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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

GABRIEL STALEN LUCENA PEREIRA DOS SANTOS

AVALIAÇÃO DE UMA OBRA DE CONSTRUÇÃO A PARTIR DAS


RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS DE PROCEDIMENTO DA
FUNDACENTRO

NATAL-RN
2016
Gabriel Stalen Lucena Pereira dos Santos

Avaliação de uma obra de construção a partir das recomendações técnicas de procedimento da


FUNDACENTRO

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel
em Engenharia Civil.

Orientador: Prof°. Dr°. Marcos Lacerda Almeida

Natal-RN

2016
Gabriel Stalen Lucena Pereira dos Santos

Avaliação de uma obra de construção a partir das recomendações técnicas de procedimento da


FUNDACENTRO

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.

Aprovado em: 16 de novembro de 2016

Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida – Orientador

Prof. Dr. Rubens Eugênio Barreto Ramos– Examinador interno

Profª. Engª. Emília Regina da Silva Costa Domingos – Examinador externo

Natal-RN

2016
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, primeiramente, pois sem Ele nada disso seria possível,
pois Ele sempre esteve presente em minha vida, me iluminando, me guiando, me
guardando e me ouvindo em orações.
Agradeço a Pai e Mãe pela vida, pela orientação, pela proteção, aos
conselhos e noites de sono perdidas, pela educação que me serve de trilho para
uma vida reta e ética. Pai e Mãe, meu muito obrigado, de coração!
Agradeço aos meus irmãos Fernando, Juliana e Moisés, sei que com vocês e
por vocês tudo, absolutamente tudo, sempre vai valer à pena!
Agradeço aos amigos e familiares pelo suporte, pelo ombro amigo, pelas
dicas e pelos momentos de lazer, que foram de extrema importância para chegar ao
fim da execução deste trabalho. Meus amigos, esta conquista também é de vocês,
meu muitíssimo obrigado!
Agradeço ao meu Prof. Orientador Marcos Lacerda, por fazer deste momento
uma travessia serena e tranquila, e também por acreditar em mim e estar sempre à
disposição. Muito obrigado por tudo.
RESUMO

Em cumprimento ao item 18.35 da NR-18, a FUNDACENTRO, Fundação


Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, apresentou as
Recomendações Técnicas de Procedimento – RTP, que tem por objetivo principal
orientar os profissionais de Segurança e Saúde do Trabalho e os demais
protagonistas envolvidos na indústria da construção que são essenciais para
promoção da segurança, saúde e qualidade de vida dos trabalhadores dessa
atividade econômica.

A Publicação e apresentação das RTP à toda a comunidade profissional


possibilitará aos envolvidos na indústria da construção o embasamento técnico
necessário às empresas, profissionais, governo e trabalhadores para o cumprimento
da norma.

Na presente análise, apresentada como estudo de caso, foram utilizadas três


Recomendações Técnicas de Procedimentos, às quais se adequou a atual situação
de uma obra de construção. São elas: RTP 01 - Medidas de Proteção Contra
Quedas de Alturas, RTP 04 - Escadas, Rampas e Passarelas e a RTP 05 -
Instalações Elétricas Temporárias em Canteiros de Obras.

Palavras-chave: Normas Regulamentadoras, Recomendações Técnicas de


Procedimento, FUNDACENTRO, segurança, saúde ocupacional e medicina no
trabalho.
ABSTRACT

In compliance with item 18.35 of NR-18, the FUNDACENTRO, Fundação


Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, presented the
Recomendações Técnicas de Procedimento – RTP (Procedure of Technical
Recommendations), which main objective is to guide the Security Professionals
Occupational Safety, Health and Medicine together the others professionals involved
in the construction industry, that are essential for the promotion of safety, health and
quality of life of the workers of this economic activity.

The Publication and presentation of RTP for the entire work community, will
provide to those involved in the construction industry the technical substantiation
necessary for companies, professionals, government and supervisors in compliance
with the standard.

In the current analysis, presented as a case study, it was used three RTP’s, to
which was adapted the current situation of a construction work. Follow the RTP’s
used: RTP 01 - Medidas de Proteção Contra Quedas de Alturas (Protection
Measures to avoid Heights Falls), RTP 04 - Escadas, Rampas e Passarelas (Stairs,
Ramps and walkways) and RTP 05 - Instalações Elétricas Temporárias em Canteiros
de Obras (Electrical Installations in temporary worksites).

Keywords: Regulatory Standards, Procedure Technical Recommendations,


FUNDACENTRO, safety and occupational safety, healthy and medicine.
FIGURAS

Figura 01 – GcR de madeira – Vista A......................................................................05


Figura 02 – GcR de madeira – Vista B......................................................................05
Figura 03 – GcR combinado com estrutura metálicas...............................................06
Figura 04 –GcR com corrimão em escadas de madeira...........................................06
Figura 05 – GcR com corrimão em escada de concreto...........................................07
Figura 06 – GcR reforçado com mão francesa..........................................................08
Figura 07 – GcR com travessões múltiplos ..............................................................09
Figura 08 – Guarda-Corpo-Rodapé...........................................................................10
Figura 09 – GcR com travessões múltiplos ..............................................................11
Figura 10 – GcR com corrimão em escada de concreto...........................................11
Figura 11 – GcR em escadas provisórias.................................................................12
Figura 12 – GcR em corredor...................................................................................12
Figura 13 – GcR delimitando áreas..........................................................................13
Figura 14 – Cercado de proteção por GcR..............................................................13
Figura 15 – Barreira de proteção.............................................................................14
Figura 16 – Barreira de proteção com abertura.......................................................15
Figura 17 – Dispositivo próximo a áreas de risco....................................................15
Figura 18 - Proteção por assoalho de madeira, fixado em peças metálicas..........16
Figura 19 – Proteção pelo sistema GcR de madeira...............................................16
Figura 20 – Assoalho ..............................................................................................18
Figura 21 – Plataforma de proteção principal e secundária....................................19
Figura 22 – Fachada principal e a plataforma.........................................................20
Figura 23 – Plataforma em balanço.........................................................................21
Figura 24 – Plataforma............................................................................................21
Figura 25 – Ângulos de inclinação para superfície de passagem...........................22
Figura 26 – Sistema antiderrapante........................................................................23
Figura 27 – Escadas de uso individual....................................................................24
Figura 28 –Travessas e cavilhas.............................................................................25
Figura 29 – Utilização de escada com dimensionamento e ângulo ideal................26
Figura 30 – Amarração de escadas.......................................................................26
Figura 31 – Escada de uso individual....................................................................27
Figura 32 – Detalhe cavilha...................................................................................28
Figura 33 – Uso inapropriado da escada de uso individual...................................29
Figura 34 – Escadas dupla.....................................................................................30
Figura 35 – Limitadores com sistema anto-beliscão..............................................31
Figura 36 – Escada dupla......................................................................................32
Figura 37 – Escadas de uso coletivo.....................................................................33
Figura 38 – Escada de uso coletivo.......................................................................34
Figura 39 – Escada de uso coletivo.......................................................................35
Figura 40 – Contato direto.....................................................................................36
Figura 41 – Contato indireto..................................................................................36
Figura 42 – Isolação com fita isolante...................................................................37
Figura 43 – Isolação dupla....................................................................................39
Figura 44 – Isolação reforçada..............................................................................42
Figura 45 – Barreiras e invólucros.........................................................................40
Figura 46 – Colocação fora de alcance.................................................................41
Figura 47 – Fiação fixa no teto..............................................................................42
Figura 48 – Fiação fora do alcence.......................................................................42
Figura 49 – Dispositivo DR....................................................................................45
Figura 50 – Aterramento TT..................................................................................46
Figura 51 – Sistema de aterramento.....................................................................47
Figura 52 – Quadro de distribuição.......................................................................48
Figura 53 – Sinalização de advertência................................................................48
Figura 54 – Quadro principal de distribuição........................................................49
Figura 55 – Quadro principal de distribuição........................................................50
Figura 56 – Quadro intermediário de distribuição.................................................50
Figura 57 – Quadro intermediário de distribuição.................................................51
Figura 58 – Quadros terminais.............................................................................52
Figura 59 – Distribuição geral dos quadros..........................................................52
Figura 60 – Quadro terminal fixo de distribuição..................................................53
Figura 61 – Chaves elétricas................................................................................54
Figura 62 – Disjuntores........................................................................................54
Figura 63 – Chave magnética..............................................................................55
Figura 64 – Plugs e tomadas blindadas...............................................................55
Figura 65 – Tomadas blindadas...........................................................................57
Figura 66 – Plugs.................................................................................................57
Figura 67 –Iluminação provisória.........................................................................58
Figura 68 –Iluminação provisória.........................................................................59
Figura 69 – Detalhe de máquina com dispositivo de bloqueio.............................60
Figura 70 – Botina de couro e solado isolante.....................................................61
Figura 71 – Luva isolante para eletricista.............................................................61
Figura 72 – Luvas de cobertura em vaqueta........................................................62
Figura 73 – Óculos de segurança........................................................................62
Figura 74 – Capacete...........................................................................................62
Figura 75 – Cinto de segurança/talabarte............................................................63
Figura 76 – Luvas de cobertura em vaqueta........................................................64
Figura 77 – Capacetes.........................................................................................64
Figura 78 – Botas.................................................................................................65
Figura 79 – Cinto de segurança/talabarte............................................................65
Figura 80 – Detector de tensão............................................................................66
Figura 81 – Barreira/invólucro/cones...................................................................66
Figura 82 – Multímetro.........................................................................................68
Figura 83 – Placas de sinalização.......................................................................68
Figura 84 – Chave de fenda................................................................................69
Figura 85 – Alicate..............................................................................................70
Figura 86 – Chave de fenda...............................................................................71
Figura 87 – Alicate..............................................................................................71
Figura 88 – Água................................................................................................73
Figura 89 – Pó quimico......................................................................................74
ABREVIATURAS E SIGLAS

