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ANÁLISE QUÍMICA POR INJEÇÃO EM FLUXO CONTÍNUO

Adriana A. de Moura Almeida, Caroline de Mayrinck, Isabela Cristina Dias,


Thales Fernando Dias Pereira

Departamento de Ciências Naturais, Universidade Federal de São João del-Rei,


Campus Dom Bosco, Praça Dom Helvécio, 74, 36301-160, São João del-Rei –
MG, Brasil.
2011 DCNAT/UFSJ.

Abstract: This experiment consisted in the construction and evaluation of a


system for analysis by continuous flow injection. The evaluation was done by
varying the size of the loop of sample, the size of the analytical path, the flow
velocity of the system and format of the analytical path, watching their respective
values of absorbance.

Keywords: FIA, flow injection analysis, absorbance, dispersing.

Resumo: Este experimento consistiu na construção e avaliação de um sistema


para análise por injeção em fluxo contínuo. A avaliação foi feita variando o
tamanho da alça de amostragem, o tamanho do percurso analítico, a velocidade
de vazão do sistema e o formato do percurso analítico; observando assim os
respectivos valores de absorbância.

Palavras Chaves: FIA, análise por injeção de fluxo, absorbância, dispersão.

1 INTRODUÇÃO A análise química por injeção em fluxo


contínuo pode ser definido como um processo no
qual a amostra em solução aquosa é introduzida
em um fluido carregador que a transporta em
Um dos mais importantes direção ao detector. Durante o transporte a
desenvolvimentos da química analítica nas amostra pode receber reagentes, sofrer reações
últimas décadas foi o aparecimento de sistemas químicas e passar por etapas de separação,
analíticos automáticos disponíveis concentração, etc.
comercialmente, dos quais são obtidos dados Em geral, o processo de FIA, pode ser
analíticos com intervenção mínima do operador. dividido em quatro partes: propulsão dos fluidos,
Inicialmente, os métodos de análise por injeção injeção da amostra, reação e detecção.
em fluxo (em inglês, flow injection analysis –
FIA), foram descritos por Ruzicka e Hansen na A propulsão dos fluidos é o sistema de
Dinamarca e por Stewart e colaboradores nos transporte de amostra e reagente e pode ser à
Estados Unidos na metade dos anos de 1970. vazão constante ou à pressão constante. Quando
o sistema trabalha à vazão constante, o meio
mais empregado para movimentar o fluido
carregador e as soluções dos reagentes é a bomba A primeira parte do experimento
peristáltica. Em sistemas a pressão constante, consistiu em variar o volume de amostra,
tem sido empregados dispositivos de ação alterando o comprimento da alça de amostragem
gravitacional como propulsores de fluidos. (L) e mantendo constante a vazão do
transportador (3,5 ml min-1 e B = 100 cm) e
O injetor é o dispositivo fundamental do alterando o tamanho da alça de amostragem ( 5,
sistema. Além de introduzir a amostra no 25, 50, 100 e 200 cm) com os respectivos
percurso analítico, pode ser empregado para volumes de amostra: 25, 125, 250, 500 e 1000 l.
selecionar as vazões do carregador e dos Em seguida alterou-se o comprimento do
reagentes e também variar o comprimento do percurso analítico (50, 100 e 200 cm), com L =
percurso analítico, o que aumenta a flexibilidade 25 cm;
do processo.
Foi observado também, o efeito do
Após a injeção a amostra é inserida no emprego de um tubo de polietileno disposto em
percurso analítico. É onde ocorrem as reações linha reta e em formato helicoidal;
químicas necessárias à detecção da espécie de
interesse. Assim, o dimensionamento do mesmo Posteriormente alterou-se a vazão do
deve levar em conta, o tempo de residência da transportador (1,7, 3,5 e 7,0 ml min -1)
amostra, e, portanto, as vazões do carregador e modificando a rotação da bomba peristáltica e
dos reagentes. aumentou o tempo de residência através da
parada de fluxo verificando, assim, o efeito sobre
Quanto aos detectores, têm sido a dispersão;
empregados, praticamente, todos aqueles usuais
em química analítica: espectrofotômetros de UV- Avaliou-se o efeito da introdução de um
VIS, espectrofotômetros de absorção atômica, fluxo confluente logo após a inserção da amostra
potenciômetros, condutivímetros, espectrômetro e imediatamente antes da entrada da cela de
de emissão com plasma, etc. fluxo usando os seguintes parâmetros: L = 25
cm; B = 100 cm; vazões - transportador: 3,5 ml
min-1, confluente: 2,0 ml min-1.
2 OBJETIVO Por fim, substitui-se o transportador pela
solução colorida e registrar o sinal obtido.
Analisar os componentes utilizados em
um sistema de análise por injeção em fluxo; e os
efeitos da variação dos principais fatores de
I
dispersão, tais como: volume de amostra,
dimensão do percurso analítico, vazão do B
C D W
transportador (na ausência de reações químicas).
W A
L

