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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA 1 – 2023.1

INSTRUMENTAÇÃO

Professor responsável: Otidene Rossiter de Sá Rocha


Aluno: José Matheus Silva Rodrigues
Turma: QA

Recife, 31 de julho de 2023


1. INTRODUÇÃO

A instrumentação é um campo multidisciplinar que engloba técnicas e ferramentas para a


medição, observação, registro, controle e intervenção em fenômenos físicos. É uma ciência essencial
para diversas áreas, principalmente na Engenharia, proporcionando a capacidade de adquirir dados
precisos e informações relevantes sobre sistemas e processos em tempo real. Além disso, por meio
da instrumentação é possível atestar a validade de dados por meio de reproduções da mesma técnica
repetidas vezes, observando se os resultados são reprodutíveis e se os métodos são válidos e
mensuráveis ou apenas aleatórios (ATKINS; DE PAULA, 2014).
Enquanto os sólidos possuem a elasticidade como uma medida de sua capacidade de
deformação, a propriedade análoga que existe para os fluidos é a viscosidade. A viscosidade nada
mais é do que uma medida do quanto um fluido possui resistência interna ao escoamento, sendo
assim, quanto maior a viscosidade, mais difícil e lento é o escoamento de um fluido. Existem dois
tipos notáveis de viscosidade: a dinâmica e a cinemática, a primeira relacionada às tensões e taxas de
cisalhamento e a segunda relacionada à densidade do fluido (FOX et al., 2014). A viscosidade é uma
propriedade importante para o estudo da Mecânica dos Fluidos (principalmente para processos
industriais) e pode depender de diversos fatores, como a concentração e a temperatura do fluido. Por
estas razões, alguns equipamentos foram desenvolvidos com o intuito de determinar este parâmetro
físico: os viscosímetros.
O viscosímetro de Ostwald é um equipamento que permite a determinação do coeficiente de
viscosidade de um fluido com base no seu tempo de escoamento entre duas marcas, uma antes e uma
depois de uma protuberância no tubo de vidro onde o fluido escoa. Já o viscosímetro de Hoppler conta
com um tubo que fica totalmente preenchido com o fluido estudado, onde é inserida uma esfera de
vidro de massa conhecida que cai ao longo do tubo com a força da gravidade e tem o seu tempo de
escoamento registrado entre duas marcações dentro do tubo.
Uma abordagem instrumental adicional para investigar as propriedades dos fluidos envolve a
medição de condutividade. Essa técnica é amplamente empregada em diversos setores industriais
devido à sua capacidade de estimar a quantidade de substâncias iônicas dissolvidas em água. Neste
contexto, explorar a condutividade oferece informações valiosas para aprimorar processos industriais.
Os equipamentos utilizados para medir a condutância de um fluido são chamados de condutivímetros.
Neste relatório, a viscosidade de uma solução de etanol a diferentes concentrações deve ser
medida com um viscosímetro de Ostwald, enquanto o viscosímetro de Hoppler tem a função de
determinar a viscosidade de uma solução de sacarose. Já a condutometria deve ser feita em diferentes
soluções de cloreto de potássio e ácido acético.
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2. METODOLOGIA
2.1. Materiais e reagentes

Reagentes e substâncias:
- Sacarose 25%, 15%, 10% e 5%;
- Álcool etílico p.a;
- Água destilada;
- Cloreto de potássio 0,1M (250mL);
- Ácido acético 0,05M (250mL)

Materiais:
- Pipetas volumétricas de 10mL e 50mL;
- Proveta de 150mL;
- Balões volumétricos de 100mL e 250mL;
- Béquer de 100mL;
- Bureta de 50mL;
- Banho termostático;
- Condutivímetro;
- Paquímetro;
- Termômetro;
- Densímetro;
- Viscosímetro de Hoppler;
- Viscosímetro de Ostwald;
- Tubo de borracha de silicone;
- Suporte com garra de metal;
- Esferas de vidro;
- Cronômetro.