NR’s Normas Regulamentadoras


RTP Recomendações técnicas de procedimento
CLT Consolidação das Leis de Trabalho
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho
SST Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
EPI Equipamento de Proteção Individual
CA Certificado de Aprovação
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da
Construção.
Sumário
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 1
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................... 2
2 OBJETIVOS ............................................................................................................................................ 3
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................... 3
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................ 3
3 CAPÍTULO PRIMEIRO – MEDIDAS DE PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS DE ALTURA ................................ 4
3.1 SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA PARA EVITAR QUEDAS ........................................................... 4
3.1.1 SISTEMA GUARDA-CORPO-RODAPÉ........................................................................................... 4
3.1.1.2 AVALIAÇÃO DO SISTEMA GUARDA-CORPO0RODAPÉ DA OBRA ........................................... 10
3.1.2 PROTEÇÃO DE ABERTURAS NO PISO POR CERCADOS, BARREIRAS COM CANCELAS OU
SIMILIARES......................................................................................................................................... 13
3.1.2.1 AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO DE ABERTURAS NO PISO POR CERCADOS, BARREIRAS COM
CANCELAS OU SIMILIARES DA OBRA ................................................................................................. 14
3.1.3 DISPOSITIVOS PROTETORES DE PLANO HORIZONTAL ............................................................. 16
3.1.3.1 AVALIAÇÃODOS DISPOSITIVOS PROTETORES DE PLANO HORIZONTAL DA OBRA ................ 17
3.1.4 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE QUEDAS .................................................... 18
3.1.4 AVALIAÇÃO DOS DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE QUEDAS DA OBRA......... 20
4 CAPÍTULO SEGUNDO – ESCADAS, RAMPAS E PASSARELAS................................................................ 22
4.1 DEFINIÇÕES BÁSICAS ................................................................................................................... 22
4.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SUPERFÍCIE DE PASSAGEM ..................................................... 23
4.3 ESCADAS ...................................................................................................................................... 24
4.4 ESCADAS PORTÁTEIS ................................................................................................................... 24
4.4.1 ESCADAS DE USO INDIVIDUAL (DE MÃO)................................................................................. 24
4.4.1.1 AVALIAÇÃO DAS ESCADAS DE USO INDIVUDAL DA OBRA .................................................... 27
4.4.2 ESCADAS DUPLAS (CAVALETE OU DE ABRIR) ........................................................................... 29
4.4.2.1 AVALIAÇÃO DAS ESCADAS DUPLAS DA OBRA ....................................................................... 31
4.5 ESCADAS FIXAS ............................................................................................................................ 32
4.5.1 ESCADAS DE USO COLETIVO..................................................................................................... 32
4.5.1.1 AVALIAÇÃO DAS ESCADAS DE USO COLETIVO DA OBRA ...................................................... 34
5 CAPÍTULO TERCEIRO – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS TEMPORÁRIAS EM CANTEIROS DE OBRA ............. 36
5.1 TIPOS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS ................................................................. 36
5.2 PROTEÇÃO CONTRA CONTATOS DIRETOS .................................................................................. 37
5.2.1 ISOLAÇÃO DAS PARTES VIVAS .................................................................................................. 37
5.2.1.1 AVALIAÇÃO DA ISOLAÇÃO DAS PARTES VIVAS NA OBRA...................................................... 38
5.2.2 BARREIRAS OU INVÓLUCROS ................................................................................................... 40
5.2.2.1 AVALIAÇÃO DAS BARREIRAS OU INVÓLUCROS DA OBRA ..................................................... 40
5.2.3 COLOCAÇÃO FORA DO ALCANCE ............................................................................................. 40
5.2.3.1 AVALIAÇÃO DAS PARTE ENERGIZADAS FORA DO ALCANCE NA OBRA ................................. 41
5.3 PROTEÇÃO CONTRA CONTATOS INDIRETOS ............................................................................... 43
5.3.1 DISPOSITIVO À CORRENTE DIFERENCIAL-RESIDUAL (DR) ........................................................ 43
5.3.1.1 DESCRIÇÃO ............................................................................................................................ 44
5.3.1.2 AVALIAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DR DA OBRA ....................................................................... 44
5.3.2 ESQUEMA DE ATERRAMENTO TT ............................................................................................. 45
5.3.2.1 ATERRAMENTO ELÉTRICO ..................................................................................................... 46
5.3.2.2AVALIAÇÃO DO ATERRAMENTO ELÉTRICO DA OBRA ............................................................ 46
5.4 LOCALIZAÇÃO DOS RISCOS ELÉTRICOS........................................................................................ 48
5.4.1 QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO...................................................................................................... 48
5.4.2 QUADRO PRINCIPAL DE DISTRIBUIÇÃO.................................................................................... 49
5.4.2.1 AVALIAÇÃO DO QUADRO PRINCIPAL DE DISTRIBUIÇÃO DA OBRA ....................................... 49
5.4.3 QUADRO INTERMEDIÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO (DIVISÓRIOS) .................................................... 50
5.4.3.1 AVALIAÇÃO DO QUADRO INTERMEDIÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO DA OBRA ............................. 51
5.4.4 QUADROS TERMINAIS: FIXOS OU MÓVEIS............................................................................... 51
5.4.4.1 AVALIAÇÃO DOS QUADROS TERMINAIS DA OBRA ............................................................... 53
5.4.5 CHAVES ELÉTRICAS ................................................................................................................... 53
5.4.5.1 AVALIAÇÃO DAS CHAVES ELÉTRICAS DA OBRA ..................................................................... 54
5.4.6 PLUGS E TOMADAS BLINDADAS ............................................................................................... 55
5.4.6.1 AVALIAÇÃO DOS PLUGS E TOMADAS BLINDADAS DA OBRA ................................................ 56
5.4.7 ILUMINAÇÃO PROVISÓRIA ....................................................................................................... 58
5.4.7.1 AVALIAÇÃO DA ILUMINAÇÃO PROVISÓRIA DA OBRA ........................................................... 59
5.4.8 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS ................................................................................................ 59
5.4.8.1 AVALIAÇÃO DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DA OBRA .................................................. 60
5.5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI ..................................................................... 61
5.5.1 AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL DA OBRA ............................... 63
5.6 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA ................................................................................. 66
5.6.1 AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA DA OBRA .................................. 67
5.7 FERRAMENTAS MANUAIS COM ISOLAMENTO ELÉTRICO ........................................................... 69
5.7.1 AVALIAÇÃO DAS FERRAMENTAS MANUAIS COM ISOLAMENTO ELÉTRICO DA OBRA ............. 70
5.8 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO ........................................................................................ 72
5.8.1 AGENTES EXTINTORES .............................................................................................................. 72
5.8.2 COMO EMPREGAR OS AGENTES EXTINTORES ......................................................................... 72
5.8.3 AVALIAÇÃO DA PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO DA OBRA ............................................ 73
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................................... 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 76
1

1 INTRODUÇAO
Com a aprovação da Lei n° 6.514, de 22 de dezembro de 1977 1, foi
estabelecido que caberia ao Ministério do Trabalho estabelecer disposições às
normas de segurança e da medicina do trabalho, tendo em vista as peculiaridades
de cada atividade ou setor de trabalho.
Regulamentando, portanto, as normas determinadas pela referida, o
Ministério do Trabalho (MTE) editou a Portaria de n°3.214, em 08 de junho de 1978,
a qual instituiu as Normas Regulamentadoras.
Tais normas têm como principal objetivo promover e garantir a integridade
física, psíquica e saúde do trabalhador e, para isso, estabelecem procedimentos de
prevenção contra acidentes e doenças do trabalho, dispositivos de proteção
individual e coletiva, instituem uma política de segurança e saúde no trabalho nas
empresas, além de regulamentar a legislação relativa à segurança e medicina do
trabalho, sendo de caráter obrigatório para aqueles que possuam empregados
regidos pela CLT.
A construção civil, segundo o próprio MTE, lamentavelmente, lidera o ranking
das profissões mais letais no Brasil, e a criação das NR’s pode minimizar os riscos,
protegendo a integridade dos trabalhadores e ajudando na conscientização a
respeito das doenças ocupacionais e acidentes no trabalho.
Como forma de contribuir com o cumprimento do princípio geral de promoção
à segurança e saúde no trabalho, bem como na obrigação da observância ao que se
refere o item 18.35 da NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção, o MTE, por intermédio da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), desenvolveu as
Recomendações Técnicas de Procedimento – RTP, possibilitando aos profissionais
da Construção Civil uma melhor orientação na forma correta de executar as medidas
de prevenção de acidentes, de identificar situações de risco aos trabalhadores e ao
cumprimento das normas.
O presente trabalho almeja aplicar as referidas RTP’s em obra de construção
civil, na modalidade de estudo de caso, realizando a avaliação técnica em face da

1
Essa lei foi responsável pela modificação do Capítulo V do Título II, aprovada pelo Decreto-Lei n° 5.452, de 1°
de maio de 1943, da Consolidação das Leis do Trabalho, referente à segurança e medicina do trabalho.
2

RTP 01 - Medidas de Proteção Contra Quedas de Alturas, RTP 04 - Escadas,


Rampas e Passarelas e a RTP 05 - Instalações Elétricas Temporárias em Canteiros
de Obras.

