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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL
CURSO DE MESTRADO

NAYARA BECKER

EFEITO DO PAVIMENTO DE CONCRETO PERMEÁVEL DOSADO POR


DIFERENTES MÉTODOS NA QUALIDADE DA ÁGUA DO ESCOAMENTO
SUPERFICIAL PERCOLADO

BLUMENAU
2018
NAYARA BECKER

EFEITO DO PAVIMENTO DE CONCRETO PERMEÁVEL DOSADO POR


DIFERENTES MÉTODOS NA QUALIDADE DA ÁGUA DO ESCOAMENTO
SUPERFICIAL PERCOLADO

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Ambiental
do Centro de Ciências Tecnológicas da
Fundação Universidade Regional de
Blumenau, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Ivone Gohr Pinheiro

BLUMENAU
2018
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente a Deus, pelas oportunidades a mim ofertadas e


conquistas realizadas.
Á minha família, pelo suporte nesses dois longos anos. Ao meu noivo, em
particular, por sua grande partição e colaboração, sem você teria sido muito mais
complicado.
Á professora Ivone, por me orientar e partilhar comigo sua experiência e
ensinamentos.
Aos professores do PPGEA, pelo conhecimento repassado nesse período.
Aos profissionais do DAC, em especial Bubi e Osvaldo, por sua ajuda nas obras
necessárias para a realização dos experimentos.
Á bolsista de iniciação científica, Mari, que se tornou uma grande amiga.
Obrigada por toda sua contribuição nos experimentos.
Á minha amiga e parceira de pesquisa, Bruna. Com certeza no mestrado tive a
minha maior prova de que sem amigos não conseguimos atingir nossos objetivos ou
eles se tornam muito mais difíceis de serem alcançados.
Ás amigas do mestrado, em especial Rafaely, Karina R., Karina A., Larissa,
Alinne, pelos cafés, momentos de descontração, conversas que foram extremante
importantes para concluir essa etapa.
As meninas da recepção, pelos momentos de desabafo, Ida, Márcia e Adri.
Obrigada a todos que de alguma forma contribuíram para que eu chegasse até
aqui, meus sinceros agradecimentos.
"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se
chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca
e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis”.

José de Alencar
RESUMO

O escoamento superficial ocasiona enchentes urbanas e transporta alta carga de


poluentes. O pavimento de concreto permeável pode contribuir com o manejo do
escoamento superficial, pois além de auxiliar na redução do volume de escoamento
superficial, o pavimento de concreto permeável realiza a retenção de poluentes
presentes na água do escoamento superficial. Desse modo, o efeito da percolação do
escoamento superficial natural em pavimentos de concreto permeável executado com
três diferentes métodos de dosagem, do American Concrete Institute (ACI) (2010),
Zheng, Chen e Wang (2012) e Nguyen et al. (2014) foi avaliado. O objetivo foi analisar
a retenção de poluentes em pavimentos permeáveis, cuja camada de revestimento foi
executada com concreto permeável. Para atingir o objetivo esperado, construiu-se três
pavimentos em escala laboratorial, no interior de tubos de PVC rígido de 200 mm de
diâmetro, sendo um para cada método de dosagem. A realização dos experimentos
consistiu em fazer a água do escoamento superficial percolar durante o período de
duas horas por cada pavimento permeável. Para avaliar a interferência da vazão
durante a percolação, foram empregadas três vazões: 17, 33 e 50 mL.min-1. Quanto à
avaliação do efeito da percolação foram analisados os seguintes parâmetros no
escoamento superficial, bruto e após a percolação: cor aparente, turbidez, pH e
temperatura. Com a vazão de 33 mL.min-1 e o concreto permeável compactado,
também foram avaliados os parâmetros de concentração de cobre, zinco, coliformes
totais, óleos e graxas. Observou-se que todos os métodos de dosagem do concreto
permeável reduziram a concentração de turbidez e cor aparente. Entretanto, a
eficiência de remoção dos pavimentos permeáveis com concreto compactado foi
maior, sendo que as maiores eficiências obtidas foram com os métodos ACI e Nguyen
et al., com uma eficiência média acima de 65% para a turbidez e acima de 50% para
a cor aparente. O aumento do pH com a percolação do escoamento superficial foi
maior com o método de Nguyen et al. compactado. A eficiência de remoção de
coliformes totais com o pavimento com o concreto permeável compactado foi superior
a 95% para os três métodos de dosagem. A redução na concentração de zinco foi
semelhante para os três métodos, aproximadamente 77%, mas a eficiência de
remoção do cobre foi maior para o método de Nguyen et al. Para óleos e graxas, foi
observado que somente o método de Nguyen et al. conseguiu reduzir sua
concentração após a percolação do escoamento superficial. Como perspectivas para
trabalhos futuros recomenda-se, em particular, a implantação de pavimento
permeável em escala piloto, para que se possa verificar a redução de poluentes do
escoamento superficial com as condições reais de um pavimento.

Palavras-chave: Escoamento superficial. Pavimentos permeáveis. Concreto


permeável. Percolação.
ABSTRACT

The surface runoff causes urban floods and carries a high pollutant load. The
permeable concrete pavement can contribute to the management of the surface runoff,
helping to reduce the volume of surface runoff as well as contributing to the retention
of pollutants present in the surface runoff water. Thus, the effect of percolation of
natural surface runoff on permeable concrete pavements performed with three different
dosing methods, American Concrete Institute (ACI) (2010), Zheng, Chen and Wang
(2012), and Nguyen et al. (2014) was evaluated. The aim was to analyze the retention
of pollutants in permeable pavements, whose coating layer was executed with pervious
concrete. To achieve the expected objective, three pavements were built on a
laboratory scale, inside 200 mm diameter rigid PVC pipes, one for each concrete
design method. The experiments consisted of make the water from the surface runoff
percolate during the two-hours period per each permeable pavement. To evaluate the
flow rate interference during percolation, three flow rates were used: 17, 33 and 50
mL.min-1. Regarding the evaluation of the effect of the percolation, the following
parameters were analyzed in the surface runoff, before and after the percolation:
apparent color, turbidity, pH, and temperature. With the flow rate of 33 mL.min-1 and
compacted pervious concrete, the concentration parameters of copper, zinc, total
coliforms, oils, and greases were also evaluated. It was observed that all the dosing
methods of pervious concrete reduced the concentration of turbidity and apparent
color. However, the removal efficiency of the permeable pavements with compacted
concrete was higher, and the higher efficiencies were obtained by ACI and Nguyen et
al. methods, with an average efficiency above 65% for turbidity and over 50% for the
apparent color. pH increase with percolation of the surface runoff was higher with the
method of Nguyen et al. compacted. The removal efficiency of total coliforms with the
pavement with compacted pervious concrete was over 95% for the three design
methods. Zinc concentration reduction was similar for the three methods,
approximately 77%, but the copper removal efficiency was higher for the method of
Nguyen et al. For oils and greases, it was observed that only the method of Nguyen et
al. was able to reduce its concentration after percolation of the surface runoff. For
future works, it is recommended, in particular, the implantation of permeable
pavements in a pilot scale, so that the reduction of pollutants from the surface runoff
can be verified with the real conditions that occur in a pavement.

Keywords: Surface runoff. Permeable pavements. Pervious concrete. Percolation.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Classificação do tipo de fonte de poluição do escoamento superficial. .... 18


Figura 2 – Estrutura pavimento permeável. .............................................................. 20
Figura 3 – Concreto permeável. ................................................................................ 21
Figura 4 – Filtração em meio poroso: a) transporte de partículas; b) bloqueio dos poros
por partículas separadas; c) e d) bloqueio dos poros por pontes de partículas estáveis.
.................................................................................................................................. 23
Figura 5 – Fluxograma da metodologia. .................................................................... 30
Figura 6 – Local da instalação dos pavimentos permeáveis. .................................... 31
Figura 7 – Quantificação de experimentos. ............................................................... 32
Figura 8– Preparação dos suportes dos pavimentos permeáveis: a) tubos de PVC, b)
parte inferior cônica. c) suporte fixados na parte cônica. .......................................... 33
Figura 9 – Peça de concreto permeável. ................................................................... 34
Figura 10 – Peça de concreto permeável com vedação lateral. ................................ 35
Figura 11 – Molde para confecção das peças de concreto permeável. .................... 36
Figura 12 – Permeâmetro preenchido com: areia fina, b) brita 0. ............................. 37
Figura 13 – Configuração do pavimento permeável. ................................................. 43
Figura 14 – Ponto de coleta da água do escoamento superficial. ............................. 45
Figura 15 – Esquema do sistema de captação da água do escoamento superficial. 46
Figura 16 – Homogeneização da água do escoamento superficial. .......................... 47
Figura 17 – Procedimento de execução experimental. ............................................. 48
Figura 18 – Reservatório 5000 L: a) homogeneização da água do escoamento
superficial, b) local de coleta da água do escoamento superficial. ............................ 49
Figura 19 – Coleta manual da água do escoamento superficial: a) local, b) recipiente.
.................................................................................................................................. 51
Figura 20 – Curvas granulométricas das camadas de base do pavimento permeável:
a) areia fina; b) brita 0. .............................................................................................. 54
Figura 21 – Permeabilidade das camadas de base do pavimento permeável: a) areia
fina, b) brita 0. ........................................................................................................... 56
Figura 22 – Teste de Tukey para remoção de turbidez a partir: a) dos métodos de
execução do concreto permeável, b) das vazões aplicadas. .................................... 58
Figura 23 – Teste de Tukey para remoção de cor aparente a partir: a) dos métodos de
execução do concreto permeável, b) das vazões aplicadas. .................................... 59
Figura 24 – Teste de Tukey para a variação de pH a partir das vazões aplicadas no
pavimento com concreto permeável sem compactação............................................ 60
Figura 25 – Teste de Tukey para variação de pH no pavimento permeável com
concreto permeável compactado. ............................................................................. 62
Figura 26 – Teste de Tukey para valor de pH no efluente do pavimento permeável com
concreto permeável compactado. ............................................................................. 63
Figura 27 – Remoção de turbidez no pavimento com concreto permeável sem
compactação para as três vazões (média e desvio padrão) ..................................... 65
Figura 28 – Remoção de turbidez no pavimento permeável com concreto permeável
compactado para as três vazões (média e desvio padrão) para o método de dosagem
do concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu. ......................................... 66
Figura 29 – Remoção de cor aparente no pavimento permeável com concreto
permeável sem compactação para as três vazões (média e desvio padrão) para o
método de dosagem do concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu......... 69
Figura 30 – Remoção de cor aparente no pavimento permeável com concreto
permeável compactado para as três vazões (média e desvio padrão) para o método
de dosagem do concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu. .................... 70
Figura 31 – Variação do pH (entrada menos saída) no pavimento permeável com
concreto permeável sem compactação para as três vazões (média e desvio padrão)
para o método de dosagem do concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu.
.................................................................................................................................. 73
Figura 32 – Variação do pH (entra da menos saída)no pavimento permeável com
concreto permeável compactado para as três vazões (média e desvio padrão) para o
método de dosagem do concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu......... 74
Figura 33 – Teste de Tukey: a) cobre, b) coliformes totais, e c) óleos e graxas. ...... 78

Quadro 1 – Tipos de pavimentos permeáveis e água utilizados em estudos sobre a


percolação da água de escoamento superficial em pavimentos permeáveis. ........... 24
Quadro 2 – Parâmetros analisados. .......................................................................... 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Consumo de material no concreto permeável com granulometria adaptada


ao método. ................................................................................................................ 35
Tabela 2 – Constantes utilizadas para determinar os parâmetros da equação de
Talbot. ....................................................................................................................... 40
Tabela 3 – Parâmetros a, b e c da equação de Talbot.............................................. 40
Tabela 4 – Valores utilizados para calcular Vmáx. .................................................... 41
Tabela 5 – Vazões aplicadas nos pavimentos de concreto permeável. .................... 43
Tabela 6 – Parâmetros analisados do escoamento superficial e comparativo com
diferentes estudos e seus limites segundo as resoluções n. 357 (CONAMA, 2005) e n.
430 (CONAMA, 2011). .............................................................................................. 45
Tabela 7 – Dados do escoamento superficial utilizado nos experimentos. ............... 53
Tabela 8 – Caracterização granulométrica das camadas de base do pavimento
permeável.................................................................................................................. 55
Tabela 9 – Tabela ANOVA – comparação entre os métodos de dosagem do concreto
permeável sem compactação, aplicando três vazões. .............................................. 57
Tabela 10 – Tabela ANOVA – comparação entre os métodos de dosagem do concreto
permeável com compactação, aplicando três vazões. .............................................. 61
Tabela 11 – Tabela ANOVA – comparação entre os métodos com o concreto
permeável compactado, aplicando três vazões......................................................... 75
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 17
2.1 ESCOAMENTO SUPERFICIAL .................................................................... 17
2.1.1 Origem da poluição do escoamento superficial ............................................ 18

2.2 PAVIMENTOS PERMEÁVEIS ...................................................................... 20


2.2.1 Concreto permeável ..................................................................................... 21

2.3 PURIFICAÇÃO DA ÁGUA FILTRADA EM CONCRETO PERMEÁVEL ....... 21


2.3.1 Processo de filtração .................................................................................... 22

2.4 ESTUDOS VOLTADOS PARA O TRATAMENTO DA ÁGUA DE


ESCOAMENTO SUPERFICIAL EM PAVIMENTOS PERMEÁVEIS ............. 23
3 METODOLOGIA........................................................................................... 29
3.1 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL ............................................................ 31
3.2 EXECUÇÃO DO PAVIMENTO PERMEÁVEL .............................................. 33
3.2.1 Preparo da camada de revestimento do pavimento permeável – concreto

permeável.................................................................................................................. 34

3.2.2 Caracterização das camadas de base do pavimento permeável ................. 36

3.2.3 Dimensionamento do reservatório ................................................................ 38

3.2.4 Definição da estrutura do pavimento permeável .......................................... 42

3.3 DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES ................................................................. 43


3.4 CARACTERIZAÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL ........................... 44
3.5 COLETA DA ÁGUA DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL ............................. 45
3.5.1 Obra para a coleta do escoamento superficial ............................................. 46

3.6 REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS ..................................................................... 46


3.6.1 Procedimento de execução .......................................................................... 47

3.6.2 Parâmetros analisados ................................................................................. 50

3.7 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 50


3.8 ESTUDO EXPLORATÓRIO ......................................................................... 51
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................. 53
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL BRUTO .............. 53
4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS CAMADAS DE BASE ......................................... 54
4.2.1 Granulometria ............................................................................................... 54

