúdos naturais
foram caracterizados pelos ensaios de: granulometria, por meio da norma NM 248 [41]; massa unitária e
volume de vazios, de acordo com a norma NM 45 [40]; massa específica, capacidade de absorção de água e
massa específica aparente, conforme a norma NM 53 [38]. Os resultados dos ensaios de caracterização são
apresentados pela Tabela 2. As curvas granulométricas dos agregados graúdos e do agregado miúdo são
apresentadas pela Figura 2.

Tabela 2: Propriedades físicas dos agregados miúdos, agregados graúdos reciclados e agregados graúdos naturais.

PROPRIEDADE AGREGADO MIÚDO AGN AGR


Massa específica do agregado seco 2,564 g/cm³ 2,634 g/cm³ 2,521 g/cm³
Massa específica do agregado saturado superfície seca - 2,614 g/cm³ 2,206 g/cm³
Massa específica aparente - 2,601 g/cm³ 1,998 g/cm³
Massa unitária 1,490 g/cm³ 1,350 g/cm³ 0,965 g/cm³
Índice de vazios 0,4187 - -
Absorção de água - 0,48% 10,39%
Porosidade aparente - 1,25% 20,75%

120.00% % acumulada AGN % acumulada AGR


Agregado miúdo
100.00%
Material acumulado (%)

80.00%

60.00%

40.00%

20.00%

0.00%
25 19 12,5 9,5 6,3 4,75 2,36 1,18 0,6 0,3 0 ,1 5 Fundo

Peneiras (mm)

Figura 2: Curvas granulométricas dos AGN, AGR e agregados miúdos utilizados.


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Os AGR foram obtidos da Estação de Reciclagem de Entulho da Prefeitura de Belo Horizonte,


localizada à BR-040, km 531, Bairro Jardim Filadélfia, Belo Horizonte, MG. Após retirados da estação de
reciclagem, foram lavados com uso de jato de água de alta pressão, removendo partículas de solo e outros
materiais aderidos, como restos de gesso, composto orgânicos, massa corrida e partículas de solo,
considerados impurezas. Após limpeza, os AGR utilizados apresentaram em sua composição: 13% de fração
vermelha (materiais cerâmicos e materiais cerâmicos com argamassa aderida), 85% de fração cinza (resíduos
de concreto, rochas, argamassa e resíduos de concreto e rocha com argamassa aderida) e 2% de
contaminantes diversos. Os AGR, antes e após limpeza, são ilustrados pela Figura 3.

Figura 3: AGR antes e depois de processo de limpeza.

Após executada a limpeza dos AGR, os mesmos foram submetidos a um processo de secagem, onde
foram colocados estendidos sobre lona em ambiente ventilado e coberto, à temperatura de aproximadamente
25°C, durante 5 dias. Após secagem, os agregados foram armazenados em tambores de 200 L, até o momento
da concretagem.

2.2 Dosagem e preparo do concreto


Foi escolhido, para dosagem do concreto, o método do American Concrete Institute (ACI), por ser
nacionalmente difundido e se mostrar apropriado para dosagem de concretos produzidos com agregados
reciclados [42]. Os traços de concreto deste estudo foram dosados para atender à Classe de agressividade II
(moderada), segundo a norma NBR 6118:2014 [43] e à Classe de Resistência C35, de acordo com a norma
NBR 8953:2015 [44]. Os corpos de prova foram moldados e curados segundo a norma NBR 5738 [45].
Após o uso da metodologia do ACI para dosagem do concreto, foram moldados corpos de prova com
um traço experimental de concreto. Após concretagem do traço experimental, por meio dos resultados dos
ensaios de abatimento de tronco de cone, o consumo de água do traço final foi ajustado.
Foram produzidos traços com 100% de agregados naturais (AGN) e traços com 100% de agregados
reciclados (AGR), substituindo os agregados naturais em volume. Foi substituído 20% do peso do cimento
por cinzas de casca de arroz (CCA) em dois dos quatro traços ensaiados, como ilustrado pela Tabela 3. Foi
adotado o teor de 20% de CCA em substituição ao cimento, procurando-se utilizar o mesmo teor de adições
da pesquisa de LI et al. [46] em que foram obtidos os maiores níveis de ganhos de resistência à compressão
para os concretos ensaiados.