2.2. Procedimento experimental


2.2.1. Viscosímetro de Ostwald
Inicialmente, preencheu-se o tubo mais grosso do viscosímetro com água até que metade da
esfera presente no vidro. Após isso, acoplou-se uma bomba na entrada desse tubo e foi injetado
ar na vidraria até que a água passasse para o outro lado da tubulação, acima das duas marcações
usadas para medir sua viscosidade. Então, a bomba é removida do sistema e o fluido escoa
3
livremente. O cronômetro é disparado no momento em que o menisco do fluido passa pela
primeira marcação e é pausado no exato momento em que o menisco atinge a segunda marcação.
A operação deve ser repetida 5 vezes.
Esta etapa anterior é a de calibração. Após ela estar completa, o mesmo deve ser feito para
diferentes concentrações de uma solução de etanol (10%, 20%, 30% e 40%).

2.2.2. Viscosímetro de Hoppler


Inicialmente, uma esfera de vidro deve ter a sua massa pesada. Em seguida, o tubo interno do
viscosímetro deve ser preenchido com água e fechado de forma a evitar a formação de bolhas. A
esfera deve ser colocada dentro do tubo e após a passar pela primeira marcação, o cronômetro deve
ser disparado. Ele é pausado assim que a segunda marcação é atingida. Esta é a etapa de calibração
que deve ser repetida ao menos 3 vezes.

2.2.3. Condutimetria
Inicialmente, inseriu-se as soluções do eletrólito forte na mesma temperatura e após cada
medição, a célula foi lavada com água deionizada. Esta etapa tem o objetivo de determinar a
condutância e a constante de dissociação da célula de cloreto de potássio.
Para determinar a constante de dissociação do ácido acético, inseriu-se as soluções do
eletrólito fraco na mesma temperatura e após cada medição. Ao fim, a célula foi lavada com água
deionizada entre cada medição às diferentes concentrações.
O processo foi repetido para as diferentes concentrações de ambas as soluções.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Viscosímetro de Ostwald


Como dito anteriormente, cinco medidas de tempo foram tomadas com relação a este
experimento. Para garantir uma melhor exatidão, as três medidas mais próximas foram consideradas
nos cálculos.
Primeiramente, para se determinar com exatidão a densidade da água, a temperatura do
ambiente foi medida e fixada (26,1 °C e 1 atm) e a densidade da água foi interpolada para esta
temperatura, obtendo-se o valor de 0,99649 g/cm³. Além disso, o coeficiente de viscosidade da água
nesta temperatura também foi obtido por meio da interpolação, resultando em um valor de 8,9207
mP. Após cada medida, a densidade das soluções com diferentes concentrações foi obtida utilizando

4
um densímetro. A Tabela 1 evidencia quais são os tempos medidos em cada um dos casos, assim
como a densidade de cada uma das soluções.

Tabela 1 – Dados obtidos a partir da prática do viscosímetro de Ostwald

Tempo Densidade Desvio


Amostra Tempo (s)
médio (s) (g/cm³) padrão

Água 3,56 3,55 3,49 3,533 0,9965 0,030912

Etanol 10% 3,88 3,88 3,8 3,853 0,9750 0,037712

Etanol 20% 4,33 4,34 4,4 4,357 0,9650 0,030912

Etanol 30% 5,51 5,51 5,52 5,513333 0,9500 0,004714

Etanol 40% 6,05 6,09 6,09 6,077 0,9400 0,018856


Fonte: elaborado pelo autor

A equação de Poiseuille permite o cálculo teórico da viscosidade de um fluido a partir de