4.2.2 Condutividade hidráulica e permeabilidade .................................................. 55

4.3 INFLUÊNCIA DA VAZÃO E DOS MÉTODOS DE DOSAGEM DO CONCRETO


PERMEÁVEL SEM COMPACTAÇÃO NOS PARÂMETROS FÍSICO-
QUÍMICOS DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL PERCOLADO ................... 56
4.4 INFLUÊNCIA DA VAZÃO E DOS MÉTODOS DE DOSAGEM DO CONCRETO
PERMEÁVEL COM COMPACTAÇÃO NOS PARÂMETROS FÍSICO-
QUÍMICOS DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL PERCOLADO ................... 60
4.5 INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO DO CONCRETO PERMEÁVEL NA
REMOÇÃO DE TURBIDEZ .......................................................................... 63
4.6 INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO DO CONCRETO PERMEÁVEL NA
REMOÇÃO DA COR APARENTE ................................................................ 67
4.7 INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO DO CONCRETO PERMEÁVEL NA
VARIAÇÃO DO PH ....................................................................................... 71
4.8 AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE COBRE E ZINCO, COLIFORMES
TOTAIS E ÓLEOS E GRAXAS ..................................................................... 75
5 CONCLUSÕES ............................................................................................ 79
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 81
13

1 INTRODUÇÃO

A partir da segunda metade do século XX observa-se a intensificação do


processo de urbanização, principalmente nos países emergentes, que em geral
ocorreu de forma desordenada, tendo como causas a industrialização e o êxodo rural,
que implicam na necessidade de maior quantidade de moradias nos centros urbanos.
Como consequência da ausência de planejamento, as grandes cidades começam a
apresentar diversos problemas relacionados à concentração da população em áreas
urbanas. Entre os problemas decorrentes do adensamento populacional, estão as
inundações que ocorrem com uma maior frequência e intensidade, pois o processo
de urbanização acarreta na impermeabilização do solo, a partir da aplicação de
pavimentos impermeáveis convencionais, ocasionando a formação do escoamento
superficial. Quanto maior a área impermeabilizada, maior será o volume do
escoamento superficial, o que sobrecarrega os sistemas de drenagem convencionais
e resulta em alagamentos, tendo consequências nas questões sociais, ambientais,
políticas e econômicas (PINTO, 2011; ZANELLA, 2006; ZOPPOU, 2001).
Além das inundações, o escoamento superficial propicia um aumento na carga
de poluentes que atingem os corpos naturais de água de forma difusa, que se inicia
com o arraste de poluentes atmosféricos em virtude da precipitação. Posteriormente
a água do escoamento superficial, ao percorrer sobre pavimentos e calçadas,
promove o transporte dos poluentes depositados nestes locais até os corpos d´água,
ocasionando sua degradação (BARRETT et al., 1998; SOUZA, 2012).
Dentre as várias estratégias de obtenção de um pavimento com baixo impacto,
o concreto permeável apresenta pontos positivos, como sua estrutura (CUNHA, 2014),
além de permitir a utilização da área em que foi aplicado em parques, estradas com
tráfego leve, estacionamentos, calçadas e ruas residenciais (CHANDRAPPA;
BILIGIRI, 2016).
A estrutura interna do concreto permeável é interconectada com macro poros,
formada basicamente por agregado graúdo e material aglomerante, propiciando a
formação de poros interconectados que drenam a água da chuva (NEITHALATH;
SUMANASOORIYA; DEO, 2010), tendo como consequência a redução no volume de
escoamento superficial.
As águas do escoamento superficial apresentam alta concentração de
poluentes (BARRETT et al., 1998), que ocasionam uma contaminação difusa, pois a
14

água do escoamento superficial, nas áreas urbanas, é encaminhada para rios e


córregos através de galerias, juntamente com todos os poluentes presentes nos locais
que percorreu (BISCAINO NETO; RABELO; FREIRE, 2015). Entretanto a natureza
porosa do concreto permeável, além de promover a redução no escoamento
superficial, melhora a qualidade da água do escoamento superficial, que durante o
escoamento são degradadas com metais pesados, óleos, matérias fecais, partículas,
dentre outros (LEGRET; PAGOTTO, 1999).
O concreto permeável, ao promover a drenagem da água do escoamento
superficial, realiza sua filtração, retendo as partículas em suspensão. Outra vantagem
do concreto permeável, é o fato de ser alcalino, o que faz com que durante a
drenagem, o pH da água da chuva que é ácido aumenta, tornando-se mais neutro
(CHANDRAPPA; BILIGIRI, 2016). Águas que apresentam baixo pH facilitam o
transporte de componentes metálicos, incluindo metais pesados, como o alumínio,
cádmio e mercúrio (CURSINO et al., 2004). Dessa forma, o escoamento superficial
faz o transporte de metais pesados, podendo contaminar o solo e corpos d´água. Há
também, a ocorrência de atividade microbiana nos poros do concreto permeável,
ocasionando a degradação dos materiais em suspensão, auxiliando na redução da
poluição da água do escoamento superficial (CHANDRAPPA; BILIGIRI, 2016).
Devido aos benefícios apresentados pelo concreto permeável, sua aplicação
vem aumentando em vários países, nos últimos anos, especialmente no Japão e nos
Estados Unidos (HUANG et al., 2010). Entretanto, sua implementação como material
de pavimentação é baixa, ou até mesmo inexistente, em países emergentes devido à
falta de técnica padrão na preparação do material, de testes e práticas de construção
(CHANDRAPPA; BILIGIRI, 2016), fatores que implicam, diretamente, na falta de
conhecimento e pesquisas, sobre a importância do concreto permeável na melhoria
da qualidade da água de escoamentos superficiais.
Fundamentado no contexto apresentado está o que se procurou responder
nesta pesquisa: qual é o efeito observado na água do escoamento superficial após
sua percolação em pavimentos com diferentes revestimentos de concreto permeável?
Para alcançar o objetivo de determinar o efeito da percolação da água do
escoamento superficial em três pavimentos com diferentes concretos permeáveis foi
necessário:
a) caracterizar a água do escoamento superficial;
15

b) determinar os parâmetros físico-químicos (pH, cor aparente e turbidez) da água


percolada em pavimento de concreto permeável;
c) determinar a concentração microbiológica da água percolada em pavimento de
concreto permeável;
d) determinar a concentração de cobre e de zinco da água percolada em pavimento
de concreto permeável; e,
e) determinar qual o método de dosagem de concreto permeável que fornece a
melhor resposta na remoção de poluentes da água do escoamento superficial.
E as seguintes hipóteses foram propostas:
H1 – a percolação em pavimento de concreto permeável diminui a concentração de
turbidez e cor aparente da água de escoamento superficial;
H2 – a percolação em pavimento de concreto permeável aumenta o pH da água de
escoamento superficial;
H3 – a percolação em pavimento de concreto permeável diminui a concentração
microbiológica da água de escoamento superficial;
H4 – a percolação em pavimento de concreto permeável diminui a concentração de
cobre e de zinco da água de escoamento superficial; e,
H5 – um dos três tipos de concreto permeável fornece uma melhor resposta.
Diante desta proposta, o capítulo a seguir desta dissertação, capítulo 2,
compreende o referencial teórico, que serviu como base para a definição da
metodologia empregada, apresentada no capítulo 3, e possibilitou a realização da
discussão dos resultados obtidos, capítulo 4. A discussão dos resultados proporcionou
a apresentação das conclusões e perspectiva futuras, ambas no capítulo 5.
16
17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Estudos afirmam que pelo menos metade da população mundial concentra-se


em áreas urbanas. Devido à alta concentração de atividade humana, ocorre a
ampliação da concorrência pelos recursos, principalmente da água. Entretanto a água
pode implicar em impacto negativo, como por exemplo, em inundações. Problemas
como alagamentos são intensificados com o aumento contínuo da impermeabilização
do solo, ressaltando que o escoamento superficial apresenta, em geral, um alto índice
de poluição (CHANG et al., 2018; KABIR; DALY; MAGGI, 2017; ZOPPOU, 2001).
Desta forma, este capítulo aborda além da origem da poluição do escoamento
superficial, como os pavimentos permeáveis, em especial o de concreto permeável,
podem auxiliar na redução do volume do escoamento superficial e na retenção de
poluentes, apresentando também estudos que avaliaram o efeito da percolação do
escoamento superficial em pavimentos permeáveis.

2.1 ESCOAMENTO SUPERFICIAL

O escoamento superficial pode ser definido como a parcela da precipitação total


que escoa sobre a superfície do solo (TUCCI; PORTO; BARROS, 1995), sendo que
esta parcela é intensificada com o aumento da população e de edificações em áreas
urbanas, ocasionando uma maior impermeabilização do solo (BONNEAU et al., 2017).
O aumento do escoamento superficial implica em impactos negativos ao meio
ambiente, com maior relevância em problemas de inundação urbana. É importante
ressaltar que, as inundações não são consequências somente do aumento do volume
de precipitação, mas essencialmente do aumento da velocidade do escoamento
superficial, sendo este resultado da impermeabilização do solo, como também da
ampliação de sistemas de microdrenagem e de macrodrenagem (BASSO; MOREIRA;
PIZZATO, 2011).
Entretanto, o escoamento superficial promove, além dos alagamentos, o
transporte de poluentes presentes no solo, ocasionando a contaminação de corpos
naturais de água. A poluição difusa, resultante do escoamento superficial, vem sendo
identificada como uma das causas mais relevantes da degradação da qualidade das
águas receptoras (BARRETT et al., 1998; FASSMAN; BLACKBOURN, 2011;
FUERHACKER et al., 2011).
18

2.1.1 Origem da poluição do escoamento superficial

As principais formas de poluição do escoamento superficial são provenientes


do tráfego rodoviário e da construção e manutenção de estradas. As fontes de
poluição podem ser classificadas como: temporária; sazonal; acidental; e, crônica
(LEGRET; PAGOTTO, 1999) (Figura 1).

Figura 1 – Classificação do tipo de fonte de poluição do escoamento superficial.

Fonte: Adaptado de Legret e Pagotto (1999).

Dentre os diversos poluentes presentes no escoamento superficial, estão os


metais pesados (JIANG et al., 2015), que se diferenciam de outros agentes tóxicos
pois não são sintetizados pelo ser humano. Apesar de muitos metais serem essenciais
para o crescimento de organismos, há a necessidade de baixas concentrações, caso
contrário, tornam-se prejudiciais (FARZIN; SHAMSIPUR; SHEIBANI, 2017;
GHADERPOORI et al., 2018). Se os metais pesados forem diretamente
encaminhados para corpos d´água receptores podem se acumular no ambiente,
ocasionando efeitos adversos agudos, por serem tóxicos, bioacumulativos e alguns
cancerígenos (GREENSTEIN; TIEFENTHALER; BAY, 2004; ÖREN; KAYA, 2006).
O zinco está entre os metais pesados que contaminam os escoamentos sobre
pavimentos urbanos, e ocorre principalmente devido a sua adição na fabricação de
pneus e o seu desgaste em contato com o pavimento que promove sua liberação no
solo (COUNCELL et al., 2004). Outro contaminante presente é o cádmio, que é
adicionado em óleos lubrificantes na forma de sulfato e com a sua queima há liberação
do metal pesado no solo (JIANG et al., 2015). Poluentes como o cobre, o chumbo, o
19

cromo, incluindo o cádmio, são liberados com a abrasão de pastilhas de freio de


veículos com componentes metálicos (WECKWERTH, 2001). Há também a presença
de contaminantes como óleos e graxas utilizados como lubrificantes em automóveis
(BROWN; PEAKE, 2006).
Entretanto, a poluição do escoamento superficial também pode ser proveniente
do ambiente circundante natural e construído. Pavimentos que apresentam edifícios,
cinturões verdes e plantas em sua proximidade, promovem o acúmulo de poluentes
atmosféricos em climas secos, que se misturam ao escoamento superficial e podem
se infiltrar no subleito. A aplicação de materiais impermeáveis e metálicos em edifícios
implicam na contaminação de metais pesados, como o cobre, o chumbo e o zinco. A
poluição também é decorrente da matéria orgânica, nitrogênio e fósforo produzido
pela degradação de folhas, resíduos de animais, assim como também pela aplicação
de fertilizantes e pesticidas. A concentração da poluição no escoamento superficial
está relacionada com (JIANG et al., 2015):
- O local do pavimento (residencial, comercial, industrial);
- Clima (temperatura, umidade, precipitação);
- Condições de tráfego (volume e tipo).
Com a descrição de algumas formas de origem da contaminação do solo e
consequentemente de águas fluviais, observa-se a relação direta da poluição do
escoamento superficial com a impermeabilização do solo e com o processo de
urbanização desordenado.
Os contaminantes presentes no pavimento impermeável são transportados
pelas águas do escoamento superficial, até serem lançados em corpos de água, como
rios e lagos. Nota-se um aumento das preocupações ambientais que envolvem a
difusão de poluentes através do escoamento de águas pluviais nas áreas urbanas
(FUERHACKER et al., 2011). Em geral, os estudos realizam o tratamento da água
através de tanques de retenção, que requerem grandes áreas (HARES; WARD, 1999;
LUCK et al., 2008; TENNIS; LEMING; AKERS, 2004), como uma estação de
tratamento de um estacionamento compreende uma área de 45 m² (FUERHACKER
et al., 2011). Apesar do tratamento ser eficiente, a área em que o sistema de
tratamento for aplicado inviabiliza a utilização dessa área para outros fins.
Enquanto o pavimento de concreto permeável, que promove a percolação da
água proveniente do escoamento superficial, permite que a área de sua aplicação
20

possa ser usada em estradas com tráfego leve, estacionamentos, calçadas


(CHANDRAPPA; BILIGIRI, 2016; TENNIS; LEMING; AKERS, 2004).

2.2 PAVIMENTOS PERMEÁVEIS

Os pavimentos permeáveis tornam-se cada vez mais elementos significativos


em regiões urbanas, pois oferecem o controle do escoamento superficial devido à
infiltração da água, além do fato de serem trafegáveis. A estrutura do pavimento
compreende (Figura 2): uma camada relativamente fina de concreto permeável,
camada de assentamento (para revestimentos com peças ou placas), base e sub-
base, tubulação de drenagem quando houver necessidade e subleito (KAZEMI; HILL,
2015; MARCHIONI; SILVA, 2010).
O revestimento de concreto permeável permite a infiltração rápida da água, que
será direcionada para as camadas inferiores do pavimento. A camada de
assentamento tem por finalidade oferecer uma superfície uniforme, caso sejam
aplicadas peças pré-moldadas de concreto. As camadas de base e sub-base
funcionam como reservatório e filtro. Todos os pavimentos, permeáveis ou não, são
projetados para suportar a vazão do escoamento recebida. Em relação aos
pavimentos permeáveis, a água infiltrada deve ser escoada pelo solo ou através de
um sistema de drenagem, a partir da aplicação da tubulação no pavimento (DRAKE;
BRADFORD; MARSALEK, 2013; MARCHIONI; SILVA, 2010).