3 PARTE EXPERIMENTAL
Figura 1 – Diagrama de fluxo de um sistema em
Os experimentos foram efetuados com o linha única. I – injetor-comutador com barra
sistema em linha única representado na Figura 1. deslizante; L – alça de amostragem; B – reator;
Alíquotas de uma solução colorida D – cela de fluxo do espectrofotômetro ( = 535
(permanganato de potássio) foram inseridas no nm); C – transportador (H2O); A – solução
transportador (água) e foram avaliados o efeito colorida (2 x 10-4 mol l-1); W – descarte de
dos principais fatores que afetam a dispersão: soluções.

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4.2 – VARIAÇÃO DA ABSORBÂNCIA EM
FUNÇÃO DO PERCURSO ANALÍTICO.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1- VARIAÇÃO DA ABSORBÂNCIA EM O percurso analítico foi sendo variado,


FUNÇÃO DO VOLUME. mantendo-se a alça de amostragem constante (L
= 25 cm). Pode-se verificar que o aumento do
Alterando o comprimento da alça de percurso analítico implica na diminuição da
amostragem conseqüentemente o volume foi absorbância, o que ocorre devido ao processo de
sendo variado, e os demais parâmetros foram dispersão; como se pode observar na figura 3.
mantidos constantes, conforme apresentado na Sabe-se que quanto maior o percurso, maior o
tabela 1. tempo de residência da amostra, o que resulta em
diminuição da velocidade analítica. O tempo de
residência da amostra pode ser aumentado,
diminuindo-se a vazão do carregador.

Pode-se analisar que aumentando o


comprimento da alça aumenta-se também o sinal
gerado pelo detector. O aumento do sinal com a
alça tende a um limite máximo, conforme
mostrado na figura 2. Situação esta que é
causada pela dispersão mínima da amostra, uma
vez que quanto maior a alça de amostragem em
relação ao percurso analítico, menor a dispersão;
no entanto a alça de amostragem não pode ser
aumentada indefinidamente, pois afeta a
determinação de amostras muito diluídas.

Figura 3. Gráfico da variação da absorbância em


função do tamanho do percurso analítico.

4.3 – UTILIZAÇÃO DE UM TUBO DE


POLIETILENO EM LINHA RETA E EM
FORMATO HELICOIDAL.
Figura 2. Gráfico da variação da absorbância em
A dispersão da amostra no fluído
função do tamanho da alça de amostragem.
carregador depende das características físico-
químicas das soluções e de suas viscosidades. O

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efeito da dispersão sob o sinal analítico depende
de vários parâmetros como: diâmetro interno do
percurso analítico, tubo reto ou enrolado, vazão
do carregador e rugosidade da parede interna do
percurso.

Pode-se avaliar que o emprego do tubo


enrolado apresenta maior sinal se comparado
com o tubo disposto em linha reta devido a sua
menor dispersão, isso pode ser observado na
tabela 3.

Figura 4. Gráfico da variação da absorbância em


função da velocidade de vazão.