1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo o Ministério da Previdência Social, juntamente com o Anuário


Estatístico da Previdência Social (AEPS) e o Anuário Estatístico de Acidente de
Trabalho (AEAT), os Acidentes de Trabalho não fatais, tirando por base o ano de
2012, foram de 8.426 e de 550 o número de óbitos na Indústria da construção civil.
Esses dados corroboram à justificativa de estudos, como o presente, a fim de
minimizar tão graves e alarmantes números.
A análise técnica embasada em RTP’s ampara as empresas no
cumprimento das NR, de forma que, em conjunto, alcançam a redução dos
acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e protegem a integridade, a
capacidade física e mental do trabalhador.
As Normas Regulamentadoras são de observância obrigatória pelas
empresas privadas e públicas, bem como pelos órgãos públicos da administração
direta e indireta, além dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam
empregos regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). O não
cumprimento das disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no
trabalho acarretará ao empregador a aplicação das penalidades prevista na
legislação pertinente.
O presente estudo de caso se justifica, portanto, pela importância das
medidas voltadas ao aprimoramento do ambiente de trabalho, na condição de evitar
os acidentes e diminuir os riscos na obra avaliada, diante do cumprimento das
normas regulamentadoras a partir das Recomendações Técnicas de Procedimento.
Dessa forma, a obra avaliada receberá específica análise técnica a respeito de cada
aspecto pertinente às RTP’s aplicáveis às condições atuais, onde cada item será
considerado e averiguado se está sendo cumprido ou não, e se seu cumprimento
está ou não de acordo com as recomendações.
3

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este estudo tem como proposta analisar as práticas de Segurança do


Trabalho e o cumprimento das Normas Regulamentadoras, sob os sistemas
sugerido pelas Recomendações Técnicas de Procedimento para uma obra de
construção.
Esta obra multifamiliar, que será avaliada pelas RTP’s, possuirá 20
pavimentos tipo, com dois apartamentos por andas, totalizando 34 apartamentos e
68 vagas de garagem. A área do lote é de 1091,74 metros quadrados e o coeficiente
de aproveitamento da área é de 3,5, resultando num potencial construtivo de
3.821,09 metros quadrados e a área construída computável total é de 3.807,83
metros quadrados.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Averiguação direta dos requisitos básicos apresentados nas Recomendações


Técnicas de Procedimento de números 01, 04 e 05, diretamente respaldadas
nas NR 10, 18 e 35, dentre outras normas, leis, portarias e decretos;
 Análise dos sistemas dos equipamentos de proteção coletiva e das
ferramentas e máquinas envolvidas nos circuitos e dispositivos elétricos;
 Identificação das falhas e ausências dos dispositivos de segurança
abrangidos nas RTP.
4

3 CAPITULO PRIMEIRO – MEDIDAS DE PROTEÇAO


CONTRA QUEDAS DE ALTURA

3.1 SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA PARA EVITAR QUEDAS

3.1.1 SISTEMA GUARDA-CORPO-RODAPÉ

Trata-se de sistema destinado à proteção contra queda de pessoas, materiais


e ferramentas, devendo constituir-se de material rígido, resistente, fixado e instalado
nos pontos de plataformas, áreas de trabalho e de circulação, formando uma
proteção sólida que promove a segurança e a integridade física dos trabalhadores.

Como elementos construtivos, o Guarda-Corpo-Rodapé – GCR (Figuras: 1, 2,


3, 4 e 5) possui:

 Travessão superior (barrote, listão, parapeito) – compõe-se de barra, sem


aspereza, destinada a proporcionar proteção como anteparo rígido. Será
instalado a uma altura de 1,20m (um metro e vinte centímetros) referida do
eixo da peça ao piso de trabalho. Deve ter resistência mínima a esforços
concentrados de 1471 N (mil quatrocentos e setenta e um newtons), no
centro meio da estrutura;
 Travessão intermediário – compõe-se de elemento situado entre o rodapé e o
travessão superior, a uma altura de 0,70m (setenta centímetros) referida do
eixo da peça ao piso de trabalho de mesmas características e resistência do
travessão superior;
 Rodapé – compõe-se de elemento apoiado sobre o piso de trabalho que
objetiva impedir a queda de objetos. Será formado por peça plana e resistente
com altura mínima de 0,10m (vinte centímetros) de mesma características e
resistência dos travessões;
 Montante – compõe-se de elemento vertical que permite ancorar o GcR à
estrutura das superfícies de trabalho ou circulação (com abertura ou vãos a
proteger) e no qual se fixam os travessões e rodapé de mesmas
características e resistência dos travessões.
5

Figura 1. GCR de madeira -Vista A. (Fonte: RTP Fundacentro).

Figura 2. GcR de madeira – Vista B. (Fonte: RTP Fundacentro).


6

Figura 3. GcR combinado com estrutura metálica e com montantes fixados em cavilhas deixadas ao se
concretar ou cavilhas após a concretagem. (Fonte: RTP Fundacentro).

Figura 4. GcR com corrimão em escada de madeira. (Fonte: RTP Fundacentro).


7

Figura 5. GcR com corrimão em escada de concreto. (Fonte: RTP Fundacentro).

Requisitos Complementares do GcR:

 Para impedir a queda de materiais, o espaço compreendido entre os


travessões e o rodapé deve ser fechado por tela com resistência de 1471 N
(mil quatrocentos e setenta e um newtons), com malha de abertura com
intervalo entre 20mm e 40mm ou material de resistência e durabilidade
equivalente e fixada do lado interno dos montantes;

Disposições Gerais:

 A fixação do sistema GcR deverá resistir a esforços transversais de, no


mínimo, 1471 N (mil quatrocentos e setenta e um newtons), e ser feita na face
interna do sistema GcR (voltado para o lado interno da edificação, no sentido
contrário à direção do esforço a que será solicitado);
 O material utilizado na confecção do GcR será madeira ou outro de
resistência e durabilidade equivalente;
 A madeira utilizada no sistema GcR não pode ter aparas, nem deve
apresentar nós, rachaduras ou falhas, que comprometam as características
indicadas para o seu uso seguro. Não devem ser usadas peças de madeira
submetidas à pintura com tinta, prática que pode impedir a detecção de falha
no material. É indicada a aplicação de duas demãos de verniz claro, óleo de
8

linhaça quente ou afins, bem como a realização de inspeção antes da


instalação e utilização de elementos de madeira;
 A plataforma de trabalho em balanço terá que ter o seu guarda corpo
reforçado com a mão francesa (Figura 06).

Figura 6. GcR reforçado com mão francesa (Fonte: RTP Fundacentro).

 Os travessões componentes do GcR, quando de madeira, devem ter largura


mínima de 0,20m (vinte centímetros) para compensado de 0,01m (dez
milímetros) ou de 0,15 (quinze centímetros) para tábuas de 0,025m (vinte
cinco milímetros) e ser bem fixadas nas faces internas dos montantes.
Quando a altura de 1,20m (um metro e vinte centímetros) definida para o
travessão superior for insuficiente para atender as medidas necessárias à
execução segura de determinado tipo de atividade, o travessão superior será
obrigatoriamente elevado até o nível compatível com o serviço realizado,
atentando-se para que as dimensões verticais entre travessões e rodapé não
sejam maiores que 0,50m (cinquenta centímetros) com fechamento com tela
9

de arame galvanizado de nº 14 (quatorze) ou material de resistência e


durabilidade equivalente (Figura 7).

Figura 7. GcR com travessões múltiplos. (Fonte: RTP Fundacentro).

 O travessão intermediário poderá ser substituído por barrotes verticais, desde


que, entre estes, a distância máxima não exceda 0,15m (quinze centímetros)
e na sua instalação, sejam observados os critérios de segurança e resistência
já definidos neste item, com fechamento com tela de arame galvanizado nº 14
(quatorze) ou material de resistência e durabilidade equivalente;
 Quando composto por elementos metálicos o GcR poderá apresentar
diferentes sistemas de fixação, sendo viável, ainda, a combinação de
estrutura metálica com peças de madeira, desde que atendidas as
características mínimas de segurança e resistência definidas para o sistema
GcR.
10

3.1.1.2 AVALIAÇÃO DO SISTEMA GUARDA-CORPO-RODAPÉ DA OBRA

Os elementos constituintes do GcR da obra sob análise são padronizados e


construídos de acordo com as especificações em norma e as especificações já
citadas, como as dimensões, espaçamentos e materiais que compõe, quanto as
suas características físicas, não houve um teste para mensurar a resistência ou
rigidez dos GcR, não sendo conhecida, portanto o esforço ao qual o mesmo resiste.
(Imagem 01). Como a avaliação é de uma obra em andamento, a movimentação e a
transferência dos GcR são periódicas, de forma que, deve-se sempre serem
observadas e inspecionadas, à procura de falhas e comprometimento na estrutura,
de forma que não falhe na proteção coletiva contra quedas.

Figura 08. Guarda-corpo-Rodapé (Fonte: Acervo do autor);

Nas situações em que os GcR de 1,20m (um metro e vinte centímetros) são
insuficientes para atender as medidas necessárias para a execução segura de
terminada tipo atividade, peças de GcR são sobrepostas elevando-se ao nível
compatível do serviço realizado (Imagem 02), atendendo à especificação das
11

dimensões máximas de 0,50m (cinquenta centímetros) entre travessões e rodapé.


Contudo, o fechamento não é com tela galvanizada, como recomenda o RTP.

Figura 09. GcR com travessões múltiplos (Fonte: Acervo do autor)

Na referida obra existem outras aplicações de GcR como corrimão em


escadas de concreto (imagem 03), nas escadas provisórias (imagem 04), corredores
(imagem 05), como delimitadores de áreas (imagem 06), sempre visando a manter o
ambiente de trabalho livre dos riscos de acidentes.

Figura 10. GcR com corrimão em escada de concreto (Fonte: Acervo do autor)
12

Figura 11. GcR em escadas provisórias (Fonte: Acervo do autor)

Figura 12. GcR em corredor (Fonte: Acervo do autor)


13

Figura 13. GcR delimitando áreas (Fonte: Acervo do autor)

3.1.2 PROTEÇÃO DE ABERTURAS NO PISO POR CERCADOS, BARREIRAS


COM CANCELAS OU SIMILIARES

As aberturas no piso é um risco para a integridade física dos


trabalhadores e, por isso, se exige uma observação especial, seja para o transporte
de materiais e equipamentos, devem ser protegidos por cercado rígido composto de
travessa intermediária, rodapé e montantes de características e sistema construtivo
idêntico ao GcR. Estes dispositivos são obrigatórios em todos os níveis da
edificação (Imagem 02 e 04).