Figura 2 – Estrutura pavimento permeável.

Fonte: Traduzido de Drake, Bradford e Marsalek (2013).


21

2.2.1 Concreto permeável

O concreto permeável (Figura 3) é um material que vem conquistando espaço


devido as suas aplicações na construção sustentável e apresenta como vantagens, a
sua capacidade de transportar grandes volumes de água através de sua estrutura
porosa, reduzindo os problemas que envolvem o escoamento superficial e auxiliando
na recarga de águas subterrâneas. O concreto permeável apresenta também como
benefício ambiental, o fato de realizar a filtração da água que é percolada, diminuindo
a quantidade de poluentes presentes, consequentemente restringindo a poluição
difusa (TENNIS; LEMING; AKERS, 2004).

Figura 3 – Concreto permeável.

Fonte: Stevenson Concrete (2016).

As vantagens do concreto permeável citadas são atribuídas a sua estrutura


porosa, e para que se alcance uma estrutura de poros eficiente, na execução do
concreto permeável utilizam-se agregados graúdos, pouco ou nenhum agregado fino,
cimento Portland e água. O intervalo de porosidade é compreendido entre 15-30%,
mantendo o equilíbrio entre o coeficiente de permeabilidade e as propriedades
mecânicas do material, como a resistência. O tamanho médio dos poros pode variar
entre 2 a 8 mm, conforme a proporção da mistura (NEITHALATH; SUMANASOORIYA;
DEO, 2010).

2.3 PURIFICAÇÃO DA ÁGUA FILTRADA EM CONCRETO PERMEÁVEL

A permeabilidade do concreto promove a redução no escoamento superficial,


juntamente com a melhora da qualidade da água de precipitações, que durante o
escoamento é contaminada por diversas sustâncias e particulados (LEGRET;
22

PAGOTTO, 1999). A purificação da água pelo concreto permeável pode ocorrer das
seguintes maneiras (CHANDRAPPA; BILIGIRI, 2016):
- Purificação física: a estrutura interna do concreto possui espaços curvilíneos
ou sinuosos que absorvem as partículas presentes na água, removendo a maior parte
do material em suspensão da água do escoamento superficial, ocorrendo assim
redução dos poluentes;
- Purificação química: o pH do concreto permeável é de natureza alcalina e em
contato com a água contaminada libera íons de hidróxido (OH − ) e íons de carbonato
(CO2−
3 ) que reagem com os contaminantes, precipitando-os. Ocorre também alteração

no pH da água, que é em geral ácido, pois o concreto permeável por ser básico, o
aumenta o pH da água, tornando-o mais neutro. A neutralidade da água é importante,
pois em níveis baixos de pH a mobilidade de componentes metálicos é maior
(CURSINO et al., 2004);
- Purificação biológica: a porosidade do concreto permite a ocorrência de
atividade microbiana, que promove a degradação dos materiais em suspensão.
Os pavimentos permeáveis promovem a filtração das partículas em suspensão
do escoamento superficial (SANSALONE et al., 2012), portanto precisam ser
avaliados como filtros.

2.3.1 Processo de filtração

Os pavimentos permeáveis, além de auxiliarem na restauração hidrológica nos


arredores urbanos, também funcionam como um filtro (SANSALONE et al., 2012),
sendo assim a retenção das partículas em suspensão no escoamento superficial ficam
retidas nos poros da camada de revestimento e camadas de base.
Em estudo sobre a retenção de sólidos totais em suspensão em pavimentos
permeáveis, verificou-se a retenção de 85% dos sólidos totais em suspensão no
pavimento revestido com concreto permeável, sendo que do total removido, 80% foi
retido nos poros do concreto permeável (HUANG et al., 2016).
Na filtração, o principal mecanismo de retenção ocorre pela exclusão de
tamanho, na qual as partículas passam por poros grandes (Figura 4a), mas ficam
retidas nas entradas de poros pequenos (Figura 4b) (KUZMINA; OSIPOV;
ZHEGLOVA, 2018).
23

Nos poros com diâmetros maiores que as partículas podem ser retidas várias
partículas pelo processo denominado de ponte. Próximo a entrada do poro, a uma
velocidade suficientemente alta do fluido, as características hidrodinâmicas do fluxo
se alteram e as forças de atração das partículas em suspensão se tornam maiores
que as de repulsão. Desta forma, estruturas com múltiplas partículas se aproximam
do poro como uma única partícula que é bloqueada pelo poro (Figuras 4c e 4d)
(KUZMINA; OSIPOV; ZHEGLOVA, 2018; RAMACHANDRAN et al., 2000).

Figura 4 – Filtração em meio poroso: a) transporte de partículas; b) bloqueio dos poros por
partículas separadas; c) e d) bloqueio dos poros por pontes de partículas estáveis.

Fonte: Kuzmina, Osipov e Zheglova (2018).

2.4 ESTUDOS VOLTADOS PARA O TRATAMENTO DA ÁGUA DE ESCOAMENTO


SUPERFICIAL EM PAVIMENTOS PERMEÁVEIS

Os problemas ocasionados pelo escoamento superficial, que envolvem os


alagamentos, assim como o aumento da contaminação de corpos naturais de água,
são cada vez mais percebidos, principalmente nos grandes centros urbanos
(ZOPPOU, 2001). Decorrente desta observação, pesquisas então sendo realizadas
com o enfoque de reduzir tanto a carga poluente como o volume de água dos
escoamentos superficiais, a partir da aplicação de pavimentos permeáveis.
Os pavimentos permeáveis, devidamente planejados, são considerados como
uma alternativa eficiente na remoção de poluentes do escoamento superficial que
pode ocorrer por adsorção, filtração e decomposição biológica (FASSMAN;
BLACKBOURN, 2011; PRATT; NEWMAN; BOND, 1999).
Os pavimentos permeáveis utilizados nas pesquisas que visam à remoção de
poluentes no escoamento superficial possuem diferentes configurações, quanto ao
revestimento (intertravado, asfalto poroso e concreto permeável); ao tipo de água
utilizada (escoamento superficial natural, escoamento superficial sintético, efluente
agrícola, água proveniente de minas ácidas e captado de telhado); e, à escala
24

experimental (real e laboratorial). Há estudos que analisam as interferências na


qualidade do escoamento superficial somente nas camadas de base com a aplicação
de diferentes agregados, enquanto outros avaliam somente o que ocorre em nível do
revestimento, ou seja, no concreto permeável (Quadro 1).

Quadro 1 – Tipos de pavimentos permeáveis e água utilizados em estudos sobre a percolação


da água de escoamento superficial em pavimentos permeáveis.
Pavimento / base /
Referência Escala Água utilizada
revestimento
Pavimento de asfalto Água do escoamento
Jiang et al. (2015) Laboratorial
permeável superficial
Poluição replicada com
Pavimento permeável de
Nnadi et al. (2015) Laboratorial adição de óleo e
concreto
fertilizante no pavimento
Pavimento intertravado de
concreto permeável, concreto Água do escoamento
Brown e Borst (2015) Real
permeável e asfalto superficial
permeável
Pavimento permeável Real e Água do escoamento
Beecham et al. (2012)
intertravado laboratorial superficial
Asfalto convencional e
Fassman e Água do escoamento
pavimento permeável Real
Blackbourn (2011) superficial
intertravado
Reservatórios
Kazemi e Hill (2015) Laboratorial Água captada de telhado
Preenchidos com agregados
Myers, Beecham e Reservatórios
Laboratorial Água sintética
Van Leeuwen (2011) Preenchidos com agregados
Coluna de concreto Água de mineração de
Shabalala et al. (2017) Laboratorial
permeável ouro e de carvão
Vadas, Smith e Luan Coluna de concreto
Laboratorial Água sintética
(2017) permeável
Coluna de concreto
Luck et al. (2008) Laboratorial Efluente agrícola
permeável
Fonte: Autora (2018).

As alterações na qualidade da água do escoamento superficial, após sua


percolação em pavimentos permeáveis, têm sido analisadas sob uma variada gama
de parâmetros que, para análise e discussão, foram agrupados em metais pesados
25

(cádmio, cobre, chumbo e zinco), físico-químicos (sólidos suspensos totais e pH),


nutrientes (fósforo e nitrogênio totais) e óleos.
A concentração de metais pesados no escoamento superficial é uma grande
preocupação e está diretamente ligada com o tráfego rodoviário (COLANDINI et al.,
1995; FASSMAN; BLACKBOURN, 2011; HONG; ZHU; LIU, 2017). Sua remoção pode
ocorrer com a retenção de sólidos suspensos, através de fenômenos de adsorção
(COLANDINI et al., 1995; LEGRET; COLANDINI, 1999; LEGRET; COLANDINI; LE
MARC, 1996; JIANG et al., 2015; TENG; SANSALONE, 2004) e decorrente da
precipitação de íons metálicos em presença dos produtos da dissolução de agregados
com pH básico das camadas de base (MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011).
Analisando-se o comportamento do cobre em diversos estudos utilizando
diferentes tipos de revestimentos: pavimento intertravado, de concreto e asfalto
permeável (FASSMAN; BLACKBOURN, 2011; JIANG et al., 2015), inclusive nos
estudos que analisaram somente a camada de base ou a camada de revestimento de
concreto permeável (MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011; VADAS; SMITH;
LUAN, 2017), constata-se uma significativa redução de sua concentração, com taxas
de remoção variando de 70 a 95% ou até mesmo ocorrendo valores não detectáveis.
O pavimento permeável intertravado é o que apresenta maior variação nos resultados
da taxa de remoção do cobre, uma redução máxima de até 70% (FASSMAN;
BLACKBOURN, 2011) a uma remoção baixa que variou de 7 a 13% (BEECHAM;
PEZZANITI; KANDASAMY, 2012).
Os índices de redução das concentrações de zinco e chumbo também foram
elevados, valores superiores a 90% ou não detectáveis (FASSMAN; BLACKBOURN,
2011; JIANG et al., 2015; MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011; VADAS;
SMITH; LUAN, 2017). Entretanto, Beecham, Pezzaniti e Kandasamy (2012) obtiveram
uma remoção máxima de zinco e chumbo em torno de 39 e 60%, respectivamente.
A remoção de cádmio com a percolação do escoamento superficial em coluna
de concreto permeável variou entre 60 e 90% (VADAS; SMITH; LUAN, 2017). Com o
pavimento permeável intertravado obteve-se variações de redução na faixa de 12 a
48% (BEECHAM; PEZZANITI; KANDASAMY, 2012), ou estava abaixo do limite de
detecção em todas as análises (NNADI et al., 2015).
Nnadi et al. (2015), objetivando avaliar a reutilização do escoamento superficial
na irrigação, constataram que os níveis dos metais pesados eram inferiores aos limites
26

que representam toxicidade para o uso da água na agricultura, após a percolação do


escoamento superficial em pavimento de concreto permeável.
Nitrogênio e fósforo são nutrientes encontrados nos poluentes do escoamento
superficial, portanto, se ocorrer infiltração desses nutrientes pelo pavimento
permeável, pode-se ter como resultado a poluição de águas subterrâneas (JIANG et
al., 2015). Nitrogênio é propenso a lixiviação vertical no solo, alcançando os lençóis
freáticos, desta forma, pode ser transportado, principalmente como nitrato (DUPAS et
al., 2017; MOLENAT et al., 2008), enquanto que o fósforo tendo uma maior afinidade
de adsorção no solo tem menor propensão de lixiviar (DUPAS et al., 2017).
Entretanto, a possibilidade de lixiviação do fósforo em águas subterrâneas rasas foi
verificada em alguns estudos (DUPAS et al., 2015; HOLMAN et al., 2010;
MEINIKMANN; HUPFER; LEWANDOWSKI, 2015; MELLANDER et al., 2016). Altas
concentrações de nitrogênio e fósforo, em águas superficiais, podem acarretar
processos de eutrofização, que resulta na depleção do oxigênio dissolvido e
crescimento de cianobactérias tóxicas (LUCK et al.; 2008).
Com o pavimento permeável intertravado obteve-se uma redução de 32 a 60%
na concentração de nitrogênio total, devido à captura de nitrogênio na camada de
base do pavimento que contém os sedimentos finos (BEECHAM; PEZZANITI;
KANDASAMY, 2012). Já na percolação de efluente agrícola em colunas de concreto
permeável, a concentração foi significativamente mais baixa e a remoção tendo sido
considerada realizada por microrganismos presentes nos poros do concreto
permeável (LUCK et al., 2008).
Em um estudo utilizando pavimentos permeáveis intertravado e de concreto
permeável executado in loco, a diferença de concentração de nitrogênio total entre a
concentração do escoamento superficial e do percolado nos pavimentos não foi
significativa devido à falta de condições anaeróbicas (BROWN; BORST, 2015). Para
o pavimento de asfalto permeável, a remoção de nitrogênio total foi ineficiente (JIANG
et al., 2015), obtendo-se uma concentração significativamente maior quando
comparada com o escoamento superficial, o que evidencia a lixiviação do nitrogênio
a partir de materiais do asfalto permeável (BROWN; BORST, 2015). A remoção do
nitrogênio também não foi eficiente na percolação do escoamento superficial sintético
nas camadas de base (MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011).
Os estudos analisados são unânimes quanto à capacidade de remoção do
fósforo total pelos pavimentos permeáveis; ela é significativa, podendo ser superior a
27

85%, considerando-se as várias camadas do pavimento permeável (BEECHAM;


