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Aula 2 - EXPERIMENTO 02

As propriedades físicas de uma substância, como ponto de fusão, ponto de ebulição,


densidade, índice de refração e propriedades espectrais resultantes da interação da
substância com a radiação eletromagnética, isto é, espectros no ultravioleta (U.V), no
infravermelho (IV) e ressonância magnética nuclear de hidrogênio e de carbono-13
(RMN1H e RNM13C), como também o espectro de massas (EM) que resulta do impacto da
substância com um feixe de elétrons, fornecem informações que, quando reunidas,
permitem ao pesquisador propor uma estrutura para um composto, inclusive aqueles
inéditos, isto é, ainda não registrados na literatura. Entretanto, se a substância é um sólido,
a primeira característica a ser determinada é o ponto de fusão, o qual fornecerá
informações a respeito de sua pureza. Todas as outras características só poderão ser
determinadas se a substância estiver pura.

1. PONTO DE FUSÃO
É a temperatura em que uma substância passa do estado sólido para o líquido
(considerando a pressão normal), ou ainda, a temperatura em que os estados, sólido e
líquido se acham em equilíbrio. Em outros termos, é a temperatura em que a tendência de
escape de moléculas da fase sólida é igual à tendência de escape de moléculas da fase
líquida. Quando sólido e líquido estão em contato, moléculas passam constantemente da
fase sólida para líquida e vice-versa. Quando as moléculas passam do estado sólido para o
líquido, elas absorvem calor (calor de fusão); se cedermos calor a um sistema sólido parte
do sólido funde e se calor suficiente for adicionado todo o sólido fundirá. Do mesmo modo,
se o calor é retirado do sistema, parte do líquido cristalizará ou solidificará; se calor
suficiente for retirado, todo o líquido solidificará. Desse modo, tanto o ponto de fusão
quanto o de solidificação têm a mesma temperatura.
O ponto de fusão de uma substância é uma constante fácil de ser determinada e que se
usa muito freqüentemente em Química como critério de purezas e como meio de
caracterização de compostos. Os compostos puros têm ponto de fusão bem definido.
Quando se observa a fusão de um composto puro, a variação de temperatura no momento
em que os primeiros cristais começam a fundir até a fusão completa, é muito pequena.
Esse ponto deve permanecer constante em determinações sucessivas. Se a substância é
conhecida, seu ponto de fusão deve coincidir o da literatura química. Substâncias impuras,
além de possuírem ponto de fusão mais baixo, apresentam maiores variações de
temperaturas. Ao espaço compreendido entre início e final da fusão denomina-se faixa de
fusão. O ponto de fusão é também para caracterização de compostos orgânicos. Nesse
caso, obtido o ponto de fusão de uma determinada substância após repetidos processos de
purificação, recorre-se a livros de referências (Handbook) e verifica-se quais substâncias
têm ponto de fusão idênticos ou muito próximos. Se na literatura existem vários compostos
com o mesmo ponto de fusão, lança-se mão de uma fusão mista. O ponto de fusão misto é
realizado fazendo-se mistura da substância problema, com pequenas quantidades de uma
das substâncias verificadas na literatura e em seguida realizando-se a fusão da mistura. Se
houver abaixamento do ponto de fusão, as substâncias são diferentes, caso contrário serão
idênticos. O ponto de fusão misto é, portanto usado para confirmar a identificação de
compostos orgânicos. Para uma determinação correta do ponto de fusão é muito
importante a velocidade de aquecimento da substância.
Há certa relação entre ponto de fusão e a estrutura da molécula. De maneira geral,
pode dizer-se que compostos com estruturas simétricas têm pontos de fusão mais elevados
que estruturas com menor grau de simétrica. Assim por exemplo, as parafinas lineares têm
um ponto de fusão mais elevado que as isoparafinas com o mesmo número de átomos de
carbono. Nos estereoisômeros, o composto trans tem normalmente o ponto de fusão mais
elevado, por exemplo, ácido maleico (Z, cis) p.f. 130 °C, ácido fumárico (E, trans) p.f. 287
°C.
O ponto de fusão pode ser facilmente determinado em laboratório, abdicando-se de
aparelhos complicados. Basta apenas um tubo capilar, que poderá ser feito a partir de um
tubo de vidro, um termômetro e uma fonte calorífica.
A quantidade de calor deverá ser suficiente para fundir a amostra em análise, sendo
desaconselhado o uso de grande excesso de calor nesta operação. Por exemplo, para
determinar o ponto de fusão das gorduras sólidas naturais, com ponto de fusão inferior ao
ponto de ebulição da água, o uso de um banho-maria é suficiente. Já para substâncias com
ponto de fusão superior ao ponto de ebulição da água (ácido benzóico, por exemplo, PF =
121-122oC), deve-se preferir um banho de óleo, glicerina, parafina, ácido sulfúrico ou
ftalatos.
A figura 9 poderá orientar um operador na determinação, em laboratório, do ponto
de fusão de várias substâncias.
(a) (b)
Figura 9 - Aparelhagem para determinação de ponto de fusão.

O copo de Becker (a) ou tubo de Thiele (b) deve ter capacidade de 150 mL e conter
líquido apropriado para o banho de imersão de acordo com a temperatura desejada.
O agitador (mecânico ou magnético) deve misturar o líquido rapidamente, mantendo
homogênea a temperatura do meio. O termômetro calibrado até sua marca de imersão
deve abranger uma faixa de -10 a 360oC, com divisões de 1oC e colocado a 2 cm do fundo
do copo de Becker.
O capilar de vidro borossilicato deve ser fechado em uma das extremidades e ter
aproximadamente 8 cm de comprimento, 0,9 a 1,1 mm de diâmetro interno e paredes com
0,10 a 0,18 mm de espessura. Para observar o tubo capilar deve-se empregar lente de
aumento. Como fonte de calor, utilizar bico de gás ou chapa de aquecimento.

Questionário
1. Que se entende por ponto de fusão? Com qual finalidade é usado?
2. Procurar na bibliografia indicada o ponto de fusão do ácido pícrico. Comparar com o
resultado obtido.

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