Tabela 3: Traços de concreto produzidos durante estudo.

CIMENTO CCA AREIA AGN AGR ÁGUA *SP (% PESO


TRAÇO NOME
(kg/m³) (kg/m³) (kg/m³) (kg/m³) (kg/m³) (kg/m³) CIMENTO)
AGR-
1 341,6 85,4 734,96 - 880,04 193,9 1,0%
CCA20
AGN-
2 341,6 85,4 734,96 918,45 - 193,9 0,4%
CCA20
3 AGR-CCA0 427 - 734,96 - 880,04 193,9 0,8%
4 AGN-CCA0 427 - 734,96 918,45 - 193,9 0,3%
*SP: Aditivo superplastificante
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Para atingir um nível de trabalhabilidade que possibilitasse o manuseio do concreto, foi necessário o
emprego de maior quantidade de aditivo superplastificante em concretos produzidos com 100% de AGR, em
relação aos produzidos com 100% de AGN. Os traços produzidos com CCA, para atingir trabalhabilidade
satisfatória, também demandaram maior quantidade de aditivo, em relação àqueles produzidos sem uso de
cinzas.
Os concretos foram produzidos pelo método de mistura descrito na Figura 4. O método de mistura
utilizado nesta pesquisa tem como princípio encapsular os agregados do concreto com a adição pozolânica
utilizada em uma primeira etapa de mistura, semelhante ao método de mistura desenvolvido por TAM e
TAM [47]. A escolha do método adotado deu-se devido à sua semelhança com o método de mistura TSMA,
desenvolvido por TAM [30], aceito pelo comunidade acadêmica. O método do presente trabalho foi alterado
por meio do uso das CCA como adição pozolânica e do aumento no tempo de mistura do concreto após
colocação do superplastificante.

Figura 4: Método de mistura em duas etapas adotado para a presente pesquisa.

2.3 Caracterização do concreto produzido


As características dos concretos produzidos foram analisadas por meio da obtenção das variáveis de resposta:
resistência à compressão axial, abatimento de tronco de cone e absorção de água por imersão. Os respectivos
ensaios, normas regentes e quantidade de corpos de prova e idade dos ensaios para cada variável abordada
são demonstrados conforme Tabela 4. Foi feita a análise da microestrutura do concreto por meio de
microscopia eletrônica de varredura (MEV).

Tabela 4: Variáveis analisadas para caracterização do concreto, normas, quantidades de corpos de prova e idades dos
ensaios.

VARIÁVEL ANALISADA QUANT.


IDADE DOS ENSAIOS
E UNIDADE DE ENSAIO NORMA CORPOS DE
REALIZADOS (DIAS)
MENSURAÇÃO PROVA
Consistência -
NBR NM No momento da
Slump (mm) abatimento de tronco de -
67:1998 [48] concretagem
cone
Ensaio de compressão
Resistência à compressão NBR 5739:2018
de corpos de prova 3 28 e 91 dias
axial (MPa) [49]
cilíndricos
Absorção de água por NBR 9778:2005
Absorção de água (%) 3 28 e 91 dias
imersão [50]

2.4 Análise estatística dos resultados obtidos


Os traços de concreto produzidos conforme a Tabela 3 foram considerados como populações distintas
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para a análise estatística. Não foi possível realizar a análise estatística das médias de abatimento de tronco de
cone, visto que cada traço foi concretado uma vez e o ensaio de abatimento de tronco de cone foi executado
uma vez por concretagem.
As médias populacionais obtidas nos ensaios de resistência à compressão e absorção de água foram
submetidas à análise de variância (ANOVA). Os fatores estipulados para uso da ANOVA foram o teor de
substituição de agregados naturais por agregados reciclados, o teor de adição de cinzas de casca de arroz e a
idade de execução dos ensaios. Os parâmetros e níveis adotados são expostos na Tabela 5.