4.5 – EFEITOS DA INTRODUÇÃO DE UM


FLUXO CONFLUENTE.

As limitações do sistema de linha única


foram resolvidas, adotando-se a adição do
4.4- ANÁLISE DO EFEITO SOBRE A reagente por confluência, o que permite que cada
DISPERSÃO EM RELAÇÃO À VAZÃO E AO fração da amostra receba a mesma quantidade de
TEMPO DE RESIDÊNCIA. reagente. Neste sistema a amostra é distribuída
em um espaço maior que o ocupado
anteriormente, o que corresponde a uma diluição,
A vazão do carregador pode ser ocupando uma maior fração do percurso analítico
manipulada conforme o tempo necessário para o tendo a mesma função de uma alça de
desenvolvimento de uma determinada reação. amostragem mais longa.
Quanto maior a vazão, menos o tempo de
Utilizando o sistema de confluência a
residência da amostra. No experimento pode-se
média do sinal foi de 0,0956 enquanto sem a
observar que o sinal analítico aumenta conforme
mesma, a média do sinal foi de 0,1233.
diminui a vazão, mantendo fixo o percurso e a
alça de amostragem; isto é mostrado na tabela 4.

4.6 – SUBSTITUINDO O TRANSPORTADOR


PELA SOLUÇÃO COLORIDA

Como não há presença do carregador a


solução de permanganato de potássio não sofre
dispersão, sendo assim o tamanho da alça de
amostragem e do percurso analítico não
influenciarão no sinal analítico.

Utilizando o percurso de 100 cm e alça


de 25 cm, o sinal obtido foi de 0,342; sendo que
quando existe presença de carregador e os
mesmos parâmetros, o sinal médio foi de 0,273.

4
4.7 – COEFICIENTE DE DISPERSÃO experimento: limitada (1 < CD < 3); média (3 <
REFERENTES AO SINAL MÁXIMO EM CD < 10) e elevada (CD > 10);
CADA UMA DAS SITUAÇÕES DESCRITAS
NOS ITENS 1 E 2. 5 CONCLUSÃO

O coeficiente de dispersão foi determinado


utilizando a seguinte equação: O processo de análise química por
injeção em fluxo continuo é um meio versátil,
A0 simples e com baixo custo de implementação.
D= (1)
Amáx . Sobre o sistema, vale ressaltar que quanto maior
o percurso analítico, menor a absorbância devido
Onde A0 é o sinal da absorbância da solução de à dispersão da amostra, e quanto maior o tempo
KMnO4 quando não existe a presença de de residência menor a velocidade analítica. O
carregador (nesse caso o valor A0 é igual a tempo de residência pode ser aumentado
0,312) e Amáx. é o sinal da absorbância obtido ao diminuindo a vazão do carregador. O volume da
longo do experimento. Com isso pôde-se montar amostra empregado é definido pelo comprimento
duas tabelas com os valores de D e a respectiva da alça de amostragem, e pode-se observar que,
classificação para cada caso. quanto maior a alça, menor será a dispersão e
maior o sinal analítico.

Concluiu-se também que adicionando um


Caso 1: Variando a alça de amostragem;
fluxo confluente, o sinal analítico diminui devido
a uma menor dispersão.

6 BIBLIOGRAFIA

[1]– SKOOG, Douglas A.; HOLLER, James F.;


NIEMAN, Timothy A.; Princípios de Análise
Instrumental, 5ªed., editora Bookman, São
Paulo, 2002, p. 731-740.

[2] – Reis, B.F., Giné, M.F. e Kronka E.A.M.


(1989). A análise química por injeção em fluxo
Caso 2: Variando o percurso analítico; contínuo. Química Nova, 12: 82-91.

[3] – Reis, B.F. (1996). Análise química por


injeção em fluxo: vinte anos de
desenvolvimento. Química Nova, 19: 51-58.

A classificação foi feita utilizando os


seguintes parâmetros pré-determinados no

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