Figura 14. Cercado de proteção por GcR. Fonte: RTP Fundacentro.


14

Uma recomendação do RTP é que toda a periferia da construção deve


ser dotada de dispositivo de proteção contra quedas desde o início dos serviços de
concretagem da primeira laje. Para isso, deve-se prever, para a colocação dessa
proteção periférica desde a colocação das formas de lajes e pilares inferiores,
suporte de fixação para montantes de sistema de guarda-corpo e rodapé a ser
instalado no piso de trabalho superior (Imagem 01 e 12). A proteção instalada só
pode ser retirada para se executar a vedação definitiva.

3.1.2.1 AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO DE ABERTURAS NO PISO POR


CERCADOS, BARREIRAS COM CANCELAS OU SIMILIARES DA OBRA

Na obra, existem dois poços de elevadores e um deles é usado para


transporte de materiais e equipamentos. Ambos são devidamente protegidos por
cercados rígidos de características e sistema construtivos idênticos ao GcR (Imagem
07). Como as caixas dos elevadores devem possuir fechamento vertical, e por ser
usada como vão de transporte alguns dos fechamentos, possuem cancelas ou
aberturas, para permitir o fluxo de movimentação dos objetos (Imagem 08 ).

Figura 15. Barreira de proteção (Fonte: Acervo do autor)


15

Figura 16. Barreira de proteção com abertura (Fonte: Acervo do autor)

Toda a periferia da construção e em locais de risco iminente, como os


poços de elevadores, deve possuir dispositivos de proteção contra quedas, já que ao
movimentar equipamentos e materiais, o trabalhador se coloca em risco por estar
muito próximo à abertura da caixa do elevador (imagem 09).

Figura 17. Dispositivos próximos a áreas de risco (Fonte: Acervo do autor)


16

3.1.3 DISPOSITIVOS PROTETORES DE PLANO HORIZONTAL

Todas as aberturas nas lajes ou pisos, não utilizadas para transporte vertical
de materiais e equipamentos, devem ser dotadas de proteção sólida, na forma de
fechamento provisório fixo (assoalho com encaixe), de maneira a evitar seu
deslizamento ou por sistema GcR.

Figura 18. Proteção por assoalho de madeira, fixado em peças metálicas. (Fonte: RTP Fundacentro).

Figura 19. Proteção pelo sistema GcR de madeira. (Fonte: RTP Fundacentro).
17

A proteção deve ser inteiriça, sem apresentar fresta ou falhas, fixada em


peças de perfil metálico ou de madeira, projetada e instalada de forma a impedir a
queda de materiais, ferramentas e/ou outros objetos.
Deve, ainda, resistir a um esforço vertical de no mínimo 1471 N (mil
quatrocentos e setenta e um newtons), no centro da estrutura, quando se destinar,
exclusivamente, à proteção contra quedas de pessoas. Quando objetivar a proteção
de áreas de circulação de veículos ou de cargas com peso superior ao do
trabalhador, a estrutura deve ser projetada e instalada em função dos respectivos
esforços a que será submetida.
Os poços de elevadores devem ser mantidos assoalhados: de 3 (três) em 3
(três) lajes, a partir da sua base, com intervalo máximo de 10 (dez) metros; quando
da colocação de formas e da desforma de laje imediatamente superior.
A tampa componente do assoalho pode ser de madeira, compensado, ou
metal, devendo ser reforçada de acordo com as dimensões do vão, de forma a
suportar com segurança os esforços verticais já definidos anteriormente. A proteção
de aberturas no piso através de outros dispositivos deverá ser, necessariamente,
precedida por projeto e ser aprovada previamente por órgão competente.
Em todo o perímetro e nas proximidades de vão e/ou aberturas das
superfícies de trabalho da edificação, devem ser previstos e instalados elementos de
fixação ou apoio para cabo-guia/cinto de segurança, a serem utilizados em
atividades nessas áreas expostas, possibilitando aos trabalhadores, dessa forma, o
alcance seguro de todos os pontos da superfície de trabalho. Este tipo de elemento
de fixação ou apoio para cabo-guia/cinto de segurança deve permanecer instalado
na estrutura depois de concluída, para uso em obras de reparos e reformas.

3.1.3.1 AVALIAÇÃO DOS DISPOSITIVOS PROTETORES DE PLANO


HORIZONTAL DA OBRA

Os dispositivos de plano horizontal na obra são usados nos poços de


elevadores quando estes não estão sendo utilizados para transporte de materiais e
equipamentos e são instalados a cada 3(três) lajes com intervalos de no máximo 10
(dez) metros. Os assoalhos são feitos com tábuas aparentemente resistentes e
passam por uma inspeção do carpinteiro responsável, não possuindo frestas ou
18

falhas, instaladas de forma a impedir a queda de materiais, ferramentas e/ou outros


objetos (Imagem 10).

Figura 20. Assoalho (Fonte: Acervo do autor)

3.1.4 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE QUEDAS

Em todo o perímetro da construção de edifícios com mais de 4 (quatro)


pavimentos ou altura equivalente é obrigatória a instalação de uma Plataforma
Principal de Proteção e de Plataformas Secundárias dependendo do número de
pavimentos ou altura da edificação. Estas plataformas devem ser rígidas e
dimensionadas de modo a resistir aos impactos a qual estarão sujeitas.
A Plataforma Principal de Proteção deve ser instalada na altura da primeira
laje, em balanço ou apoiada, a critério do construtor, deve possuir no mínimo 2,5m
(dois metros e cinquenta centímetros) de projeção horizontal da face externa da
construção e um complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de extensão, a 45°
(quarenta e cinco graus) da sua extremidade (Figura 11). A sua instalação deve ser
após a concretagem da laje na qual será apoiada. Recomenda-se ainda a instalação
de meios de fixação ou apoio para vigas, antes da concretagem da laje, que servirão
para fixação de perfis metálicos ou equivalentes, para a Plataforma Principal de
Proteção (ganchos, forquilhas e/ou similar). As plataformas poderão ser retiradas
quando a vedação das lajes superiores estiver concluída.
A Plataforma Secundária de Proteção deve ser instalada, em balanço, de 3
(três) em 3 (três) lajes, contadas a partir da Plataforma Principal de Proteção (Figura
11), devendo possuir no mínimo 1,40m (um metro e quarenta centímetros) de
19

balanço e um complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de extensão, a 45°


(quarenta e cinco graus) da sua extremidade. Toda Plataforma Secundária de
Proteção deve ser instalada da mesma forma que a Plataforma Principal de
Proteção e somente retirada quando o revestimento externo de edificação acima
dela estiver concluído.

Figura 21. Plataforma de Proteção Principal e Secundária. (Fonte: RTP Fundacentro).

Trechos da Plataforma de Proteção, retirados temporariamente para


transporte vertical indispensável, devem ser recolocados após concluído o
transporte. As plataformas devem ser mantidas sem sobrecarga, que prejudiquem a
estabilidade da sua estrutura, devendo o início de sua desmontagem ser precedido
da retirada de todo material ou detrito nela acumulado. A desmontagem delas deve
ser feita ordenadamente, de preferência de cima para baixo.
20

3.1.4 AVALIAÇÃO DOS DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO PARA LIMITAÇÃO DE


QUEDAS DA OBRA

Os dispositivos de proteção para limitação de quedas são por plataformas


(Imagem 11), instaladas em balanço (Imagem 12), possuindo 2,5m (dois metros e
cinquenta centímetros) e com projeção horizontal de 0,8m (oitenta centímetros), a
45° (quarenta e cinco graus) de sua extremidade. Assim como o assoalho, é feita
com material resistentes e rígidos, a fim de resistir aos possíveis impactos a que
estarão sujeitas (Imagem 13). Apesar de importante, a tela não é uma exigência
normativa, sendo sua instalação, portanto, facultativa ao construtor.

Figura 22. Fachada principal e a plataforma (Fonte: Acervo do Autor)


21

Figura 23. Plataforma em balanço – Acervo do autor

Figura 24. Plataforma – Acervo do Autor


22

4 CAPITULO SEGUNDO – ESCADAS, RAMPAS E


PASSARELAS

4.1 DEFINIÇÕES BÁSICAS

Superfície de passagem – Estruturas para trânsito de pessoas, equipamentos e


materiais leves utilizados na indústria da construção. Podem ser classificadas em
escadas, rampas e passarelas;

 Escadas- utilizadas na indústria da construção, de uso temporário, com o


objetivo de transpor pessoas entre pisos com diferença de nível e para
serviços em altura;
 Rampas – são planos inclinados, de uso temporário, utilizados na indústria da
construção para transpor pisos com diferença de nível;
 Passarelas – são planos horizontais, de uso temporário, e destinam-se à
transposição sobre escavações ou vãos cujas margens estejam no mesmo
nível;

As escadas, rampas e passarelas também são definidas conforme seu ângulo


de inclinação com relação a horizontal.

Figura 25. Ângulos de inclinação para superfície de passagem (Fonte: RTP Fundacentro).
23

4.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SUPERFÍCIE DE PASSAGEM

Às escadas, rampas e passarelas, quando de madeira, recomenda-se que:

a) Na construção a madeira deve ser resistente, de boa qualidade, sem


apresentar nós, rachaduras e estar completamente seca;
b) Não utilizar tintas sobre a madeira que possam esconder eventuais defeitos, e
sim aplicar produtos conservantes transparentes (vernizes, secantes,
imunizantes e outros);

Podem ser também construídas em estruturas metálicas ou outro material que


resista aos esforços solicitados. Deve-se utilizá-las para o fim a que se destinam,
evitando-se qualquer tipo de improvisação; devem ser submetidas a frequentes
inspeções de suas condições de uso, em especial antes de serem instaladas e/ou
utilizadas.

Os pisos das escadas rampas e passarelas deverão ser dotados de sistemas


antiderrapante para evitar que os trabalhadores escorreguem, podendo ser dos
tipos: chanfro, ranhuras, réguas, frisos, entre outros que devem ser adequados a
cada tipo de superfície.