Tabela 5: Parâmetros adotados para teste ANOVA e níveis adotados para os parâmetros.

PARÂMETROS NÍVEIS
Teor de substituição de AGN por AGR 0 e 100%
teor de adição de CCA em substituição ao cimento 0 e 20%
Tempo de cura do concreto (Idade) 28 e 91 dias

Após a análise de variância, foi executado o teste de Tukey, para comparação entre grupos e das
médias, duas a duas, a partir da hipótese nula de igualdade entre as médias. Por meio do teste de Tukey foi
possível identificar qual o efeito dos parâmetros, isolados e em conjunto, na resistência à compressão e
absorção de água do concreto. Para a ANOVA e o teste de Tukey foi adotado o nível de significância de 0,05
(α=5%). A análise estatística foi realizada com uso do software Rstudio.

2.5 Preparação das amostras de concreto para microscopia eletrônica de varredura (MEV)
A qualidade das imagens obtidas na microscopia eletrônica de varredura depende, principalmente, do preparo
das amostras e da competência do operador do equipamento. Inicialmente, os corpos de prova foram
retirados do tanque de cura e as amostras de concreto foram obtidas com uso de serra circular. Foram
cortadas cerca de nove peças com, aproximadamente, 1 cm de largura x 1 cm de comprimento x 1 cm de
espessura para cada um dos quatro traços de concreto rodados em betoneira.
As amostras cortadas foram imersas em álcool isopropílico durante 20 minutos, para remoção de água
livre dos capilares, procurando interromper o processo de hidratação do concreto. Em seguida, as peças
foram armazenadas em sacos plásticos, numeradas pelo traço do qual foram retiradas, até o momento de
serem colocadas em estufa. Todas as amostras obtidas foram colocadas em estufa, em temperatura de 60°C,
durante 24 horas. Após o processo de secagem, foi escolhida uma amostra para cada traço de concreto para
embutimento em resina acrílica autopolimerizável, com uso de fôrmas de silicone. Até o momento do
embutimento, as peças foram colocadas em sacos plásticos, impedindo-as de terem contato com a umidade
do ambiente.
Após secagem da resina, foi executado lixamento de cada uma das amostras embutidas. O processo
foi executado com uso de politrizes de disco rotativo, por via úmida, com uso de água. O lixamento foi
executado numa sequência gradual, durante 2 minutos para cada lixa, com lixas de carbeto de silício de grãos
de 120, 240, 320, 400, 600, 800, 1000, 1200, 1500, 2000. O polimento final das amostras foi executado com
pasta de diamante.

3. RESULTADOS

3.1 Trabalhabilidade

Os resultados dos ensaios de abatimento de tronco de cone para as misturas executadas durante o estudo
estão presentes na Figura 5Error: Reference source not found. A trabalhabilidade dos concretos variou em
função da quantidade de aditivo superplastificante, tipo de agregado graúdo utilizado e adição de cinzas de
casca de arroz.
Os teores de aditivo superplastificante utilizados na produção dos traços foram definidos conforme o
traço experimental, sendo ajustados segundo o tipo de agregado utilizado e o teor de adição de cinzas de
casca de arroz. Os teores de superplastificante utilizados encontram-se dentro do estipulado pelo fabricante.
Foi adicionada maior quantidade de aditivo superplastificante aos concretos produzidos com agregados
reciclados, devido à sua maior capacidade de absorção de água, o que possui impacto negativo na
trabalhabilidade do concreto, conforme apontado por PADHI [51]. O uso de cinzas de casca de arroz
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ocasionou perda da trabalhabilidade do concreto, sendo necessária maior quantidade de aditivo em traços
onde foi adicionada a CCA.

