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Adaptação do método Toralles-Carbonari para dosagem de concretos

permeáveis
Adaptation of the Toralles-Carbonari method for measuring permeable concrete
Abrahão Bernardo Rohden (1); Guilherme Della Giustina Provesi (2); Gustavo Gutierrez De Oliveira
Rodrigues (3); Natalia Salamoni (3); Luis Carlos Seelbach (4)

(1) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil da FURB; (2) Engenheiro Civil, FURB; (3)
Mestrando(a), PPGEA-FURB; (4) Professor Mestre, Departamento de Engenharia Civil da FURB.
Endereço para correspondência: Rua São Paulo, 3250 – Itoupava Seca Blumenau/SC – CEP
89030-000 e-mail: arohden@furb.br

Resumo
A densificação urbana dada principalmente na segunda metade do século XX acarretou aumento de
superfícies impermeáveis. Esse fator está diretamente ligado aos problemas de drenagem urbana vivenciados
nas cidades de grande e médio porte, dada a redução das áreas permeáveis, em que parte do escoamento
que antes infiltrava no solo se direciona rapidamente em maior volume para as redes de drenagem ou corpos
hídricos, sobrecarregando o sistema. O pavimento permeável apresenta-se como uma medida compensatória
que possibilita a infiltração de água em seu sistema, com possibilidade de infiltração no solo ou não, conforme
as características de permeabilidade do mesmo. Por conter um elevado volume de vazios, o concreto
permeável, utilizado como revestimento do sistema, é usualmente empregado em locais onde haja baixa
exigência mecânica, como tráfego leve e de pedestres. O objetivo deste trabalho foi propor a adaptação do
método Toralles-Carbonari para a dosagem de concretos permeáveis. Para isso desenvolveu-se quatro traços
distintos, realizados com volume de vazios de 2%, 4%, 8% e 16%, sendo as relações de cimento/agregado
de 1:4,04; 1:3,60; 1:2,89 e 1:1,92, respectivamente. A relação água/cimento foi de 0,3 para os quatro traços,
já a relação superplastificante/cimento foi adotada com base na fluidez da pasta para os diferentes traços. Os
dois primeiros traços (traços 1 e 2) apresentaram bons resultados de permeabilidade, atingindo 11,3 m/s e
4,7 m/s respectivamente, porém os ensaios mecânicos mostraram-se insuficientes. O traço 3 apresentou
resultados mecânicos e de permeabilidade insatisfatórios para revestimento do sistema de pavimento
permeável. O traço 4 apresentou desempenho mecânico de 3,17 MPa, porém não se apresentou permeável.
Palavra-Chave: concreto permeável; método Toralles-Carbonari; drenagem urbana; permeabilidade do concreto

Abstract
Urban densification, mainly in the second half of the 20th century, led to an increase in impermeable surfaces.
This factor is directly linked to the urban drainage problems experienced in large and medium-sized cities,
given the reduction in permeable areas, in which part of the runoff that previously infiltrated the soil is quickly
directed in greater volume to drainage networks or water bodies, overloading the system. The permeable
pavement presents itself as a compensatory measure that allows the infiltration of water in your system, with
the possibility of infiltration in the soil or not, according to its permeability characteristics. Because it contains
a high volume of voids, permeable concrete, used as a coating for the system, is usually used in places where
there is low mechanical demand, such as light and pedestrian traffic. The objective of this work was to propose
the adaptation of the Toralles-Carbonari method for measuring permeable concretes. For this, four distinct
mixes were developed, carried out with a void volume of 2%, 4%, 8% and 16%, with the cement/aggregate
ratio of 1:4.04; 1:3.60; 1:2.89 and 1:1.92, respectively. The water/cement ratio was 0.3 for the four mixes, while
the superplasticizer/cement ratio was adopted based on the fluidity of the paste for the different mixes. The
first two traces (traces 1 and 2) showed good permeability results, reaching 11.3 m/s and 4.7 m/s respectively,
but the mechanical tests proved to be insufficient. Trace 3 showed unsatisfactory mechanical and permeability
results for coating the permeable pavement system. Trace 4 had a mechanical performance of 3.17 MPa, but
it was not permeable.
Keywords: permeable concrete; Toralles-Carbonari method; urban drainage; concrete permeability