alguns parâmetros. A Equação 1 descreve estes parâmetros.
𝜋∙𝑟 4 ∙𝑃∙𝑡
𝜂= (1)
8∙𝑉∙𝐿
Em que:
- 𝑟: raio do tubo (cm);
- 𝑃: pressão hidrostática sobre o líquido (mPa);
- 𝑡: tempo de escoamento (s);
- 𝐿: comprimento do tubo (cm);
- 𝑉: volume de líquido (mL);
Caso se conheça a viscosidade, a densidade e o tempo de escoamento de um líquido de
referência em um equipamento específico, é possível inferir a viscosidade de um líquido do qual se
conhece o tempo de escoamento e a densidade a partir de uma manipulação da Equação 1 que gera a
Equação 2.
𝜂1 𝑡1 ∙𝑑1
= (2)
𝜂2 𝑡2 ∙𝑑2
Em que:
- Índice 1: líquido de referência (água);
- Índice 2: líquido estudado (soluções de etanol);
- 𝜂: coeficiente de viscosidade;

5
- 𝑡: tempo de escoamento;
- 𝑑: densidade;
Dessa forma, o valor do coeficiente de viscosidade foi calculado para cada uma das soluções
com diferentes concentrações. A viscosidade calculada diretamente, com seu valor dado em mP é
considerada como a viscosidade absoluta. A viscosidade relativa pode ser obtida multiplicando o
valor da viscosidade absoluta pela viscosidade absoluta da água a 25 °C, correspondente a 0,008 P.
Os dados obtidos estão disponíveis na Tabela 2.

Tabela 2 – Dados obtidos a partir da prática do viscosímetro de Ostwald

Amostra Densidade Tempo médio (s) η relativo η absoluto (cP)


Água 0,9965 3,53333333 1 0,89207
10% 0,975 3,85333333 1,067036515 0,951871264
20% 0,965 4,35666667 1,194042356 1,065169364
30% 0,95 5,51333333 1,487564968 1,327012081
40% 0,94 6,07666667 1,622300694 1,44720578
Fonte: elaborado pelo autor

Em um pensamento lógico inicial, poderia-se esperar que o coeficiente de viscosidade


diminuísse ao longo do aumento de concentração de etanol na água, visto que a densidade do etanol
é menor. Porém, a 25 °C, a viscosidade do etanol é ligeiramente mais alta do que a da água (0,012 P),
e este comportamento está previsto na literatura. Á medida que o etanol é adicionado à solução,
algumas micelas são formadas graças às cadeias de hidrocarbonetos presentes no álcool, que repelem
a água e se agrupam graças à sua natureza hidrofóbica. Acontece que as moléculas de água e as
hidroxilas presentes no etanol podem formar pontes de hidrogênio, que cercam as micelas de forma
a compactar a solução (diminuição de volume). O aumento dessas forças intermoleculares faz com
que haja uma maior resistência ao escoamento internamente no líquido e consequente aumento do
coeficiente de viscosidade. A Figura 1 demonstra como o aumento de volume do etanol faz com que
a viscosidade de uma solução aquosa varie.

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Figura 1 – Variação da viscosidade em função da concentração em soluções de etanol, na literatura

Fonte: Sharp et al., 2014


Como é possível observar, até o volume de 40% de etanol, o comportamento da curva é quase
linear. A Figura 2 faz uma comparação dos dados obtidos na prática com uma relação linear através
de uma regressão.

Figura 2 – Variação da viscosidade em função da concentração em soluções de etanol

16

15

14
Viscosidade abs. (mP)

13

12

11
y = 17,478x + 7,6085
10 R² = 0,9731
9

8
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Volume de etanol na solução (%)

Fonte: elaborado pelo autor

É possível observar que o comportamento se assemelha muito ao de uma função linear, mas
o parâmetro R² denota que os dados poderiam estar melhor encaixados neste modelo. Muito
provavelmente esses desvios de dados estão associados a erros experimentais, principalmente por
conta da dificuldade em se observar quando o menisco das soluções atinge as marcações utilizadas
para registrar os tempos, já que o escoamento é muito rápido e o tubo muito fino, limitando assim a
ação humana que carrega erros. Além dessas fontes de erros, tem-se o fato de a água não estar

7
exatamente a 25 °C, sendo que sua densidade não foi diretamente medida, mas calculada através de
dados da literatura.