PEZZANITI; KANDASAMY, 2012; JIANG et al., 2015; NNADI et al., 2015), somente a
camada de base (MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011) ou em colunas de
concreto permeável (LUCK et al.; 2008). A remoção de fósforo total, em geral é
decorrente de adsorção e/ou filtração ou por reações que precipitam íons fosfatos
(JIANG et al., 2015; LUCK et al., 2008).
O pH, dentre os parâmetros físico-químicos analisados, é muito importante,
pois afeta a precipitação, a dissolução e a transformação biológica de alguns
nutrientes (BROWN; BORST, 2015). Com o pavimento de asfalto permeável, Jiang et
al. (2015) concluíram que o pH do escoamento superficial não apresentava diferenças
significativas após a percolação. Enquanto no estudo de Brown e Borst (2015), o
escoamento atingiu valores de pH na faixa de 10,7 a 11,5; superior aos valores obtidos
para os pavimentos permeáveis intertravado e de concreto permeável. Valores
elevados de pH implicam em uma nitrificação incompleta, o que acarretou em maiores
concentrações de nitrito e amônia (BROWN; BORST, 2015).
No caso de pavimento de concreto permeável, o pH manteve-se em uma faixa
de 6 a 8,8 (BROWN; BORST, 2015; NNADI et al., 2015), mas para o caso de coluna
contendo apenas concreto permeável com espessuras de 140 mm e 400 mm, Luck et
al. (2008) e Shabalala et al. (2017), respectivamente, o pH foi significativamente mais
elevado. Para camadas de base preenchidas com dolomita e quartzito, ocorre um
aumento significativo do pH (MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011), entretanto
em outro estudo, somente a camada de base preenchida com basalto obteve um
aumento do pH, enquanto que para a dolomita e o quartzito a diferença não foi
significativa (KAZEMI; HILL; 2015).
Em relação à remoção de sólidos suspensos totais os pavimentos apresentam
alta eficiência. O pavimento permeável intertravado atinge níveis de remoção
superiores a 70% (BEECHAM; PEZZANITI; KANDASAMY, 2012; FASSMAN;
BLACKBOURN, 2011). O pavimento de asfalto permeável e a coluna de concreto
permeável alcançam uma remoção de 90% (LUCK et al.; 2008; JIANG et al., 2015).
Poluentes como óleos são provenientes de uma fonte crônica ocasionada pelo
tráfego de veículos (BROWN; PEAKE, 2006), entretanto sua remoção em pavimentos
permeáveis é pouco avaliada. O pavimento de asfalto permeável removeu 65% do
óleo animal e vegetal presente no escoamento superficial (JIANG et al., 2015),
enquanto o pavimento permeável de concreto obteve uma retenção de óleo superior
28

a 90% (NNADI et al., 2015). Conforme Newman et al. (2004), os pavimentos


permeáveis realizam a biodegradação de hidrocarbonetos por eles adsorvidos, o que
explica a remoção de óleos nos estudos citados.
A partir da análise dos poluentes presentes no escoamento superficial (metais
pesados, nutrientes, óleos e sólidos suspensos totais), antes e após a percolação em
pavimentos permeáveis, é possível observar a redução em sua concentração.
Portanto, ocorre a retenção dos poluentes no interior dos pavimentos permeáveis, e
com o tempo há a sua obstrução. Desta forma, a capacidade de infiltração dos
pavimentos permeáveis é gradualmente reduzida (CHOPRA et al., 2010).
Para que a funcionalidade hidráulica dos pavimentos permeáveis seja mantida
e, consequentemente a retenção de poluentes do escoamento superficial, há a
necessidade de aplicação de métodos de manutenção (AL-RUBAEI et al., 2013).
Estudos indicam que a lavagem sob pressão e a aspiração são os métodos mais
eficientes na recuperação das taxas de infiltração dos pavimentos permeáveis
(DRAKE; BRADFORD; MARSALEK, 2013; GOLROO; TIGHE, 2012), e a combinação
dos dois métodos apresenta uma eficiência ainda maior do que aplicados
individualmente (CHOPRA, et al., 2010; HEIN; DOUGHERTY; HOBBS, 2013;
SCHAEFER; KEVERN, 2011).
29

3 METODOLOGIA

O estudo foi realizado com um pavimento permeável modelo e para tanto foi
necessário determinar as camadas que o compuseram e caracterizá-las, dentre elas
em especial a de revestimento em concreto permeável, além de construir este
pavimento. Após avaliação optou-se por utilizar água de escoamento superficial
natural que foi coletada através de um sistema que teve que ser construído. Para cada
etapa de procedimento experimental (estudo exploratório, concreto permeável com e
sem compactação) foi feita a montagem dos pavimentos, com a substituição das
camadas de base. Com estas primeiras tomadas de decisão determinaram-se quais
vazões seriam utilizadas e quais os parâmetros que seriam avaliados. Em todas as
etapas de procedimento experimental foram aplicadas as três vazões (17, 33 e 50
mL.min-1) e realizadas as análises de turbidez, cor aparente, pH e temperatura. Em
relação ao pavimento com o concreto permeável compactado, com a vazão
intermediária de 33 mL.min-1, foram também analisados os parâmetros de
concentração de zinco, de cobre, microbiológico e de óleos e graxas (Figura 5).
30

Figura 5 – Fluxograma da metodologia.

Fonte: Autora (2018).

O sistema experimental foi instalado nas dependências da “casa modelo” no


Campus II da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), e era
constituído de dois reservatórios (um utilizado na execução do procedimento
experimental e o outro na captação do escoamento superficial) e, três pavimentos
permeáveis modelo, um para cada método de dosagem de concreto permeável. Os
três pavimentos permeáveis foram operados nos mesmos dias, mas não
simultaneamente (Figura 6).
31

Figura 6 – Local da instalação dos pavimentos permeáveis.

Fonte: Autora (2018).

A pesquisa foi realizada em quatro etapas:


- Execução do pavimento permeável;
- Estudo exploratório;
- Obra para a captação do escoamento superficial;
- Realização dos ensaios nos pavimentos permeáveis com os concretos
permeáveis não compactados e compactados, aplicando-se 3 diferentes vazões.

3.1 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

O experimento foi conduzido em pavimentos permeáveis com revestimento de


concreto permeável executado com três diferentes métodos de dosagem, American
Concrete Institute (2010), Zheng, Chen e Wang (2012) e de Nguyen et al. (2014), cuja
confecção foi feita em conjunto com a mestranda Bruna Carls que analisou a
resistência e coeficiente de permeabilidade destes concretos.
Já neste trabalho avaliou-se o efeito da percolação da água do escoamento
superficial em função dos diferentes métodos, mas também foi avaliada a influência
da vazão e da compactação ou não do concreto permeável (Figura 7). Foram
32

realizados quatro experimentos com a vazão de 17 mL min-1, com o concreto dosado


pelo método ACI e com compactação, e mais quatro experimentos com a vazão de
17 mL min-1, com o concreto dosado pelo método ACI e sem compactação. Realizou-
se o mesmo procedimento para o método de Ngu e Zhe. Utilizando-se a vazão de 33
mL min-1, repetiu-se o mesmo procedimento e para a vazão de 50 mL min-1 o número
de repetições foi de 8 em vez de 4, totalizando assim, 96 experimentos.

Figura 7 – Quantificação de experimentos.

Fonte: Autora (2018).

Considerando todas as variações aplicadas neste trabalho (vazões, métodos


de execução do concreto permeável e compactação) foram realizados 96
experimentos. Para a primeira vazão que foi aplicada nos pavimentos, 50 mL.min-1,
viu-se a necessidade de uma maior quantidade de experimentos, devido as variações
obtidas, nos primeiros experimentos após a montagem do pavimento, nos resultados
de turbidez e cor aparente, decorrente do adensamento das camadas de base
(GHERAIRI et al., 2015; POMPEI et al., 2017; TOUIL et al., 2014).
33

Com as vazões de 17 e 33 mL.min-1, os experimentos foram repetidos 4 vezes,


pois após um intervalo na execução dos experimentos, observou-se que no primeiro
dia de experimento os valores de turbidez e cor aparente eram extremamente baixos
em comparação com os dias subsequentes.

3.2 EXECUÇÃO DO PAVIMENTO PERMEÁVEL

O período inicial da pesquisa foi voltado para a preparação dos três suportes
dos pavimentos permeáveis de tubos rígidos de PVC, dentro dos quais posteriormente
foram montados os pavimentos permeáveis (Figura 8a). Na parte inferior dos tubos foi
fixado com silicone um cone metálico, o qual foi pintado, de modo a evitar
interferências na água do escoamento superficial (Figura 8b). No cone metálico foi
fixada uma tela de aço inoxidável como suporte para a inserção das camadas de base
e de revestimento em concreto permeável (Figura 8c).

Figura 8– Preparação dos suportes dos pavimentos permeáveis: a) tubos de PVC, b) parte
inferior cônica. c) suporte fixados na parte cônica.

b)

a) c)
Fonte: Autora (2018).
34

3.2.1 Preparo da camada de revestimento do pavimento permeável – concreto


permeável

O pavimento permeável tinha como camada de revestimento o concreto


permeável que foi utilizado nos três estudos, o estudo exploratório, sem a
compactação e com a compactação do concreto permeável e com os três diferentes
métodos de dosagem do concreto (American Concrete Institute (2010), Zheng, Chen
e Wang (2012) e de Nguyen et al. (2014)), o que totalizou 9 peças de concreto
permeável (Figura 9). Para cada etapa, foi confeccionada uma peça segundo cada
um dos três métodos de dosagem do concreto permeável, no qual foram utilizados
agregados graúdos e miúdos. As peças foram confeccionadas com 6 cm de
espessura, que é o mínimo permitido para camada de revestimento de pavimentos
permeáveis de concreto (ABNT, 2015).

Figura 9 – Peça de concreto permeável.

Fonte: Autora (2018).

A compactação das peças de concreto permeável consistiu em utilizar um


cilindro de concreto convencional (diâmetro de 100 mm e altura de 200 mm), com uma
massa de 3,96 kg como um rolo, desta forma, o cilindro foi passado duas vezes sobre
a peça de concreto permeável após sua moldagem.
As peças de concreto permeável foram executadas de acordo com a
granulometria adaptada para cada método de dosagem, sendo que a definição do
traço foi realizada por Carls (2018) e, todo o desenvolvimento está descrito em sua
dissertação (Tabela 1).
35

Tabela 1 – Consumo de material no concreto permeável com granulometria adaptada ao


método.
Cimento Água Brita Areia
Método Relação a/c
(kg . m-3) (kg . m-3) (kg . m-3) (kg . m-3)
ACI 344 109 1527 106 0,32
Ngu 338 115 1427 99 0,34
Zhe 249 100 1544 107 0,40
ACI – American Concrete Institute (2010); Ngu – Nguyen et al. (2014); Zhe – Zheng, Chen e Wang
(2012).
Fonte: Adaptado de Carls (2018).

No momento de acomodar a peça de concreto permeável dentro do tubo de


PVC, foi feita uma vedação na lateral das peças com silicone, garantindo que a água
do escoamento superficial percolasse por toda a camada de revestimento e não
houvesse uma fuga entre a parede do tubo de PVC e a lateral da peça (Figura 10).

Figura 10 – Peça de concreto permeável com vedação lateral.

Fonte: Autora (2018).

3.2.1.1 Confecção dos moldes para execução das peças de concreto permeável

Inicialmente pensou-se em cortar as placas de concreto, entretanto devido à


dificuldade da realização do corte, que poderia danificar as peças de concreto
permeável e por não conseguir cortar no diâmetro necessário, foram feitos moldes
com um tubo em PVC rígido igual ao que posteriormente foi utilizado na montagem
dos pavimentos permeáveis.
O molde foi cortado com a altura de 6 cm, correspondente à altura das peças de
concreto permeável. As abraçadeiras permitiam o fechamento do molde e, posterior
abertura para o desmolde das peças (Figura 11).
36

Figura 11 – Molde para confecção das peças de concreto permeável.

Fonte: Autora (2018).

Para executar o pavimento permeável modelo foi utilizada uma camada de


base bifásica, composta por areia fina e brita 0, sendo que tanto o agregado miúdo
quanto o graúdo foram caracterizados.

3.2.2 Caracterização das camadas de base do pavimento permeável

A caracterização da areia fina e da brita 0 foi feita em duas etapas, a primeira


ocorreu com o peneiramento mecânico de ambos os materiais, para a determinação
de suas curvas granulométricas. Com a distribuição granulométrica estabelecida,
determinou-se o diâmetro superficial médio (Ds) (Equação 1), coeficiente de
uniformidade (Cu) (Equação 2), o módulo de finura (MF) (Equação 3), o diâmetro
efetivo D10 e o diâmetro D60.

∆Xi
∑n
i
Ds = � Di
∆Xi (1)
∑n
i Di3

Onde:
𝐷𝐷𝐷𝐷 = diâmetro superficial médio (mm);
𝐷𝐷𝐷𝐷 = diâmetro interno da peneira (mm);
∆𝑋𝑋𝑋𝑋 = porcentagem parcial retida (mm).
37

D
Cu = �D60 (2)
10

Onde:
𝐶𝐶𝐶𝐶 = coeficiente de uniformidade;
𝐷𝐷10 = diâmetro da malha que permite a passagem de 10% do material (mm);
𝐷𝐷60 = diâmetro da malha que permite a passagem de 60% do material (mm).

∑ % acumulada sem o fundo


Mf = 10
(3)

Onde:
Mf = módulo de finura.

A segunda etapa transcorreu com o auxílio de um permeâmetro (Figura 12),


que permitiu verificar o comportamento das camadas de base, determinando sua
condutividade hidráulica (Equação 4) e permeabilidade por meio da lei de Darcy
(Equação 5).

Figura 12 – Permeâmetro preenchido com: areia fina, b) brita 0.

Fonte: Autora (2018).

Kd ⋅S ⋅ ∆H
Q= L
(4)

Onde:
Q = vazão (m³ . s-1);
38

K d = condutividade hidráulica (m . s-1);


S = área de seção transversal (m²);
∆H = carga hidráulica disponível (m);
L = espessura da camada filtrante (m).

K ⋅ S ⋅ ∆P
Q= μ∙L
(5)

Onde:
Q = vazão (m³ . s-1);
K = permeabilidade (m²);
S = área de seção transversal (m²);
∆P = diferença de pressão (Pa);
L = espessura da camada filtrante (m);
μ = viscosidade dinâmica (N . s . m-2).