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1 Introdução
O processo de urbanização no Brasil, especialmente na segunda metade do século XX,
ocorreu de forma rápida e desordenada. Por conta da grande migração dos meios rurais
para os urbanos, houve uma maior concentração da população em um espaço reduzido,
resultando em disputas pelos recursos naturais e a degradação do meio (BRITO, 2006).
A ausência de um planejamento urbano aliado a esse acelerado crescimento agravaram
alguns problemas relacionado ao manejo de fluidos nos centros urbanos, tais como
enchentes e inundações, devido à impermeabilização do solo, problemas de saneamento
básico, deterioração da qualidade da água, entre outros (BATEZINI, 2013).
A impermeabilização da superfície impossibilita que a água infiltre no solo, aumentando o
volume de escoamento superficial direcionado para as redes de drenagem, tornando mais
intenso os problemas de enchentes e inundações presentes nos municípios (TUCCI, 1997).
Além desse aumento do volume de água escoada superficialmente, as superfícies
impermeáveis ainda alteram a qualidade dessa água, devido à poluição difusa. Os
poluentes e sedimentos que ficam depositados sobre as superfícies acabam sendo
transportados aos corpos d'água pelas águas das chuvas. Processos de erosão e
assoreamento de rios são intensificados com o aumento do escoamento superficial, pois
esse volume excedente gerado chega aos corpos d’água rapidamente e com maior
velocidade (ESTEVES, 2006).
Na busca de se aproximar das condições hidrológicas naturais que havia antes da
urbanização, surge o conceito de drenagem sustentável. Com uma série de medidas
estruturais e não estruturais que visam em geral, reduzir os picos de cheia, aumentar a
infiltração de água no solo, retardar o escoamento pluvial e reduzir a quantidade de
sedimentos que chegam aos corpos hídricos receptores (CHRISTOFIDIS, 2010).
Comparando a outras medidas adotadas ao longo da história da drenagem urbana que
aceleram o escoamento superficial e transfere o volume para jusante, como o alargamento
de canais e expansão das redes de drenagem, o pavimento permeável se apresenta como
uma alternativa vantajosa. Esses dispositivos realizam um controle na fonte geradora de
escoamento superficial, retendo as águas no próprio local, direcionando ao lençol freático,
reduzindo a velocidade do escoamento superficial, sem a transferência para a jusante,
podendo melhorar a qualidade à água (ARAÚJO; TUCCI; GOLDENFUM, 2000;
CHRISTOFIDIS, 2010; MONTEIRO, 2010).
De acordo com a NBR 16416 (ABNT, 2015), além da redução do escoamento superficial
através da percolação e/ou acúmulo temporário de água, os pavimentos permeáveis devem
atender às solicitações de esforços mecânicos e de rolamento descritas na norma, que traz
valores base para o revestimento permeável na aplicação em vias de tráfego de pedestres
e tráfego leve de veículos, por exemplo.
O concreto permeável é um tipo especial de concreto que pode ser utilizado como
revestimento do sistema de pavimento permeável. É composto por ligante hidráulico,
material britado de graduação uniforme, água e pouca ou nenhuma quantidade de areia,
para que assim, formem-se vazios interligados, fato fundamental para permitir a
permeabilidade do material às águas pluviais (HÖLTZ, 2011).

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De acordo com Batezini (2013), atingindo a resistência requerida, os blocos de concreto
permeável poderiam servir como revestimento da estrutura de pavimento permeável e
compor vias de tráfego pesado. Porém, devido ao elevado índice de volume de vazios que
se faz necessário para garantir a permeabilidade do concreto, encontram-se dificuldades
na busca da otimização do traço de concreto que seja poroso e possua elevada resistência
mecânica.
Frente ao exposto, o presente trabalho busca avaliar o desempenho mecânico e hidráulico
de quatro traços de concreto permeável elaborados a partir do método de dosagem de
concreto de alto desempenho de Toralles-Carbonari (1997). Os corpos de prova terão suas
características mecânicas e de permeabilidade testadas, para que possam futuramente ser
utilizados como revestimento permeável em vias de tráfego médio ou pesado, auxiliando
nos problemas de drenagem urbana.