3.2. Viscosímetro de Hoppler


Nesta prática, novamente os três dados de tempos medidos mais bem aproximados foram
selecionados para garantir uma coerência dos resultados. Primeiramente, foram tomadas as medidas
de massa e diâmetro da esfera de vidro utilizada no experimento. A partir delas, foram calculados o
volume (Equação 3) e a densidade (Equação 4).
4
𝑉 = ∙ 𝜋 ∙ 𝑟3 (3)
3
𝑚
𝑑= (4)
𝑉
Os dados obtidos através destes cálculos estão demonstrados na Tabela 3.

Tabela 3 – Dados relativos à esfera de vidro

Massa (g) Diâmetro (cm) Volume (cm³) Densidade (g/cm³)


4,9766 1,4700 1,6632 2,9921
Fonte: elaborado pelo autor

Os dados obtidos experimentalmente, considerando apenas os mais precisos, estão disponíveis


na Tabela 4.

Tabela 4 – Dados relativos à esfera de vidro

Tempo Densidade Desvio


Amostra Tempo (s)
médio (s) (g/cm³) padrão

Água 1,31 1,52 1,56 1,4633 0,9965 0,109646


Sacarose 5% 1,76 1,74 1,70 1,7333 1,017 0,024944
Sacarose 10% 1,86 1,87 1,78 1,8367 1,092 0,040277
Sacarose 15% 2,08 2,01 2,00 2,0300 1,053 0,03559
Sacarose 25% 2,27 2,28 2,30 2,2833 1,096 0,012472
Fonte: elaborado pelo autor

Já inicialmente é possível observar uma incoerência nos dados obtidos. Era esperando que a
densidade aumentasse sempre que a massa de sacarose adicionada fosse maior, porém não é o que
acontece com a medida de densidade da solução com 15% de sacarose. As razões para esse erro

8
podem estar ligadas à imprecisão do instrumento utilizado para medir a densidade ou à falta de
afinidade dos operadores. De qualquer forma, este erro irá refletir no resultado final da análise, visto
que a densidade da solução é um dos parâmetros utilizados para calcular a viscosidade. A Equação 5
demonstra como é realizado o cálculo da viscosidade absoluta utilizando o viscosímetro de Hoppler.
𝜂 = 𝑡 ∙ (𝑑𝑒𝑠𝑓 − 𝑑𝑙í𝑞 ) ∙ 𝐾 (5)
Em que:
- K é a constante específica da esfera (mPcm³), dada pelo fabricante;
Por meio de uma regressão linear utilizando os dados da tabela disponibilizada no roteiro do
relatório, que relaciona o valor de K ao diâmetro da esfera, obteve-se o valor de 5,604 mPcm³ para
K. Além disso, o cálculo da viscosidade relativa é dado pela Equação 6.
𝜂1 𝑡1 ∙(𝑑𝑒𝑠𝑓 −𝑑1 )
= (6)
𝜂2 𝑡2 ∙(𝑑𝑒𝑠𝑓 −𝑑2 )

Em que:
- Índice 1: líquido de referência (água);
- Índice 2: líquido estudado (soluções de sacarose);
- Índice “esf”: esfera de vidro;
- 𝜂: coeficiente de viscosidade;
- 𝑡: tempo de descida da esfera;
- 𝑑: densidade;
Desta forma, foi possível calcular tanto a viscosidade relativa quanto a absoluta. Os dados
estão disponíveis na Tabela 5.

Tabela 5 – Dados obtidos a partir da prática do viscosímetro de Hoppler

Amostra Densidade Tempo médio (s) η relativo η absoluto (cP)


Água 0,9965 1,4633 1 0,89207
5% 1,017 1,7333 1,114045566 0,993806628
10% 1,092 1,8367 1,135635442 1,12860203
15% 1,053 2,030 1,280938237 1,445669494
25% 1,096 2,2833 1,408843364 2,036721873
Fonte: elaborado pelo autor

Na literatura, existem estudos que visam entender como ocorre a variação de viscosidade de
soluções de sacarose com o aumento da sua concentração. A Figura 3 demonstra como essa variação
ocorre. Os dados foram obtidos utilizando um viscosímetro de Ostwald.