Figura 5: Resultados dos ensaios de abatimento de tronco de cone e teores de aditivo superplastificante utilizados nas
misturas.

3.2 Resistência à compressão axial


Os resultados dos ensaios de resistência à compressão axial para as idades de 28 e 91 dias estão apresentados
na Figura 6Error: Reference source not found.

Figura 6: Resistência à compressão dos concretos ensaiados, aos 28 e 91 dias.

Todas as misturas ensaiadas atingiram resistências à compressão de pelo menos 40 MPa, atendendo à classe
de resistência de 35 MPa, estipulada durante a dosagem de concreto, pelo método ACI.
A influência dos parâmetros adotados na pesquisa (teor de AGR, teor de CCA, idade dos ensaios) foi
avaliada pela análise de variância ANOVA. As diferenças entre as resistências à compressão dos traços
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produzidos foram julgadas significativas ou não por meio do teste de Tukey.


A Tabela 6 apresenta os resultados da ANOVA para resistência à compressão, considerando o tipo de
agregado utilizado, teor de adição de CCA e idade dos ensaios, para um nível de significância de 5%.

Tabela 6: Resultados da ANOVA para resistência à compressão dos concretos ensaiados.

SOMA DOS QUADRADOS


FATORES GRAUS DE LIBERDADE F P-VALOR
QUADRADOS MÉDIOS
Agregado 1 683,7 683,7 123,081 6,36E-09
Idade 1 42,2 42,2 7,603 0,01402
Cinzas 1 11,9 11,9 2,136 0,1632
Agregado:Idade 1 0,1 0,1 0,012 0,91432
Agregado:Cinzas 1 49,9 49,9 8,986 0,00852
Idade:Cinzas 1 0 0 0 0,9949
Agregado:Idade:Cinzas 1 15,2 15,2 2,734 0,11775
Resíduos 16 88,9 5,6    

Para P-valor inferior a 5%, rejeitou-se a hipótese nula. Os fatores e interações entre fatores que
possuem influência na resistência à compressão, segundo a análise de variância, são a adição de 100% de
agregados reciclados, a idade de ensaio do concreto e a interação entre o teor de AGR utilizado e o uso de
20% de cinzas de casca de arroz, em substituição ao cimento.
O teste de Tukey foi aplicado após a ANOVA. O teste compara as médias duas a duas, para a variável
de resposta analisada.
Os gráficos gerados pelo teste de Tukey podem ser interpretados da seguinte maneira: o eixo
horizontal dos gráficos indica a diferença entre as médias do fator considerado (variável de resposta
analisada). O eixo vertical indica, em cada linha, os pares de médias comparados.
É calculado o intervalo de confiança para cada comparação, retratado no gráfico. Quando o intervalo
de contém o valor “zero” do eixo horizontal, a diferença entre as médias avaliadas não é estatisticamente
significativa. Quando o intervalo de confiança não contém o “zero”, as médias possuem diferença
significativa.
Quando o intervalo de confiança não contém o zero e está à esquerda do valor “zero” da variável de
resposta, a média mais à esquerda da comparação é a maior, caso o intervalo esteja à direita e não contenha
“zero”, a média à direita é a maior.
Os resultados dos ensaios de resistência à compressão, aos 28 dias, são ilustrados pela Figura 7.

Figura 7: Teste de Tukey, resistência à compressão aos 28 dias.

