Você está na página 1de 3

ESTUDO DE DESEMPENHO PARA ARGAMASSA DE

ASSENTAMENTO EM BLOCOS CERÂMICOS PARA


ALVENARIA ESTRUTURAL
Marcos Felipe Milesi¹, Rodrigo Carreira Weber²
1
Acadêmico do Curso de Engenharia Civil – UNIVATES
2
Centro de Ciência Exatas e Tecnológicas – CETEC/UNIVATES

marcos.milesi@universo.univates.br, rodrigo.weber@univates.br

Resumo. Nos dias de hoje, a escassez de material é um problema que não pode ser
ignorado, sendo que já é possível observar grandes empresas procurando alternativas para
a substituição de materiais. Na construção civil não é diferente, tendo em vista que a areia
é um recurso natural e sua extração não será possível para sempre. Portanto, a presente
pesquisa objetiva analisar a viabilidade de argamassas com substituição parcial de
agregado miúdo quanto às propriedades mecânicas. Também será avaliado a viabilidade
econômica em relação aos traços que utilizam uma substituição parcial ou total da areia
natural pelo pó de pedra para a produção da argamassa estrutural visando a utilização da
mesma em blocos de 06 MPa.

Palavras-chave: Argamassa, alvenaria estrutural, pó de pedra,

1. Introdução
O sistema construtivo de alvenaria estrutural é um dos mais antigos do mundo, onde pode
ser encontrado em obras milenares, como a muralha da China, as pirâmides do Egito,
assim como outras diversas obras que optaram por este método construtivo. Hoje, este
sistema evoluiu muito e cresce cada dia mais no território brasileiro, uma vez que sua
produção é mais rápida, seu custo, na teoria, é menor e quando bem executada, minimiza
os índices de desperdícios de uma obra. Seguindo o mesmo raciocínio, Ramalho e Corrêa
(2003) afirmaram que o método construtivo de alvenaria estrutural pode reduzir o custo
de uma obra em até 30%.
A alvenaria estrutural é um sistema construtivo racionalizado, já que todo o
sistema da alvenaria tem uma função estrutural para a edificação. As paredes deste
método construtivo são compostas por blocos (cerâmicos ou de concreto), argamassa para
a assentamento e grautes para preencher as lacunas dos blocos, assim, aumentando a
resistência à compressão do conjunto (LOZOVEY, 2018).
As argamassas de assentamento, para estes sistemas, são de extrema importância
para a alvenaria, pois ela tem influência direta na solidez da parede. Por conta disso, sua
produção deve ser extremamente controlada para que suas principais funções sejam
atendidas, que além de se ter uma boa resistência, a argamassa possa transmitir as tensões
verticais dos blocos e ter uma boa aderência a ponto de realizar uma boa união entre os
blocos, para que assim, não ocorra nenhuma fissura (MOHAMAD, 2020).
Neste contexto, o presente trabalho visa estudar a viabilidade do uso da argamassa
com substituição parcial, até sua totalidade da areia por pó de pedra, buscando alcançar
propriedades mecânicas e econômicas adequadas em comparação a argamassa produzida
do método tradicional.
2. Materiais
O cimento que será aplicado para a elaboração das argamassas é do tipo Portland CP IV-
32. Este material é um material de fácil acesso em qualquer loja de materiais de
construção, atendendo, dessa forma, um dos objetivos do trabalho que é buscar opções
mais próximas da realidade de uma obra da região. O cimento foi disponibilizado pelo
LATEC e passou pelo ensaio de massa específica, de acordo com a norma NBR 16605
(ABNT, 2017).
A cal que foi usada para o presente trabalho é a Cal Hidratada CH II, visto que,
Guimarães (2002) relata que a mesma possibilita uma melhor retenção de água da
argamassa no seu processo de sucção pelo substrato. Este material passou pelos ensaios
que a norma NBR 16605 (2017) exige, sendo assim, foi utilizada como parâmetro de
qualidade. A areia utilizada foi fornecida pelo LATEC, onde a mesma seguiu todos os
procedimentos conforme exige a norma DNER ME 084 (1995). O pó de pedra utilizado
para o estudo foi fornecido pelo LATEC, onde sua origem é de Vespasiano Corrêa, para
a realização dos ensaios.
Nesta pesquisa, foram utilizados blocos cerâmicos com resistência de 06 MPa
disponibilizados pela empresa Construrohr. De acordo com o fabricante, suas dimensões
são de 14 x 19 x 29 cm (largura x altura x comprimento), e seu peso é de,
aproximadamente, 5,66 Kg. Além disso, possui uma absorção de água de 18%. Serão
realizados ensaios de caracterização para comprovação dos dados do fabricante.

