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Marcelo Braga1; Marina P. Siqueira Brito1; Pedro Aronchi Neto1; Patrícia S. Braga1;
Reginaldo A. Bertolo2
RESUMO
Apresentam-se os resultados de uma investigação detalhada onde foram delimitadas as
plumas de fase livre de tetracloroeteno (PCE) e de fase dissolvida deste composto e de
seus compostos de degradação, num contexto hidrogeológico dos sedimentos da Bacia
de São Paulo. Cerca de 120 furos de sondagem e 66 poços de monitoramento foram
realizados para a delimitação da fase livre e das plumas de fase dissolvida. A fase livre de
PCE foi identificada e totalmente delimitada em três níveis aquíferos intercalados por
camadas argilosas até a profundidade de 25 m. Estas plumas de fase livre ocorrem numa
área que totaliza 248 m2. Plumas de fase dissolvida de PCE e de produtos filhos foram
também delimitadas nos mesmos três níveis aquíferos, com uma extensão máxima de
cerca de 150 m. As condições de atenuação natural dos compostos foram avaliadas com
o programa Biochlor (USEPA, 2000), resultando que as plumas se encontram em
expansão e sob pequenas taxas de biodegradação anaeróbica.
ABSTRACT
The results of a detailed investigation of soil and groundwater contamination by
chlorinated ethenes are presented and discussed. The geological context is the sediments
of São Paulo Basin and the parent contaminant is tetrachoroethene (PCE), which was
observed both as a dense non-aqueous phase liquid (DNAPL) and dissolved in water,
together with its daughter products. Around 118 boreholes and 66 monitoring wells were
accomplished aiming at the delimitation of the DNAPL and dissolved plumes. PCE NAPL
plumes were delimited in three aquifer levels interbedded with clayey layers until the depth
of 25 m. These three DNAPL plumes sum an area of 248 m2. The PCE dissolved plumes,
together with its daughter products plumes, were also delimited in the same aquifer levels,
with a maximum extent of 150 m. The conditions for natural attenuation of the chlorinated
ethenes were assessed with Biochlor (USEPA, 2000), resulting that the plumes are in
continuous expansion under a very low rate of anaerobic biodegradation.
2 - HISTÓRICO
4.1 - Hidrogeologia
A hidrogeologia na área de estudo é caracterizada por um aquífero multicamadas
onde predomina a intercalação de camadas argilosas de baixa permeabilidade e pacotes
arenosos mais permeáveis. A partir da distribuição dos pacotes de sedimentos
identificados na área de estudo e das diferenças de cargas hidráulicas medidas nos poços
de monitoramento multiníveis construídos nas diversas etapas de campo desenvolvidas
no site, foi possível a distinção em subsuperfície de três níveis aquíferos (Figura 2B):
• Aquífero freático (superior), de porosidade primária e caráter livre, é formado
por sedimentos argilo-arenosos e arenosos das camadas LA e LC, limitado em
sua base por um pacote argiloso (LB) de espessura média de 5 metros;
• Aquífero semiconfinado (intermediário), de porosidade primária, é formado
pelos sedimentos arenosos da camada LC. Este aquífero é limitado em seu
topo e base por camadas argilosas de baixa permeabilidade (LB), o que induz a
característica de semiconfinamento.
• Aquífero semiconfinado (profundo), de porosidade primária, é composto por
sedimentos arenosos podendo apresentar contribuição argilosa (LB). Este
aquífero é limitado no topo por camadas argilosas (LA e LB) e na porção basal
é limitado por um espesso pacote argiloso, compacto (LD) que se estende por
toda a área.
As cargas hidráulicas das camadas aquíferas foram obtidas a partir da leitura das
profundidades de níveis d’água nos poços de monitoramento e da cota altimétrica da boca
dos poços. Os mapas potenciométricos resultantes de cada nível aquífero (Figura 3)
indicam que o fluxo preferencial da água subterrânea se dá para leste nos três níveis
aquíferos considerados. As linhas equipotenciais da camada aquífera freática (Figura 3A)
indicam uma maior variação de cargas hidráulicas e a ocorrência de zonas onde há uma
maior densidade destas linhas equipotenciais, provavelmente indicando a ocorrência de
trechos com menor condutividade hidráulica ou menor espessura do aquífero freático. As
camadas aquíferas inferiores (Figuras 3B e 3C) apresentam linhas equipotenciais mais
espaçadas e um menor gradiente hidráulico, indicando uma maior homogeneidade
relativa do material geológico. As camadas aquíferas apresentam potenciais hidráulicos
que decrescem com a profundidade, o que é indicativo da ocorrência de potenciais de
fluxos verticais descendentes da água subterrânea ao longo da área estudada (Figura 2).