3.2.3 Dimensionamento do reservatório

A espessura das camadas de base foi calculada conforme Silveira e Goldenfum


(2007), a partir das seguintes equações:

2
𝑎𝑎 𝑏𝑏� 𝑐𝑐
𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥 = ��60 . �𝛽𝛽 ∙ T 2 − �60 . √𝛾𝛾 . √𝐻𝐻 . �𝑞𝑞𝑠𝑠 � (6)

Onde:
𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥 = volume de dimensionamento (mm);
𝑎𝑎, 𝑏𝑏, 𝑐𝑐 = parâmetros da equação de Talbot;
𝛽𝛽 = produto do coeficiente de escoamento pela razão entre a área contribuinte e a
área do dispositivo;
𝛾𝛾 = razão entre a área de percolação e volume do dispositivo (mm-1);
𝐻𝐻 = profundidade média do volume de acumulação do dispositivo (mm);
𝑞𝑞𝑠𝑠 = vazão de saída constante do dispositivo (mm.h-1);
𝑇𝑇 = período de retorno (anos).
39

A expressão de Talbot (Equação 7) possibilita a obtenção do volume máximo


(SILVEIRA; GOLDENFUM, 2007):

𝑎𝑎 ∙𝑇𝑇 𝑏𝑏
𝑖𝑖 = (7)
𝑡𝑡+𝑐𝑐

Onde:
𝑖𝑖 = intensidade da chuva (mm.h-1);
𝑡𝑡 = duração da chuva (minutos);

Para o pavimento permeável considera-se a área de percolação equivalente a


área do dispositivo em planta, então:

√𝛾𝛾 . √𝐻𝐻 = 1 (8)

Logo a equação 6 pode ser reescrita da seguinte forma:

2
𝑎𝑎 𝑏𝑏 𝑐𝑐
𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥 = ��60 . �𝛽𝛽 ∙ T �2 − �60 . �𝑞𝑞𝑠𝑠 . � (9)

Os parâmetros a, b e c da equação de Talbot foram calculados a partir das


constantes k, m, b e n fornecidas por Back (2014), para a estação pluviométrica de
Blumenau, localizada na região central no município, código 02649007, coordenadas
26°55'05,0"S e 49°03'55,0"W (BRASIL, 2009). As constantes k, m, b e n são
parâmetros determinados para cada local, obtidas a partir de regressões entre a
intensidade de chuva com período de retorno de 10 anos e, são fornecidas para
precipitações com duração de até 120 minutos e para precipitações com duração entre
120-1440 minutos (BACK, 2002). Como o enfoque do presente estudo não tem como
intuito analisar longos períodos de chuva, utilizaram-se os valores para uma
precipitação com tempo inferior ou igual a 120 minutos (Tabela 2):
40

Tabela 2 – Constantes utilizadas para determinar os parâmetros da equação de Talbot.

k m b n

782,4 0,193 9 0,7


Fonte: Autora (2018).

A partir das constantes, calcula-se os parâmetros através das seguintes


fórmulas:

𝑎𝑎 = 0,68 ∙ 𝑘𝑘 ∙ 𝑒𝑒 (0,06 ∙ 𝑛𝑛−0,26 ∙ 𝑏𝑏1,13 ) (10)

𝑏𝑏 = 𝑚𝑚 (11)

𝑐𝑐 = 1,32 ∙ 𝑛𝑛−2,28 ∙ 𝑏𝑏 0,89 (12)

Substituindo os valores das constantes k, m, b e n, obtêm-se os parâmetros da


equação de Talbot (Tabela 3).

Tabela 3 – Parâmetros a, b e c da equação de Talbot.

a b c

1170,346 0,193 21,039


Fonte: Autora (2018).

Para o cálculo de 𝛽𝛽, considerou-se a área contribuinte com as mesmas


dimensões do pavimento permeável, então o 𝛽𝛽 será igual a (SILVEIRA;
GOLDENFUM, 2007):

𝐴𝐴𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 −𝐶𝐶∙𝐴𝐴
𝛽𝛽 = (13)
𝐴𝐴𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝

Onde:
𝐴𝐴𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 = área do pavimento permeável (m²);
𝐶𝐶 = coeficiente de escoamento ponderado;
𝐴𝐴 = área total de contribuição, exceto a área do pavimento permeável;
41

Admitiu-se para o coeficiente de escoamento ponderado um valor de 0,9,


obtendo-se assim para β o resultado de 1,9.
O período de retorno (𝑇𝑇) admitido é de 10 anos (ABNT, 2015). Já o cálculo do
𝑞𝑞𝑠𝑠 depende do tipo de solo, pois depende da condutividade saturada do solo:

𝑞𝑞𝑠𝑠 = 𝛼𝛼 ∙ 𝐾𝐾𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 (14)

Onde:
𝛼𝛼 = coeficiente redutor devido à colmatação;
𝐾𝐾𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 = condutividade hidráulica saturada do solo (mm∙h-1).

No município de Blumenau há a presença de solo do tipo argissolo e


cambissolo, e pelo fato de o cambissolo não ser tão profundo, entre 0,5 a 1,5 m
(OBSERVATÓRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL, 2009), utilizou-se seu
valor médio para 𝐾𝐾𝑠𝑠𝑎𝑎𝑡𝑡 para os cálculos, 10-5 cm/s (BETIM, 2013) e, coeficiente redutor
devido à colmatação, 𝛼𝛼 = 0,1 (SILVEIRA; GOLDENFUM, 2007). Com esses valores
se obtém o valor de 𝑞𝑞 𝑠𝑠 = 0,036 mm∙h-1.
Para obter o valor da constante a corrigido, igualou-se a equação 7 e a
equação a seguir (Equação 15):

𝑘𝑘 ∙𝑇𝑇 𝑚𝑚
𝑖𝑖 = (𝑡𝑡+𝑏𝑏)𝑛𝑛 (15)

Igualando as duas equações:

𝑎𝑎 ∙𝑇𝑇 𝑏𝑏 𝑘𝑘 ∙𝑇𝑇 𝑚𝑚
= (16)
𝑡𝑡+𝑐𝑐 (𝑡𝑡+𝑏𝑏)𝑛𝑛

A seguir são apresentados todos os dados utilizados para calcular o 𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥 ,


incluindo o valor da constante a corrigido (Tabela 4):

Tabela 4 – Valores utilizados para calcular Vmáx.


a b c 𝛽𝛽 𝑞𝑞𝑠𝑠 T
3272,87 0,19 21,04 1,9 0,036 mm∙h-1 10 anos
Fonte: Autora (2018).
42

O valor de 𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥 obtido foi de 158,79 mm, que foi aplicado na equação 17 para
se obter a espessura da camada do reservatório.

𝑉𝑉𝑚𝑚á𝑥𝑥
𝐻𝐻 = (17)
𝜂𝜂

Onde:
𝜂𝜂 = porosidade do material de enchimento do dispositivo.

A porosidade utilizada para efeito de cálculo da brita foi 40% (ARAÚJO; TUCCI;
GOLDENFUM), aplicando este valor na equação 12, resulta em uma camada de 40
cm de brita.

3.2.4 Definição da estrutura do pavimento permeável

O pavimento permeável foi construído com base na estrutura utilizada por Jiang et al.
(2015), dentro de um suporte de tubo de PVC de 200 mm de diâmetro (concreto
permeável, brita 0, areia fina e manta geotêxtil) (ZIPF; PINHEIRO; CONEGRO, 2016;
ZIPF et al., 2013). Na parte superior foram colocadas as peças de concreto permeável,
seguidas pela camada reservatório de 40 cm de brita 0. Abaixo da camada de
reservatório de brita, foi aplicada uma camada de 30 cm de areia fina que promove a
filtração do escoamento superficial (BEECHAM; PEZZANITI; KANDASAMY, 2012;
JIANG et al., 2015). Sob a camada de areia fina, foi colocado 10 cm de brita como
camada suporte para evitar a perda do meio filtrante de areia durante os experimentos,
assim como também foi colocada a manta geotêxtil entre e ao redor das camadas
de base (JIANG et al., 2015; NNADI et al.; 2015) (Figura 13).
Durante a montagem dos filtros foi feita a compactação do agregado graúdo
de acordo com a NBR NM 45 (ABNT, 2006), ou seja, o agregado foi fracionado em
três partes e, após a adição de cada parte, efetuaram-se 25 golpes com a
haste de adensamento. Para o agregado miúdo, o adensamento ocorreu a partir
da limpeza dos pavimentos, realizada após sua montagem.
43

Figura 13 – Configuração do pavimento permeável.

Fonte: Autora (2018).

3.3 DETERMINAÇÃO DAS VAZÕES

Para a determinação das vazões aplicadas nos pavimentos permeáveis,


primeiramente calculou-se a altura de chuva de acordo com a equação 2 e os
parâmetros utilizados no dimensionamento do reservatório, obtendo-se 63 mm.h-1
(SILVEIRA; GOLDENFUM, 2007). Aplicando este valor para a área do pavimento
(0,0314 m²) se obteve a vazão de 33 mL.min-1, para as demais vazões considerou-se
um valor 50% maior e 50% menor que a vazão inicialmente calculada (Tabela 5).

Tabela 5 – Vazões aplicadas nos pavimentos de concreto permeável.


Vazão (mL.min-1) Intensidade de chuva (mm.h-1)
17 32,5
33 63,0
50 95,5
Fonte: Autora (2018).
44

3.4 CARACTERIZAÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL

No desenvolvimento da pesquisa viu-se duas possibilidades de água para o


escoamento superficial, reproduzi-la sinteticamente ou captar o escoamento
superficial natural. Para auxiliar na tomada de decisão, foi feita a caracterização do
escoamento superficial durante o mês de novembro de 2016 e, posteriormente
durante a execução dos experimentos, no período de maio a novembro de 2017,
retornou-se a analisar os parâmetros de cor aparente, turbidez e pH.
Os dados obtidos a partir da caracterização do escoamento superficial foram
comparados com os padrões de classificação de águas doces, classe II, que podem
ser destinadas ao abastecimento para consumo humano (após tratamento), à
recreação, à irrigação, à aquicultura e à atividade de pesca, conforme resolução n.
357 (CONAMA, 2005); a resolução n. 430 com os valores padrões para o lançamento
de efluentes em corpos d’água (CONAMA, 2011); e, a estudos que se dedicaram a
investigar a qualidade da água de escoamentos superficiais (Tabela 6).
Analisando-se o pH, percebe-se que dentro do intervalo apresentado pode-se
constatar, que os resultados da presente pesquisa se enquadram nos limites das duas
resoluções e seus resultados são semelhantes ao apresentado por Fassman e
Blackbourn (2011) e Jiang et al. (2015). Fuerhacker et al. (2011) obtiveram uma faixa
de variação maior para o pH, enquanto no estudo de Brown e Borst (2015), os valores
são menores.
Na caracterização da turbidez, a faixa de valores, do presente trabalho se
encontra abaixo da média de turbidez apresentada por Jiang et al. (2015). Apesar de
menor valor encontrado estar de acordo com o padrão de águas doces, classe II, o
maior valor, 595 NTU, está 5 vezes acima do permitido na resolução.
Em relação a cor parente, há uma grande variação nos valores encontrados, e
tanto as resoluções quanto os estudos não trazem este resultado. Os maiores valores,
de cor aparente e de turbidez, foram observados após um período sem ocorrência de
chuva ou quando o volume de chuva era baixo e, consequente o volume do
escoamento superficial também era menor, concentrando o material em suspensão.
A captação do escoamento superficial ocorreu durante vários eventos de
precipitação, desta forma os valores aplicados nos pavimentos permeáveis foram
aproximadamente as médias dos parâmetros analisados. Portanto, optou-se por usar
nos experimentos a água do escoamento natural.
45

Tabela 6 – Parâmetros analisados do escoamento superficial e comparativo com diferentes


estudos e seus limites segundo as resoluções n. 357 (CONAMA, 2005) e n. 430 (CONAMA,
2011).

Brown e Borst
Fuerhacker et
Lançamento
de efluentes

Beecham et
Blackbourn
Fassman e

Jiang et al.
Água doce

al. (2011)

al. (2012)

Presente
pesquisa
classe II

(2011)

(2015)

(2015)
Parâmetro

Pavimento PAC PAC PAC PAC PAC PLS


Cor
aparente 30 -
– – – – – – –
(mg Pt 1497
Co.L-1)
6,9 -
pH 6,0 - 9,0 5,0 - 9,0 5,8 - 9,8 – 7,2 4,4 - 6,4 6,6 - 9,4
12,3
Turbidez
100 – – – – 785 – 4,3-595
(NTU)
PAC – Pavimento de asfalto convencional; PLS – Pavimento de lajotas sextavadas.
Fonte: Autora (2018).

3.5 COLETA DA ÁGUA DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL

A coleta da água do escoamento superficial foi feita após a realização de obras


no estacionamento do Campus II da universidade, para o desvio da água captada na
boca de lobo localizada próximo a casa modelo, local em que foi feita a montagem
dos pavimentos permeáveis (Figura 14).

Figura 14 – Ponto de coleta da água do escoamento superficial.

Fonte: Autora (2018).


46

3.5.1 Obra para a coleta do escoamento superficial

Devido à necessidade de captar um volume de água do escoamento superficial


que suprisse a necessidade da demanda de experimentos, foi realizada uma obra no
estacionamento do campus, que consistiu em desviar o fluxo normal da água do
escoamento superficial captada pela boca de lobo (1) e, direcioná-la ao reservatório
com capacidade de 5000 L (5) localizado no subsolo da casa modelo. Caso ocorresse
uma precipitação com um grande volume de chuva, que o sistema não tivesse
capacidade de captar todo o volume de água, o nível de água dentro da boca de lobo
aumentaria até alcançar a entrada da tubulação conectada ao sistema convencional
de drenagem do estacionamento (2) (Figura 15).

Figura 15 – Esquema do sistema de captação da água do escoamento superficial.

Fonte: Autora (2018).

3.6 REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS

O tempo de realização dos ensaios precisou ser estimado a fim de se realizar


a programação dos experimentos, e para tanto verificou-se na literatura que a duração
utilizada é, em geral, de uma hora (NNADI et al., 2014; JIANG et al., 2015). Entretanto,
para ter um maior acompanhamento do processo de percolação do escoamento
superficial, optou-se por dobrar o tempo obtido das pesquisas consultadas na
47

literatura, ou seja, cada ensaio durou duas horas. Tempo que está de acordo com o
período utilizado no dimensionamento da camada reservatório (BACK, 2002).
Foram realizados três experimentos por dia, um para cada método, sendo que
para cada vazão repetiu-se o experimento por quatro dias seguidos, com exceção da
primeira vazão aplicada (50 mL.min-1, para o concreto com e sem compactação), na
qual foi realizado o dobro de ensaios, devido ao adensamento das camadas de base.

3.6.1 Procedimento de execução

O procedimento experimental se inicia com a homogeneização da água do


escoamento superficial. Inicialmente foram testados agitadores disponibilizados na
FURB, no entanto, por ser um grande volume de água a ser homogeneizado, os
equipamentos não possuíam a potência necessária. Portanto, foi construído um
agitador especialmente para este propósito, a partir de uma furadeira acoplada com
um misturador de tintas, por 20 segundos (Figura 16). A agitação foi feita a cada cinco
minutos após o início do experimento até completar as duas horas de duração.

Figura 16 – Homogeneização da água do escoamento superficial.

Fonte: Autora (2018).