A partir dos resultados do teste de Tukey, analisando-se as comparações AGN:CCA20 – AGN:CCA0


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e AGR:CCA20 – AGR:CCA0, percebe-se que, quando comparados concretos produzidos com o mesmo tipo
de agregado (natural ou reciclado), a mudança no teor de adição de cinzas de casca de arroz não afetou a
resistência à compressão aos 28 dias de maneira significativa.
As resistências à compressão dos concretos produzidos com 100% de AGR e dos concretos
produzidos com 100% de AGN podem ser consideradas estatisticamente diferentes, para comparações com
ou sem adição de 20% de CCA. Os concretos produzidos com agregados reciclados apresentaram resistência
à compressão inferior àqueles produzidos com agregados graúdos naturais (Figura 7). A resistência à
compressão atingida pelos concretos de agregados reciclados foi de aproximadamente 76% e 82% da
resistência dos concretos de agregados naturais, produzidos com e sem adição de cinzas de casca de arroz,
respectivamente.
Os resultados do teste de Tukey para a resistência à compressão aos 91 dias são dispostos na Figura 8.

Figura 8: Teste de Tukey, resistência à compressão aos 91 dias.

Aos 91 dias não foi apontada diferença significativa na resistência à compressão de concretos sem
adição de CCA e concretos com 20% de CCA, quando produzidos com o mesmo tipo de agregado graúdo. A
comparação entre os concretos produzidos com 100% de AGR e 100% de AGN sem adição de cinzas de
casca de arroz (AGR:CCA0 - AGN:CCA0), também não apresentou diferença significativa (Figura 8).
As demais comparações apresentadas na Error: Reference source not found entre concretos de
agregados reciclados e concretos de agregados naturais apresentaram significativa diferença estatística, onde
os concretos com 100% de AGR obtiveram menor resistência à compressão que aqueles produzidos com
agregados naturais. Os níveis de resistência à compressão, aos 91 dias, atingidos pelos concretos de
agregados reciclados foram de aproximadamente 73% e 89% da resistência à compressão de concretos de
agregados naturais, produzidos com e sem adição de CCA, respectivamente.

3.3 Absorção de água por imersão


Os resultados dos ensaios de absorção de água por imersão, realizados ao 28 e 91 dias, estão dispostos na
Figura 9Error: Reference source not found.
ALVES, G.V.; POGGIALI, F.J.; revista Matéria, v.00, n.0, 2019

Figura 9: Absorção de água dos concretos ensaiados, aos 28 e 91 dias.

Houve queda da capacidade de absorção de água do concreto com aumento da idade, de 28 para 91
dias. Foi realizada a análise de variância ANOVA, identificando a influência dos parâmetros e suas
interações na capacidade de absorção de água do concreto. O teste de Tukey, realizado em sequência,
apontou quais as diferenças entre capacidades de absorção foram significativamente diferentes. Os resultados
da ANOVA para a capacidade de absorção de água dos concretos ensaiados estão presentes na Tabela 7.

Tabela 7: Resultados da ANOVA para absorção de água dos concretos ensaiados.

SOMA DOS QUADRADOS


FATORES GRAUS DE LIBERDADE F P-VALOR
QUADRADOS MÉDIOS
0,00000033
Agregado 1 0,000736 0,000736 69,192
3
420,10
Idade 1 0,004467 0,004467 6,55E-13
5
Cinzas 1 0,000017 0,000017 1,633 0,219476
Agregado:Idade 1 0,00028 0,00028 26,323 0,000101
Agregado:Cinzas 1 0,000048 0,000048 4,508 0,049685
Idade:Cinzas 1 0,000522 0,000522 49,106 0,00000296
Agregado:Idade:Cinzas 1 0,000069 0,000069 6,521 0,021243
Resíduos 16 0,00017 0,000011    

A hipótese nula do teste foi rejeitada para todo P-valor inferior a 5%. Conforme apontado pela Tabela
7, o teor de substituição de AGN por AGR e idade de execução dos ensaios possuem interferência na
capacidade de absorção de água do concreto. As interações entre: teor de agregados reciclados e idade, teor
de agregados reciclados e teor de adição de CCA, idade e teor de adição de CCA e entre os três fatores
considerados interferem de maneira significativa na capacidade de absorção de água do concreto.
Após a análise de variância foi realizado o teste de Tukey, aos 28 e 91 dias, para os diferentes traços
ensaiados. Os resultados do teste, aos 28 dias, estão expostos na Figura 10.
ALVES, G.V.; POGGIALI, F.J.; revista Matéria, v.00, n.0, 2019

Figura 10: Teste de Tukey, absorção de água aos 28 dias.

