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Curso: Técnico em Agropecuária

Disciplina: Criação de animais de pequeno porte

Sistemas de criação e
instalações em piscicultura
Professora: Dra. Carla Silva Chaves

Setembro/2021
Objetivos

• Identificar os sistemas de criação


em piscicultura.
• Identificar as condições de
implantação de criatório de
peixes.
• Listar as construções em
piscicultura.
Piscicultura
extensiva
• Atividade Secundária, Terciária ...
• Reservatório existente de pequena a
grandes dimensões
• Lagos, lagoas, açudes e grandes represas
• Com finalidade: Energia-Elétrica,
Bebedouros, Irrigação...
• Não uso de tecnologias
• Monitoramento de qualidade de água
• Controle de entrada e saída de água
• Uso de ração balanceada
• Baixa densidade de estocagem
Piscicultura
extensiva
• Estocagem de alevinos de maior
tamanho

• Baixo custo de produção


• Tempo de Cultivo - Indefinido
• Produtividade: 100 a 1000
kg/ha/ano

• Qualidade do pescado não é


comercialmente competitiva.
Piscicultura
semi-intensiva
• Exploração Econômica
• Viveiros Planejados
• Exclusivo para atividade
• Tamanho
• Profundidade
• Controle de entrada e saída de água (Renovação)
• Uso de tecnologias
• Monitoramento de qualidade de água
• Fertilização dos Viveiros – aumento de alimento
natural
• Ração balanceada – aumento de produção e
crescimento
• Densidade de estocagem
• Espécie economicamente viável
• Policultivo
Piscicultura intensiva
• Maior nível de tecnologia empregado
• Atividade econômica
• Viveiros Planejados
• Exclusivo para atividade
• Tamanho
• Profundidade
• Controle de entrada e saída de água (Renovação)
• Uso de tecnologias
• Monitoramento de qualidade de água
• Fertilização dos Viveiros
• Alimentação Artificial com Ração balanceada
• Densidade de estocagem elevada
• Espécie economicamente viável
• Monocultivo
Piscicultura
superintesiva
• A piscicultura superintensiva é um sistema de criação
aplica do nos cultivos em tanques-rede ou gaiolas e
nos raceways ou longos tanques de alvenaria,
concreto ou fibra de vento dotado de fluxo contínuo
de água.
• Poucos locais de instalação
• Alta qualidade e quantidade de água
• Menor área ocupada
• Tanques Planejados
• Exclusivo para atividade
• Alvenaria
• Pequeno Porte
• Renovação total de água – Eliminar dejetos
metabólicos
Piscicultura superintesiva
• Uso de tecnologias
• Alimentação Artificial com Ração balanceada - extrusada
• Densidade de estocagem superelevada – 20 a 80kg m³
• Alta taxa de Oxigênio dissolvido

https://www.youtube.com/watch?v=RTck7mDcAh0
Instalações em
Piscicultura
Instalações
• Terreno adequado: Preferência aos terrenos
planos ou com declividade suave de 5% que
permita a construção de tanques com a mínima
movimentação de terra.

• Tipo de solo: os melhores solos são os


semipermeáveis, ou seja, intermediários entre
o arenoso e o argiloso.

• Disponibilidade de água: A água deve ser de


boa qualidade e de quantidade abundante.
• Suficiente para permitir a reposição das perdas
por evaporação, infiltração e renovação dos
tanques.
• As águas superficiais de fontes, como rios e
riachos, são as mais utilizadas na piscicultura e
devem ser limpas, perenes e sem contaminantes.
Instalações
• Dados de meteorologia: Registros anteriores
de precipitação, temperaturas médias,
insolação, ventos dominantes devem ser
levantados por um período longo de tempo,
principalmente dados de enchentes e
estiagens prolongadas para a correta
implantação da piscicultura.