2 Materiais e método
Foram propostos quatro traços de concreto permeável com 2, 4, 8 e 16% de índice de
vazios, dosados por uma adaptação do método proposto por Toralles-Carbonari (1997)
para concretos de alto desempenho. A eficácia dos traços foi analisada através de ensaios
de desempenho mecânico e permeabilidade dos corpos de prova moldados (Figura 1).

DOSAGEM
CARACTERIZAÇÃO
Composição da pasta
DO AGREGADO
Massa unitária Esqueleto granular

Porcentagem pasta e agregado ENSAIOS


Massa específica
Resistência à tração na flexão

ÍNDICE DE VAZIOS DOS TRAÇOS Coeficiente de permeabilidade


2% 4% 8% 16%

Figura 1 – Fluxograma do programa experimental

2.1 Materiais
Para a fabricação dos traços de concreto permeável, foram utilizados cimento Portland CP
V-ARI, brita 0 como agregado graúdo, aditivo superplastificante e água proveniente da rede
de distribuição municipal.

2.2 Método
O método de dosagem experimental para concreto de alto desempenho, proposto por
Toralles-Carbonari (1997), baseia-se na otimização separada da composição da pasta e do
esqueleto granular de acordo com as características requeridas ao concreto, tanto no
estado fresco quanto no estado endurecido. Ele é estruturado em três etapas principais,
relativas à definição da composição da pasta, otimização do esqueleto granular e
determinação da quantidade de pasta na mistura do concreto, cujas premissas adotadas
são de que a fluidez da pasta controla as propriedades reológicas do concreto, existe um
teor máximo de superplastificante a ser utilizado em função do ponto de saturação
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determinado pelo ensaio do cone Marsh, o menor índice de vazios deve ser alcançado com
base no esqueleto granular, e o conteúdo ótimo de pasta depende dos requisitos de
desempenho.
Referente aos parâmetros relativos à composição da pasta, a relação
cimento/superplastificante foi definida com base na fluidez da pasta no momento da
concretagem, enquanto a relação água/cimento adotada foi de 0,30.
Paralelamente à definição da pasta, foi realizado o estudo referente à otimização do
esqueleto granular. Para isso, as massas específica (me) e unitária (mu) do agregado
graúdo foram determinadas de acordo com a NBR 16917 (ABNT, 2021a) e NBR 16972
(ABNT, 2021b), respectivamente. A partir dos resultados, e da massa específica da água
(pw), o volume de vazios (Vv) foi calculado (Equação 1).

100∗(𝑚𝑒∗𝑝𝑤)−𝑚𝑢
𝑉𝑣 (%) = (Equação 1)
𝑚𝑒∗𝑝𝑤

O índice de volume de vazios corresponde ao teor de pasta da mistura, sendo o restante


preenchido pelo agregado do esqueleto granular proposto.
Por tratar-se de um concreto permeável, é de suma importância que haja porosidade no
material, de modo que a água consiga infiltrar no concreto. Isso foi satisfeito reduzindo 20%
do volume de pasta da mistura.
Por fim, visando o estudo de traços distintos, foram moldados quatro traços com volumes
de vazios de 2, 4, 8 e 16% somados ao volume de pasta calculado, variando
proporcionalmente o teor de agregado.
Após definição da dosagem e concretagem, foram moldados corpos de prova prismáticos
de (400x100x60) mm e placas de (400x400x60) mm, com o concreto disposto em duas
camadas com o auxílio de uma colher de pedreiro, que, depois de 28 dias de cura submersa
em tanque com água saturada de cal, tiveram suas características mecânicas e de
permeabilidade ensaiadas conforme indicado na NBR 16416 (ABNT, 2015).
A resistência à tração na flexão foi obtida a partir de ensaios com seis corpos de prova
prismáticos de cada traço, conforme NBR 12142 (ABNT, 2010) (Figura 2).