9
Figura 3 – Variação da viscosidade em função da concentração em soluções de sacarose, na literatura

Fonte: HIDAYIANTO et al., 2010.

A Figura 4 demonstra a relação entre a concentração e a viscosidade em cP para efeitos


comparativos.

Figura 4 – Variação da viscosidade em função da concentração em soluções de sacarose

2,5
Viscosidade absoluta (cP)

2,4
2,3
2,2
2,1
2
y = 27,115x + 17,538
1,9 R² = 0,9541
1,8
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
Concentração de sacarose (%)

Fonte: elaborado pelo autor

É possível observar que o perfil de ascensão da curva é diferente, mas que os valores se
aproximam dos obtidos no estudo publicado. O abaulamento trazido à curva pela amostra de sacarose
a 15% provavelmente se deve ao erro cometido na aferição de sua densidade, já que ela representa
um valor incoerente com os outros observados. De qualquer forma, a dependência do tempo de
declínio da esfera fez com que os resultados não fossem tão alterados, mesmo com este erro. Assim
como no caso do etanol, o aumento da viscosidade devido à adição de sacarose está diretamente
ligado ao aumento de ligações intermoleculares e à restrição espacial entre as moléculas.

10
Um outro detalhe que pode ter sido uma grande fonte de erros é o fato de o fechamento do
tubo interno não ter sido feito de maneira eficaz por conta de problemas físicos do equipamento.
Dessa forma, diversas bolhas estavam presentes no tubo.

3.3. Condutimetria
A condutância molar, estudada nesta seção do relatório, é uma propriedade de eletrólitos que
depende de alguns fatores, mas principalmente da natureza do eletrólito. No caso de eletrólitos fortes,
como é o caso do cloreto de potássio (KCl), a condutância molar varia em função da concentração,
como mostra a Equação 7.

Λ = Λ 0 − 𝑏 ∙ √𝐶 (7)
Em que:
- Λ 0 : é a condutância molar à diluição infinita;
- 𝑏: constante;
- 𝐶: concentração;
Para soluções aquosas de KCl a 25 °C, a equação empírica de Shedlowsky é utilizada para
demonstrar a relação matemática entre a condutância molar e a concentração em equivalentes por
litro.

Λ = 149,82 − 93,85√C + 94,9 ∙ C ∙ (1 − 0,2274 ∙ √C) (8)


A partir desta equação, foi possível calcular o valor da condutância molar de cada uma das
soluções de KCl a diferentes concentrações. Os valores obtidos estão na Tabela 6.

Tabela 6 – Dados obtidos e calculados a partir do experimento com o cloreto de potásio


Λ Shedlowsky
Concentração (mol/L) Condutividade (µS/cm) √𝑪
(S.cm²/mol)
0,00005 9,56 0,007071 149,1611
0,0001 16,4 0,01 148,891
0,000195 29 0,013964 148,5279
0,00039 55,5 0,019748 148,0035
0,00078 110 0,027928 147,2725
0,00156 220 0,039497 146,2599
0,00312 441 0,055857 144,8702
0,00625 883 0,079057 142,983
0,0125 1732 0,111803 140,4833

11
0,025 3370 0,158114 137,2682
0,05 6530 0,223607 133,3382
0,1 12840 0,316228 128,9496
Fonte: elaborado pelo autor

A partir dos dados da Tabela 6, é possível montar uma curva que relaciona a raiz da
concentração e a condutância em função desta, sendo ela dada por uma reta de tendência que tem um
formato similar à Equação 7 já demonstrada. Sendo assim, a Figura 5 demonstra essa relação e
também destaca a equação dada pela linha de tendência.

