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DETERMINAÇÃO DE VAZÃO POR MÉTODO COLORIMÉTRICO EM

ENSAIOS DE BANCADA

ALISSON MORAES E SILVA (Q.Ind./UEG); THAYS BRAGA DE OLIVEIRA (Q.Ind./UEG);


MARCELO JUNQUEIRA LIMA (Q.Ind./UEG); MARCELO LEITE PEREIRA (Q.Ind./UEG);
JONAS ALVES VIEIRA (Q.Ind./UEG); ORLENE SILVA DA COSTA (Q.Ind./UEG)

RESUMO: Um canal de vidro foi construído com a finalidade de determinar a vazão do


escoamento por método colorimétrico em escala de bancada. Este protótipo está sendo
calibrado por um grupo de alunos do Curso de Química Industrial da UnUCET – UEG,
visando a integração de duas disciplinas (Fenômenos de Transporte e Análise
Instrumental) para futuras aulas práticas. O método consiste na determinação da vazão
pela injeção de um traçador líquido colorido na corrente fluida. Amostras do corante
diluído são coletadas e suas concentrações determinadas em espectrofotômetro com
objetivo de localizar o pico de concentração da mancha e seu tempo de chegada. A
velocidade da pluma advectada e dispersada ao longo do canal e a área da seção
transversal fornecem uma estimativa da vazão de escoamento.

Palavra-Chave: vazão, traçador, Reynolds.

INTRODUÇÃO: Vazão é definida pela relação entre o volume de fluido escoado num
intervalo de tempo ou pelo produto da velocidade média e área da seção transversal de
escoamento do fluido. Existem diferentes métodos para determinação da vazão, com:
volumétrico, colorimétrico, estruturas hidráulicas (calhas e vertedores), velocimétrico,
acústico e eletromagnético (PORTO et al., 2001).
Um do método mais simples e barato é o volumétrico, que consiste na marcação
do tempo para um fluido preencher um volume conhecido. Entretanto, nem sempre é
possível realizar esse tipo de medida, aplicável para pequenas vazões e locais onde o
fluido pode ser recolhido. Assim, a escolha do método dependerá das condições
disponíveis em cada caso.
O método colorimétrico é uma técnica que consiste na injeção de um traçador
líquido que se dilui ao longo do escoamento. A medida do pico de concentração da
solução traçadora possibilita o cálculo da vazão. Este método é aplicável em rios,
córregos, riachos e cachoeiras, pois o traçador se incorpora ao meio comportando-se da
mesma maneira que as partículas do escoamento. Um bom traçador é aquele que não
reage com o meio; não é absorvido ou adsorvido pelos materiais sólidos do meio; não
modifica a densidade, viscosidade e temperatura; não possuir concentrações tão baixas;
e é solúvel no meio sem contaminá-lo (RAMOS, 2006).
O regime de escoamento é determinado pelo número de Reynolds (Re), que
exprime a importância das forças de viscosidade em relação às forças de inércia do
fluido. Re para canais < 500 é considerado escoamento laminar; na faixa de 500 a
10000, atribui-se escoamento de transição; e Re > 10000, desenvolve-se escoamento
turbulento.
Este trabalho teve como objetivo calcular a vazão de escoamento da água em um
canal pelo método colorimétrico.

MATERIAL E MÉTODOS: Um canal de vidro (6 mm de espessura) foi construído


com as seguintes dimensões: 1,0 m de comprimento; 5,0 cm de largura; e 3,5 cm de
altura. Na extremidade fechada do canal foi acoplada uma mangueira para manutenção
de fluxo contínuo de água corrente e com altura de lâmina d´água constante em 1,1 cm.

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Na outra extremidade aberta, foram realizadas as medidas de vazão volumétrica e
colorimétrica (Figura 1).

A vazão volumétrica foi estimada pela média aritmética de 5 medidas do


preenchimento de água de uma proveta de 1 L num determinado intervalo de tempo. A
partir dessa vazão e a área da seção transversal do canal, calculou-se a velocidade média
do escoamento. A temperatura foi medida para determinar a viscosidade cinemática,
além disso, foi medida também a altura da lâmina d´água e, conseqüente, o número de
Reynolds (Re).
O método volumétrico consistiu na injeção de 2 mL de uma solução colorida de
concentração conhecida. O corante empregado no preparo da solução colorida foi a
anilina. Imediatamente após a injeção do traçador líquido, na extremidade fechada do
canal, trinta amostras de água foram coletas em uma bandeja contendo 30 béqueres de
50 mL. O tempo de coleta foi cronometrado no instante da injeção do traçador até o
completo preenchimento dos 30 béqueres. Esse procedimento foi realizado em duplicata
com injeção de solução de anilina vermelha. As amostras foram lidas em
espectrofotômetro UV-visível, devidamente calibrado, para obtenção das concentrações.
Os dados de concentração e tempo foram dispostos em gráfico a fim de determinar o
pico de chegada da mancha na extremidade aberta do canal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A vazão volumétrica média do escoamento estimada


foi ≅ 16, 7.10-6 m3.s-1 (16, 7 cm3.s-1) e a velocidade 0,0304 m.s-1 (3,04 cm.s-1). Re foi
estimado em ≅ 402, a 30 °C de temperatura da água, desenvolvendo um regime laminar.
A partir do gráfico de concentração em função do tempo (Figura 2), localizou-se
o pico de concentração e o seu tempo correspondente (t = 16,8 s), isto é, o tempo de
viagem da mancha de traçador ou o tempo que a pluma leva para percorrer o canal de 1

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m de extensão. Desta forma, calculou-se a velocidade média de escoamento da água no
canal, sendo ≅ 0,0595 m.s-1 ((5,95 cm.s-1) e vazão ≅ 32, 7.10-6 m3.s-1 (32,7 cm3.s-1).

Observa-se que o valor da velocidade de escoamento da água no canal medido


pelo método colorimétrico é o dobro da velocidade determinada pelo método
volumétrico. Esta discrepância entre os resultados provavelmente se deve ao fato de que
o método colorimétrico, com injeção de um traçador líquido, seja empregado apenas
para escoamentos que promovam mistura completa, em casos de escoamento turbulento.
Por outro lado, o escoamento desenvolvido nos ensaios foi do tipo laminar, com número
de Reynolds menor que 500, fazendo com que o traçador não se incorporasse
completamente ao meio.

CONCLUSÃO: A medida de vazão por dois métodos diferentes, um volumétrico e


outro instrumental, realizada em escala de bancada, é uma promissora proposta de
integrar as disciplinas de Fenômenos de Transporte e Análise Instrumental. Esta é uma
proposta de uma aula de fácil realização, planejada para promover a intensa participação
do aluno, conduzindo-o a uma seqüência fundamental de observações de fenômenos de
transporte e execução da prática instrumental.

AGRADECIMENTOS: Aos técnicos dos laboratórios de Química/UnUCET/UEG.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
PORTO, R. L. L.; ZAHED FILHO, K; SILVA, R. M. Medição de vazão e curva-chave.
São Paulo, Escola Politécnica de São Paulo, Departamento de Engenharia Hidráulica e
Sanitária, 2001.
RAMOS, V. S. Uso das técnicas de radiotraçadores e de contagem total em medidas de
vazão de sistemas abertos. Rio de Janeiro, 2006. 79p. Dissertação (Mestrado em

3
Ciências de Engenharia Nuclear) – Engenharia Nuclear, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE.

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