• Infraestrutura: Deve ser observada a


disponibilidade de energia elétrica e se essa
energia constante ou não.
• As condições de estradas, pontes,
fornecedores de insumos, alevinos,
assistência técnica, equipamentos, oficina
também devem ser observadas para que
não comprometam a produção.
Construções
• Viveiros: Os viveiros são reservatórios construídos em
terreno natural, dotados de sistemas de abastecimento e
de drenagem da água.

• Tanques: Os tanques são benfeitorias cuja característica


básica é de serem revestidos, seja de alvenaria, pedra,
tijolos ou concreto.
• revestimento total ou parcial;
• São mais caros que os viveiros;
• alta produtividade;
• baixa manutenção e grande durabilidade.
Construções
• Canais de abastecimento: O abastecimento se dá preferencialmente por gravidade ou
com uso de bombas de abastecimento.
• A entrada da água pode ser com canaletas de telha ou alvenaria, ou com uso de cano de PVC
de alta pressão.
• Os canais de abastecimento devem estar posicionados na extremidade e na parte superior do
tanque.
Construções
• Filtro Biológico: Tem a função de evitar a entrada de outras espécies nocivas ao cultivo,
como predadores, e impedir a entrada de troncos, folhas, lama etc.
• Geralmente, são filtros de brita.
Construções
• Saída de água: As estruturas de saída da água devem estar na parte mais baixa do tanque
para que o mesmo possa ser totalmente drenado.
• Estruturas de saída da água podem ser do tipo cotovelo ou joelho e a conhecida como monge.
• O sistema de escoamento em vasos comunicantes conhecido como monge é o mais indicado para
tanques de piscicultura.
• Os monges podem ser construídos externa ou internamente aos tanques (NETO, 2008).
Construções
• Declividade: A declividade é um fator relevante na construção dos tanques.
• O leito do tanque deve apresentar uma pequena inclinação no sentido das paredes laterais para
o centro.
• No sentido longitudinal, em direção ao escoamento, deve haver uma inclinação de 1,5% para
facilitar a limpeza e drenagem total do tanque.
Construções
• Talude: O talude deve apresentar na proporção de 3:1na borda interna do viveiro e 2:1 na
borda externa do viveiro.
• A largura da crista (L) deverá ser de 2 a 3m quando não for necessária a passagem de veículos ou
de 5m para haver a circulação de veículos.
• Devem ser protegidos por cobertura vegetal.
Etapas para construção de viveiros
Tanque-rede
• O cultivo em tanques-rede ou gaiolas otimizam os
recursos hídricos não apropriados para a aquicultura
convencional.
• Tem por objetivo maximizar a produção por unidade
de área e tempo, empregando-se:
• a alimentação artificial,
Tanque-rede • manejo intensivo,
• planejamento da produção,
• melhoria da qualidade do pescado produzido.
• O sistema de produção em tanques-rede é mais
intensivo que o cultivo em viveiros escavados.
• Formas: Quadradas, retangulares e redondas.
Tanque-rede • Formato mais utilizado é o quadrangular devido a facilidade
de manejo nas estruturas e pela troca de água dos mesmos.
• Dimensões: as estruturas variam entre 2,0 x 2,0 x 1,0m e
3,0 x 3,0 x 2,0m, totalizando 4m3 e 18m3, respectivamente.
• Em alguns empreendimentos industriais, tanques-rede de
tamanho 6,0 x 6,0 x 2,0m vem sendo utilizado, com ótimos
resultados mas com alto investimento.
• Volume: pode-se dividir em dois volumes = tanques-rede
de pequeno volume e alta densidade (PVAD) e tanques-rede
de grande volume e baixa densidade (GVBD).
Tanque-rede • Tanques-rede de pequeno volume possuem uma renovação
maior que os de grande volume.
Estrutura do
tanque-rede
• Estrutura: armação que
permite a sustentação da tela
ou rede. Pode ser de aço,
ferro, alumínio e tubos de
PVC.
• Contenção: Parte telada.
Malhas variam entre 19 (3/4)
e 25 (1) milímetros.
Estrutura do tanque-rede
• Comedouros: Estrutura de diversos tamanhos e formas, com a função de manter a ração
extrusada flutuando em uma área de cerca de 60 à 80% da área superficial do tanque.
• Evita que o alimento escape ou afunde.
Estrutura do
tanque-rede
• Sinalizadores: exigência
da marinha.
• Evita acidentes com
embarcações e consequentes
prejuízos.
• Utiliza tambores amarelos de
PVC ou com sinalização
luminosa.
Estrutura de tanque-rede
• Estrutura de fixação: cabos de aço ou nylon (12mm).
• Fixação em terra firme ou em caso de canais estreitos em peças no fundo do reservatório (poitas
ou âncoras).
Qualidade da
água
• Temperatura:
Qualidade da água
• pH: Potencial hidrogênico
• Alterações bruscas no pH da água podem gerar mortalidade em massa dos peixes e
exposições por longo tempo comprometem o desenvolvimento dos peixes.
• A escala de pH varia de 0 a 14. O pH igual a 7 é neutro, abaixo desse a água é acida e
acima é alcalina.
• A faixa de pH para a piscicultura está entre 6,0 e 9,0, sendo ideal entre 7,0 e 8,5.
• O uso de equipamento como peagâmetro auxilia a medição do pH da água.
Qualidade da
água
• Transparência:
• Utilização do disco de Secchi.
• Ao utilizar o disco de Secchi, deve ser observada a
maior profundidade que permite a sua visualização
na água.
• A transparência entre 30 e 60 cm de profundidade é,
geralmente, a mais adequada para a piscicultura.
• Maior que 60cm: crescimento de plantas aquáticas
• Menor que 30cm: problemas de oxigênio dissolvido
e variações no pH.
• Monitoramento semanal ou a cada 3 dias.
• Oxigênio:
• O oxigênio dissolvido é o componente mais
limitante em piscicultura.
• Em baixas concentrações pode causar atraso no
Qualidade crescimento, aumento de incidência de doenças e
mortalidade dos peixes.