O modelo Biochlor (USEPA, 2000) foi utilizado com a intenção de se realizar uma
avaliação preliminar da possibilidade de ocorrência de atenuação natural dos compostos
etenos clorados nas plumas de fase dissolvida e, complementarmente, verificar se a estas
apresentam sinais de se encontrar em estado estacionário ou em expansão.
A avaliação é considerada preliminar pois o modelo possui uma série de
simplificações. Dentre as principais, destacam-se: (1) o modelo resolve analiticamente a
equação de fluxo e transporte de contaminantes, assumindo condições hidrogeológicas
simplificadas, como homogeneidade e anisotropia e ausência de componentes verticais
de fluxo; e (2) assume-se que a decloração redutiva seja o único processo geoquímico de
degradação dos compostos e que o decaimento seja de primeira ordem. Além das
limitações próprias do modelo, há que se levar em conta que há outras relacionadas com
a investigação, tal como o número limitado de poços de monitoramento com dados de
campo utilizados para calibração do modelo e o número insuficiente de análises no
mesmo ponto de monitoramento, a fim de se obter um valor específico do site para os
coeficientes de decaimento dos compostos.
A Figura 5 apresenta os dados de entrada do modelo, que se relacionam com o
aquífero intermediário, que é o nível aquífero mais permeável e onde há um maior
acúmulo de DNAPL de PCE, além das maiores concentrações dissolvidas do composto
na água subterrânea junto à área fonte de contaminação (na ordem de 150 mg/L).
A área modelada foi construída considerando-se as concentrações da área fonte e
dimensões das plumas de fase dissolvida, que possui extensão menor que 150 m (500
pés). Três poços de monitoramento se encontram na linha de fluxo que se origina na área
fonte. Os dados de campo para calibração do modelo são apresentados na Figura 5.
O fluxo advectivo da água subterrânea foi obtido considerando os dados de campo
de condutividade hidráulica e de níveis d`água da camada aquífera modelada (nível
intermediário). Os valores de dispersividade foram obtidos a partir do método de Xu &
Eckstein (USEPA, 2000). O fator de retardação foi uma variável de calibração do modelo,
tendo sido utilizado um valor que resultou numa pluma de contaminação com
comprimento compatível com aquele observado no campo hoje. Considerou-se, para
tanto, um tempo de simulação fixado em 40 anos, ou seja, a geometria da pluma
observada como resultado do modelo é consequência de uma contaminação que atingiu o
aquífero intermediário há 40 anos atrás, tempo este compatível com o histórico de
utilização de solvente clorado na área de estudo. Apesar de ser uma variável de
No Degradation/Production Sequential 1st Order Decay Field Data from Site No Degradation/Production Sequential 1st Order Decay Field Data from Site
1000.000 10.000
Concentração (mg/L)
Concentração (mg/L)
100.000
1.000
10.000
1.000 0.100
0.100
0.010
0.010
0.001 0.001
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
Concentração (mg/L)
1.000
0.100
0.100
0.010
0.010
0.001 0.001
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
Figura 6 – Comparação das concentrações dos compostos etenos clorados calculadas pelo
modelo (tempo de simulação de 40 anos) com as concentrações medidas em três poços de
monitoramento (dois de jusante).
λ) obtidos pelo
Tabela 2 – Valores de coeficientes de decaimento de primeira ordem (λ
modelo em comparação com valores baixos destes coeficientes obtidos em literatura
λ (ano-1) – Obtidos com o
Decaimento de... para... λ (ano-1) – Obtidos em literatura
modelo
PCE TCE 0.04 0.80
TCE DCE 0.12 0.30
DCE CV 0.40 0.10
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
7 - REFERÊNCIAS