3. Métodos
Para esta pesquisa, foram utilizadas argamassas com um traço de 1:1:6, por conta de ser
o traço mais utilizado nas obras convencionais. Além disso, foram utilizadas quatro
variações deste traço, sendo substituído pó de pedra em quantidades pré definidas de 0%,
50%, 75% e 100% para se ter uma análise mais detalhada dos resultados. A relação a/c
(água/cimento) será 1,1 para 0%, 1,5 para 50%, 1,6 para 75% e 1,7 para 100%, valores
obtidos visando manter um índice de consistência de 255 com variação ±5mm.
Os ensaios programados para a argamassa se darão em duas etapas.
Primeiramente, serão feitos os ensaios em estado fresco, sendo eles, os ensaios de
consistência e o ensaio de retenção de água, totalizando 08 ensaios. Na segunda etapa,
após os 28 dias previstos para o tempo de cura, serão realizados os ensaios no estado
endurecido. Os ensaios realizados são os de resistência à compressão e resistência à tração
na flexão, onde serão moldados 03 corpos de prova para cada traço, totalizando 12 corpos
de prova e um total de 12 ensaios de tração na flexão e 24 ensaios de compressão, assim,
totalizando 36 ensaios no estado endurecido..
Além dos ensaios da argamassa, serão confeccionados 06 prismas para cada traço,
onde os mesmos serão submetidos a um ensaio à compressão para a obtenção dos
resultados do conjunto argamassa e bloco. Também se realizará o ensaio de compressão
para os blocos individuais,em uma amostragem de 13 blocos, para verificar sua
resistência.

4. Resultados Parciais
Uma vez com a caracterização dos materiais concluída, foram realizadas as argamassas
de acordo com os traços definidos. Para as argamassas no estado fresco, não foi realizado
o ensaio de retenção de água até o presente dia. Porém, foi realizado o ensaio de
consistência, onde os resultados podem ser vistos na Tabela 1.

Tabela 1: Resultados ensaio consistência


Medidas do espalhamento (mm)
% pó de Pedra
1° leitura 2° leitura 3° leitura Média

0 259 257 255 257


50 253 258 250 253
75 255 254 250 254
100 250 251 256 251
Fonte: Autor (2023)

Ainda não se tem os resultados preliminares dos ensaios no estado endurecido,


assim como dos prismas confeccionados, pois ainda não se passaram os 28 dias da
moldagem, que é quando está previsto o seu rompimento.

5. Considerações Finais
Mesmo que não tenha sido realizado, até o momento, os ensaios no estado endurecido,
foi possível perceber e avaliar que as amostras moldadas continham uma boa
trabalhabilidade, onde não se teve dificuldade em moldar os prismas, porém, com um
aumento significativo da relação a/c, se espera que as amostras com uma maior taxa de
pó de pedra obtenham resultados inferiores a argamassa com 0% de pó de pedra.

Referências bibliográficas
RAMALHO, Marcio A. CORRÊA, Márcio R. S. Projeto de Edifícios de Alvenaria
Estrutural. São Paulo: PINI, 2003.

LOZOVEY, Ana Carolina Reis. MÉTODO DE DOSAGEM DE ARGAMASSA


ESTABILIZADA PARA ASSENTAMENTO DE ALVENÁRIA ESTRUTURAL
DE BLOCOS DE CONCRETO. 2018. 179 f. Monografia (Especialização) - Curso de
Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

MOHAMAD, G. Construções em Alvenaria Estrutural: materiais, projeto e


desempenho. 2 ed. São Paulo: Blucher, 2020.

GUIMARÃES, José E. P. A Cal: Fundamentos e Aplicações na Engenharia Civil. 2.


ed. São Paulo: Pini, 2002.

Você também pode gostar