Figura 26. Sistema antiderrapante (Fonte: RTP Fundacentro).


24

4.3 ESCADAS

As escadas podem ser portáteis ou fixas, sendo as portáteis de 3 tipos:


 De uso individual (de mão);
 Dupla (cavalete ou de abrir);
 Extensível.
As escadas fixas podem ser:
 Gaiola (marinheiro);
 De uso coletivo.

4.4 ESCADAS PORTÁTEIS

4.4.1 ESCADAS DE USO INDIVIDUAL (DE MÃO)

Utilizadas para transpor níveis e restritas para acessos provisórios e serviços


de pequeno porte.

Figura 27. Escadas de uso individual (Fonte: RTP Fundacentro).


25

 Montantes – são elementos verticais para fixação das travessas (degraus) da


escada, capaz de suportar o esforço solicitado, com comprimento máximo de
7m (sete metros) e espaçamento entre elas de no mínimo 0,45m (quarenta
centímetros) e no máximo de 0,55m (cinquenta e cinco centímetros).
 Travessas (degraus) – são elementos horizontais fixados nos montantes,
capazes de suportar o esforço solicitado, com espaçamento entre eles de no
mínimo 0,25m (vinte e cinco centímetros) e no máximo 0,30m (trinta
centímetros), de forma constante, devendo suportar uma carga de 160kfg
(cento e sessenta quilogramas-força) em seu monto mais desfavorável. As
travessas deverão ser fixadas aos montantes por meio de cavilhas ou outros
meios que garanta sua rigidez.

Figura 28. Travessas e Cavilhas (Fonte: RTP Fundacentro).

A escada deve ser firmemente apoiada e ultrapassar 1m (um metro) o ponto


de apoio superior. O afastamento dos pontos inferiores de apoio dos montantes em
relação à vertical deve ser aproximadamente igual a 1/4 (um quarto) do comprimento
26

entre esses apoios. O trabalhador deverá estar sempre de frente para a escada, e
ela deverá ser utilizada somente um trabalhador de cada vez. A sua construção e o
conserto devem ser feitos por trabalhador qualificado.

Figura 29. Utilização de escada com dimensionamento e ângulo ideal (Fonte: RTP Fundacentro).

Os trabalhadores que utilizarem escadas de uso individual (de mão) devem


usar sempre as duas mãos. Eventuais cargas (equipamento e materiais leves)
deverão ser içados em bolsas ou outros recipientes semelhantes. Não é permitida a
união de duas ou mais escadas, bem como prolongar sus montantes, visando
aaumentar o comprimento total da escada. A amarração da escada na parte superior
deve ser por meio de sistema de fixação adequado.

Figura 30. Amarração de escadas (Fonte: RTP Fundacentro).


27

4.4.1.1 AVALIAÇÃO DAS ESCADAS DE USO INDIVUDAL DA OBRA

As escadas da obra são construídas pelos carpinteiros da mesma, sendo


obedecidas algumas das recomendações técnicas, como altura, largura e
dimensões das travessas e montantes (Imagem 14), contudo, algumas observações
podem ser feitas quanto a sua estrutura e uso.

Figura 31. Escada de uso individual (Fonte: Acervo do Autor).

Quanto à estrutura, observa-se que na escada avaliada, as travessas


(degraus) possuem cavilha para apoio e são fixadas por pregos (Imagem 15) e não
possui material antiderrapante nos degraus.
28

Figura 32. Detalhe cavilha (Fonte: Acervo do Autor).

Quanto ao uso, as escadas na obra são utilizadas quase que na sua


totalidade das vezes pelos carpinteiros, na execução da laje e viga de espera, na
abertura da passagem de eletrodutos, fixação do jogo de presilhas dos pilares e
vigas, sendo usadas sempre que uma nova laje é executada. Observa-se que o uso
da escada de mão é muitas vezes como apoio para a execução de um serviço,
desviando da sua função de somente ser usada para transpor de nível (Imagem 16),
além de não haver amarração na parte superior, favorecendo seu deslizamento e
colocando em risco a integridade física do trabalhador.
29

Figura 33. Uso inapropriado da escada de uso individual (Fonte: Acervo do Autor).

4.4.2 ESCADAS DUPLAS (CAVALETE OU DE ABRIR)

Utilizadas para pequenos serviços, devem ser rígidas, estáveis e seguras,


devem possuir comprimento máximo dos montantes é de 6m (seis metros), não
devendo ser utilizada como escada de mão. A distância mínima entre montantes das
escadas de abrir no topo dela deve ser de 0,30m (trinta centímetros), aumentando
essa distância, progressivamente, em direção à base, em 0,05m (cinco centímetros)
para cada 0,30 m (trinta centímetros) de altura.
30

Figura 34. Escadas Dupla (Fonte: RTP Fundacentro).

A escada deve ser provida de dobradiças com afastadores e limitadores de


abertura com sistema anti-beliscão, que evita lesão na mão do trabalhador. Os
limitadores de abertura deverão estar totalmente estendidos (abertos) quando a
escada estiver em uso. São proibidas improvisações com uso de arames, cordas,
fios, correntes e outros materiais para substituir os limitadores de abertura.
31

Figura 35. Limitadores com sistema anti-beliscão - Fonte: RTP Fundacentro

4.4.2.1 AVALIAÇÃO DAS ESCADAS DUPLAS DA OBRA

A utilização das escadas duplas são para pequenos serviços e atividades,


contudo, no canteiro de obras, é corriqueiro o uso da escada de uso individual para
essa função. A justificativa por parte dos funcionários é a dificuldade de transporte
da escada de abrir, por ser maior e geralmente mais pesada (quando feita de
madeira) e necessitar de espaço para operá-la, já que ela precisa abrir para ficar
estável e segura. Os cavaletes (Imagem 17) encontrados na obra, são feitas pelos
carpinteiros, de forma rudimentar, improvisada e desobedecendo a algumas das
recomendações de proibições.
As dimensões do cavalete e a qualidade da madeira utilizada estão de acordo
com as recomendações, contudo, algumas falhas são encontradas, como o
improviso da corda como limitador de abertura; os degraus não estão apoiados em
cavilhas, não possuem estrutura antiderrapante e pequena área para se apoiar o pé,
32

de forma que ao se realizar um serviço, o trabalhador terá menor área de apoio,


dificultando seu equilíbrio e podendo pôr em risco sua atividade.

Figura 36. Escada dupla (Fonte: Acervo do Autor).

4.5 ESCADAS FIXAS

4.5.1 ESCADAS DE USO COLETIVO

A escada de uso coletivo será utilizada quando mais de 20 trabalhadores


estiverem realizando um trabalho que necessite transpor diferença de nível. Deve
ser provida de guarda-corpo de 1,2m (um metro e vinte centímetros) para o
travessão superior, 0,70m (sessenta centímetros) para o travessão intermediário,
com rodapé de 0,20m (vinte centímetros) de altura. A largura da escada será
definida em função do número de trabalhadores que a utilizarão, conforme tabela
abaixo:
33

A escada de uso coletivo com largura superior a 1,50m (um metro e cinquenta
centímetros) deve possuir reforço inferior intermediário para evitar a flexão o degrau
da escada.

Figura 37. Escada de uso coletivo (Fonte: RTP Fundacentro).


34

4.5.1.1 AVALIAÇÃO DAS ESCADAS DE USO COLETIVO DA OBRA

As escadas de uso coletivo são projetadas inicialmente pelo número de


trabalhadores que a utilizam, para obter um maior fluxo de pessoas e dimensioná-la
sem prejudicar a segurança. A obra possui 26 funcionários e por isso, exige escadas
de uso coletivo (Imagem 18) e segundo a tabela já citada, a escada coletiva da obra
possui 80 centímetros, estando dentro dos padrões da recomendação técnica. A
madeira utilizada, estrutura com rodapé, travessões, altura de degraus, comprimento
máximo e Guarda-corpo, estão todos de acordo e perfeitamente executados como
mostra o RTP.

Figura 38. Escada de uso coletivo (Fonte: Acervo do Autor).

Uma boa prática aplicada às escadas de uso coletivo da obra é o reforço


inferior intermediário, que serve para evitar a flexão dos degraus. Esta prática não é
necessária com a quantidade de funcionários existente na obra e, também, por não
35

atingir a largura superior a 1,50m, contudo este reforço soma-se às aplicações de


segurança as escadas de uso coletivo (Imagem 19), por dar mais um apoio e
garantir uma maior durabilidade.

Outra boa prática como aplicações de melhorias à segurança é o uso de telas


de proteção, mesmo quando não são obrigatórias, que se mostram necessários para
evitar e impedir a passagem de materiais e objetos pelo guarda-corpo da escada.

Figura 39. Escada de uso coletivo (Fonte: Acervo do Autor)


36

5 CAPITULO TERCEIRO – INSTALAÇOES ELETRICAS


TEMPORARIAS EM CANTEIROS DE OBRA

5.1 TIPOS DE PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS

Existem duas formas de proteção contra coques elétricos. Lembramos que a


medida de proteção prioritária contra choques elétricos é a desenergização elétrica:

 Proteção contra contatos diretos

Figura 40. Contato direto (Fonte: RTP Fundacentro).

 Proteção contra contatos indiretos

Figura 41. Contato indireto (Fonte: RTP Fundacentro).


37

5.2 PROTEÇÃO CONTRA CONTATOS DIRETOS

Os trabalhadores devem ser protegidos contra os perigos que possam


resultar de um contato com partes vivas da instalação, tais como condutores nus ou
descobertos, terminais de equipamentos elétricos etc.

A proteção contra coatados diretos deve ser assegurada por meio de:

 Isolação das partes vivas;


 Barreiras ou invólucros;
 Obstáculos;
 Colocação fora de alcance.

