Você está na página 1de 7

Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO CIMENTO POR VIDROS EM PASTAS


CIMENTÍCIAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Gabriela Alves Medeiro E-mail: gabricgam17@hotmail.com


Maria Eloize Siqueira Barbosa E-mail: mariaeloize@alunos.utfpr.edu.br
Maria Vitória Brenda de Almeida E-mail:mariavitoriaalmeida@alunos.utfpr.edu.br

Resumo: Um dos maiores problemas na construção civil hoje é o excesso de CO2


liberado na atmosfera pela produção de concretos e argamassas, além do crescente
descarte de vidros em locais inapropriados que vem causando grandes preocupações
relacionados a decomposição do resíduo gerado. Visando amenizar tais problemas
ambientais, foram incorporados resíduos de vidro em pastas cimentícias com o objetivo
de estudar e analisar a resistência à tração e compressão do material endurecido com 30
dias de cura. O percentual de substituição do cimento por resíduos de vidro foi de 20%.
Como resultado, apresentou-se que a analise de vidros incoporados na pasta possuiram
maiores resistência a compressão, obtendo aproximadamente 22MPa de resistencia a
mais que a pasta de referencia com 100% de cimento.

Palavras-chave: resistência, cimento, resíduos de vidro.

PARTIAL REPLACEMENT OF CEMENT BY GLASS IN CEMENT PAS IN


CIVIL CONSTRUCTION

Abstract: One of the biggest problems in civil construction today is the excess of CO2
released into the atmosphere by the production of concrete and mortar, in addition to the
increasing disposal of glass in inappropriate places, which has been causing great
concerns related to the decomposition of the waste generated. In order to alleviate such
environmental problems, glass waste was incorporated into cementitious pastes with the
aim of studying and analyzing the tensile and compressive strength of the hardened
material after 30 days of curing. The percentage of replacement of cement by waste glass
was 20%. As a result, it was shown that the analysis of glasses incorporated in the paste
had greater resistance to compression, obtaining approximately 22MPa more resistance
than the reference paste with 100% cement.

Keywords: resistance, cement, glass waste.

1. Introdução
Um dos principais materiais de construção, está o cimento, água e agregados como areia
e pedra, para a produção de argamassas e concretos. Na construção civil conceitua-se a
argamassa com um material complexo, constituído essencialmente de matéria de baixa
granulometria, isto é, agregado miúdo composto de aglomerantes de cimento, cal ou
gesso e água.
A NBR 13529 (ABNT, 1995) define a argamassa para revestimento como sendo “uma
mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água,
contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento”

V.xx, No.x,xxxx/xxxx Página 1


Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

Porém, estudantes de várias universidades do país vem buscando outras alternativas de


criação de agregados miúdos e o vidro é um dos melhores em questão, pois o mesmo é
um material cerâmico que possui grande resistência e elevada durabilidade química.
Segundo SHACKELFORD (2008) o vidro é um material cerâmico, sólido não-cristalino
de óxido tradicional. Os silicatos, especialmente, têm custo moderado devido à
abundância dos elementos Si e O na crosta terrestre. O vidro é um material frágil, porém
não fraco. Ele tem grande resistência à ruptura, podendo mesmo ser utilizado em pisos, é
duro e rígido, porém não tenaz não sendo apropriado para aplicações sujeitas a impactos.
Pode-se calcular teoricamente a resistência de um material frágil, pois a força necessária
para rompê-lo é a necessária para romper as ligações dos seus átomos.
Deste modo, o objetivo geral será identificar a viabilidade física e mecânica da utilização
de um resíduo de vidro, como alternativa de substituição de uma certa porcentagem de
cimento pelo pó de vidro, com o intuído de tornar o vidro mais eficiente na incorporação
da pasta cimentícia, diminuindo o descarte incorreto do material, além de reduzir a
emissão de CO2 na atmosfera, amenizando assim a proporção do cimento na produção
de argamassas.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
As etapas do processo experimental encontram-se na figura a seguir:

Figura 1: Detalhamento do experimento.

V.xx, No.x,xxxx/xxxx Página 2


Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

2.1 Materiais utilizados


Os materiais utilizados para a produção dos corpos de prova das pastas cimentícias
foram:
- Cimento Portland com adição de Fíler com classe de resistência à compressão de 32
(CP II F32) .

Figura 2: Cimento portland

- Resíduos de vidros triturados proveniente de triturações manuais através de soquetes e


martelos. Em seguida o material foi peneirado em peneiras de inúmeras granulometrias
para a definição e separação do agregado utilizado. Como no processo de trituração
obteve-se grande quantidade de material fino quando comparado com pó e areia média,
o resíduo foi peneirado nas peneiras 1,20mm e 0,60mm, sendo descartado o material
retido nas peneiras anteriores e posteriores.

Figura 3: Vidro triturado em 1,2 e 0,6mm.

O gráfico a seguir mostra a distribuição granulométrica dos resíduos de vidro


retidos acumulados contendo inicialmente 1000g do vidro moído.

V.xx, No.x,xxxx/xxxx Página 3


Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

Figura 2: Distribuição granulométrica da massa retida acumulada

Além da caracterização granulométrica, o resíduo de vidro moído passou por


análises de MEV (microscopia eletrônica de varredura), para melhor visualização das
partículas e seu tamanho dominante.