Posteriormente era aberta a válvula (2) (Figura 17) e com o auxílio de uma
proveta e um cronômetro era feito o ajuste da vazão de entrada (17, 33 e 50 mL.min-
1), e em seguida foram coletadas, em triplicata, as amostras da água bruta para as
análises físico-químicas (pH, temperatura, cor aparente e turbidez). Na sequência, a
mangueira (3) era fixada na parte superior do tubo rígido de PVC, dando início a
contagem das duas horas de experimento (Figura 17).
48

Figura 17 – Procedimento de execução experimental.

Fonte: Autora (2018).

Amostras foram coletadas a cada 15 minutos, em triplicada, para posterior


comparação dos resultados das análises físico-químicas com a água do escoamento
superficial bruta.
Com a vazão de 33 mL.min-1, para o concreto permeável compactado, além
dos parâmetros físico-químicos, realizou-se análises microbiológica, e a determinação
da concentração de cobre, zinco, e óleos e graxas. As análises microbiológicas foram
coletas após as duas horas de experimento, em triplicata, e refrigeradas para posterior
análise.
A coleta das amostras para analisar a concentração de cobre, zinco, óleos e
graxas ocorreu a partir de uma hora de experimento, pois foram necessários 1,8 L de
amostra para analisar estes parâmetros em triplicata, sendo que para a vazão de 33
mL.min-1 foi necessário em torno de uma hora para coletar este volume de água.
Após a execução dos três ensaios, um para cada método de concreto
permeável, foi aplicado aos três pavimentos, simultaneamente, água tratada no
mesmo fluxo da percolação da água do escoamento superficial (fluxo descendente)
durante 15 minutos, como forma de limpeza do pavimento, manteve-se uma lâmina
de 20 cm de água tratada sobre o pavimento. Após a limpeza dos filtros, foi analisada
a turbidez da água para averiguar sua eficiência, através do comparativo com os
valores para o padrão de água potável, de acordo com a portaria 2.914 (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2011).
49

Após a realização dos experimentos referente a cada etapa do procedimento


experimental (estudo exploratório, concreto permeável com e sem compactação), os
pavimentos foram desmontados e os agregados miúdos e graúdos substituídos, para
então se realizar a montagem do pavimento para o próximo experimento. Após a
montagem dos pavimentos, aplicou-se água tratada nos pavimentos, como forma de
limpeza, durante o período necessário para que a turbidez da água tratada percolada
pelo pavimento permeável se enquadrasse com o padrão estabelecido pela portaria
2.914 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

3.6.1.1 Reposição de água do escoamento superficial no reservatório

Para repor a água do escoamento superficial, do reservatório de 5000 L para o


reservatório de 310 L, inicialmente se homogeneizava manualmente com auxílio de
um tubo rígido de 2 m de comprimento a água armazenada do reservatório maior
(Figura 18a), posteriormente, abria-se a válvula de saída localizada na parte inferior
para a coleta da água (Figura 18b). Em seguida a água era adicionada no reservatório
de 310 L utilizado nos ensaios. A reposição de água do escoamento superficial foi
realizada sempre após o término dos experimentos, para evitar interferências nos
ensaios.

Figura 18 – Reservatório 5000 L: a) homogeneização da água do escoamento superficial, b)


local de coleta da água do escoamento superficial.

a) b)

Fonte: Autora (2018).


50

3.6.2 Parâmetros analisados

A verificação da interferência na água do escoamento superficial com a sua


percolação pelos pavimentos permeáveis ocorreu com a realização de análises
laboratoriais (Quadro 2), os parâmetros físico-químicos (pH, temperatura, cor
aparente e turbidez) foram realizados em todos os ensaios, enquanto as análises
microbiológicas (coliformes totais e E. coli), dos metais pesados (Cu e Zn) e de óleos
e graxas foram realizadas utilizando a camada de revestimento compactada com a
vazão de 33 mL.min-1.

Quadro 2 – Parâmetros analisados.


Parâmetro Método de análise Equipamentos utilizados
pH Potenciometria Peagâmetro
Temperatura - Termômetro
Turbidez Nefelométrico Turbidímetro
Cor aparente Espectrofotometria Espectrofotômetro
Espectrofotômetro de absorção
Cu Espectrofotometria
atômica em forno de grafite
Espectrofotômetro de absorção
Zn Espectrofotometria
atômica em forno de grafite
Óleos e graxas Extração em Soxhlet Soxhlet
Coliformes totais e E.
Colilert Seladora e estufa
coli
Fonte: Autora (2018).

3.7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados foram avaliados de acordo com a análise de variância (ANOVA)


e teste de Tukey para a verificação se há diferença entre a qualidade da água de
escoamento superficial antes e após a percolação no pavimento permeável, assim
como se há diferença significativa entre os três métodos de dosagem do concreto
permeável, a camada de revestimento com e sem compactação e as variações das
vazões aplicadas. A análise estatística foi utilizada para a eficiência de remoção do
parâmetro ou sua variação.
Em relação aos parâmetros analisados, não foi feita a análise dos resultados
da concentração de E. coli, pois de todas as amostras analisadas, somente uma
51

obteve presença da bactéria. Quanto à temperatura, devido à pouca variação da


temperatura antes e após a percolação do escoamento superficial nos pavimentos
permeáveis, também não se realizou a análise estatística dos resultados.

3.8 ESTUDO EXPLORATÓRIO

O estudo exploratório foi realizado antes dos ensaios apresentados neste


trabalho, pois foi uma etapa utilizada para compreender o funcionamento e averiguar
possíveis alterações nos ensaios.
A coleta de água do escoamento superficial, durante a etapa exploratória, foi
feita manualmente em uma boca de lobo do Campus II da Fundação Universidade
Regional de Blumenau (FURB), localizada no estacionamento do campus (Figura
19a). O recipiente utilizado para a coleta da água do escoamento superficial foi
confeccionado a partir da reutilização de um dos recipientes coletores da coleta
seletiva da FURB, que não estava mais em uso. Para a coleta foi necessário remover
a grade de proteção, colocar o recipiente e recolocar a grade (Figura 19b). Após o
enchimento do recipiente, a água do escoamento superficial coletada foi
acondicionada em um reservatório, para posteriormente ser utilizada nos ensaios com
os pavimentos permeáveis.

Figura 19 – Coleta manual da água do escoamento superficial: a) local, b) recipiente.

a) b)
Fonte: Autora (2018).

Devido à dificuldade da coleta, realizou-se uma obra que permitiu a captação


de um maior volume de água do escoamento superficial de um mesmo evento de
precipitação.
52

Os ensaios foram executados conforme os experimentos descritos neste


trabalho, entretanto, observou-se a necessidade de uma maior quantidade de ensaios
com a primeira vazão aplicada no pavimento permeável após a sua montagem, devido
ao adensamento das camadas de base.
Os ensaios com as vazões aplicadas, após a primeira (50 mL.min-1), seriam
realizados em triplicata (um a cada dia), entretanto foi verificado uma variação dos
resultados de cor aparente e turbidez, entre o primeiro e os dias subsequentes de
experimento. Devido a essa variação, decidiu-se executar os experimentos em quatro
dias seguidos, para acompanhar melhor a variação desses parâmetros.
53

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados são apresentados trazendo primeiro a caracterização das


camadas de base que foram utilizadas para se construir o pavimento permeável
modelo. Posteriormente é feita a avaliação da influência da camada de concreto
permeável segundo os três métodos de dosagem, juntamente com a verificação da
influência das três vazões aplicadas, com os parâmetros de cor aparente, pH e
turbidez. A avaliação da interferência dos métodos de dosagem e vazões foi realizada,
em um primeiro momento, para o concreto permeável sem compactação, seguido do
concreto permeável compactado. Por último encontra-se a avaliação dos parâmetros
analisados somente com o concreto permeável compactado, com a vazão de 33
mL.min-1 (concentração de cobre, zinco, coliformes totais, óleos e graxas), sendo que
para todos os parâmetros citados foi realizada a avaliação da interferência dos três
métodos de dosagem compactados.
Quanto aos resultados de concentração de E. coli e temperatura, não foi
realizada a análise e discussão, pois para E. coli somente uma amostra apresentou
presença da bactéria. E a temperatura, devido a sua pouca variação antes e após a
percolação do escoamento superficial nos pavimentos permeáveis, também não feita
a discussão de seus resultados.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL BRUTO

Antes de iniciar cada experimento, após a homogeneização do escoamento


superficial bruto, foram coletadas amostras as quais posteriormente seriam utilizadas
para verificar a influência da percolação do escoamento superficial nos pavimentos de
concreto permeável. Em todos os experimentos foram analisados os parâmetros de
cor aparente, pH e turbidez no escoamento superficial bruto (Tabela 7).

Tabela 7 – Dados do escoamento superficial utilizado nos experimentos.


Cor aparente
Parâmetro pH Turbidez (NTU)
(mg Pt Co . L-1)
Média 7,9 75,7 381,2
Desvio padrão 0,2 12,3 65,7
Faixa de variação 7,2 - 8,6 50,7 - 108,7 224,7-597,0
Fonte: Autora (2018).
54

4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS CAMADAS DE BASE

Os resultados aqui apresentados dizem respeito ao agregado graúdo, brita 0 e


ao agregado miúdo, a areia fina que compõem as camadas de base.

4.2.1 Granulometria

A análise da composição gravimétrica dos agregados está expressa através


das curvas granulométricas, o diâmetro médio superficial (Ds), o módulo de finura
(MF), o diâmetro efetivo (D10), o diâmetro (D60), e o coeficiente de uniformidade (Cu)
(Figura 20).

Figura 20 – Curvas granulométricas das camadas de base do pavimento permeável: a) areia


fina; b) brita 0.

100 a)
90
Passante acumulado (%)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1
Abertura da peneira (mm)
100 b)
90
Passante acumulado (%)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
4,75 Abertura da peneira (mm)

Fonte: Autora (2018).


55

A caracterização granulométrica das camadas de base permite observar a


função de cada camada, a de brita por ter uma granulometria maior funciona como
um reservatório acumulando a água nos poros formados entre os grãos, enquanto a
areia realiza a filtração da água do escoamento superficial (Tabela 8).

Tabela 8 – Caracterização granulométrica das camadas de base do pavimento permeável.

Parâmetro Areia fina Brita 0


Diâmetro superficial médio (mm) 0,24 8,56
Módulo de finura 1,48 2,48
Diâmetro efetivo D10 (mm) 0,02 5,59
D60 (mm) 0,30 10,23
Coeficiente de uniformidade 13,85 1,83
Fonte: Autora (2018).

4.2.2 Condutividade hidráulica e permeabilidade

A condutividade hidráulica da areia fina medida foi de 2,0 x 10-5 m.s-1, com um
desvio padrão de 4,4 x 10-6 m.s-1, enquanto a permeabilidade foi de 2,0 x 10-12 m²,
com um desvio padrão de 4,5 x 10-13 m² (Figura 21a). A condutividade hidráulica da
areia fina encontrada na literatura, utilizada como meio filtrante, foi de 3,0 x 10-5 m.s-1,
valor próximo ao obtido no presente estudo (MURNANE et al., 2016). Entretanto
também são encontrados valores como 4,8 x 10-3 m.s-1 (ZIPF et al., 2013), 240 vezes
maior, o que demonstra a variabilidade da condutividade hidráulica da areia em
estudos que utilizam a areia como meio filtrante.
Para a brita 0, a condutividade hidráulica foi de 4,1 x 10-2 m.s-1, com um desvio
padrão de 2,8 x 10-2 m.s-1, alcançando uma permeabilidade de 4,2 x 10-9 m², com um
desvio padrão de 2,8 x 10-9 m.s-1 (Figura 21b). De acordo com a literatura encontrada,
a condutividade hidráulica da brita 0 é 9,2 x 10-2 m.s-1, duas vezes maior que o obtido
com a brita utilizada como camada reservatório (BRASIL; MATOS, 2008).
56

Figura 21 – Permeabilidade das camadas de base do pavimento permeável: a) areia fina, b)


brita 0.

3,5E-09
a)
3,0E-09

2,5E-09
QLµ/A (N)

2,0E-09

1,5E-09

1,0E-09

5,0E-10

0,0E+00
0 200 400 600 800 1.000 1.200
Diferença de pressão (Pa)

2,5E-06
b)
2,0E-06
QLµ/A (N)

1,5E-06

1,0E-06

5,0E-07

0,0E+00
0 200 400 600 800 1.000 1.200
Diferença de pressão (Pa)

Fonte: Autora (2018).

4.3 INFLUÊNCIA DA VAZÃO E DOS MÉTODOS DE DOSAGEM DO CONCRETO


PERMEÁVEL SEM COMPACTAÇÃO NOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS
DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL PERCOLADO

Esta análise mostra a aplicação de três vazões, quando durante o experimento


se analisou pH, turbidez e cor aparente no pavimento com concreto permeável sem
compactação (Tabela 9).
Observou-se que para o concreto permeável sem compactação, a interação
entre os métodos e as vazões aplicadas não apresentaram diferença significativa.
57

Para a turbidez e cor aparente os dois efeitos, método e vazão, separadamente foram
significativos, enquanto que para o pH somente a vazão. Para melhor visualização
das diferenças, aplicou-se o teste de Tukey, realizando a comparação por método e
por vazão separadamente, uma vez que não houve interação entre eles, para a
turbidez (Figura 22) e cor aparente (Figura 23), e o comparativo de vazão para o pH
(Figura 24).

Tabela 9 – Tabela ANOVA – comparação entre os métodos de dosagem do concreto permeável


sem compactação, aplicando três vazões.

Soma dos Grau de


Parâmetro Fonte MS F Probabilidade Significativo
quadrados liberdade
Método 2416,35 2,00 1208,17 4,34 1,987927% Sim
Vazão 2535,55 2,00 1267,78 4,55 1,669904% Sim
Turbidez Interação 323,84 4,00 80,96 0,29 88,218167% Não
Erro 10858,26 39,00 278,4168
Total 16134,00 47
Método 4556,86 2,00 2278,43 4,91 1,254357% Sim
Vazão 3285,83 2,00 1642,92 3,54 3,866665% Sim
Cor
Interação 777,58 4,00 194,40 0,42 79,402634% Não
aparente
Erro 18100,89 39,00 464,13
Total 26721,17 47,00
Método 0,0655 2,00 0,0327 0,97 38,797037% Não
Vazão 0,5201 2,00 0,2600 7,71 0,151217% Sim
pH Interação 0,0399 4,00 0,0100 0,30 87,907630% Não
Erro 1,3160 39,00 0,0337
Total 1,9414 47,00
Fonte: Autora (2018).