5.2.1 ISOLAÇÃO DAS PARTES VIVAS

É destinada a impedir todos os contatos com as partes vivas da instalação


elétrica através do recobrimento total por uma isolação que somente possa ser
removida através de sua destruição. As isolações dos componentes de uma
instalação elétrica têm um papel fundamental na proteção contra chores elétricos.

Figura 42. Isolação com fina isolante (Fonte: RTP Fundacentro).


38

Tipos de isolações:
 Básica: aplicada às partes vivas para assegurar um mínimo de proteção
Ex: Isolação com fita isolante.
 Suplementar: destinada a assegurar a proteção contra choques elétricos no
caso de falha da isolação básica.
Ex: Isolamento com fita isolante complementada por mangueira isolante.
 Dupla: composta por isolação básica e suplementar.
Ex: Cabo com dupla isolação
 Reforçada: aplicada sobre partes vivas, tem propriedades equivalentes às da
isolação dupla

OBS.: O recobrimento total por uma isolação deverá ter as mesmas características
do isolamento original do cabo.

5.2.1.1 AVALIAÇÃO DA ISOLAÇÃO DAS PARTES VIVAS NA OBRA

Na indústria da construção civil, o choque elétrico é uma das principais


causas de acidentes. Isto é agravado devido à falta de projetos adequados, na
execução e manutenção das instalações elétricas por profissionais não qualificados,
gerando com isso uma situação de extrema gravidade para a segurança do
trabalhador no canteiro de obras, além de colocar em riscos os equipamentos e as
instalações.

O choque elétrico por contato direto ocorre quando uma pessoa ou animal
entra em contato diretamente com partes energizadas de uma instalação elétrica,
sendo umas das principais causas de acidentes graves e fatais. Na obra avaliada,
pôde-se perceber boa prática na isolação das partes vivas (Imagem 20), sendo
utilizadas isolações duplas e reforçadas (Imagem 21) evitando, ainda mais o contato
com partes energizadas.
39

Figura 43. Isolação dupla (Fonte: Acervo do Autor).

Figura 44. Isolação reforçada (Fonte: Acervo do Autor).


40

5.2.2 BARREIRAS OU INVÓLUCROS

São destinados a impedir todos os contatos com as partes vivas da instalação


elétrica, sendo que as partes vivas devem estar no interior de invólucros ou atrás de
barreiras. Para sua instalação, a rede elétrica deverá ser desligada.

Figura 45. Barreiras e invólucros (Fonte: RTP Fundacentro).

5.2.2.1 AVALIAÇÃO DAS BARREIRAS OU INVÓLUCROS DA OBRA

As barreiras, como o próprio nome sugere, se destinam a aumentar a


dificuldade de entrar em contato com as instalações elétricas e partes energizadas
da instalação. Na obra, não há a necessidade de utilização desta proteção extra,
como os obstáculos ou barreiras, pois as partes vivas da instalação elétrica já se
encontram protegidas, isoladas ou fora de alcance dos trabalhadores, estando de
acordo com as recomendações, já que atende às necessidades básicas de
proteção, impedindo todos os contatos diretos acidentais com as partes vivas.

5.2.3 COLOCAÇÃO FORA DO ALCANCE

É destinada a impedir os contatos acidentais, consistindo em instalar os


condutores energizados a uma altura/distancia que fora do alcance do trabalhador,
das máquinas e equipamentos.
41

Figura 46. Colocação fora de alcance (Fonte: RTP Fundacentro).

5.2.3.1 AVALIAÇÃO DAS PARTE ENERGIZADAS FORA DO ALCANCE NA OBRA

A fiação da rede elétrica da obra é feita por vias aéreas (Imagem 22), ou seja,
é fixada no teto da estrutura, tornando-se de difícil acesso. Quanto à fiação da rede
pública, fica fora das áreas comuns e do canteiro de obra, além de possuir altura
para tornar-se fora do alcance dos trabalhadores (Imagem 23).
42

Figura 47. Fiação fixa no teto (Fonte: Acervo do autor).

Figura 48. Fiação fora de alcance (Fonte: Acervo do Autor).


43

5.3 PROTEÇÃO CONTRA CONTATOS INDIRETOS

Os trabalhadores devem ser protegidos contra os perigos que possam


resultar de um contato com massas colocadas acidentalmente sob tensão através
do desligamento da fonte por disjuntor ou fusível rápido ou desligamento da ponte
por um dispositivo à corrente diferencial-residual

5.3.1 DISPOSITIVO À CORRENTE DIFERENCIAL-RESIDUAL (DR)

Os dispositivos à corrente diferencial-residual (DR) constituem-se no meio


mais eficaz de proteção das pessoas e animais contra choques elétricos. Estes
dispositivos permitem o uso seguro e adequado da eletricidade, reduzindo o nível de
perigo às pessoas, as perdas de energia e os danos às instalações, porém sem
dispensar outros elementos de proteção (aterramento, disjuntores, fusíveis etc). A
sua aplicação é específica na proteção contra corrente de fuga

Gráfico com zonas tempo x corrente e os efeitos sobre as pessoas:


44

5.3.1.1 DESCRIÇÃO

Os dispositivos à corrente diferencial-residual são aqueles capazes de


detectar a corrente diferencial-residual de um circuito elétrico, provocando o
seccionamento automático do mesmo, no caso desta corrente ultrapassar o valor
especificado de atuação do dispositivo DR, isto é, a corrente diferencial residual
nominal de atuação.
Este dispositivo assegura a proteção contra tensões de contato perigosas
provenientes de:
 Defeito de isolamento em aparelhos ligados à terra;
 Contatos indiretos com o terra da instalação ou parte dela;
 Contatos indiretos com a parte ativa da instalação;
 Curto-circuito com a terra cuja corrente atinge o valor nominal – “proteção
contra incêndio”.

5.3.1.2 AVALIAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DR DA OBRA

Na obra, no quadro de distribuição principal, estão instalados os dispositivos


DR (Imagem 24), juntamente com o aterramento e disjuntores, como é descrito na
recomendação. O seu uso é descrito como uma das maneiras mais eficientes em
45

evitar choques elétricos, permitindo o uso seguro e adequado da eletricidade, além


de reduzir os riscos envolvidos aos trabalhadores frente às instalações elétricas.

Figura 49. Dispositivo DR (Fonte: Acervo do Autor).

5.3.2 ESQUEMA DE ATERRAMENTO TT

O esquema de aterramento utilizado em canteiros de obras é o TT. Nesse


esquema de aterramento existe um ponto de alimentação (geralmente o secundário
do transformador com seu ponto neutro) diretamente aterrado, estando as massas
da instalação ligadas a um eletrodo de aterramento, independente do eletrodo de
aterramento da alimentação, provido de uma proteção complementar a ser instalada
nas derivações da instalação (circuitos terminais), utilizando dispositivo à corrente
diferencial-residual (DR) para proteção contra contatos indiretos por seccionamento
automático.
46

Figura 50. Aterramento TT (Fonte: RTP Fundacentro).

5.3.2.1 ATERRAMENTO ELÉTRICO

Aterramento elétrico é a ligação intencional com a terra, isto é, com o solo,


considerado um condutor através do qual a corrente elétrica pode fluir, difundindo-
se. Toda instalação ou peça condutora que não faça parte dos circuitos elétricos,
mas que, eventualmente, possa ficar sob tensão, deve ser aterrada, desde que
esteja em local acessível a contatos.

É recomendável utilizar o aterramento constante do projeto elétrico definitivo


para as instalações elétricas temporárias. O condutor de aterramento deverá estar
disponível em todos os andares, em todos os quadros de distribuição.

5.3.2.2AVALIAÇÃO DO ATERRAMENTO ELÉTRICO DA OBRA

O sistema de aterramento (Imagem 25) da obra é o de haste cravada no


chão, sendo a haste condutora de cobre, com 15mm (quinze milímetros) de
diâmetro, com 2m (dois metros de comprimento) e seu aterramento é totalmente
vertical.
47

A conexão dos eletrodos é por meio de dispositivos mecânicos e sua


instalação obedece a um projeto elétrico com o dimensionamento de aterramento
por profissional habilitado. Existe uma caixa de inspeção feita de alvenaria, a qual é
preenchida com brita, sendo possível ainda visualizar a conexão à haste de cobre.
Para cada equipamento de grande porte na obra (bancada de serra, policorte,
betoneira, foguete) existe um sistema de aterramento similar e individual.

Figura 51. Sistema de aterramento (Fonte: Acervo do autor).


48

5.4 LOCALIZAÇÃO DOS RISCOS ELÉTRICOS

5.4.1 QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO

No canteiro de obras da indústria da construção, a distribuição de energia


elétrica deve ser feita através dos quadros elétricos de distribuição que, conforme
suas características, podem ser: quadro principal de distribuição, quadro
intermediário de distribuição e quadro terminal de distribuição fixo e/ou móvel.

Figura 52. Quadro de distribuição (Fonte: RTP Fundacentro)

Os quadros de distribuição devem ser constituídos de forma a garantir a


proteção dos componentes elétricos contra poeira, umidade, impactos e etc., e ter
no seu interior o diagrama unifilar do circuito elétrico.
Serão instalados em locais visíveis, sinalizados e de fácil acesso, não
devendo, todavia, localizarem-se em pontos de passagem de pessoas, materiais
equipamentos.
Os quadros de distribuição devem ter sinalização de advertência, alertando
sobre os riscos presentes naquele local.

Figura 53. Sinalização de advertência (Fonte: RTP Fundacentro).


49

5.4.2 QUADRO PRINCIPAL DE DISTRIBUIÇÃO

O quadro principal é destinado a receber energia elétrica alimentada pela


rede pública da concessionária. A área do quadro principal de distribuição deve ser
isolada por anteparos rígidos, devidamente sinalizados, de forma a garantir somente
o acesso de trabalhadores autorizados. Essa área deve ser permanentemente limpa,
não sendo permitido o depósito de materiais no seu interior.

Figura 54. Quadro principal de distribuição (Fonte: RTP Fundacentro).