Os resultados do teste de Tukey para concretos ensaiados aos 28 dias indicaram diferença significativa
na capacidade de absorção de água, quando comparados concretos produzidos com diferentes tipos de
agregados graúdos e mesmo teor de adição de CCA (AGR:CCA0 – AGN:CCA0 e AGR:CCA20 –
AGN:CCA20). Os concretos produzidos com agregados reciclados apresentaram maior capacidade de
absorção de água que aqueles produzidos com agregados naturais, quando não foram empregadas CCA e
quando utilizado teor de 20% de adição de CCA (Figura 10).
A variação no teor de cinzas de casca de arroz, aos 28 dias, para concretos de agregados naturais
(AGN:CCA20 – AGN:CCA0) não teve efeito significativo na capacidade de absorção de água. Para
concretos produzidos com 100% de AGR, a variação no teor de CCA teve efeito significativo (AGR:CCA20
– AGR:CCA0), onde o concreto com 20% de CCA, aos 28 dias, apresentou maior absorção de água (Figura
10).
A comparação, aos 28 dias, entre concretos produzidos com 20% de CCA e AGN e concretos
produzidos sem CCA e AGR (AGR:CCA0-AGN:CCA20) não indicou significativa diferença estatística para
absorção de água (Figura 10).
Os resultados do teste de Tukey realizado para capacidade de absorção de água aos 91 dias estão
presentes na Figura 11.

Figura 11: Teste de Tukey, capacidade de absorção de água aos 91 dias.

Os resultados apresentados na Error: Reference source not found apontam significativa diferença na
capacidade de absorção de água aos 91 dias apenas quando comparados o concreto de agregados reciclados,
sem adição de CCA e o concreto de agregados naturais, com adição de cinzas (AGR:CCA0 – AGN:CCA20).
O concreto produzido com agregados reciclados apresentou maior capacidade de absorção de água aos 91
dias.
Aos 28 dias a adição de 20% de CCA ocasionou aumento da absorção de água. Aos 91 dias, com a
reação pozolânica da CCA, seu uso não acarretou aumento da absorção de água.
ALVES, G.V.; POGGIALI, F.J.; revista Matéria, v.00, n.0, 2019

As comparações, aos 91 dias, entre capacidade de absorção de água de traços com o mesmo tipo de
agregado, variando o teor de CCA (AGN:CCA20 – AGN:CCA0 e AGR:CCA20 – AGR:CCA0) não
apresentaram diferença significativa.
Quando comparada a absorção de água, aos 91 dias, de concretos produzidos com agregados
reciclados e concretos de agregados naturais produzidos com um mesmo teor de adição de cinzas
(AGR:CCA0 – AGN:CCA0 e AGR:CCA20 – AGN:CCA20) não foi apontada diferença significativa (Figura
11).
A comparação entre o concreto de agregados reciclados, com 20% de CCA e o concreto de agregados
naturais, sem adição de cinzas (AGR:CCA20 – AGN:CCA0) não foi apontada diferença significativa para
capacidade de absorção de água (Figura 11).