A comparação entre os métodos para a vazão de 50 mL.min-1 não apontou


diferença significativa, enquanto que para a vazão de 33 mL.min-1 os métodos ACI e
Zhe apresentaram os maiores valores de remoção de turbidez e não diferiram
significativamente entre si. Já com a vazão de 17 mL.min-1 o método ACI alcançou o
maior valor de remoção de turbidez e se diferiu significativamente dos outros métodos
(Figura 22a). Vazões mais altas (50 mL.min-1) anulam a interferência do método na
remoção de turbidez e trazem menor remoção.
Quanto às vazões, com a vazão de 33 mL.min-1, a remoção de turbidez foi
significativamente maior que as demais vazões para o método de Zhe, fato não
58

verificado para o método de Ngu para o qual variar a vazão não implica em diferença
significativa na remoção da turbidez (Figura 22b).

Figura 22 – Teste de Tukey para remoção de turbidez a partir: a) dos métodos de execução do
concreto permeável, b) das vazões aplicadas.

100
a)
90
80
Remoção de turbidez (%)

70
60
50
40
30
20
10
0
ACI.50 Ngu.50 Zhe.50 ACI.33 Zhe.33 Ngu.33 ACI.17 Zhe.17 Ngu.17
100
90
b)
80
Remoção de turbidez (%)

70
60
50
40
30
20
10
0
ACI.33 ACI.17 ACI.50 Zhe.33 Zhe.17 Zhe.50 Ngu.33 Ngu.17 Ngu.50
Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).

A remoção de cor aparente não apresenta diferença estatisticamente


significativa entre os métodos de dosagem do concreto permeável quando a vazão é
de 50 mL.min-1. Para as duas vazões mais baixas, o método ACI apresenta remoção
de cor significativamente diferente dos outros dois métodos, revelando sempre um
melhor desempenho (Figura 23a).
Quanto a comparação a partir das vazões, observa-se um comportamento
semelhante ao que ocorreu com a turbidez (Figura 23b), ou seja, para o método de
59

Ngu variar a vazão não aporta diferença significativa na remoção de cor e que para a
vazão de 33 mL.min-1, a remoção de turbidez foi significativamente maior que as
demais vazões para o método de Zhe.

Figura 23 – Teste de Tukey para remoção de cor aparente a partir: a) dos métodos de execução
do concreto permeável, b) das vazões aplicadas.

100
a)
90
Remoção de cor aparente (%)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
ACI.50 Ngu.50 Zhe.50 ACI.33 Zhe.33 Ngu.33 ACI.17 Zhe.17 Ngu.17

100
b)
90
Remoção de cor aparente (%)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
ACI.33 ACI.17 ACI.50 Zhe.33 Zhe.17 Zhe.50 Ngu.33 Ngu.50 Ngu.17

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).

O pH não apresentou valores estatisticamente significativos quando se


comparou os três métodos, apresentando um valor médio de 8,0, com variação entre
entrada e saída mínima de 7,2 e máxima de 8,2. Já no que diz respeito à variação de
vazão verifica-se que para o método de Zhe ela não implica em variação significativa
do pH. Para o método do ACI e Ngu variar a vazão faz ocorrer diferença significativa
60

na variação do pH, porém não se estabelece uma mesma tendência para os dois
métodos (Figura 24).

Figura 24 – Teste de Tukey para a variação de pH a partir das vazões aplicadas no pavimento
com concreto permeável sem compactação.

0,5

0,4
Variação de pH

0,3

0,2

0,1

0,0
ACI.33 ACI.17 ACI.50 Zhe.50 Zhe.17 Zhe.33Ngu.50Ngu.17Ngu.33

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).

4.4 INFLUÊNCIA DA VAZÃO E DOS MÉTODOS DE DOSAGEM DO CONCRETO


PERMEÁVEL COM COMPACTAÇÃO NOS PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS
DO ESCOAMENTO SUPERFICIAL PERCOLADO

Esta análise também apresenta a aplicação de três vazões, quando durante o


experimento se analisou o pH, turbidez e cor aparente só que agora com o concreto
permeável tendo sido compactado (Tabela 10).
61

Tabela 10 – Tabela ANOVA – comparação entre os métodos de dosagem do concreto


permeável com compactação, aplicando três vazões.

Soma dos Grau de Média Teste de


Parâmetro Fonte Probabilidade Significativo
quadrados liberdade quadrada Fischer
Método 934,69 2 467,34 2,02 14,628795% Não
Vazão 614,11 2 307,05 1,33 27,691905% Não
Turbidez Interação 1105,27 4 276,32 1,19 32,857696% Não
Erro 9022,51 39 231,35
Total 11676,58 47
Método 1058,70 2 529,35 1,21 30,775224% Não
Vazão 1288,78 2 644,39 1,48 24,041003% Não
Cor
Interação 2762,64 4 690,66 1,58 19,756380% Não
aparente
Erro 16994,32 39 435,75
Total 22104,43 47
Método 5,44 2 2,72 111,75 0,000000% Sim
Vazão 0,66 2 0,33 13,62 0,003271% Sim
pH Interação 1,22 4 0,30 12,54 0,000119% Sim
Erro 0,95 39 0,02
Total 8,27 47
Fonte: Autora (2018).

Observa-se que a interação entre o método de dosagem do concreto e a vazão


do escoamento percolado e, seus efeitos individualmente, não são significativos para
a cor aparente e a turbidez, ou seja, a compactação diminui os efeitos gerados pelos
métodos e pelas vazões, para esses parâmetros. Em relação ao pH, tanto a interação,
quanto os métodos e as vazões separadamente, são significativos. Para uma melhor
compreensão das diferenças, realizou-se o teste de Tukey para o pH (Figura 25).
62

Figura 25 – Teste de Tukey para variação de pH no pavimento permeável com concreto


permeável compactado.

1,4

1,2
Variação de pH

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
Ngu.50 Ngu.17 Ngu.33 Zhe.17 ACI.50 ACI.33 Zhe.50 ACI.17 Zhe.33

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).

Percebe-se que o método Ngu apresentou as maiores variações de pH (Figura


25), para todas as vazões aplicadas, sendo, portanto, o método que mais altera o valor
do pH do escoamento superficial percolado (Figura 26). No método do ACI a variação
do pH não é influenciada pela variação da vazão e no método de Zhe esta influência
é verificada apenas para o caso da menor vazão.
63

Figura 26 – Teste de Tukey para valor de pH no efluente do pavimento permeável com concreto
permeável compactado.

9,2
9,0
8,8
8,6
8,4
8,2
pH

8,0
7,8
7,6
7,4
7,2
Ngu.50 Ngu.17 Ngu.33 Zhe.33 ACI.33 Zhe.50 ACI.50 Zhe.17 ACI.17

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).

4.5 INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO DO CONCRETO PERMEÁVEL NA


REMOÇÃO DE TURBIDEZ

A avaliação das ANOVAS, juntamente com as Figuras 27 e 28 para a remoção


de turbidez, permite observar que o concreto permeável sem compactação
apresentou diferença significativa entre os métodos, o mesmo não ocorrendo quando
o concreto permeável foi compactado. Na Figura 27 é possível analisar a interferência
do método, pois sem a compactação ocorre uma maior variação de valores em um
mesmo dia de experimento para os diferentes métodos de dosagem, já com a
compactação os valores tornam-me mais próximos (Figura 28).
A remoção da turbidez, em geral, foi superior com o concreto permeável
compactado para os três métodos de dosagem, de 65,7% em média, enquanto que
para o não compactado foi de 53,7%. O escoamento superficial, após a percolação
nos pavimentos permeáveis compactados, apresenta, portanto, um valor que atende
ao padrão de classificação de águas doces, classe I, que possui como limite para
turbidez 40 NTU, sendo o mais restritivo da resolução n. 357 (CONAMA, 2005).
Com os concretos não compactados observa-se uma maior variação na
remoção da turbidez para as diferentes vazões. Esta variação pode estar relacionada
com a vazão ou com o tempo de amadurecimento dos pavimentos. A primeira vazão
64

aplicada nos pavimentos permeáveis foi de 50 mL.min-1, com uma eficiência de


remoção de 47,8%; seguida pela vazão de 17 mL.min-1, com uma remoção de 54,0%;
e, por último a vazão de 33 mL.min-1, com 65,3% de eficiência de remoção. Portanto
com o decorrer dos experimentos, com o concreto permeável não compactado,
observou-se um aumento da eficiência de remoção da turbidez. Com o concreto
permeável compactado a variação de remoção da turbidez entre as diferentes vazões,
considerando uma média para os três métodos de dosagem, foi menor, de 59,5% (17
mL.min-1) a 68% (50 mL.min-1).
Os experimentos foram realizados por quatro dias seguidos, com intervalos
para a realização dos próximos quatro dias de experimentos. Nos experimentos 1, 5,
9 e 13 se observa que para os três métodos de concreto permeável, com e sem
compactação, os valores de remoção de turbidez são superiores aos dias
subsequentes, o que sugere a interferência da umidade na redução da turbidez.
Os sólidos presentes no escoamento superficial podem ser removidos por
adsorção (LUCK et al., 2008), entretanto a capacidade de remoção por adsorção é
reduzida com o aumento da umidade (GONZALEZ; TAYLOR, 2016; GUO et al., 2015;
HUANG et al., 2018), o que explica a maior redução na turbidez quando o experimento
estava há alguns dias sem ser executado e, consequentemente os pavimentos
permeáveis com menor teor de umidade. Portanto, a ocorrência de chuvas com
intervalos entre os eventos possibilitará uma maior redução na turbidez de um
escoamento superficial para um mesmo valor de turbidez inicial.
De acordo com Jiang et al. (2015), a redução da turbidez após a percolação do
escoamento superficial em pavimentos permeáveis esteve na faixa de 74,4 a 87,2%.
Os métodos de dosagem que mais se aproximaram destes valores, considerando-se
a média de todos os experimentos, foram ACI e Ngu, ambos compactados, de 68,0 e
69,5%, respectivamente. Zhe obteve uma remoção média de 59,
65

Figura 27 – Remoção de turbidez no pavimento com concreto permeável sem compactação


para as três vazões (média e desvio padrão) para o método de dosagem do concreto
permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu.

100
a)
80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

100
b)
Remoção de turbidez (%)

80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

100
c)
80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

Experimentos

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).
66

Figura 28 – Remoção de turbidez no pavimento permeável com concreto permeável


compactado para as três vazões (média e desvio padrão) para o método de dosagem do
concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu.

100
a)
80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

100
b)
Remoção de turbidez (%)

80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

100
c)
80

60

40
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
Experimentos

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).
67

4.6 INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO DO CONCRETO PERMEÁVEL NA


REMOÇÃO DA COR APARENTE

A presença de cor na água é ocasionada pela presença de matéria orgânica e


metais, como o ferro e o manganês (DI BERNARDO, 2003; FUNASA, 2006). A
percolação do escoamento superficial com o revestimento compactado, obteve
valores inferiores para o parâmetro de cor aparente, em todos os experimentos dos
métodos Zhe e Ngu.
Na eficiência de remoção da cor aparente, o método ACI compactado
apresentou uma média de eficiência menor que o revestimento sem compactação, em
particular, para as vazões de 17 e 33 mL.min-1 (Figuras 29 e 30). Mas é importante
ressaltar que a eficiência média (de todos os ensaios com todas as vazões) de
remoção do método ACI não compactado, 46,4%, foi aproximadamente o dobro dos
métodos Zhe (28,8%) e Ngu (23,6%), o que reforça a interferência do método na
redução da cor aparente (ver Figura 23 de Tukey que confirma).
A avaliação do aumento da eficiência de remoção, considerando uma média
para todas as vazões, após a compactação da camada de concreto permeável, para
os métodos ACI, Zhe e Ngu foi de 5,2; 14,3 e 30,4%, respectivamente. O que reforça
uma menor interferência da compactação na remoção de cor aparente para o método
ACI.
Os métodos que obtiveram, na média geral, as maiores eficiências na remoção
da cor aparente foram o ACI (51,6%) e Ngu, (54,0%), ambos compactados.
O parâmetro de cor aparente é obtido através da análise sem a realização da
filtração das amostras (MILLAR et al., 2014), ou seja, há a presença dos sólidos em
suspensão e, consequente influência da turbidez. Devido a esta influência, observa-
se que os valores obtidos para a eficiência de remoção da cor aparente, nos
experimentos 1, 5, 9 e 13, devido ao menor teor de umidade, foram bem superiores
aos experimentos que ocorreram nos dias subsequentes, da mesma forma que
ocorreu com o parâmetro de turbidez.
Assim, esperava-se que a eficiência de remoção da cor aparente fosse próxima
aquela obtida para o parâmetro de turbidez. Entretanto, e eficiência de remoção da
cor aparente foi menor, com diferenças, em relação a eficiência na redução da
turbidez, variando de 7,1 a 27,4%, o que sugere a presença de cor verdadeira no
escoamento superficial. De acordo com Di Bernardo (2003), valores de cor aparente
68

superiores a 100 mg Pt Co . L-1 são considerados altos, o que dificulta sua remoção.
Em todos os experimentos os valores de cor aparente para o escoamento superficial
bruto foram superiores a 220 mg Pt Co . L-1, com uma média de 381,2 mg Pt Co . L-1,
ou seja, quase quatro vezes acima do valor considerado alto para a concentração de
cor aparente.
69

Figura 29 – Remoção de cor aparente no pavimento permeável com concreto permeável sem
compactação para as três vazões (média e desvio padrão) para o método de dosagem do
concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu.

100
a)
80

60

40

20

-20
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
100
Pt Co . L(-1%))

b)
80
(mgaparente

60
de cor

40
Cor aparente

20
Remoção

-20
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
100
c)
80

60

40

20

-20
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
Experimentos

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).
70

Figura 30 – Remoção de cor aparente no pavimento permeável com concreto permeável


compactado para as três vazões (média e desvio padrão) para o método de dosagem do
concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu.