5.4.2.1 AVALIAÇÃO DO QUADRO PRINCIPAL DE DISTRIBUIÇÃO DA OBRA

O quadro principal de distribuição da obra (Imagem 26), como recomendado,


é vedado, instalado em local visível, não se localiza no meio de passagens de
pessoas, materiais e equipamentos.
50

Figura 55. Quadro principal de distribuição (Fonte: Acervo do Autor).

5.4.3 QUADRO INTERMEDIÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO (DIVISÓRIOS)

O quadro intermediário é destinado a distribuir um ou mais circuitos a quadros


terminais.

Figura 56. Quadro intermediário de distribuição (Fonte: RTP Fundacentro).


51

5.4.3.1 AVALIAÇÃO DO QUADRO INTERMEDIÁRIO DE DISTRIBUIÇÃO DA OBRA

O quadro intermediário de distribuição da obra (Imagem 27), é isolado, feito


com material resistente, com placa de sinalização de risco e dotado de cadeado,
estando a chave sob responsabilidade de pessoal autorizado e qualificado.

Figura 57. Quadro intermediário de distribuição (Fonte: Acervo do Autor).

5.4.4 QUADROS TERMINAIS: FIXOS OU MÓVEIS

São aqueles destinados a alimentar exclusivamente circuitos terminais, isto é,


diretamente máquinas e equipamentos.
As ligações nos quadros de distribuição devem ser feitas por trás, dotando-os
ainda de fundo falso, de modo que a fiação fique embutida.
52

Figura 58. Quadros terminais (Fonte: RTP Fundacentro).

A distribuição de energia nos diversos pavimentos da edificação deve ser feita


através de prumadas, sendo a fiação protegida por eletrodutos, que devem estar
localizados de forma a garantir uma perfeita disposição dos quadros elétricos.

Figura 59. Distribuição geral dos quadros (Fonte: RTP Fundacentro).

Quanto à manutenção das instalações elétricas, deve ser impedida a


energização acidental do circuito através de dispositivo de segurança adequado. É
recomendável dotar quadros de distribuição de cadeados, estando a chave sob
responsabilidade do eletricista que realiza o reparo na instalação, bem como a
utilização de sinalização indicativa do trabalho.
53

5.4.4.1 AVALIAÇÃO DOS QUADROS TERMINAIS DA OBRA

O quadro de distribuição terminal (Imagem 28), se encontra em altura


intermediária na edificação, para encurtar distancias e aumenta a eficiência da
instalação elétrica, partindo dele a ligação dos equipamentos e máquinas. São
isolados, protegidos e constituídos de material resistente, garantindo a segurança
contra contatos diretos com partes energizadas da instalação, contudo, não há
sinalização de alerta no mesmo.

Figura 60. Quadro terminal fixo de distribuição (Fonte: Acervo do autor)

5.4.5 CHAVES ELÉTRICAS

As chaves elétricas mais utilizadas nos canteiros de obras na indústria da


construção são as chaves elétricas blindadas, os disjuntores e as chaves
magnéticas.
As chaves elétricas blindas e os disjuntores devem ser dotados de cadeados
ou dispositivos que permitam o acesso somente de trabalhadores autorizados
54

Figura 61. Chaves elétricas (Fonte: RTP Fundacentro).

5.4.5.1 AVALIAÇÃO DAS CHAVES ELÉTRICAS DA OBRA

As chaves elétricas mais comuns na obra são os disjuntores (Imagem 29) e


as chaves magnéticas (Imagem 30). As grandes máquinas elétricas da obra são
operadas por trabalhadores responsáveis e habilitados e somente eles têm
autorização para operar em cada máquina, com isso, as máquinas ligadas por
disjuntores e chaves magnéticas estão de acordo com as recomendações.

Figura 62. Disjuntores (Fonte: Acervo do Autor).


55

Figura 63. Chave Magnética (Fonte: Acervo do Autor).

5.4.6 PLUGS E TOMADAS BLINDADAS

Figura 64. Plugs e tomadas blindadas (Fonte: RTP Fundacentro).


56

A tabela abaixo especifica os tipos de tomadas indicadas para baixa tensão:

A tabela abaixo indica as cores especificadas em plugs e tomadas de acordo com a


voltagem utilizada.

5.4.6.1 AVALIAÇÃO DOS PLUGS E TOMADAS BLINDADAS DA OBRA

As grandes máquinas e equipamentos elétricos da obra são dotadas de


tomadas blindadas e plugs (Imagem 31 e 32), os quais são protegidos contra
penetração de umidade, água e são usados em conjuntos para ligação dos mesmos
aos circuitos de alimentação.
57

Figura 65. Tomada blindadas (Fonte: Acervo do Autor).

Figura 66. Plug (Fonte: Acervo do Autor).


58

5.4.7 ILUMINAÇÃO PROVISÓRIA

As cargas de iluminação devem ser determinadas como resultado da


aplicação da NBR 5413 (Iluminação de interiores – procedimento). Os circuitos de
iluminação provisória serão ligados aos quadros de terminais de distribuição.

A altura da fiação deve ser de no mínimo 2,50m (dois metros e cinquenta


centímetros) a fim de evitar contatos com máquinas, equipamentos ou pessoas. Se
a fiação não puder ser aérea, em altura condizente com o trabalho, a área de
distribuição deverá ser isolada e corretamente sinalizada.

É proibida a ligação direta de lâmpadas nos circuitos de distribuição. Nos


locais onde houver movimentação de materiais, tais como escadas, área de corte e
dobra de ferragem, carpintaria etc., as lâmpadas devem estar protegidas contra
impacto por luminárias adequadas.

Figura 67. Iluminação Provisória (Fonte: RTP Fundacentro).

Os sistemas de iluminação portáteis serão usados onde não se puder obter


iluminação direta adequada. A lâmpada deve ser protegida com armação de
proteção contra impactos, soquete isolado, cabos com dupla isolação e ligação
plug/tomada em bom estado de conservação.
59

5.4.7.1 AVALIAÇÃO DA ILUMINAÇÃO PROVISÓRIA DA OBRA

A iluminação provisória (Imagem 33) da obra é reduzida a algumas áreas, já


que a maior parte da obra é provida por iluminação natural. Nos locais em que se faz
necessário seu uso, mesmo em locais onde há maquinários, as lâmpadas não
possuem proteção contra impactos, contudo, sua fiação e fixação estão a uma altura
superior a 2,50m (dois metros e cinquenta centímetros).

Figura 68. Iluminação provisória (Fonte: Acervo do Autor).

5.4.8 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Os operadores de máquinas e equipamentos devem ter em seu treinamento


noções básicas sobre eletricidade, contemplando as medidas de controle
necessárias para eliminação ou neutralização dos riscos elétricos.

Máquinas e equipamentos devem ser dotados de dispositivo de acionamento,


parada e bloqueio, conforme Norma Regulamentadora NR – 18. Na operação de
máquinas de grande porte, medidas adicionais de segurança devem ser adotadas
principalmente quanto ao contato com redes de distribuição de energia elétrica.
60

Equipamentos elétricos devem estar desligados da tomada quando não


estiverem sendo usados. Os serviços de manutenção deverão ser realizados com a
máquina desligada. Os cabos de alimentação e os demais dispositivos elétricos
devem estar em perfeito estado de conservação. As operações com veículos,
máquinas e equipamentos devem ser planejadas, evitando o contato ou o impacto
com rede de distribuição de energia e/ou equipamento elétrico energizados.

5.4.8.1 AVALIAÇÃO DAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DA OBRA

Os trabalhadores da obra possuem noções e conhecimentos básicos sobre


eletricidade e somente alguns desses trabalhadores têm autorização de manusear
as máquinas: o betoneiro de usar a betoneira, o guincheiro de usar o
foguete/guincho, o carpinteiro de usar a bancada de serra e o armador de usar a
policorte, contudo, algumas das máquinas, por apresentar um risco maior à
integridade física de quem a utiliza, possui dispositivo de acionamento para bloqueio
(Imagem 34).

Figura 69. Detalhe de máquina com dispositivo de bloqueio (Fonte: Acervo do autor)
61

5.5 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

 Botina de couro, solado isolado


Recomendada para proteção dos pés contra agentes agressivos e choques
elétricos. Não deverá possuir componentes metálicos:

Figura 70. Botina de couro e solado isolante (Fonte: RTP Fundacentro).

 Luvas isolantes para eletricista


Indicada para o uso em serviços com riscos de choque elétrico em
equipamento energizados e passíveis de energização:

Figura 71. Luvas isolantes para eletricista (Fonte: RTP Fundacentro).

Obs.: As luvas isolantes não devem ser utilizadas isoladamente, isto é, sem as luvas
de cobertura.
62

 Luvas de cobertura em vaqueta


Utilizadas para proteção das luvas isolantes:

Figura 72. Luvas de cobertura em vaqueta (Fonte: RTP Fundacentro).

 Óculos de segurança
Destina-se à proteção dos olhos contra impactos mecânicos e efeitos
decorrentes da irradiação solar ou arco elétrico.

Figura 73. Óculos de segurança (Fonte: RTP Fundacentro).

 Capacete de segurança
Destina-se a proteger a cabeça contra impactos, quedas de objetos ou
contato acidental com circuitos elétricos energizados. São constituídos de material
isolante:

Figura 74. Capacete (Fonte: RTP Fundacentro).


63

 Cinto de segurança / tabalarte


Cinto de segurança do tipo subabdominal é destinado a equilibrar/sustentar o
trabalhador em postes/torres para prevenir quedas por altura. Tabalarte é
complemento do cinto de segurança.

Figura 75. Cinto de segurança/talabarte (Fonte: RTP Fundacentro).

Obs.: É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas
(NR10).