4. DISCUSSÃO
Os AGR apresentaram menor massa específica e maior nível de absorção de água e porosidade aparente que
os agregados naturais, 10,39% de absorção de água e 20,75% de porosidade dos AGR contra 0,48% de
absorção de água e porosidade aparente de 1,25% dos AGN. As características dos agregados reciclados são
atribuídas, principalmente, à sua camada de argamassa aderida, que ocupa, geralmente, de 30 a 35% de seu
volume e à antiga zona de transição interfacial, presente entre agregado original e velha pasta de cimento, [7,
52, 53, 54]. Os agregados reciclados utilizados neste estudo apresentaram porosidade e absorção de água
semelhantes aos AGR utilizados por [39, 40, 41].
As propriedades dos agregados reciclados e sua antiga zona de transição interfacial contribuíram para
redução da trabalhabilidade e da resistência à compressão dos concretos produzidos com 100% de AGR,
comparados aos concretos de agregados naturais, assim como apontado nos estudos de TAM et al.[11],
BEHERA et al. [45] e TOPÇU [46].
Foram obtidos níveis de trabalhabilidade de concretos de agregados reciclados que permitiram seu
manuseio e moldagem, inclusive em traços com adição de cinzas de casca de arroz, encontrando valores de
abatimento de tronco de cone de pelo menos 80 mm. PADHI et al.[51], ao utilizar níveis de 20% de adição
de CCA em concretos de agregados reciclados obtiveram valores de abatimento de tronco de cone inferiores
a 50 mm, valor mínimo para que o concreto seja considerado trabalhável, segundo os autores.
Foram obtidos níveis de resistência à compressão entre 77% e 89% dos concretos produzidos com
100% de AGR em relação àqueles produzidos com agregados naturais. Por meio do emprego de métodos de
mistura de concretos que promovem encapsulamento dos agregados com adições, KONG et al. [35] e
RAJHANS et al. [59] obtiveram níveis de proximidade de resistência à compressão entre concretos
produzidos com 100% de agregados reciclados e concretos de agregados naturais de 99,6% e 90,77%,
respectivamente.
KONG et al. [35], RAJHANS et al. [59], SHAIKH et al. [60], LI et al. [46] utilizaram agregados
reciclados oriundos de resíduos de concreto. Como adições foram utilizadas sílica ativa e cinzas volantes.
Neste estudo foram utilizadas adições de cinzas de casca de arroz. As CCA possuem forma angular [61], o
que não favorece sua entrada nos poros dos agregados, ao contrário da sílica ativa e cinzas volantes. Os
agregados reciclados utilizados neste estudo contêm resíduos cerâmicos e impurezas em sua composição,
apresentando maior porosidade e absorção de água que os AGR utilizados por KONG et al. [35] e
RAJHANS et al. [59].
Foi obtida maior capacidade de absorção de água para concretos produzidos com 100% de agregados
reciclados, assim como apontado por XUAN [62], PADHI et al. [51], SHAIKH et al. [60].
As comparações pelo teste de Tukey não apontaram diferenças significativas entre a resistência à
compressão de concretos com o mesmo tipo de agregado e diferentes teores de CCA, aos 28 dias. PADHI et
al. [51], por outro lado, apontou, aos 28 dias, diminuição da resistência à compressão de concretos de
agregados reciclados com adição de 15% de cinzas de casca de arroz, em substituição ao cimento.
O uso de 20% de cinzas em substituição ao cimento ocasionou aumento da capacidade de absorção de
água do concreto de agregados reciclados, aos 28 dias. Aos 91 dias, a CCA teve sua atividade pozolânica
mais acentuada [38, 51], agindo como pontos de nucleação para geração de produtos de hidratação, como o
silicato de cálcio hidratado (C-S-H), conforme apontado pela Figura 12, que retrata a microscopia eletrônica
realizada em traço com 20% de cinzas, destacando a ação da CCA para formação de C-S-H ao seu redor,
semelhante ao encontrado por DUART [63].
ALVES, G.V.; POGGIALI, F.J.; revista Matéria, v.00, n.0, 2019

Figura 12: Microscopia eletrônica de varredura, traço produzido com agregados reciclados e 20% de CCA, destacando
pontos de formação de C-S-H ao redor das cinzas.