(a) (b)
Legenda: corpo de prova prismático a ser rompido (a) e após ruptura (b)
Figura 2 – Ensaio de resistência à tração na flexão

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O coeficiente de permeabilidade foi determinado em três placas de cada traço, com auxílio
de um anel de infiltração com diâmetro (d) de 300 mm e altura de 50 mm, fixado na placa
com massa de calafetar, de acordo com o anexo A da NBR 16416 (ABNT, 2015) (Figura
3).

Figura 3 – Ensaio de permeabilidade

Por dificuldades de vedar o anel sobre a placa, utilizou-se um pouco de massa no interior
no anel. Dessa forma, os cálculos foram realizados com diâmetro interno de 299 mm.
Para descobrir a massa de água necessária para a realização do ensaio, foi realizado o
processo de pré-molhagem. Nesta primeira etapa, 3,6 kg de água foram derramados
cuidadosamente sobre o anel de infiltração fixado à placa com a massa de calafetar, de
modo a não ultrapassar as marcas de 10 e 15 mm demarcadas no interior do anel. O ensaio
final é então realizado com 18 kg de água se o tempo de pré-molhagem for inferior a 30
segundos. Caso contrário, o ensaio é realizado com 3,6 kg de água.
No ensaio, são determinados a massa de água infiltrada (m) e o tempo necessário para
toda a água percolar (t), sendo então calculado o coeficiente de permeabilidade (k), de
acordo com a Equação 2.

𝑚
𝑘 (𝑚𝑚/ℎ) = (𝑑2 (Equação 2)
∗𝑡)

3 Resultados e discussão
3.1 Dosagem
O índice de volume de vazios do esqueleto granular foi calculado a partir dos valores de
massa específica e unitária do agregado graúdo de 2,81 e 1,63kg/m³, respectivamente,
resultado em 42% de volume de vazios. Para o método de dosagem de Toralles-Carbonari
(1997), este resultado aponta a proporção de pasta e agregado da mistura, 42 e 58%,
respectivamente.

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A partir do índice de volume de vazios determinado, para que o concreto fosse poroso,
retirou-se 20% do ponto de partida referente à pasta, iniciando com o teor de pasta de 22%,
ainda com 58% de agregado.
Para cada um dos quatro traços dosados ainda foram variados o volume de pasta e
agregado de forma proporcional, com os volumes de vazios de 2, 4, 8 e 16% somados aos
22% calculados. Dessa forma, foi possível obter os traços finais (Tabela 1).

Tabela 1 – Dosagem do concreto permeável


Traço Volume de pasta (%) Volume de agregado (%) Cimento (kg/m³) Água (kg/m³) Agregado (kg/m³)
T1 (+2%) 24 56 389,10 116,73 1.573,60
T2 (+4%) 26 54 421,40 126,42 1.517,40
T3 (+8%) 30 50 486,20 145,86 1.405,00
T4 (+16%) 38 42 615,90 184,77 1.180,20

Baseado por estudos experimentais realizados por Toralles-Carbonari (1997), a relação


superplastificante/cimento foi adotada com base na fluidez da pasta no momento da
concretagem, para cada um dos traços separadamente, observando e cuidando para que
a mistura brilhasse e não secasse (Tabela 2).

Tabela 2 – Relações adotadas (em massa)


Traço Água/cimento Agregado/cimento Superplastificante/cimento (%)
T1 (+2%) 0,30 4,04 0,30
T2 (+4%) 0,30 3,60 0,29
T3 (+8%) 0,30 2,89 0,26
T4 (+16%) 0,30 1,92 0,24

3.2 Resistência à tração na flexão


Os corpos de prova prismáticos foram submetidos ao ensaio de resistência à tração na
flexão aos 28 dias (Figura 4).

1,5
Resistência à tração na flexão (MPa)

1,0

0,5

0,0
T1 (+2%) T2 (+4%) T3 (+8%) T4 (+16%)
Traço
Figura 4 – Resultados do ensaio de resistência à flexão na flexão

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Observa-se um acréscimo gradativo na resistência à tração na flexão conforme há um
aumento na porcentagem da utilização da pasta, sendo o traço T4 (+16%) com maior
resistência, cerca de 83% superior ao traço T1 (+2%).
De acordo com a NBR 16416 (ABNT, 2015), o revestimento empregado no sistema de
pavimento permeável deve possuir resistência característica mínima à tração na flexão de
1,0 MPa para tráfego de pedestres e de 2,0 MPa para tráfego leve de veículos. Conforme
Batezini (2015), em projetos rodoviários no Brasil, é comum a utilização de placas de
concreto variando entre 4,0 e 5,0 MPa.
Sendo assim, apenas o quarto traço apresentou-se apto de acordo com a NBR 16416
(ABNT, 2015) para aplicação como revestimento do sistema de pavimento permeável para
tráfego de pedestres, não podendo ser utilizado em vias de tráfego de veículos.