5.5.1 AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL DA OBRA

Todos os equipamentos de proteção individual citados são fornecidos os


trabalhadores, os quais são responsáveis pelos seus respectivos. Além dos EPI
fornecidos, no almoxarife existe dezenas deles: capacetes, luvas, cinto de
segurança, botas dentre outros (Imagens 35, 36, 37 e 38). Como somente o
eletricista da obra pode manusear e realizar a manutenção das instalações elétricas,
as luvas de borracha encontradas no estoque do almoxarife não eram as luvas
isolantes próprias para eletricista, sendo, portanto, fornecidas outras luvas para o
mesmo.
64

Figura 76. Luvas de cobertura em vaqueta (Fonte: Acervo do Autor).

Figura 77. Capacetes (Fonte: Acervo do Autor).


65

Figura 78. Botas – Acervo do Autor (Fonte: Acervo do Autor).

Figura 79. Cinto de segurança / talabarte (Fonte: Acervo do Autor).


66

5.6 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA

 Detector de tensão
Equipamento empregado para confirmar a presença ou ausência de tensão e,
um circuito ou parte dele. Podem ser: Do tipo chave de fenda, para uso exclusivo em
baixa tensão e do tipo eletrônico, para uso em alta tensões.

Figura 80. Detector de tensão (Fonte: RTP Fundacentro).

 Barreiras / invólucros / grades articuladas / bandeirolas / fitas / placas de


sinalização / cones
São para delimitar as áreas de trabalho ou de perigo, sinalizar e informar riscos
existentes e impedir o contato com partes vivas das instalações elétricas.

Figura 81. Barreiras/invólucros/cones (Fonte: RTP Fundacentro).


67

5.6.1 AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA DA OBRA

Como já citado e retratado nos capítulos anteriores, a obra possui uma real
preocupação com a segurança dos trabalhadores, excelente sistema de guarda
corpo, proteção coletiva contra quedas em altura, delimitação de áreas com o
próprio sistema GcR e dentre outras medidas que fazem da obra uma local de
baixíssimo risco de acidentes.

Em se tratando de instalações elétricas, todo o sistema foi pensando para se


manter fora do alcance dos trabalhadores. Somente na utilização de máquinas e
equipamentos, na qual existe maior risco de choques elétricos devido ao contato
direto com o aparelho elétrico, os riscos ainda são bem baixos devido aos terminais
de energias serem bem conservados e de acordo com a recomendação técnica
(aterrados, sistema DR, disjuntores, plugs e tomadas blindadas, dispositivo de
bloqueio e isolação adequadas). Assim, aumenta-se a proteção contra os tipos de
choques elétricos, os de contato direto e contatos indiretos.

A avaliação de confirmação de presença de tensão em um circuito ou parte


dele é realizada com o multímetro (Imagem 39), aparelho elétrico capaz de informar
dezenas de características da instalação elétrica (corrente, amperagem, resistência
dentre outras) e é manipulado por profissional habilitado e usado na manutenção,
execução e em testes da instalação elétrica da obra.

Apesar de a obra não possuir barreiras ou invólucros para isolamento dos


sistemas elétricos, nem mesmo no quando principal ou nos quadros intermediários
de distribuição, existe placa de sinalização quanto à proximidade do risco com alta
tensão (Imagem40).
68

Figura 82. multímetro (Fonte: Acervo do Autor).

Figura 83. Placa de sinalização de risco elétrico (Fonte: Acervo do Autor).


69

5.7 FERRAMENTAS MANUAIS COM ISOLAMENTO ELÉTRICO

As ferramentas manuais destinadas a trabalhos em adjacências de peças sob


tensões até 1000v (mil volts) em corrente alternada (valor efetivo) ou 1500v (mil e
quinhentos volts) em corrente contínua devem ter isolamento para proteção dos
trabalhadores contra choques elétricos.

Definimos ferramentas isoladas como sendo aquelas que podem ser isoladas
totalmente ou parcialmente, sendo que devemos dar preferência pela utilização
sempre que possível, de ferramentas com isolamento por completo.
É importante mencionar que acidentes com eletricidade podem ser causados
por falhas no isolamento dessas ferramentas.

As ferramentas completamente isoladas são aquelas fabricadas com:

 Material isolante;
 Material condutor com revestimento de material isolante nas quais só as
partes atuantes (parte da ferramenta que age sobre a peça) podem estar sem
isolamento

Exemplo: ponta da chave de fenda

Figura 84 Chave de fenda (Fonte: RTP Fundacentro).


70

As ferramentas parcialmente isoladas são aquelas fabricadas com material


condutor e que têm um revestimento de material isolante, com exceção da cabeça
atuante (parte da ferramenta que transmite a força aplicada no cabo ao local de
trabalho) ou parte da mesma.

Exemplo: cabeça do alicate

Figura 85. Alicate (Fonte: RTP Fundacentro).

As ferramentas com isolamento elétrico devem satisfazer as condições às


quais foram fabricadas, não podendo ter defeitos de isolamento, ser impróprias para
o serviço a ser executado, nem estar em mau estado de conservação, devendo ser
empregadas de acordo com sua finalidade e não constituir risco aos trabalhadores
que a utilizarão e à instalação.

Ferramentas com isolamento elétrico devem ser sempre inspecionadas de


modo a não apresentarem defeitos de isolação, como trincas, bolhas, má aderência.
Esse exame é feito visualmente.

5.7.1 AVALIAÇÃO DAS FERRAMENTAS MANUAIS COM ISOLAMENTO ELÉTRICO


DA OBRA

As ferramentas usadas pelo eletricista são de uso pessoal, ou seja, ao ser


solicitado para um serviço, o eletricista leva toda suas ferramentas, essas próprias
para o uso em eletricidade. Contudo, na obra são encontradas diversas ferramentas
com isolamento elétrico, como chave de fenda (Imagem 41) e alicate (Imagem 42),
além de outros tipos de alicates, chaves, e ferramentas para uso diverso.
71

Figura 86. chave de fenda (Fonte: Acervo do Autor).

Figura 87. Alicate (Fonte: Acervo do Autor).


72

5.8 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO

5.8.1 AGENTES EXTINTORES

Agente extintor é toda substância que, aplicada em princípio de fogo, interfere


na combustão, provocando descontinuidade na reação química, alterando as
condições para que haja fogo. Os agentes extintores podem ser encontrados nos
estados líquidos, gasoso ou sólidos.

Existe uma variedade muito grande de agentes extintores, dos quais os mais
comuns são:

 Água;
 Espuma (química ou mecânica);
 Gás carbônico (CO₂);
 Pó químico seco.

5.8.2 COMO EMPREGAR OS AGENTES EXTINTORES


73

5.8.3 AVALIAÇÃO DA PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO DA OBRA

Os extintores são usados em casos de emergência e necessitam estar bem


posicionados para aumentar a eficiência e agilidade na hora de extinguir os
princípios de fogo.
Por isso, foi observado na obra que os extintores estão posicionados
próximos às máquinas de policorte e bancada de serra, onde também ficam
próximos ao estoque de madeiras e do almoxarife, contudo, não se resumindo a
esses locais, os extintores estão espalhados por toda a obra, no refeitório, na
entrada da obra, próximos aos quadros de distribuição de energia e de outras
máquinas. A sua utilização dos extintores é de uso específico, no que tange ao seu
tipo, portanto, extintores à base de água (Imagem 43) não devem ser usados em
princípios de fogo em circuitos elétricos, nesse caso específico, deve-se usar pó
químico (Imagem 44).

Figura 88. Água (Fonte: Acervo do Autor).


74

Figura 89. Pó químico (Fonte: Acervo do Autor).


75

6 CONSIDERAÇOES FINAIS

Este trabalho demostra, de forma prática, uma solução de curto prazo para o
cumprimento das NR’s, pois as RTP’s aqui demonstradas e aplicadas avaliam
pontos de extrema importância da obra e permitem que sejam avaliadas de maneira
direta e intuitiva, de fácil aplicação e possível de ser desenvolvida por pessoas não
habilitadas, resolvendo problemas que envolvem a área de segurança e medicina do
trabalho.
Contudo, não se mostra uma vistoria completa de todo o contexto de uma
obra, uma vez que o mesmo não auxilia nem ampara as dificuldades encontradas
pelos profissionais envolvidos na saúde e segurança do trabalho, nas aplicações de
sistemas de desenvolvimento e melhoramento contínuo em sua totalidade, como
encontramos em programas como o PCMSO, PCMAT, PPRA, CIPA, SESMET que,
além de atuarem diretamente na diminuição dos riscos e transformação do ambiente
de trabalho, atuam também no papel de conscientizar, treinar e contribuir para o
aprendizado dos trabalhadores em relação a importância da segurança, dos riscos
da atividade e das NR’s.
Desta forma, as RTP’s 01, 04 e 05, apresentadas neste trabalho se mostram
eficientes para avaliação e aplicação da estrutura física e dispositivos de segurança
de uma obra, assim, em casos de alguma falha, ausências ou dúvidas, ela poderá
ser usada como um manual no auxílio da execução, instalação e colocação dos
mesmos, e também na realização de boas práticas, em áreas específicas, em uma
obra de construção.
76

REFERENCIAS

BRASIL Ministério do Trabalho e Emprego. NR 18 – Condições e Meio Ambiente


de Trabalho na Indústria da Construção.

BRASIL Ministério do Trabalho e Emprego. NR 10 – Segurança em Instalações e


Serviços em Eletricidade.

BRASIL Ministério do Trabalho e Emprego. NR 35 – Trabalho em Altura.

FUNDACENTRO. Recomendação técnica de procedimentos – RTP nº 1: medidas


de proteção contra quedas de altura. São Paulo, 2003.

FUNDACENTRO. Ministério do Trabalho e Emprego. Recomendação técnica de


procedimentos – RTP nº 4: escadas, rampas e passarelas. São Paulo, 2002.

FUNDACENTRO. Ministério do Trabalho e Emprego. Recomendação técnica de


procedimentos – RTP nº 5: Instalações Elétricas Temporárias em Canteiros de
Obra. São Paulo, 2007.

SEGURANÇA E SAÚDE NA INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL,


Diagnóstico e Recomendações para a Prevenção dos Acidentes de Trabalho.
Brasília, 2015

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