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RESUMO: A dosagem de misturas de solos melhorados com cimento para utilização como base de
pavimento é especificada pela norma DNIT 142/2010, a qual não define minuciosamente o processo
de cura a ser adotado. Na obra de implantação da BR-235/BA o material de base, originalmente
previsto em projeto, foi substituído, já na fase de obra, por uma mistura de solo/brita melhorado com
cimento, buscando a melhoria de produtividade e custo do empreendimento. Este trabalho objetiva
avaliar as características geotécnicas da mistura proposta e utilizada na obra, contendo 1,5% de
cimento, através da realização de ensaios em amostras coletadas no canteiro, (solo brita e cimento
separadamente) e da mistura pronta na pista, durante a execução, e antes da compactação. A análise
dos resultados demonstrou que a resistência do solo/brita melhorado com cimento depende,
fundamentalmente, da adoção, ou não, da imersão das amostras após compactação, com obtenção de
variações significativas na capacidade suporte das amostras testadas.
foram preparadas para ensaios de caracterização média dos valores obtidos como resultado final,
segundo as recomendações da norma DNER-ME a fim de determinar um resultado mais
041/94. representativo.
Este material, o solo/brita, passou pelo Foram realizados ensaios para determinação
processo de secagem ao ar, sendo, dos limites de liquidez (LL), limites de
posteriormente, destorroado a fim de desagregar plasticidade (LP) e cálculo do índice de
as partículas a suas dimensões reais. Realizou-se plasticidade (IP), de acordo com as
a mistura e homogeneização do material, de recomendações das normas DNER 082/94 (LL)
forma a se obter amostras representativas do e DNER 122/94 (LP).
todo para a realização dos ensaios. O ensaio de Equivalente de Areia foi
Esta amostra utilizada foi posteriormente realizado de acordo com a norma DNER-ME
fracionada utilizando-se as peneiras de abertura 054/97.
de 19 mm e 4,8 mm (peneira nº 4), separando-se As principais fases do ensaio de
a fração retida na peneira de 19 mm, retida entre granulometria estão ilustradas na Figura 2, com
a 19 mm e 4,8 mm, e a fração passante na peneira destaque para as três porções da triplicata (a),
4,8 mm, denominadas como material grosso, lavagem do solo nas peneiras nº 10 e nº 200 (b),
médio e fino, respectivamente. porções de solo após lavagem (c) e porções de
O material coletado na pista, contendo solo após 24h na estufa à 105 ºC (d).
cimento, não passou pelos ensaios de
caracterização, por se tratar do mesmo material
já caracterizado, sendo submetido somente ao
ensaio de CBR e, portanto, coletado diretamente
dos sacos para quarteamento, moldagem e
compactação dos corpos de prova.
A Figura 1 apresenta a sequência de
preparação das amostras no laboratório, sendo:
a) e b) amostras coletadas armazenada em saco;
c) secagem da amostra; e d) quarteamento da
amostra. Figura 2. Ensaio de granulometria
compactação e CBR, sendo estas: submersos em água, colocado sobre estes discos
Solo/brita coletado no canteiro (SB); anelares de sobrecarga com 2,27 kg e
Solo/brita coletado no canteiro; melhorado extensômetros para análise da expansão durante
com cimento no laboratório; com correção de quatro dias (96 h), sendo esta expansão anotada
umidade após cura da mistura enleirada de 72 h a cada 24 h, conforme norma. Posteriormente ao
ao ar, antes da compactação; e rompimento após período de embebição, os corpos de prova foram
imersão de 96 h (SBMC 01); retirados do tanque, deixados em descanso por,
Solo/brita melhorado com cimento na aproximadamente, 15 minutos e, em seguida,
obra; coletado na pista; com correção de submetidos ao ensaio de CBR.
umidade após cura da mistura enleirada de 72 h
ao ar, antes da compactação; com rompimento 2.3.2 Mistura SBMC 01
sem imersão prévia. A imersão de 96h somente
ocorreu após o rompimento (SBMC 02); Empregou-se nessa fase as normas DNIT
A Figura 3 detalha a fase final do ensaio de 142/2010 e NBR 12023/2012, as quais
CBR, com destaque para o corpo de prova (CP) apresentam as condicionantes tanto do
imerso (a), ruptura do CP (b) e CP após rompido. procedimento da mistura solo/cimento/água,
quanto o processo de cura e compactação da
mistura. O emprego da NBR 12023/2012,
mesmo se tratando do solo cimento, justifica-se
por não existir um método de ensaio específico
que detalhe os procedimentos para o projeto da
mistura solo/cimento/água em laboratório para o
caso da mistura de solo melhorado com cimento.
Seguindo a NBR 12023/2012, o solo foi
homogeneizado juntamente com o teor de 1,5%
de cimento, em relação a massa total seca da
Figura 3. Ensaio de CBR mistura (solo + cimento), para cada ponto
crescente de teor de umidade, de acordo com o
O tipo de cimento Portland utilizado no Método B da norma (até 45% das partículas
desenvolvimento da presente pesquisa, assim retidas na peneira nº 4).
como na dosagem feita pela Construtora/DNIT Realizada a mistura, prosseguiu-se com o
na obra, foi o CP II Z-32, cimento Portland enleiramento das amostras e posto em seguida
composto com pozolana. para curar ao ar, por um período mínimo de 72
horas conforme dita a norma DNIT 142/2010. A
2.3.1 Mistura solo/brita (SB) Figura 4 apresenta, de forma comparativa, uma
amostra enleirada antes (a) e após (b) o período
O ensaio de compactação do solo-brita foi de 72 h de cura ao ar.
realizado com a amostra coletada diretamente da
pilha no canteiro de obras, seguindo as
especificações na norma DNIT 164/2013.
Moldou-se cinco corpos de prova com diferentes
teores de umidade, sendo a umidade do primeiro
corpo de prova definida através de avaliação tátil
e visual, e as demais com teores crescentes em
1%, para o ramo úmido, e decrescentes em 1%,
para o ramo seco da curva de compactação.
Após a compactação dos cinco corpos de
prova, os mesmos foram inseridos no tanque, Figura 4. Cura ao ar da mistura enleirada
XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018
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