O método de mistura de concreto adotado, ilustrado na Error: Reference source not found, adaptado
de TAM [64], teve como princípio o encapsulamento dos agregados com cinzas de casca de arroz, buscando
fortalecer a zona de transição interfacial do concreto, assim como nos estudos de TAM et al. [21], LI et al.
[34], KONG et al. [47], TAM [53], TAM et al. [54] e Zhang et al. [55]. A divisão de água de mistura
utilizada durante as etapas do método de mistura empregado pode ter influenciado a resistência à compressão
e a capacidade de absorção de água dos concretos produzidos. No método empregado a primeira metade da
água de mistura é adicionada após serem colocados areia, agregado graúdo, cinzas e 50% do cimento. A
primeira metade da água acaba por não conseguir molhar todos os materiais até então colocados na betoneira,
o que pode contribuir para uma menor penetração das cinzas de casca de arroz nos poros dos agregados, além
de não suprir a capacidade inicial de absorção de água dos AGR, contribuindo para não fortalecer a zona de
transição interfacial, interferindo negativamente na ação das cinzas de casca de arroz como material de
encapsulamento dos agregados.
A Figura 13 apresenta a microscopia eletrônica de varredura (MEV), realizada em idade próxima dos
91 dias, em amostra do traço produzido com 20% de cinzas de casca de arroz e agregados reciclados. A seta
presente na Figura 13 aponta para a zona de transição interfacial entre agregado e matriz cimentícia. É
percebida a separação entre matriz cimentícia e agregado reciclado, consequência da não densificação da
zona de transição.

Figura 13: Microscopia eletrônica de varredura, concreto produzido com agregados reciclados e 20% de CCA,
ampliação de 1000x.
ALVES, G.V.; POGGIALI, F.J.; revista Matéria, v.00, n.0, 2019

Outros métodos de mistura de concretos, como o Triple Mixing Method [47] e o Optimized Triple
Mixing Method [55] consideram a capacidade de absorção de água dos agregados ao ser lançada a primeira
água de mistura, contribuindo para maior fortalecimento da zona de transição interfacial do concreto em
relação ao método de mistura empregado nesta pesquisa.

5. CONCLUSÕES
Procurou-se neste trabalho analisar a influência, na resistência mecânica, capacidade de absorção de água e
trabalhabilidade da adição de 20% de cinzas de casca de arroz em substituição ao peso do cimento, em
concretos produzidos pelo método de mistura em duas etapas, com 100% de agregados reciclados e com
100% de agregados naturais. Com base nos resultados obtidos, foi possível concluir que:
- o uso do método de mistura em duas etapas possibilitou ao concreto de agregados reciclados atingir
níveis de trabalhabilidade que permitissem seu manuseio e moldagem;
- a substituição de agregados naturais por 100% de agregados reciclados contribuiu para redução da
trabalhabilidade e da resistência à compressão axial;
- o uso de cinzas de casca de arroz, aos 28 dias, não contribuiu para alterações na resistência à
compressão do concreto, devido à reação pozolânica da CCA, que ocorre em idade mais elevadas.
- o uso de cinzas de casca de arroz, aos 91 dias, contribuiu para redução da capacidade de absorção de
água do concreto, agindo como pontos de nucleação, promovendo a formação de produtos de hidratação,
como o silicato de cálcio hidratado (C-S-H) e igualando a capacidade de absorção de água de concretos de
agregados reciclados à de concretos de agregados naturais;
- a escolha de cinzas de casca de arroz como adição utilizada para encapsulamento dos agregados e a
composição dos agregados reciclados utilizados neste estudo foram fatores que podem ter contribuído para
não obter concretos de agregados reciclados com resistência à compressão tão próximas às resistência dos
concretos de agregados naturais, como obtido nas pesquisas de KONG et al. [35] e RAJHANS et al. [59].

6. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e à
CAPES pelo suporte.

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ORCID
Guilherme Victor de Oliveira Alves https://orcid.org/0000-0002-9980-1806
Flávia Spitale Jacques Poggiali https://orcid.org/0000-0002-5882-7049

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