da água • A variação do oxigênio nos tanques ocorre em


função:
• quantidade de plantas,
• profundidade do tanque,
• temperatura da água
• incidência de luz dentro do tanque.
Qualidade da
água
 Sinais de queda de oxigênio na água:
Os peixes não se alimentam.
A coloração da água passa de verde para
marrom.
Peixes abrindo e fechando a boca na
superfície.
Concentração de peixes próximos à entrada
de água do viveiro.
Mortalidade de peixes maiores.
Qualidade da
água
• O que fazer na falta de oxigênio:
Parar a adubação orgânica e/ou
arraçoamento.
Utilizar aeração mecânica.
Encher o viveiro com o máximo de
água limpa possível.
Quantidade de água
• Exemplo: Tanque com hectare e 1 m de profundidade
• 1 ha = 10000 m2

10000m2 x 1m = 10000m3

• Assim, precisaremos de 10000m3 d’água.


Quantidade de água
• Também temos que levar em consideração o tempo para enchimento
do tanque. Não ultrapassar 72 horas.
• 10000m3 = 10.000.000 litros (1 m3 = 1000 litros)
• 72 horas = 259200 segundos

10.000.000 litros / 259200 segundos = 38,6 litros/segundo


Manejo dos
tanques e peixes
Manejo do
viveiro
• Para iniciar um ciclo de produção de
peixes é necessário realizar a preparação
do viveiro que receberá os alevinos. A
preparação é feita em várias etapas, como:
• Esvaziamento e secagem: Os viveiros
devem ser esvaziados completamente,
para que seja exposto ao sol.
• Duração: 10 dias
• Objetivo: decompor excesso de
matéria orgânica acumulada. Além de
eliminar organismos indesejáveis.
Manejo do viveiro
• Calagem:
• A Calagem consiste na técnica utilizada para melhorar a qualidade da água na
piscicultura, principalmente, em viveiros escavados de solos ácidos.
• Logo após o esvaziamento e exposição ao sol do viveiro, inicia-se a aplicação
em toda área do viveiro da cal, podendo ser:
• cal virgem ou cal hidratada, calcário dolomítico ou calcário calcítico;
• 200k/1000 m2 em todo fundo do viveiro;
• Realizar 2 a 3 dias antes do abastecimento do viveiro.
• Objetivo: eliminar ovos de peixes, peixes indesejáveis, caramujos, parasitas e outros
animais que possam predar os peixes que serão estocados.
Manejo do viveiro