Figura 3: MEV de resíduo de vidro retido em 0,60mm

Analisando a figura 3, observa-se que os vidros moídos retidos em 0,6mm


possuem em média 0,6mm de comprimento e 0,35mm de largura

Figura 4: MEV do resíduo de vidro retido em 1,20mm

V.xx, No.x,xxxx/xxxx Página 4


Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

Na figura 3 observa-se que os vidros moídos retidos em 1,20mm possuem em


média 1,4mm de comprimento e 0,8mm de largura
Deste modo, observando ambas as imagens de MEV apresentado nas figuras 3 e
4, pode-se perceber uma grande assimetria de formas apresentada pelo resíduo de vidro
moído devido à estrutura desordenada e sem forma definida.

2.2 Dosagem, preparação e moldagem das pastas


Com o objetivo de obter uma mistura mais consistente, as pastas foram produzidas
com o auxílio de uma argamassadeira elétrica. O traço utilizado foi de 2:1 (cimento: água)
em volume. Tal mistura foi utilizada com referência aos demais testes.
Além dos traços de referência, foi substituído 20% de cimento por resíduo de
vidro moído, contendo assim, 240g de cimento e 60g de vidro moído.
O processo de preparo das pastas cimentícias foi realizado de forma manual com
pesagem dos materiais e mistura dos mesmos. Na tabela 1, encontram-se os parâmetros
de dosagem.

Tabela 1: parâmetros de dosagem

Código Cimento(g) H2O(ml) Vidro Vidro relação


Fino(g) Grosso(g) água/cimento(%)

1 900 450 - - 0,5


2 720 450 180 - 0,625
3 720 450 - 180 0,625

Os corpos de prova foram moldados em três camadas de pasta, sendo que a


primeira camada recebeu 5 golpes, a segunda 10 e a terceira 15 golpes, a fim de obter um
melhor adensamento da pasta. Após uma semana, foi realizada a desmoldagem dos corpos
de prova e os mesmos foram colocados em um local com temperatura ambiente para o
processo de cura, ele durou 30 dias, e logo após foi submetido ao teste de resistência à
compressão.

Figura 4: Corpos de prova

V.xx, No.x,xxxx/xxxx Página 5


Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

3. RESULTADOS
Ja no estado endurecido, foi observado que o corpo de prova de vidro moido em
granulometria de 0,6mm foi inviável para a realização do experimento, já que a relação
água e cimento foi insuficiente para a analise.
Na comparação água e cimento, foi observado que a quantidade de cimento foi
insuficiente para a quantidade de água adicionada, logo, os vidros moidos não
preencheram espaços nescessarios para a formação dos corpos. Observado na figura 5.

Figura 5: Corpos de prova descartados

3.1 Resistência à compressão


A avaliação da resistência à compressão é um dos principais requisitos para a
análise de pastas cimenticias. Segundo KOLLER et al. (2007) a resistência está
diretamente ligada à segurança e conservação, pois mede a capacidade de carga dos
materiais.
Teor de substituição (%)

20 48,56

0 26,03

0 10 20 30 40 50 60
Resistência a compressão (MPa)

Figura 6: Gráfico de compressão

V.xx, No.x,xxxx/xxxx Página 6


Revista de Engenharia e Tecnologia ISSN 2176-7270

No grafico da figura 6, oberva-se que a pasta de referência com 0% de subtituição


obteve uma resistêntia à compressão de 26,03 MPA. Ao comparar com a pasta possuindo
20% de subtituição obteve um aumento de 22,53MPa na resistência à compressão.

Figura 7: Gráfico de resistencia a compressão teor de 0% e 20%

No gráfico da figura 7 por sua vez, é possivel observar a força máxima em kn


suportada pelos corpos de prova, além do gráfico de curva força x alongamento indicando
o resultado da compressão.

4. CONCLUSÕES
Através os estudos realizados nesta pesquisa, constatou-se que todas as pastas com
teor de subtituição de 20% de cimento por vidro moído são viaveis para aplicação
estrutural, pois todos alcaçaram uma resistencia à compressão acima do que a norma NBR
6118 (ABNT, 2014) estipula, sendo fbk superior a 4,5 MPa. Deste modo, destacou-se que
a mesma teve um aumento de aproximadamente 22MPa em relação a pasta padrão, com
0% de teor de subtituição.
Com isso, pode-se concluir que o uso do residuo de vidro em subtituição de
cimento na fabricação de pastas cimentícias alcançou resultados positivos até um
determinado ponto, pois sua invantagem de reter água à torna inviavel na substituição de
vidros mais finos que 0,60mm.

Referências
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13281:
Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Requisitos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2005.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:
Projeto de estruturas de concreto - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
SHACKELFORD, James F. Introdução à Ciência dos Materiais Para
Engenheiros. Trad. Daniel Vieira. 6.ed. São Paulo: Pearson, 2008.
KOLLER, D. R. P., PILECCO, D. S., BOHRER, D., et al, “avaliação da resistência à
compressão de argamassas produzidas com vidro moído”. – Disc. Scientia. Série:
Ciências Naturais e Tecnológicas, Santa Maria, v. 8, n:1, 20007.

V.xx, No.x,xxxx/xxxx Página 7

Você também pode gostar