Figura 5 – Variação da viscosidade em função da concentração em soluções de etanol, na literatura

155,0000

150,0000
Condutância (S.cm²/mol)

y = -67,694x + 149
145,0000 R² = 0,9883

140,0000

135,0000

130,0000

125,0000
0,0000 0,0500 0,1000 0,1500 0,2000 0,2500 0,3000 0,3500
√𝑪

Fonte: elaborado pelo autor

A equação é dada por:


𝑦 = 149 − 67,694 ∙ 𝑥
Relacionando os termos da Equação 7 com os termos da equação anterior, temos que b =
67,694 e que Λ0 = 149. Desta forma, é possível calcular a condutância através da Equação 7, que não
é um modelo empírico. Como o coeficiente de determinação da reta é R² = 0,9883, é possível afirmar
que é possível prever a condutância através da equação com 98,83% de certeza. A comparação entre
os dois modelos está feita na Tabela 7.

Tabela 7 – Comparação entre as condutâncias calculadas pelos dois métodos

Concentração (mol/L) Λ Shedlowsky (S.cm²/mol) Λ (S.cm²/mol)


0,00005 149,1611 148,5213

12
0,0001 148,8910 148,3231
0,000195 148,5279 148,0547
0,00039 148,0035 147,6632
0,00078 147,2725 147,1094
0,00156 146,2599 146,3263
0,00312 144,8702 145,2188
0,00625 142,9830 143,6483
0,0125 140,4833 141,4316
0,025 137,2682 138,2966
0,05 133,3382 133,8632
0,1 128,9496 127,5933
Fonte: elaborado pelo autor

É possível observar que, no geral, a condutância diminui à medida que a concentração


aumenta. A esse fenômeno se dá o nome, comumente, de “efeito de dissociação iônica”. Como dito,
o KCl é um eletrólito forte, o que indica que ele se dissocia completamente quando em uma solução
aquosa, conforme a seguinte equação:
+ −
𝐾𝐶𝑙𝑎𝑞 → 𝐾(𝑎𝑞) + 𝐶𝑙(𝑎𝑞)
Em soluções diluídas, os poucos íons possuem um maior espaço para se movimentarem e
realizarem a transferência de carga, conduzindo-a de forma mais ampla. Porém, à medida que a
concentração aumenta, a quantidade de íons também aumenta, limitando mais o espaço livre para a
condutividade e fazendo com que mais interações eletrostáticas entre os próprios íons ocorram. A
consequência disso é uma diminuição na condutância molar, como observado nos dados.
Já o ácido acético é considerado um ácido fraco. Por conta de sua natureza, a forma de
determinação da sua condutância é diferente. A equação química que descreve a dissociação do ácido
acético é:
+ −
𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂𝐻(𝑎𝑞) → 𝐻(𝑎𝑞) + 𝐶𝐻3 𝐶𝑂𝑂(𝑎𝑞)
A Equação 9 demonstra como a condutância molar se relaciona com a concentração neste
caso.
1 1 Λ𝑚 ∙𝐶
= + (9)
Λ𝑚 Λ0 𝐾∙Λ20

Neste caso, K é uma constante de dissociação de eletrólitos fracos dada pela Equação 10. O
parâmetro α, o grau de dissociação do eletrólito, é dado pela Equação 11.
13
𝛼2 Λ𝑚
𝐾= ∙𝐶 e 𝛼= (10) e (11)
1−𝛼 Λ0

Com a Equação 9, alguns dados podem ser determinados. Esses dados estão disponíveis na
Tabela 8.
Tabela 8 – Dados obtidos e calculados a partir do experimento com o ácido acético

Concentração Condutividade
Λm (S.cm²/mol) Λ.C (S.cm²/mol) 1/ Λ (mol/S.cm²)
(mol/L) (µ.S/cm)
0,0025 63,4 25,36 63,4 0,039432
0,005 93,8 18,76 93,8 0,053305
0,01 136,2 13,62 136,2 0,073421
0,025 220 8,8 220 0,113636
0,05 316 6,32 316 0,158228
Fonte: elaborado pelo autor

A partir dos dados da Tabela 8, é possível obter uma curva que relaciona o inverso da
condutância e o produto entre a condutância e concentração. A Figura 6 demonstra essa relação.