• A calagem também pode ser


realizada durante o cultivo se o
pH da água estiver menor que
6,5 e/ou a alcalinidade inferior a
20mg/L de carbonato de cálcio
(CaCO3).
Manejo do viveiro

• Adubação inicial: realizada


semana antes do povoamento.
• Distribuído uniformemente
dentro do viveiro,
• Maior quantidade perto da
entrada de água,
• Inicie o enchimento do
viveiro, mantendo o nível da
água em torno de 50cm nos
primeiros 7 dias.
• Objetivo: favorecer a
formação de plâncton.
• Adubação de manutenção acontece em razão principalmente da
transparência da água.
• A transparência pode ser afetada pela quantidade de partículas no
solo em suspensão.
Fases de cultivo
• Pós-larvas:
• Deve-se povoar os viveiros numa densidade de 100 a 300 pós-larvas/m2.
• Devem ser transportadas em baldes ou sacos plásticos.
• Após a chegada nos viveiros as pós-larvas devem ser aclimatadas, pois a temperatura entre a
água e o recipiente de transporte e a água do viveiro que as receberá pode estar diferente e
com isso provocar choque-térmico, matando-as.
• Basta deixar o recipiente imerso parcialmente na superfície do viveiro, com termômetro.
• Quando as temperaturas forem as mesmas, só abrir o recipiente e soltar as pós-larvas.
• O enchimento total do viveiro só pode ser efetuado de uma semana a 10 dias após o seu
povoamento.
Fases de cultivo
• Pós-larvas:
• Adubação de manutenção deve ser seguida
para garantir uma boa abundância de
zooplâncton no viveiro.
• Alimentação externa inicia-se após 7 a 10
dias de cultivo (organismos planctônicos já
não são suficientes).
• Alimento sugerido: ração farelada
balanceada (partícula inferior a 0,5mm)
com em torno de 40% de proteína.
• Devem ser alimentadas pelo menos 3 vezes
ao dia.
Fases de cultivo

• Alevinagem: 3 a 5 semanas de vida. É a fase de


cultivo de peixes de peso normalmente abaixo
de 10 g até atingirem 60 g.
• Realizada normalmente em viveiros
berçários ou pequenos viveiros de 200 m2
que permite alta densidade de estocagem
e ao atingir 60 g são transferidos para
viveiros maiores.
• Cuidados com predadores.
Fases de cultivo

• Engorda: A fase de engorda vai desde o fim da


alevinagem com peixes de 60 g até a despesca, o
peso final do peixe depende do valor comercial
da espécie cultiva.
• Alimentos devem ser distribuídos em vários
pontos do viveiro para não favorecer peixes
dominantes e permitir crescimento
uniforme.
• Nas fases mais jovens, os peixes necessitam
de:
• Maior frequência de arraçoamento;
• Maiores níveis de proteína na ração;
• Grânulos de ração de menor tamanho.
Exercícios
1. Descreva quais são os sistemas de produção de peixes utilizados no
Brasil, cite características importantes de cada sistema.
2. Quais as características importantes na água que será utilizada na
piscicultura? Descreva cada uma.
3. Calcule a quantidade de água necessária para um viveiro de 2
hectares com profundidade de 1,5m. Qual o tempo de enchimento
desse viveiro que deve ser abastecido em 72 horas?
4. Qual o manejo que deve ser realizado nos viveiros antes do cultivo e
após?
Dúvidas??

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