3.3 Coeficiente de permeabilidade


Com o ensaio de pré-molhagem foram determinadas as quantidades de água necessárias
para o ensaio em cada placa. Em seguida, o ensaio foi realizado e o coeficiente de
permeabilidade foi calculado com base no tempo necessário para toda a água percolar
(Tabela 3).

Tabela 3 – Relações adotadas (em massa)


Tempo de pré- Água Tempo
Traço K (m/s)
molhagem (s) (kg) (s)
< 30 18 20 0,0128
T1 (+2%) < 30 18 23 0,0111 1,14*10-2 ± 1,28*10-3
< 30 18 25 0,0103
< 30 18 56 0,0046
T2 (+4%) < 30 18 48 0,0053 4,73*10-3 ± 5,13*10-4
< 30 18 59 0,0043
> 30 3,6 64 0,0008
T3 (+8%) > 30 3,6 48 0,0011 8,67*10-4 ± 2,08*10-4
> 30 3,6 73 0,0007
> 30 3,6 >300 -
T4 (+16%) > 30 3,6 >300 - < 10-3
> 30 3,6 >300 -

Tendo em vista que o mínimo exigido pela NBR 16416 (ABNT, 2015) para o coeficiente de
permeabilidade é de 10-3 m/s, observa-se que os dois primeiros traços atingiram resultados
satisfatórios. Uma amostra do traço T3 (+8%) mostrou-se satisfatória, porém, a média
obtida através dos resultados dos três corpos de prova mostraram que o concreto não
apresentou permeabilidade suficiente. O traço T4 (+16%) não apresentou condições de
permeabilidade para ser empregado como revestimento do sistema.
A partir dos resultados de permeabilidade, conclui-se que o excesso de pasta pode
contribuir para a resistência do concreto permeável, entretanto, prejudica a sua percolação.

4 Conclusão
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No presente trabalho aplicou-se na dosagem de concretos permeáveis princípios do
método de dosagem usualmente empregado para concretos de alto desempenho
desenvolvido por Toralles-Carbonari (1997).
A partir dos resultados dos ensaios laboratoriais, conclui-se que o aumento de pasta
adotado para a dosagem dos quatro traços resultou no aumento da resistência à tração na
flexão dos corpos de prova prismáticos e na redução dos coeficientes de permeabilidade
das placas de concreto.
Ambos os traços T1 (+2%) e T2 (+4%) atingiram os requisitos mínimos de permeabilidade.
Porém, apresentaram baixos valores de resistência à tração na flexão. Dessa forma, de
acordo com os requisitos apresentados pela NBR 16416 (ABNT, 2015), não podem ser
utilizados como revestimento para o sistema de pavimento permeável. O traço T3 (+8%)
não apresentou resultados de resistência à tração na flexão e nem de permeabilidade
suficientes para ser empregado como revestimento do sistema de pavimento permeável,
de acordo com a mesma norma. E por fim, seguindo os mesmos princípios, o traço T4
(+16%) apresentou resultados para resistência à tração na flexão satisfatórios para ser
empregado como revestimento de concreto permeável para locais onde há tráfego de
pedestres. Entretanto, a determinação do coeficiente de permeabilidade não foi satisfeita
pela norma.
Sendo assim, nenhum dos quatro traços demonstrou-se apto a ser utilizado como
revestimento do sistema de pavimento permeável em vias de tráfego de veículos ou
pedestres, visto que o único traço que atingiu resistência superior a 1,0 MPa, requisito
mínimo para tráfego de pedestres conforme NBR 16416 (ABNT, 2015), não apresentou

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