Figura 6 – Dados obtidos e calculados a partir do experimento com o cloreto de potásio

0,18
0,16
0,14
y = 0,0005x + 0,0093
Λ.C (S.cm²/mol)

0,12 R² = 1
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
0 50 100 150 200 250 300 350
1/ Λ (mol/S.cm²)

Fonte: elaborado pelo autor

O coeficiente de determinação desta regressão, R² = 1, em teoria garante 100% de certeza


quanto à condutividade molar que será calculada pelo método.
A partir disso, tem-se a possibilidade de se obter uma equação para a regressão linear que
determina o valor de 1/Λ0. Sendo assim, obtém-se um valor de Λ0 = 107,5269 S.cm²/mol. Com isso,

14
basta aplicar os valores de X e Y nas Equações 10 e 11 para determinar os valores dos parâmetros α
e K. Os valores estão disponíveis na Tabela 9.

Tabela 9 – Parâmetros de um eletrólito fraco calculados

Concentração Condutividade
α K
(mol/L) (µ.S/cm)
0,0025 63,4 0,235848 0,000182
0,005 93,8 0,174468 0,000184
0,01 136,2 0,126666 0,000184
0,025 220 0,08184 0,000182
0,05 316 0,058776 0,000184
Fonte: elaborado pelo autor

A partir disso, é possível calcular um valor médio para o K. Tem-se, então:


𝐾 = 0,0001832
Este é o valor da constante de dissociação para o ácido acético.

4. CONCLUSÃO
Portanto, a partir das atividades realizadas nesta prática foi possível determinar a viscosidade
de soluções de etanol e sacarose, comparando os resultados com dados da literatura e validando os
experimentos realizados. Também foi possível entender as razões que fazem a viscosidade depender
da concentração de solutos nas soluções, sendo as forças intermoleculares e a natureza das substâncias
as grandes responsáveis por esse fenômeno. Uma maior afinidade com os instrumentos utilizados foi
desenvolvida e fontes de erros puderam ser exploradas e relacionadas com alguns desvios nos
resultados obtidos. Os coeficientes de determinação para os experimentos realizados foram de 0,9731
e 0,9541 para os viscosímetros de Ostwald e Hoppler, respectivamente.
Além disso, foi possível estudar a variação da condutância com relação à concentração de
eletrólitos em duas substâncias (KCl e ácido acético), entendendo como a teoria explica a diminuição
da condutância de forma inversamente proporcional à concentração. Obteve-se um regressão linear
com resultados muito positivos (R² = 1 para o ácido acético), o que leva a considerar os resultados
como fidedignos ao final da prática.

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5. REFERÊNCIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO. INSTRUMENTAÇÃO. Laboratório de


Engenharia Química 1. Recife, 2020.

ATKINS, P. W.; DE PAULA, J. Physical Chemistry: Thermodynamics, Structure, and Change.


New York: W.H. Freeman And Company, 2014.

FOX, R. W et al. Fox And Mcdonald’s Introduction To Fluid Mechanics. S.L.: John Wiley, 2014.

SHARP, D. B.; SHAWCROSS, A.; GREATED, C. A. LIF Measurement of the Diluting Effect of
Surface Waves on Turbulent Buoyant Plumes. Journal of Flow Control, Measurement &
Visualization, v. 02, n. 03, p. 77–93, 2014.

HIDAYANTO, E. et al. MEASUREMENT OF VISCOSITY AND SUCROSE


CONCENTRATION IN AQUEOUS SOLUTION USING PORTABLE BRIX METER. 2010.

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