100
a)
80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
100
b)
Remoção de cor aparente (%)

80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
100
c)
80

60

40

20

0
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
Experimentos

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).
71

4.7 INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO DO CONCRETO PERMEÁVEL NA


VARIAÇÃO DO pH

Para uma melhor avaliação da interferência do pH da água do escoamento


superficial após a percolação nos pavimentos permeáveis, foram gerados gráficos
com as médias e desvios padrões de cada experimento, com os concretos permeáveis
com e sem compactação (Figuras 31 e 32).
O pH no caso do concreto permeável sem compactação, considerando todos
os métodos de dosagem e as vazões aplicadas, esteve no intervalo de 7,6 a 8,2,
enquanto que no escoamento superficial bruto esteve na faixa de 7,2 a 8,2. Ou seja,
a variação do pH de entrada e saída em geral foi pequena (Figura 31). Resultado que
está de acordo com a análise estatística, na qual somente a variável vazão,
isoladamente, atribuiu diferença significativa nos valores do pH. A maior variação do
pH ocorre para a maior vazão, a de 50 mL.min-1 para todos os três métodos de
dosagem.
O pH do escoamento superficial, com concreto compactado, após a percolação,
esteve na faixa de 7,8 a 9,2, considerando todos os métodos e vazões. Os maiores
valores de pH são observados em todos os experimentos com o método Ngu (Figura
26), assim como este é o método que mais apresenta variação do pH (Figura 32).
Pode-se constatar ainda, que para o método de Ngu, a maior vazão implica em uma
maior faixa de variação do pH e tende a se manter constante em todos os
experimentos realizados com a vazão intermediária, de 33 mL.min-1 (Figura 32c). O
método de Zhe apresenta maior variação de pH somente para a vazão de 17mL.min-
1.

A maior elevação do pH com o método Ngu compactado pode estar relacionada


com a quantidade de pasta cimentícia (cimento e água) utilizada pelo método, pois o
concreto sendo alcalino tende a aumentar o pH do escoamento superficial
(CHANDRAPPA; BILIGIRI, 2016). Entretanto, a quantidade de pasta cimentícia
utilizada pelo método Ngu é igual à quantidade do método ACI, correspondente a 453
kg.m-3 (CARLS, 2018). Portanto, só a quantidade de pasta cimentícia não interfere
diretamente no aumento do pH durante a percolação do escoamento superficial.
O método Ngu compactado é o que apresenta a maior porosidade, 14,6% e o
que utiliza agregados com menor tamanho em sua execução, quando comparado com
ACI e Zhe, ambos compactados (CARLS, 2018). O fato de usar agregados menores
72

implica que seus poros também serão menores e em uma maior quantidade de poros
que contribui para o aumento da área superficial por unidade de volume
(SUMANASOORIYA; NEITHALATH, 2011). Dessa forma, o aumento do pH do
escoamento superficial com o método Ngu compactado pode ser decorrente do
tamanho do agregado que gera poros menores, uma maior área superficial, e
consequentemente tem-se um maior contado do escoamento superficial com a
camada de concreto permeável alcalina, acarretando no aumento significativo do pH.
De acordo com a literatura, o pH do escoamento superficial, após a percolação
em pavimento de concreto permeável, permanece na faixa de 6 a 8,8 (BROWN;
BORST, 2015; NNADI et al., 2015). Resultados que estão de acordo com o obtido
para todos os métodos com e sem compactação. Apesar de o método Ngu
compactado apresentar em 4 experimentos, com a vazão de 50 mL.min-1, valores de
pH entre 9 e 9,2 estes resultados se encontram dentro da faixa de pH da literatura
apresentada para colunas de concreto permeável (9 a 12) (LUCK et al., 2008;
SHABALALA et al., 2017). Como a diferença é pequena, em relação a faixa de 6 a
8,8, considerou-se que está de acordo com os pavimentos permeáveis de concreto
permeável (BROWN; BORST, 2015; NNADI et al., 2015).
Os resultados obtidos neste estudo também se esquadram com a resolução n.
357 (CONAMA, 2005), que define os padrões de classificação de águas doces, que
podem ser destinadas ao abastecimento para consumo humano (após tratamento), à
recreação, à irrigação, à aquicultura e à atividade de pesca, e com a resolução n. 430
com os valores padrões para o lançamento de efluentes em corpos d’água (CONAMA,
2011)
73

Figura 31 – Variação do pH (entrada menos saída) no pavimento permeável com concreto


permeável sem compactação para as três vazões (média e desvio padrão) para o método de
dosagem do concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu.

1,6
1,4 a)
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

1,6
1,4 b)
1,2
1,0
Variação do pH

0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

1,6
1,4
c)
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
Experimentos

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).
74

Figura 32 – Variação do pH (entra da menos saída)no pavimento permeável com concreto


permeável compactado para as três vazões (média e desvio padrão) para o método de
dosagem do concreto permeável: a) do ACI, b) de Zhe, c) de Ngu.

1,6
a)
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8

1,6
b)
1,4
1,2
Variação do pH

1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
1,6
1,4 c)
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
9 10 11 12 13 14 15 16 1 2 3 4 5 6 7 8
Experimentos

Métodos: ACI - American Concrete Institute (2010); Zhe - Zheng, Chen e Wang (2012); Ngu - Nguyen
et al. (2014). Vazões: 17 mL.min-1; 33 mL.min-1; 50 mL.min-1.
Fonte: Autora (2018).
75

4.8 AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE COBRE E ZINCO, COLIFORMES


TOTAIS E ÓLEOS E GRAXAS

A análise da concentração de cobre e zinco, coliformes totais e óleos e graxas


foi realizada no pavimento com concreto permeável compactado, aplicando-se a
vazão intermediária de 33 mL.min-1, ou seja, avaliou-se somente a interferência do
método de dosagem do concreto. Como neste estudo o escoamento superficial bruto
foi mantido constante os resultados estão apresentados em valores absolutos e não
em eficiência de remoção ou variação.
Constatou-se que a concentração de zinco não apresentou diferença
significativa em função do método de dosagem do concreto permeável, entretanto, o
mesmo não ocorreu para as concentrações de cobre, coliformes totais e óleos e
graxas (Tabela 11), portanto para estes parâmetros foi realizado o teste de Tukey
(Figura 33).

Tabela 11 – Tabela ANOVA – comparação entre os métodos com o concreto permeável


compactado, aplicando três vazões.

Soma dos Grau de Média Teste de


Parâmetro Fonte Probabilidade Significativo
quadrados liberdade quadrada Fischer
Método 0,0007416 2 3,71E-04 9,987032 0,069851% Sim
Cobre Erro 0,0008911 24 3,71E-05
Total 0,0016327 26
Método 1,407E-06 2 7,04E-07 0,035039 96,561688% Não
Zinco Erro 0,000482 24 2,01E-05
Total 0,0004834 26
Método 61914202 2 3,10E+07 13,51134 0,000117321 Sim
Coliformes
Erro 54988656 24 2,29E+06
totais
Total 116902857 26
Método 28,78 2 14,39 3,83 3,613135% Sim
Óleos e
graxas Erro 90,27 24 3,76
Total 119,04 26
Fonte: Autora (2018).

O método Ngu apresentou os valores mais baixos de concentração para todos


os parâmetros que apresentaram diferença significativa entre os métodos
compactados, e apenas para a concentração de coliformes totais não apresentou
diferença significativa com o método Zhe. Portanto, para a remoção de zinco e cobre,
76

óleos e graxas e redução da concentração de coliformes totais, o método que


apresenta melhor eficiência é o Ngu.
Os métodos ACI e Zhe obtiveram uma taxa de remoção semelhante para o
cobre, 58,4 e 58,5%, respectivamente. Para o cobre, de acordo com a literatura
consultada, em geral a remoção é de 70 a 95% (FASSMAN; BLACKBOURN, 2011;
JIANG et al., 2015; MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011; VADAS; SMITH;
LUAN, 2017), eficiência atingida pelo método Ngu, que foi de 76,2%.
A redução na concentração de zinco não apresentou diferença estatisticamente
significativa para os três métodos, ficando na faixa de 76,2 a 77,5%, valores abaixo
dos encontrados nos estudos analisados, uma vez que a maior parte traz índices de
remoção superiores a 90% ou não detectáveis (FASSMAN; BLACKBOURN, 2011;
JIANG et al., 2015; MYERS; BEECHAM; VAN LEEUWEN, 2011; VADAS; SMITH;
LUAN, 2017), sendo, entretanto, uma taxa de remoção bastante significativa.
A produção de concreto pelo método Ngu proporcionou uma elevada remoção
dos metais pesados analisados, uma média de 76,2% para o zinco e 83,8% para o
cobre. A alta taxa de remoção pode estar vinculada com o aumento do pH da água do
escoamento superficial após a percolação, que manteve uma média de 8,3 a 9,2. De
acordo com Cursino et al. (2004), quanto menor o pH da água, maior é a mobilidade
de componentes metálicos, portanto a elevação do pH implicou na diminuição da
mobilidade do cobre e do zinco, tendo como consequência a retenção de ambos.
Em relação a concentração de coliformes totais, a redução utilizando os três
métodos de revestimento compactados foi superior a 95% em todos os experimentos,
sendo que o método Ngu obteve uma remoção média de 99,6%, o Zhe de 98,6% e o
ACI de 96,5%. A alta remoção de coliformes totais em todos os pavimentos pode estar
atrelada a camada de base composta de areia fina através da qual o escoamento
superficial percola, devido a formação do biofilme que realiza a retenção e controle de
contaminantes microbiológicos (HAIG et al., 2014; KAUPPINEN et al., 2014;
RITTMANN, 2018), ressaltando que as camadas de base estavam sempre úmidas no
decorrer dos experimentos.
Os resultados das análises de óleos e graxas apresentaram uma grande
variação, sendo que o método Ngu foi o único que reduziu a concentração de óleos e
graxas, alcançando uma remoção de 64,5%. Este resultado é muito próximo ao
encontrado em um pavimento de asfalto permeável, de 65% (JIANG et al., 2015) e
77

inferior ao obtido em outro estudo, que analisou o pavimento permeável de concreto


permeável, e alcançou uma remoção superior a 90% de óleos (NNADI et al., 2015).
Nos outros dois métodos de dosagem do concreto permeável, considerando a
média geral para todos os experimentos, ocorreu o aumento da concentração após a
percolação do escoamento superficial, sendo que o desvio padrão foi alto, de 2,0 e
1,5 mg.L-1, para os métodos ACI e Zhe, respectivamente, sendo que a média de
concentração para o ACI foi de 3,4 mg.L-1 e para o Zhe de 3,2 mg.L-1. O método
utilizado para a análise de óleos e graxas é simples e com baixo custo. Entretanto,
apresenta como desvantagem uma baixa sensibilidade; perda de componentes
durante a volatilização do n-hexano, solvente utilizado na extração; e, a possibilidade
de incorporação de compostos durante a extração, que não sejam óleos e graxas
(COSTA et al., 2013; EPA, 1994). Sendo assim, pode ter ocorrido a inclusão de outras
substâncias e que interferiram nos resultados das análises.
78

Figura 33 – Teste de Tukey: a) cobre, b) coliformes totais, e c) óleos e graxas.

Concentração de cobre (mg.L-1) 0,025 a)

0,020

0,015

0,010

0,005

0,000
ACI.C Zhe.C Ngu.C

5000 b)
Coliformes totais (UFC.(100 mL)-1)

4000

3000

2000

1000

0
ACI.C Zhe.C Ngu.C

5
c)

4
Concentração de óleos e graxas

3
(mg.L-1)

0
ACI.C Zhe.C Ngu.C

Métodos: ACI.C - American Concrete Institute – compactado (2010); Zhe.C - Zheng, Chen e Wang -
compactado (2012); Ngu.C - Nguyen et al. – compactado (2014).
Fonte: Autora (2018).
79

5 CONCLUSÕES

Em relação a redução da concentração de turbidez e cor aparente, foi verificada


a redução de ambos os parâmetros em todos os métodos de dosagem com e sem
compactação. Entretanto, a eficiência de remoção dos pavimentos permeáveis
compactados foi maior, ressaltando que as maiores eficiências obtidas foram dos
métodos ACI e Nguyen et al., com uma eficiência média acima de 65% para a turbidez
e acima de 50% para a cor aparente.
O aumento no pH após a percolação do escoamento superficial no pavimento
permeável foi maior com o método de Nguyen et al. compactado. A quantidade de
pasta cimentícia não interferiu diretamente no aumento do pH. A maior elevação do
pH pode estar relacionada com o fato de o método utilizar agregados menores que
formam poros de menor tamanho e, consequentemente apresenta uma área
superficial maior. Sendo assim, o escoamento superficial tem um maior contato com
o concreto permeável que pode ocasionar o aumento significativo do pH.
Todos os valores de pH, considerando os três métodos de dosagem de
concreto permeável com e sem compactação, estão de acordo com as resoluções n.
357 (CONAMA, 2005) e n. 430 (CONAMA, 2011).
A utilização do pavimento permeável compactado implicou em uma alta
eficiência na redução da concentração de coliformes totais para os três métodos de
concreto permeável, superior a 95%, podendo estar relacionada a formação do
biofilme na camada de areia fina que realiza a retenção de poluentes, assim como dos
coliformes.
Os três métodos de concreto permeável compactados reduziram a
concentração dos metais pesados analisados. Para o zinco, a redução dos três
métodos de concreto permeável foi, estatisticamente, semelhante com uma variação
de 77,2 a 77,5%. Enquanto para a redução na concentração de cobre, o método de
Nguyen et al. se mostrou mais eficaz. A redução na concentração de óleos e graxas
só foi observada no método compactado de Nguyen et al.
Dos três métodos de concreto permeável analisados, o que apresentou o
melhor efeito sobre a qualidade da água do escoamento superficial após a percolação
em pavimento permeável foi o de Nguyen et al. compactado, pois obteve os menores
valores para as concentrações de cobre, coliformes totais, óleos e graxas e, para os
80

parâmetros de turbidez, cor aparente e concentração de zinco não obteve diferença


significativa com os demais métodos.
Em relação a compactação, verificou-se que os pavimentos permeáveis com o
concreto permeável compactado apresentaram uma eficiência maior na redução dos
parâmetros de turbidez e cor aparente, sugerindo que a remoção destes parâmetros
ocorre preferencialmente na camada de revestimento do pavimento permeável, a do
concreto permeável, uma vez que as outras camadas do pavimento permeável não
sofreram alteração de um experimento para o outro.
Para trabalhos futuros sugere-se estudos em pavimento permeável em escala
piloto, para que assim, possa se verificar a retenção de poluentes do escoamento
superficial com todas as adversidades que podem ocorrer em um pavimento (clima,
temperatura, tráfego, dentre outros).
Devido ao aumento da média geral da concentração de óleos e graxas, com os
métodos ACI e Zheng, Chen e Wang, sugere-se também uma investigação quanto a
metodologia de análise mais indicada a ser utilizada na avaliação de óleos e graxas
presentes no escoamento superficial.
Por fim, vê-se a necessidade de avaliar a percolação do escoamento superficial
através do pavimento permeável de concreto permeável por um tempo maior. Assim,
poder-se-á se ter uma melhor compreensão do amadurecimento das camadas de
base do pavimento permeável e, seu efeito na percolação do escoamento superficial.
81

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